Epílogo
10 anos depois...
Uma figura encapuzada andava correndo pela multidão que se formava entorno do corpo morto do soldado inimigo. Aquilo estava ficando frequente. Ela não precisava olhar para saber o que havia matado aquele homem, uma flecha prata no peito. Apesar de ser uma notícia boa, menos um porco em suas terras, não era por isso que Ravena corria.
Saindo da cidade discretamente ela pegou uma estrada maltratada pelo tempo. Quase ninguém usa ela ou se importa com aqueles caminhos. O que fazia a mulher achar os homens de Catalan mais burros.
Levou um tempo para achar o rio cristalino que corria rapidamente, e demorou mais até encontrar o castelo construído de modo que o rio passasse por ele, o castelo em que viveram o rei e a rainha de Zaark. Se alguém um dia sonhasse que os rebeldes moravam ali, ou melhor, moravam em seu subterrâneo, seria o fim.
Entrou na construção, o salão de entrada estava vazio, como sempre. Ela olhou para algumas peças de arte e objetos preciosos ainda habitavam o local, o povo de Zaark achava errado roubar de mortos, ainda mais mornacas, e se virou para a cozinha.
Trancada, como sempre. Bateu na frequência de sempre duas, três, quatro, até que alguém abriu. Insistência era a chave para aquele lugar. Viu os guardas do turno e balançou a cabeça de leve, não podia parar para conversar. Desceu os degraus correndo entrando nos corredores que passavam pela cidade inteira.
Correndo por eles chegou no centro da cidade, casas subterrâneas construídas precariamente, as pessoas andavam por lá cabisbaixas falando baixo. Alguns olhavam para ela, interessados e preocupados, precisavam de notícias da superfície, mas não tinha tempo para isso.
No centro daquele emaranhado de casas ficava uma construção um pouco maior, uma luz fraca vinha de uma das janelas. Correndo até lá abriu a porta, sua irmã, Flora, estava do lado do marido se entreolhando preocupados. Ao ver Ravena eles sorriram sem muita emoção.
- Ravena... - Flora disse indo até ela.
- Espera! - ela disse interrompendo - Eu descobrir uma coisa que vai mudar tudo!
- Ravena... - o marido da irmã começou .
- Não, é sério! - ela disse rindo - Isso vai mudar tudo! A princesa Avalon está viva!
- Mais uma lenda, Ravena? - uma voz veio mais ao lado, ela levantou os olhos encontrando com cicatrizes e um verde profundo - Desculpe a demora...
Ela abriu a boca, sentiu os joelhos falharem um pouco, mas não caiu no chão. Não percebeu quando correu até ele, nem quando eles se abraçaram, mas sentiu o cheiro das rosas. Como aquilo fazia falta!
- Dez anos... - ela sussurrou contra o peito dele - Dez anos para acabarem uma guerra.
- Eu sei... - ele disse beijando o topo da cabeça dela.
Se afastando um pouco ela o encarrou por um tempo. Ele estava diferente, não só pela aparência, mas parecia uma pessoa mais calma agora ou pelo menos mais centrada.
- Cortou o cabelo. - ela disse sentindo uma lágrima quase correndo.
- Uma hora isso tinha que acontecer... - ele falou rindo - E você virou mensageira oficial dos rebeldes.
- Uma hora isso ia acontecer... - ela riu o abraçando de novo, embriagado no cheiro - Quando cheguei nessa terra os pesadelos para ser mensageira voltaram.
Uma tosse leve foi forçada lembrando o casal que não estavam sozinhos, ela se afastou sentindo o peito doer. Dez anos! Ela precisava de muita coisa para matar a saudades.
- Ravena, desculpa, mas o que você estava falando antes? - o marido da Flora disse um pouco desconfortável.
- A princesa Avalon... - ela disse sorrindo - Ela está viva!
- Ravena, já olhamos cada órfã dessas terras. - Flora disse desanimada - A princesa não está mais viva.
- Irmã, eu a vi com meus próprios olhos! - Ravena disse sorrindo mais - Olhos e cabelos pretos, nariz pequeno e a marca. E se ainda não acredita, levarei você mesma para vê-la.
- Mas o que isso tudo significa? - Adam falou olhando para a discussão que formava.
- Avalon é a filha desaparecida dos antigos monarcas de Zaark. - Ravena sorriu para ele enquanto explicava.
- Morta, filha morta. - o marido da irmã disse - Ravena, isso tudo não é mais uma de suas lendas?
- Eu estou falando sério! - a garota disse irritada - Enfim, se não acreditam em mim podem ir até ela e verificar com seus próprios olhos. Só não falem com ela diretamente.
- Por que? - Flora disse confusa
- É complicado... - Ravena olhou para Adam - Mas se ela está viva isso pode unificar todos de Zaark, desde a população aos índios e com sorte as Guerreiras. Além de facilitar nossa resistência a negociar com países estrangeiros.
Adam olhou para a garota dando um sorriso, os olhos delas brilhavam em vários tons roxos. Como ele sentia falta daquele brilho, mas assim que a covinha solitária apareceu sua felicidade aumentou.
- Certo... - a irmã falou suspirando - Irmos investigar isso.
- Eu vou dar uma volta com o Adam. - Ravena comunicou pegando na mão do amado e saindo da casa sem ter uma resposta.
Andaram pelo caminho que voltava para a superfície, riam e conversavam sobre tudo o que podiam. Assim parecia, que nada havia mudado e eram ainda os mesmos.
- E como vai Edgard? - ela disse saindo do esconderijo e adentrando ao castelo.
- Um bom rei. E o noivado dele com a princesa de outro reino parece... estável.
- Ele não a conhece? - Ravena falou com um sorriso triste
- O preço do cargo... - Adam falou pegando a mão cicatrizada dela com leveza - Suas mãos ainda são meu maior arrependimento.
- Sério? - ela falou rindo - De tudo que você já fez? Minha mão?
- Acho que meu irmão... - ele falou envergonhado
- E Amélia e Tailin? - ela disse desconfortável
- São coelhos... - Adam riu - Estão no seu sexto filho. E se recusam ainda de colocar o nome de um deles de Edward.
- Raven?
- Ela é a princesa de Tailin, foi a única menina dos cinco. Agora com a sexta gravidez isso pode mudar.
- Fico feliz em saber que eles estão bem.
Assim que ela disse isso pararam na frente de um porta de carvalho simples, ela o encarou por um momento, sem acreditar que estavam juntos de novo. Ficou na pontas dos pés e selou os lábios só para conferir se não sonhava.
E o mundo fez sentido de novo, Adam não pensou duas vezes quando seus braços passaram pela cintura dela para trezê-la para mais perto. A saudades estavam quebrando os dois ao meio.
- Ah! - ele disse interrompendo o beijo e pegando algo no seu bolso - Lembrar?
Era uma fita vermelha desgastada, parecia ter sido embolada e desembolada várias vezes. Ela levou um tempo para se lembrar do baile particular dos dois.
- Guardou isso? - ela disse pegando aquilo rindo
- Claro! - ele falou pegando no queixo dela e beijando os lábios dela de novo. - E o símbolo do nosso amor, junto com a rosa.
- E espero que nosso amor não tenha que passar por mais revelações chocantes... - ela disse firme - Pois não vai aguentar.
- Não vai! - ele disse sorrindo- Me trouxe aqui só para nós beijamos?
- Não... - ela riu - Apesar de ter também esse objetivo.
Abrindo a porta ela mostrou para ela o cômodo favorito do castelo, a biblioteca. Ficaram ali o dia todo, teriam que enfrentar muita coisa para ter paz, mas agora não era o momento de pensar nisso.
🌹
Se você chegou até aqui significa que eu consegui te entreter, então, valeu a pena!
Muito obrigada pelo apoio e o carinho❤.
Caso ainda queira saber mais sobre Ravena e Adam te convido a ir para meu livro Princesa de Zaark, onde eu conto melhor sobre essa tal de Avalon, rebeldes e talvez dar a devida paz que esse casal merece.
Te vejo por aí!
Câmbio e desligo.
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