Capítulo XVIII

Ravena estava sentada no sofá lendo avidamente o livro que Adam havia lhe entregado. De início ela odiou todo aquele sangue e guerra, mas aos poucos os personagens foram chamando atenção e as tramas políticas sendo mais agradáveis. Agora, tudo o que ela queria era saber o final daquele nó que o autor criou.

- Ainda não acredito que aqueles homens aceitaram aquele acordo! - Adam disse feliz, analisando as assinaturas mais uma vez, eles tinham ido embora há um dia.

- Não consegue largar isso? - ela falou rindo

- E você isso... - ele disse levantando os olhos verdes na direção dela.

- O que eu posso dizer? - ela falou rindo e fechando o livro, caminhando até o lado dele.

- Você sabe que isso só foi possível por sua causa. - ele disse dando um beijo na mão de Ravena.

- Não exagera! - ela falou corando - Teria conseguido.

Adam a encarou um pouco aproximou e deu um beijo suave em seus lábios, afastou sorrindo.

- Não, não teria. - ele disse guardando os documentos - Terei que enviar isso ao meu irmão. Mas antes, eu pedi para que alguns criados fossem em vilas em busca de viajantes para falar o que sabiam. E, bem, estamos próximos de um combate.

- O rei já sabe disso? - Ravena falou analisando o mapa

- Não... - ele deu um suspiro - Pelo o que Edgard está falando, papai está bem ruim, não tem condições de comandar uma guerra agora.

- Quem mais sabe isso? - Ravena puxou e se sentou em uma cadeira.

- Creio que só os criados do castelo. Por que?

- Torne a doença do rei sigilo. - ela pegou uma pena e molhou no tinteiro escrevendo isso - Ninguém tem que saber que estamos um pouco enfraquecidos. Além disso, comece a recrutar soldados e reforce a segurança do castelo, tente fazer isso de forma discreta. E faça um posto de vigia na fronteira e... precisamos usar um meio de comunicação mais rápido.

- Calma... - ele falou rindo - Por que?

- Evitar que eles ataquem de surpresa. Apesar de que acho que eles vão fazer isso depois que oficializarem a unificação. - Ravena manteve pensando - Corvos! Corvos podem ser usados como meio de comunicação!

- E por isso que eu te amo! - Adam pegou o pulso dela e puxou de leve para beija-la de novo.

O coração de Ravena deu uma pirueta, Adam disse que a amava.

- Mas eu tenho um plano diferente. - Adam sorriu triunfante - Esse consiste em atacar antes de sermos atacados!

🌹

Adam tinha um plano complexo e audacioso, Ravena tinha uma certa insegurança, parecia algo que apostava cartas de mais em um único local. Se aquilo não funcionasse, acabou, a guerra não ia iniciar, pois já seriam derrotados. Mas se desse certo...

Os dias começaram a esquentar e as flores deixar de serem tão abundantes ou tão bonitas, mas o verde de tudo ficou mais intenso, as cigarras cantavam e os dias ficaram mais longos. Logo o verão chegaria.

Ravena não conseguia mais ficar dentro do castelo, precisava passear pelos jardins ou ficar se abanando o tempo todo.

- Sabe o que precisamos? - Adam falou um dia, ele tinha tirado o casaco e a camisa estava um pouco aberta - De uma folga!

- Mas os planos... - Ravena falou olhando para os papéis com tudo o que Edgard tinha enviado para eles organizarem para a guerra.

- Eles podem esperar uma tarde...

Dizendo isso ele saiu do escritório com um sorriso bem satisfeito do rosto em busca de algum criado. Trinta minutos depois, Ravena estava na garupa do cavalo, rindo a medida que eles corriam para dentro do bosque.

O local estava incrível, Ravena reparava nas árvores de cores fortes, nos animais que corriam, no barulho de pássaros e cigarras. Tudo aquilo estava completamente diferente do ambiente morto que ela tinha corrido no inverno.

Pararam em uma clareira com um riacho logo abaixo entre as árvores, estenderam uma toalha no chão e pegaram uma cesta de palha que as cozinheiras preparavam. Ravena estava carregando uma sombrinha, que logo largou por aí, não compreendendo muito sua utilidade.

- O que temos? - ela disse tentando ver dentro da cesta.

- Biscoitos, pães e frutas. - ele respondeu tirando cada uma dessas coisas.

- Morango! - a garota disse feliz pegando um que foi tomado da mão dela e sumindo dentro da boca do rapaz - Ei! Era meu!

- Não é até está na sua boca... - o garoto disse rindo.

Ravena pegou mais um morango que sofreu o mesmo destino. No terceiro, Adam não o colocou na boca, mas ficou rindo da cara de brava da garota.

Ela revirou os olhos, arrancado mais uma gargalhada e um beijo em seu testa.

- Abre a boca. - ele pediu olhando com ternura a menina.

Ravena fez, feliz ao receber o morango e poder finalmente comê-lo. Após a refeição, Adam deitou no colo dela olhando as nuvens e falando despreocupadamente sobre um livro ou perguntando quando eles iriam tocar juntos de novo.

- Acho que assim que essa loucura toda acabar... - Ravena falou olhando para ele, passou a mãos sobre o seu nariz, sentindo as cicatrizes.

- São muito feias... - ele falou pegando a mão dela - Não sei como você aguenta me olhar.

Ravena olhou com ternura, abaixou e deu um beijo na ponta do nariz dele.

- Eu amo elas... - ela sorriu - Porque são partes de você.

Adam ficou vermelho e se levantou, coçou a cabeça e olhou para o rio mais a frente.

- Vamos beber água? - ele disse se levantando e oferecendo a mão para Ravena.

Aceitando eles foram a beirada do rio, era bastante raso, a água completamente cristalina. Adam se agachou e pegou um cantil que estava dentro do seu casaco, uma ideia, infantil, surgiu na cabeça de Ravena, que empurrou o rapaz para dentro d'água.

- Ravena! - ele disse assustado, a água ia até os seu joelho, mas ele tinha caído de cara, ficando completamente encharcado.

- O que? - ela disse rindo

- Você vai me pagar, bem caro por isso! - ele falou rindo e estendendo a mão para que ela o ajudasse a sair dali.

- Eu não sei... - no minuto que ela tinha pego na mão dele foi puxada.

A água estava gelada, a saia flutuou ao seu redor, sua expressão saia calmamente da surpresa para a diversão.

Uma guerra de água começou entre os dois, jogavam água um no outro, na tentativa de molhar mais, além de manter o outro afastado. Por fim, Adam resistiu todos os ataques até pegar os pulsos da garota e puxa-la para um beijo apaixonado.

Só pararam quando escutaram um uivo, Ravena estremeceu, conhecia bem o barulho. Os lobos apareceram um pouco depois, ficaram olhando o casal dentro da água, não pareciam nada como os da noite que atacaram Ravena.

- Ei! - Adam falou com uma voz infantil - Como vão os lobos do papai?

- Sério? - Ravena falou em uma gargalhada.

- Para! - ele disse jogando mais água nela - São meus filhotes, minha matilha.

Jogando água neles, todos os lobos começaram a brincar de fugir. Rapidamente Ravena não os via mais como animais selvagens, e sim, bichos de estimação.

- Sua boca está roxa! - Adam falou ao olhar para ela - Vamos voltar para o castelo.

Adam saiu do rio e caminhou até o cavalo, Ravena saiu e caminhou bem mais devagar, ofegando muito.

- O que foi? - Adam falou olhando para trás.

- O vestido está pesando mais do que eu usei no casamento!

- Pare de exagero! - Adam disse voltando para Ravena, passo um dos braços atrás do joelho dela e a suspendeu no ar - Não, tá pesado mesmo!

Ele falou rindo, mas ainda a carregando até o cavalo. Após colocá-la ali, correu até o piquenique, recolheu tudo e voltou para a garota.

- Sabe, podíamos fazer um baile.

- Não suportaria passar por aquilo de novo... - Ravena falou rindo, lembrando como ela se forçou muito a ser educada o tempo todo.

- Podemos fazer um baile só para nos dois. - Adam disse subindo no cavalo - Mês que vem! Vamos fazer um baile só para nós dois!

- Mês que vem é meu aniversário... - Ravena sussurrou.

- O que? - ele olhou para trás - Então será obrigatório o baile! Vou começar os preparativos hoje!

Dizendo isso Adam fez o cavalo andar.

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