Prólogo - Início do Inverno

Opa povo lindo que chegou no meu livro.
❤❤❤
Estou aqui para dizer que esse foi meu primeiro livro no Wattpad e foi feito com muito carinho e dedicação. Além disso, quero avisar que todas as minhas histórias tem um universo compartilhado, mas são independentes entre si, algumas lendas aqui citadas ou personagens podem aparecer em outros livros meus.
Bom, chega de lenga, lenga e vamos para o que interessa.
Ps: comentem, gosto de saber o que estão achando, respondo sempre que possível! ❤

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A porta de madeira fez um som oco ao bater, a garota estremeceu e começou a andar em círculos pela sala. Seu pai estava sentando refletindo qual seria a reação apropriada, afinal, sua filha deixaria aquela vida simples e se tornaria a amante do futuro Rei, porém a garota não queria aquilo.

Ravena nasceu em uma família de ricos comerciantes que faliram um pouco antes dela completar seus nove anos, ficou órfã de mãe antes disso e viu suas irmãs casando ou virando amantes de homens extremamente ricos por serem muito bonitas. O seu pai sonhava com o dia em que ela teria o mesmo destino e fosse viver o seu feliz para sempre, mas Ravena não queria aquilo. Amava a pequena casa de madeira, de ter que fazer bordados e vender na feira, além de tocar por alguns trocados.

" Quem se importa com o que eu acho?" a garota pensou enquanto se jogava na cadeira em um suspiro fundo.

O príncipe Edgard havia ido a feira do vilarejo durante o dia, ele disse que passou boa parte do dia procurando ela: a garota de olhos violetas, a menina mais linda do reino. O rapaz nem tinha trocado uma única palavra com ela e já tinha a abraçado e chamando para ir ao castelo servi-lo. Ela só conseguiu desviar dele quando falou do pai e que tinha de dar adeus.

O monarca decidiu não contestar tal pedido, o príncipe tinha perdido recentemente o irmão mais velho, o pai adoeceu e o outro irmão foi dado como desaparecido. Apelar para a família ia dar certo. Assim, o príncipe a levou até a cabana e pediu ao pai dela a permissão para levá-la, permitiu que tivesse aquela noite para se decidir e se despedir.

- O que vai fazer? - o pai dela disse com cautela.

- Ir ao castelo nunca! - ela disse em um tom baixo, mas firme - Ser amante dele! Aquele... aquele... IDIOTA! O que ele acha que eu sou?

- Mas filha... - ele disse pensando bem nas palavras - Às vezes isso não é tão ruim...

- Pai... - ela gaguejou, mantendo a mão sobre o pingente de corvo na corrente - Eu compreendo as vantagens dessa vida, mas eu... o que eu seria? Lá dentro, quem eu seria? A mulher que é comida todos os dias pelo rei? A cachorra real?

- Filha...

- Não pai, eu não vou ser isso, nem algo próximo a isso. Se os guardas entrarem aqui e me levaram ao castelo tirarei a minha própria vida assim que possível.

A voz, apesar de jovem era séria, o homem olhou nos olhos da filha e viu tudo, tudo o que já tinha visto nos da mãe, uma força intensa. Não, ela não iria se entregar ao príncipe e não hesitaria em morrer.

- Então, voltando a primeira pergunta. O que vai fazer?

- Morrer tentando. - Ravena disse pensando em o que ia precisar para uma fuga.

Sem muita demora ela atravessou o pequeno cômodo indo ao baú ao lado de sua cama e começou a tirar as suas coisas. Parou assim que achou um dos antigos mapas, abrindo-o na mesa. Teria uma tarde inteira para se preparar. Suspirou e voltou a correr de uma lado para o outro.

Na mesma noite ela pegou o básico, abraçou o pai pedindo sua bênção e fugiu por entre as árvores da floresta. O plano era, por hora, ir até uma cidade portuária e esperar os conflitos em Zaark diminuírem o suficiente para morar no país com uma de suas irmãs.

A floresta que existia entre seu vilarejo até o seu destino era extensa, e no inverno algumas parte iam sendo tomadas pelo branco. Tremia os dentes e se apertava no casaco na esperança de chegar logo, ou pelo menos viva.

Ela andou por dias, mas a tal cidade nunca dava sinal de aparecer, quer dizer, não havia sinal de cidade alguma. Ravena tinha noção que estava perdida, mas era incapaz de admitir isso para si mesma.

No quinto dia ela chegou a parte mais densa da floresta percebeu as árvores grandes de troncos escuros e madeira enrugada e buscou a luz escassa da estação nas copas que estavam extremamente juntas, impossibilitando ela saber ser era dia ou noite. Os olhos da garota se encheram de água, o que ela estava fazendo? Ia morrer ali. Quando pensou em dar meia volta escutou um uivo, sentiu um calafrio e nem pensou muito antes de sair correndo.

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Ravena acordou sentindo suas costas encostadas em algo macio, levou um tempo para ela reconhecer o colchão, fazia anos que dormia em cama de palha, sentiu, também, o peso das cobertas, impedindo o frio. Se mexeu, mas a dor que subiu pelas pernas a deu calafrios e não demorou para notar que seu cabelo era um emaranhado de folhas e galhos, suas mãos estavam sujas de sangue e havia uma mordida de lobo em seu braço. O que tinha acontecido?

- Ah! Acordou! - uma mulher de meia idade falou - Como está senhorita?

Contendo um pouco o susto, ela se ajeitou na cama e olhou ao redor, estava em um quarto enorme extremamente bem mobiliado e cheio de quadros e detalhes bem colocados. Sem notar ela disse a si mesma que nem se fosse em sua casa da infância haveria tanto requinte.

- Onde eu estou? - Ravena respondeu temendo ter sido pega pelo príncipe.

- No castelo Rosa. Mas, não acho que você o conheça.

De fato, ela não conhecia e isso era seu maior alivio, soltou o ar e tentou se levantar da cama. Porém fez isso rápido de mais, sua visão escureceu e acabou caindo no chão, a mulher caminhou até ela e ajudou levantar.

- Você está muito fraca. Quanto tempo ficou sem comer?

Isso era uma boa pergunta, horas? Dias? Não sabia ao certo, tinha se alimentado desde o dia em que ela havia partido de casa, mas provavelmente muito abaixo do suficiente.

- O senhor mandou pedir desculpas pelos lobos. - a mulher disse ajudando a garota se sentar - No início achamos que eles estavam caçado animais, mas... nem uma caçada de animal dura tanto quanto a sua durou.

- Os lobos são do senhor desse castelo? - Ravena disse se perguntando que história era aquela.

- São, e normalmente são dóceis, mas você teve o azar de está no território deles durante uma caçada.

- Certo... eu agradeço por terem me ajudado, mas eu gostaria de retornar o meu caminho. - ela disse apreensiva.

- Você se lembra da noite passada?

Ravena estava pronta para responder que não, mas várias memórias começaram a voltar, principalmente uma na qual ela enfiava um galho em um lobo.

- Eu matei um dos lobos...

- Meu senhor só deseja conversar com você. - a mulher disse neutra - Pode tomar um banho e se alimentar, ele irá te chamar em breve.

Sem muitas opções, Ravena aceitou o banho quente que os empregados montaram em seu quarto, faz de tudo para ajeitar o ninho do seu cabelo e limpou todos os seus machucados que ardiam na água. A empregada voltou para o seu quarto com alguns vestidos, que não couberam na cintura da garota, por fim ela foi obrigada a usar um vestido preto de viúva. Sem muita cerimônia também, a mordida de lobo foi tratada com pouca delicadeza.

Após alguns pratos de sopa oferecidos e um casaco grosso providenciado, o Sol começava a brilhar laranja nas pequenas janelas do quarto. A empregada pediu para que Ravena a acompanhasse, o senhor do castelo a aguardava.

Andando pelos corredores do castelo, Ravena se escolhia de frio e desconforto. Era tudo muito cavernoso e escuro, as paredes tentavam ser alegres com pinturas, mas estava tudo tão velho e opaco que ajudava com a péssima impressão. Franzido as sobrancelhas a garota se perguntou como aquele local parecia não receber tantos cuidados.

A empregada caminhava lentamente, o que fazia Ravena achar que estava a muito tempo andando, suas pernas ardiam e seu corpo reclamava, talvez ela precisasse dormir mais. O clima esquisito do local estava piorando mais e mais, como se o centro do castelo estivesse morto. Por algum tempo Ravena temeu está indo para um local completamente estranho e o senhor do castelo estivesse esperando com uma faca. Pararam.

A porta na sua frente estava limpa, o branco da madeira tinham entalhes delicados e a maçaneta, na qual a criada colocou a mão delicadamente era um dourado brilhante. A moça suspirou e olhou Ravena séria.

- Senhorita, devo alertar: não o encare muito.

Sem mais explicações, abriu a porta.

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