Capítulo XI - Início da Primavera

A neve rapidamente foi trocada por rosas vermelhas em todo jardim. Ravena passou a passear por ali, e por onde olhava a cor vermelha conseguia ser mais forte do que o verde. O cheiro da flor era tão distinto que do seu quarto ela o sentia. Isso fazia o nome do castelo fazer sentido.

Por causa das flores ela se sentia um pouco triste em ir embora, queria ver aquele jardim até o final, mas não tinha motivo para ficar mais. Zaark estava estável o suficiente para que ela fosse morar lá e o acordo acabaria.

Não tinha mais visto Adam, se perguntou o que ele andava fazendo e por que não a visitava mais. Sentia vergonha por ter perdido o controle? Ainda estava doente? Isso importava?

Mas um dia quando ela voltou da sua caminhada pelo jardim encontrou em uma mesa em seu quarto um vaso com rosas vermelhas, mas as rosas eram diferentes de todas as outras que ela já tinham visto.

- Centipetala... - uma voz veio atrás dela - Floresceu recentemente.

Ravena se virou e viu Adam na sua frente, ele sorria de modo triste, as cicatrizes parecia mais uma vez recentes.

- Oi... - ele disse se aproximando devagar - Desculpa por ter sumido.

- O que aconteceu? - Ravena disse ainda olhando para as flores.

- Doente? - ele sem muita confiança- Olha, não importa, eu só quero saber se você ainda é minha amiga.

- Claro... - Ravena disse o encarando, os olhos deles brilharam com muito alívio- Mas do jeito que as coisas estão eu preciso saber mais do que eu sei...

- O que você quer dizer? - ele disse levantando uma sobrancelha.

- Eu quero dizer que eu tenho que saber quem é você! - Ravena disse mais alto do que gostaria, não tinha percebido a própria raiva até então - Quem é você, Adam? É esse cara legal ou o homem que gritou? Que droga de castelo é essa? Quem é seu pai? E... que tipo que confusão é essa?

Adam parou e a encarou durante um tempo, valia a pena contar tudo? Assim sem mais nem menos, Ravena tinha virado uma grande amiga nesses últimos três meses, mas ainda assim eram apenas três meses. Mas se ele não falasse nada ela não ia querer ficar mais do que as seis semanas que ela tinha no castelo. Então o que ia ser?

- Ravena, eu entendo sua confusão... - ele disse passando a mão pelos cabelos longos de mais, talvez era hora de corta-los - Eu não sei por onde começar a contar, nem se é a hora de contar tudo.

- Então me conte só algumas coisas... não dá mais me deixar no escuro assim! - ela disse se sentando no sofá, ainda com raiva.

Ela não compreendia as próprias emoções mais, seu coração estava disparado por ter Adam tão perto novamente, porém ainda se sentia traída. Qual era o problema dele em contar algumas coisas? Eram amigos, certo? Mas ela se lembrou que nem ela tinha contado tudo.

- Se eu te contar tudo que eu posso agora... - ele disse pegando nas mãos dela - Podemos recomeçar? Você pode fingir que nunca viu eu nervoso?

- Posso, mas eu preciso entender quem é o Adam bravo na sua vida... - Ravena disse firme, soltando as mãos dele discretamente.

- Meu nome é... - ele engoliu seco, parecia querer vomitar - Edward Adam Stone, filho do meio da família real.

Ravena continuou o encarando, sem esboçar reação nenhuma. Pensou que tinha dado uma risada e feito um comentário irônico enquanto sua mente dizia que ele estava dizendo a verdade, afinal, ele ser o filho desaparecido da família real fazia sentindo. Fazia sentido?

- Tem como me provar? - ela disse por fim apertando a lateral da própria cabeça.

- Pergunte a qualquer criado do castelo. Quer dizer, eles talvez falem que não para proteger o segredo, mas vai dar para ver a surpresa nos olhos deles se você confrontar com essa informação.

- Então, digamos que você é o príncipe Edward, o que você está fazendo aqui? Sabe isolado do seu reino.

- Não me orgulho disso... - ele disse ficando vermelho - Meu pai chegou a conclusão que eu não sabia me comportar. Não sei controlar a raiva, então ele me enviou aqui até que eu aprendesse.

Ravena sentiu como se alguém tivesse dado um soco em seu estômago, então aquele Adam gritando e quebrando a mesa era o verdadeiro? Ele deve ter percebido esse pensamentos passando pela cabeça dela, pois acrescentou.

- Eu melhorei muito! Aprendi o meu erro há um tempo e venho tentado parar. - ele disse ficando vermelho - E tenho conseguido, principalmente, depois de você...

- De mim?

- Você está sendo um tremendo exemplo. - ele disse sorrindo sem graça - Mas velhos hábitos são difíceis de largar.

Ravena olhou para ele, Adam realmente parecia sincero, além disso ele nunca tinha agido daquela forma, mas mesmo assim se aquela fosse a primeira de varias? Será que valia o voto de confiança?

Ela deu um suspiro pesado, olhou para a janela e viu uma pequena nuvem no céu azul. Voltou seus olhos para o, aparente, príncipe e seus olhos verdes.

- Sabe qual é seu erro? - Ravena disse - Sentir raiva e normal, mas você explode. De forma assustadora... em vez de guardar tudo, que tal você conversar e dividir isso?

- Então eu tenho que eleger uma pessoa na qual eu vou falar tudo que me irrita? - ele disse sorrindo - Como as fofocas das cozinheiras? As cinco últimas pretendentes que meu pai arrumou? Meu irmão mais novo? Eu ser padrinho de Tailin?

- Está te irritando se padrinho do Tailin? - Ravena disse assutada.

- Me deixando ansioso. - ele disse ainda sorrindo, os olhos dele brilhavam muito para Ravena.

- Eu também estou ansiosa por esse casamento... - ela disse olhando para o vestido que ela ia usar no dia. - Mas sim, você tem que verbalizar o que você está sentindo... acho... na verdade deixa isso quieto foi um conselho estúpido!

- Não! - ele disse segurando a mão dela - Não foi!

- E... - ela disse soltando a mão dele e sentindo seu coração bater muito rápido - Por que seu pai falou que você estava apenas desaparecido?

- Vai entender qual é o raciocínio do meu pai... - ele disse dando de ombros.

- Certo... - ela falou tentando tomar coragem - E... e... as cicatrizes?

Adam perdeu toda a cor do rosto e levantou as sobrancelhas, mexeu no sofá desconfortável e olhou para baixo, voltando a ficar vermelho.

- São muito feias... - ele disse passado o cabelo para trás da orelha - Nem um pouco discretas. Eu sei que elas podem gerar muita curiosidade, mas posso deixar essa história para outro dia?

- Claro... - Ravena disse sentindo o coração apertar.

Os dois ficaram em silêncio durante um tempo, até Adam se levantar e dar um beijo na testa de Ravena e em seguida se dirigir para fora.

Dentro dela uma luta se iniciou, era agora ou nunca.

- Seu irmão... - Ravena praticamente gritou, Adam parou - Seu irmão foi a pessoa que me ofereceu ser concubina dele...

Os olhos de Adam ficaram mais uma vez raivosos, brilharam como um incêndio descontrolado. A voz dele saiu mais grave e ele tinha o punho apertado.

- Isso me deixou com raiva... - ele falou olhando para mão, parecia querer abri-la - Mas não surpreso, Edgard sempre foi assim...

Ele se manteve por mais algum tempo em silêncio, suspirou e abriu a mão, olhando com ternura para Ravena.

- Peço desculpas pelo comportamento dele. - Adam andou até ela e agachou em sua frente - E não se preocupe mais com ele, você estará sobre minha proteção... mandarei uma carta ao meu pai hoje sobre o ocorrido.

Dizendo isso ele depositou um beijo em sua mão e saiu do quarto, assim que ele foi embora ela conseguiu raciocinar sobre o que aquilo queria dizer. Ela estava livre... assim que o acordo acabasse, ela poderia voltar e morar com o pai! O príncipe não iria fazer nada com ela, não até virar rei.

Então a ordem que ela vinha tendo em seus sonhos começou a fazer sentido. Sentindo como tivesse sido atingida por um raio se levantou e correu atrás de Adam, o encontrando gritou para que ele parasse.

- Você sabe... - ela disse tentando recuperar o fôlego - Sabe que seu pai está doente?

Adam olhou para Ravena tentando compreender as última palavras da menina.

- Não...

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