Capítulo 8
3978 palavras - Arco veteranos
- E então, já começou a fazer algo? – De braços cruzados e sentada na mesa de Edan, Anne o questiona novamente. Tal questionamento o fazia revirar os olhos, como sendo a coisa mais irritante que havia a se perguntar.
Bufando, o jovem encosta a mão no rosto e busca uma saída olhando para a janela. Com o canto dos olhos, viu que Anne esperava pacientemente por sua resposta. Percebeu Anne puxando a manga de sua própria camisa com a ponta dos dedos, e imaginou que ela estaria quase para fazer o mesmo se não tivesse uma resposta. Questionando consigo mesmo se diria ou não a verdade, ele começa a falar – Claro, com certeza sim...
Com um sorriso de canto, ela arqueia as sobrancelhas, e então questiona, de forma totalmente sarcástica – Ah, é mesmo?
- Sim claro... Comecei a uns dias... – Respondeu, ainda sem olhar para a garota.
- Você é um péssimo mentiroso, sabia disso? – Anne comentou rindo.
- Não estou mentindo... – Edan insistiu.
Ela passou os dedos no próprio cabelo, parando para mexer em uma pequena mecha em seus dedos, e então disse. – Eu te conheço muito bem Edan, é fácil pra mim saber quando você está tentando me enganar.
- Por que não acredita? – Edan questiona, tentando ao máximo manter sua versão, mas logo para e começa a pensar. Por algum motivo, imaginou que Anne conseguia ver através dele, talvez realmente o conhecia tão bem a ponto de saber quando estava tentando mentir.
- Só porque eu sei que você não começou... – Ela respondeu rindo.
- Andou me espionando? – Questionou, erguendo uma sobrancelha.
Dando de ombros, ela deu um sorriso meigo e respondeu – Eu não preciso.
Se dando por vencido, ele então responde, passando uma mão no rosto – Ta, você venceu. Ainda não comecei nada... – Edan sabia que havia dado a resposta errada, mas não tinha mais outra alternativa. Anne viu através de sua mentira, então pra que tentar mais.
Pensando um pouco, Anne bate um dedo na mesa, e então responde – Tudo bem, sei que você tem uns meses pela frente... Mas tem que pensar em algo.
- Eu sei, mas e quem disse que tenho ideias? – Edan devolve.
- Vou tentar ajuda-lo, mas não garanto nada.
Edan a encara – Mas foi você que me colocou nisso. Tem que me ajudar mesmo.
Anne retira o capuz de Edan e o encara de volta. – Na verdade, eu não devo ajudar, mas já que você não pensa em nada sozinho...
- Não é que não penso sozinho... – Ele rebate – Eu não quero em ter que pensar em algo.
- É por você ficar agindo assim que vou ter que ajudar, e pensar nisso por você. – Ela devolve o comentário de Edan.
- Agradeço, porque não estou nada afim de pensar nisso.
- E eu não quero ter que pensar nisso por você, mas acho que terei que ser responsável nisso, já que você não consegue. – Anne rebate, erguendo as mãos.
- Quem você acha que não consegue? – Ele questiona. – Não estar afim de fazer algo não significa não conseguir.
Anne então cruza seus braços, e continua – Se você não está afim, então por consequência não consegue fazer direito. Você por acaso me entende criatura?
Aos poucos, os alunos da sala tiveram seus olhares atraídos para a pequena discussão entre Anne e Edan, todos demonstrando curiosidade para eles. Leandro, parado na porta esperando o próximo professor chegar, também teve seu olhar atraído pela situação que Edan e Anne estavam envolvidos. Vendo a situação, tenta segurar o riso sem muito sucesso. – Esses dois eram os alunos mais estranhos e ignorados da turma, nem mesmo falavam direito... Agora em tão pouco tempo dessa amizade estranha, eles já estão chamando atenção... – pensava, se divertindo com a cena.
Algo passou a mente de Edan, ainda se lembrava do que havia acontecido com Anne. Depois de conversar com Raquel, foi esquecendo aos poucos, e após o dia que Anne acabou dormindo em sua casa por armação de Raquel, Anne não teve mais nenhuma reação parecida com a que viu antes, e isso o fazia não se preocupar. Acreditava que era tudo causado porque sua colega havia se forçado demais de alguma forma, e tudo era causado apenas por fadiga. Pensar de tal forma o mantinha tranquilo, por mais que isso o fazia se autoquestionar o motivo de estar pensando no bem-estar atual da garota. Anne o observava, e diz de repente – Irei para a sua casa hoje.
- O que fará por lá mesmo? – Abre os braços, aguardando uma resposta.
- Ver se consigo te ajudar em alguma coisa. – Anne sai de cima da mesa, assim que o professor entra na sala. – Está difícil, mas acharemos uma boa ideia.
- Me impressiona a sua falta de coisas importantes para fazer – Edan responde, apoiando o rosto na mão. O tédio era claro no seu olhar.
- Isso é só você quem diz... – Ela sorri, enrolando uma mecha de cabelo no dedo – As minhas coisas "importantes" estão sob controle. Então pode ficar relaxado, que terei muito tempo livre para te ajudar.
- É isso que me incomoda... – Ele diz em voz baixa.
Anne o encara, cerrando o olhar com um sorriso. Nesse momento, Edan percebeu que a garota tinha escutado, e por algum motivo sentiu que isso teria alguma volta.
Desviando o olhar, o rapaz tenta fugir do assunto olhando sua sala. Viu os alunos voltam a suas mesas, um professor entrando rápido como um trem-bala. Olhou para Anne, que já havia voltado a sua mesa e mexia em seu celular de forma escondida. Com alguns berros do professor para conseguir silêncio, a aula começa. O tempo de aula passa devagar. A matéria passada acaba sendo tediosa, o que acaba causando sono em alguns alunos em pouco tempo, porém, diferente de como Edan queria, ele não conseguiu dormir, por influência de Anne. Algumas vezes pela garota o cutucar com o lápis com a intenção de fazê-lo despertar, outras para perguntar qualquer coisa que fosse, ou então meramente por ficar por muito tempo quieta anotando coisas em seu caderno, o que acabava atraindo a atenção de Edan por suspeitar que a garota estava sem fazer nada para incomodar por tempo demais. Nesse último caso, Edan olhava para a garota por algum tempo, mesmo que fazendo de forma disfarçada. O sinal toca, o tirando de seus devaneios habituais. Edan guarda todas as coisas em sua mochila e sai da sala a passos rápidos, ou assim pensou.
- Não pense que vai fugir de mim! – Anne diz, agarrando o braço do colega.
- Não vou fugir... – Tenta mover o braço, fazendo Anne segurar com mais força – Acho que não poderia, por mais que eu quisesse.
- Ainda bem que percebeu. – Anne diz, satisfeita com Edan sequer ter tentado escapar. Alguns alunos passam por eles, alguns colegas de classe e alguns de outras salas. Todos olham para os dois como se fossem estranhos. – Percebeu que estão nos olhando demais?
Edan encara ao redor, recebendo vários olhares de curiosidade de várias direções diferentes. Porém tantos olhares e nada para ele eram exatamente a mesma coisa, por isso mal dava atenção nenhuma – Estão. Sabe-se lá o por quê de estarem olhando. Isso a incomoda?
Anne nega com a cabeça, com um largo sorriso. De um segundo ao outro, um aluno de tons de pele marrom claro, de cabelo loiro não muito curto, de olhos castanho claro, um largo anel no dedo indicador, sendo maior fisicamente, mais velho, claramente um aluno do terceiro ano aparece diante deles, olhando diretamente para a garota. Assim que ela percebe esse aluno mais velho, Anne solta Edan quase que de imediato, coisa que o jovem simplesmente não esperava acontecer. – Olá Anne, como está?
- Fabiano! – Anne diz, abrindo os braços e abraçando o recém-chegado. Edan a observa com o canto dos olhos, sem se mover. – Eu estou ótima, e como você está?
- Muito bem, e estou melhor agora. – Diz, deixando as mãos nos ombros da garota. – Você sumiu e nem falou mais comigo.
- Estou muito ocupada nos últimos dias – Ela da de ombros com um sorriso meigo. – Não estou tendo muito tempo para dar sinais de vida.
- Entendo, e não fala nada com os bons amigos. Eu posso te ajudar sabia? – Diz, dando um sorriso de superioridade.
- Ah não, com certeza não! – Anne responde de repente, sendo uma surpresa para Fabiano.
Rindo da reação de Anne, ele então questiona, pousando sua mão no ombro de Anne e descendo aos poucos pelo braço da garota – Mas por que não? Duas pessoas é bem melhor do que só uma, não acha?
Pensando por um tempo, ela então diz – É uma coisa meio pessoal, então eu acho que é melhor não. – Anne responde tentando se desviar, recebendo um olhar de curiosidade como resposta do mais velho.
- Mas se é uma coisa pessoal, melhor ainda. Fica bem mais fácil! – Ele responde com um largo sorriso. – Além de poder resolver as coisas mais rápido, é uma boa forma de passarmos um tempo juntos.
- Não é uma coisa pessoal minha, é de um amigo. – Ela responde, tirando a mão de Fabiano de seu braço.
Ele agora, claramente mais desinteressado com o que ouviu de Anne, o mais velho se afasta um pouco. Se forçando para manter o sorriso, Fabiano continua a falar – Claro, claro, entendi... Isso ainda não é uma desculpa pra ficar afastada de mim...
Anne acaba sem graça, e responde – Desculpe, fiquei bem desligada... Não voltará a acontecer
- Ta bom, só vou acreditar vendo... – Ele responde, cruzando os braços – E mudando o assunto, quem é esse amigo, e o que te obriga a usar tanto do seu tempo?
- É que eu estou ocupada ajudando com um projeto do Edan. – Ela responde, com um sorriso de canto.
O rapaz ergue uma sobrancelha, encara Anne, agora sem tanta animação como antes, ele então diz, passando uma mão no rosto – Edan? Nome engraçado... E quem é esse?
- Ora, o Edan é esse aqui... – A garota olha para o lado, porém seu colega não estava mais ao seu lado. Desapareceu tão despercebido como se fosse um fantasma. Anne olhou em volta o procurando, aparentemente com certo desespero. Notou Edan não muito distante, encostado no portão da escola, de braços cruzados e cabeça baixa, coberta pelo capuz de sua camisa, dando uma respirada de alivio, ela então aponta na direção dele. – Ufa... Achei que ele tinha fugido... Ele ali é o Edan.
O rapaz mais velho olha para Edan de cima a baixo, ostentando um sorriso de clara superioridade. Ele solta um riso seco. – Aquele ali é? – Diz em deboche, apontando para o jovem, como se apontasse para algo sem importância. Anne confirma com a cabeça. Colocando as mãos nos bolsos da calça, caminha até Edan, até estar próximo o suficiente. Ele analisa Edan de cima a baixo, como se avaliasse algo de pouco valor. – Olá rapaz, prazer em conhece-lo.
Edan não responde. Com um movimento lento e calmo ergueu o rosto e olha para o aluno mais velho. Seus olhos estavam tão melancólicos, frios a um ponto de lembrar de imediato a mais terrível nevasca, se tornando então um vazio quase sem vida, o que de imediato desmancharam o sorriso de Fabiano, além de o fazer recuar um passo. A expressão do mais velho agora era um misto de espanto pelo que viu e um pouco de receio, quase medo.
- Ele é sempre "quieto" assim? – disse, erguendo as sobrancelhas e se afastando. Fabiano tentou rir, porém não conseguia por estar assustado com Edan.
Anne olha para o colega, o estranhando na mesma hora. – Acho que não... Sendo sincera, é a primeira vez que vejo ele assim.
- Assustador... Parece um assassino... Ou um monstro, sei lá... – Fabiano diz, indo até Anne e dando um beijo no rosto da garota – Eu tenho que ir Anne, marquei de chegar cedo em casa.
- Tudo bem, tenho coisas a fazer também – Anne comenta, se aproximando de Edan. – Nos falamos outra hora.
- Responda minhas mensagens então. E cuide bem do garotão trevoso ai. – Fabiano termina, indo de encontro a alguns outros alunos.
Anne observou na direção que o colega mais velho foi, então se virando para Edan. O jovem já estava indo embora sem a esperar. Apressando o passo, Anne o alcançou e o segurou pelo ombro.
- Ei rapazinho, espere ai! – disse, porém não teve nenhuma resposta. Sem entender nada, ela fica em frente do colega, e assim o encara – O que foi isso agora?
Edan olha para a direção onde o amigo de Anne foi, e então se vira na direção de sua casa, respondendo assim que volta a andar – Estou com sono...
Franzindo a sobrancelha, a garota reclama – Eu não vou aceitar essa sua resposta!
- Que pena... – o rapaz devolve, sem olhar para trás. Não sabendo o motivo, Edan então para de andar. Algo parecia o prender naquele lugar, algo que não conseguia ver.
Não sabendo como, Edan consegue sentir a frustração de Anne. Seu olhar é atraído de volta para a garota. Anne carrega uma expressão triste no rosto, abaixa a cabeça e segue por outra direção. Edan pode ouvir sua resposta antes da colega se virar e afastar-se de uma vez. – Tudo bem então.
Surpreso com o que acabou de acontecer, Edan fica imóvel. Por mais que a conhecesse a pouco tempo, nunca havia visto Anne com uma expressão triste como aquela. Ver isso cria um estranho impasse dentro de si mesmo, uma parte simplesmente ignorando, e outra parte gritando por ter cometido algo que jamais deveria ter feito. Seu estomago se revirou, algo em meio a escuridão de sua mente o condenava por tal ação, algo perdido, abandonado em pontos profundos de sua mente, que ele mesmo não conhecia ou se lembrava que existia. Independente de não conhecer ou não se lembrar, essa distante parte o condenava. Agora, a garota que sempre julgou como chata estava indo por outra direção, e por algum motivo sentia isso incomodando. Algo estranho parecia ter acontecido, algo que não soube explicar, por um segundo as coisas estavam no mínimo "bem", mas de repente se tornou nebuloso, cinzento, vazio, coisas com a qual estava familiarizado a muito tempo. Porém não entendia o por que de tudo ter surgido tão... De repente. Balançou a cabeça e se forçou a seguir seu caminho, tentando não olhar de volta na direção de Anne.
*****
Ventava muito, e estava esfriando cada vez mais, porém o rapaz não seguiu para casa. Optou por andar um pouco antes, buscando alguma forma de se distrair. Sua casa ficava próxima de alguns lugares variados, então podia andar sempre que tinha vontade sem precisar de um ônibus. Edan olhava em volta no caminho até sua casa, e o que via eram apenas pessoas andando apressadas, olhando seus celulares, ou casais juntos tentando se aquecer, coisas que pouco atraiam sua atenção. Parou em frente a uma loja de roupas, olhou o que havia na vitrine, e logo após as pessoas andando mais ao fundo, segurando sacolas ou alguns cabides com variadas roupas. Voltou a andar assim que perdeu o interesse, parando em frente a uma perfumaria. Os variados tipos de frascos de perfumes e outros produtos acabaram chamando sua atenção por um curto momento, mas logo continuou sua andança. Edan olhou em volta, sua cidade não era tão movimentada como uma metrópole igual a São Paulo, pensou que por mais que a capital estivesse a apenas uma hora e meia de distância indo de carro, nunca esteve na capital então não sabia se era uma comparação justa com sua cidade. Ainda assim, achou que sua cidade, pelo menos no centro, era o local mais cheio que poderia suportar normalmente, os carros e as motos conseguiam ser barulhentos demais para a cabeça do rapaz.
Buscando ao máximo se distrair com qualquer coisa que fosse, seja olhando outras vitrines que apresentavam um mundo que ele não conhecia, ou só andando por ai sem um rumo. De repente algo incomoda Edan, um estranho sentimento surge. O rapaz teve a sensação de que estava sendo observado de alguma direção. Sua mente e sua visão se apagaram por um segundo, e logo retornou. Algo surgia em sua mente, uma imagem que ele não conseguia distinguir ou entender o que era em primeiro momento. Algo tomava forma, uma silhueta que se parecia com uma pessoa vestindo um longo manto escuro e envolto em sombras. Edan tentou afastar essa estranha imagem de sua cabeça, mas não conseguiu, pelo contrário, a imagem parecia ficar ainda mais fixa, como se possuísse vontade própria. A figura estava parada, apesar de estar em sua mente, parecia que estava olhando fixamente em sua direção, desaparecendo e reaparecendo por algumas vezes, aparentemente cada vez mais próximo, tão próximo que Edan sentiu como se essa figura estivesse ali, bem ao seu lado. Edan levou uma mão em frente aos olhos, e observando em volta, porém sua visão se turvou quase que de imediato. Não sentia dor neste momento, apenas confusão. Ainda assim, teve a sensação de que outras pessoas também tapavam os olhos com a mão, todas parecendo estar vendo a mesma coisa de alguma forma estranha. Edan tentou, mas não conseguiu ver mais, a imagem então parou, se dissipando de sua mente aos poucos. Sem deixar de andar, olhou para os lados, para trás, mas não viu nada. A sensação de ser seguido então desapareceu, isso o tranquilizou.
Balançando a cabeça com a intenção de afastar esse estranho ocorrido, continuou andando, se convencendo de que nada havia acontecido. Dando a volta por um quarteirão, começou o trajeto de volta a sua casa, porém ao passar em uma pracinha, decidiu em entrar nela e parar um pouco, escolheu um dos bancos e se sentou. Quando finalmente deu por si, está repensando o que havia acontecido mais cedo. Na aparição daquele aluno mais velho, como Anne ficou naquele momento, e principalmente em como agiu. Não sabia entender o que aconteceu, era como se tudo que sempre sentiu antes tivesse ficado ainda pior, quase como se tudo que ainda restava em si tivesse desaparecido por um momento, engolido pelo vazio da sua própria existência, que parecia ter perdido ainda mais o sentido. Olhou para baixo, encarou suas próprias mãos, se perguntando o que teria acontecido consigo. Sua mente se esforçava em tentar entender, mas não conseguia descobrir a resposta. Como todas as vezes que já havia tentado, tudo que sua mente trazia era um vazio escuro, a sensação de frio e solidão, coisas que estava acostumado em sua vida, e que sempre o feriam.
Um casal de adultos jovens com uma criança de colo passa por Edan, que tem sua atenção atraída pela família que acabou de passar a sua frente. A criança, uma menina, estava acordada no colo da mãe. Sentaram-se em um banco próximo, permitindo a Edan continuar os observando. A mãe, claramente cansada, começava a ninar a criança, acompanhada de alguns mimos que o pai dava. A criança brincava com os mimos do pai, eles riam entre eles, brincavam entre si, e aos poucos, a criança que se antes se divertia, agora adormecia tranquila, coberta por uma manta e agora acolhida pelo pai.
Presenciar tal cena o fez esquecer momentaneamente tantos pensamentos, da sensação de vazio, porém em um segundo tudo retorna, acompanhados de uma pesada tristeza e ainda algo mais que sentiu na hora, sem entender de onde vinham tais sensações que cada vez o machucavam mais sem ele entender. Porém ele mesmo não tinha interesse em descobrir. Isso não importava.
- Não esperava te achar aqui... – Escutou uma voz calma perto. Anne. Se virou para a garota, estava de pé ao lado do banco com uma expressão mais calma que antes, porém sem o habitual sorriso que sempre carregava. Por alguns segundos, o rapaz refletiu sobre como uma expressão séria não combinava tanto com a garota. Edan a olhava, sem conseguir dizer nada. Não sabia o que poderia falar, além de não saber como a garota conseguiu encontra-lo. Ela então, com um pesado suspiro diz – Sinceramente... Minha maior vontade agora seria te bater, bater muito e te xingar sem parar porque ainda estou irritada... Mas perdi a vontade.
Batendo a ponta dos dedos no joelho, tenta dizer algo ao desviar o olhar. Pensou, mas não achou nada realmente adequado para dizer. – É, eu acho que mereço... Por que perdeu a vontade?
Olhando do rapaz para a família que se afastava cada vez mais, Anne cruza os braços, aparentemente pensando, quase vacilante. Enfim ela diz – Eu... Tenho os meus motivos. – Para de falar por alguns segundos, fazendo o silêncio entre eles parecer eterno. Os barulhos das pessoas em volta, comércios e veículos pareciam extremamente distantes nesse momento. Ela enfim continua – Agora vamos...
- Para onde? – A olhou, levemente confuso.
- Para sua casa claro. – Anne coloca as mãos na cintura, relaxando os ombros. – Ainda tenho que te ajudar, esqueceu?
- Na verdade, esqueci sim... – A resposta fez Anne levar a mão a testa e balançar a cabeça. Respondeu o gesto de Anne dando de ombros, afinal havia realmente esquecido depois dos momentos sozinho que teve antes. O rapaz se levanta soltando um grunhido, como sendo uma tarefa difícil para seu corpo obedecer, e continua a falar. – Achei que depois daquilo, você teria voltado para casa.
- Eu estou brava com você! – Anne responde com a voz firme, respirando fundo e relaxando segundos depois – Estou brava, mas vou deixar passar. Acho que também tenho motivos para isso.
- Como quiser... Mas acho que só estará perdendo seu tempo... – Edan responde. Anne tira sua mochila e joga para o colega antes que pudesse notar. O rapaz olha para a mochila da colega, e então para ela, sem entender. – E por que isso mesmo? – Pergunta, erguendo as sobrancelhas.
- Você me deixou brava ué. – A garota da um sorriso maldoso – Terá que levar minha bolsa até sua casa. Essa será sua primeira punição por me deixar brava, e ai talvez eu pense em te desculpar. – Anne abraça o braço de Edan outra vez, tirando o capuz do colega e continua. – E se fizer mais daquelas torradas que comi na sua casa uma vez, com certeza eu não ficarei mais tão brava com você.
Olhando para ela enquanto coloca a alça da mochila no braço, Edan então diz – Sabia que você é uma chata, daquelas bem irritantes?
Rindo com o comentário, a garota responde – Claro que eu sabia. É uma das minhas melhores qualidades.
- Não foi um elogio...
- E fique sabendo que você é um idiota – Responde, dando um soco de leve no colega. Enfim deixaram a praça e seguiram a casa de Edan.
Considerações finais:
E por aqui ficamos, capítulo bem mais ok e leve... Ou talvez nem tanto... Aqui marca a aparição de mais alguns personagens na história, além de acontecimentos mais estranhos. Talvez tenham surgido mais perguntas do que respostas. Infelizmente não tem muito para contar aqui sem acabar revelando demais. Será bom instigar uma curiosidade.
Enfim espero que tenham gostado do capítulo da semana, que estejam gostando do andamento da história e sigam acompanhando os próximos capítulos. Se gostaram, querem compartilhar alguma opinião, sinta-se livre para isso. Sem mais, até o próximo capítulo.
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