Capítulo 7
7058 palavras - Arco Edan
Sozinha no dojo de sua casa, Raquel treinava um estilo próprio, misturando Karatê e Kendo, estilos que aprendeu com seus pais desde quando era muito nova. Estava vestida com um kimono azul e detalhes brancos, sua calça era bem folgada e presa por uma faixa, tinha faixas brancas nos pulsos, uma pequena blusa preta por baixo do kimono e mantinha seus cabelos presos. Edan abre a porta devagar e entra sem fazer barulho. Ele assiste Raquel treinando por alguns segundos, entrando e se aproximando aos poucos da amiga, quase tão imperceptível como um fantasma.
- Oi Raquel! – Disse do nada já bem perto, assustando a garota que solta um berro. Raquel se vira rapidamente, atacando Edan com a espada de bambu, que só conseguiu se desviar por abaixar no último segundo, caindo para trás por perder o equilíbrio.
- O que... Edan? – olha melhor, percebendo o amigo no chão. – Ah, desculpe. Eu estava tão concentrada que não te ouvi chegando. – Comenta, estendendo a mão para o rapaz se levantar.
- Tudo bem, eu entendo. Vim em silêncio para poder te assustar mesmo.
- Besta! – comenta rindo, desferindo um tapa no ombro de Edan. – O que veio fazer aqui em casa?
- Vim pegar alguns trabalhos da escola. Era para o Leandro vir, mas ele não pode por causa do trabalho dele... – Edan sabia bem que uma de suas notas também dependia desse trabalho, mas deu de ombros como se não tivesse outra opção.
- Ah sim. Eu já tinha separado o trabalho para ele. – Raquel comenta secando o suor. Olhando melhor Edan, percebeu que algo estava estranho. O amigo parecia inquieto com algo, a garota ergue uma sobrancelha – Aconteceu algo?
- Absolutamente nada – Ele responde, dando de ombros inicialmente.
- Aham, vou fingir que acredito. – Raquel diz, com um rosto de quem não estava acreditando em nada em Edan.
- Por que fingir que acredita em mim? – Ele questiona.
- Porque eu te conheço muito bem. – Raquel insiste, sem desgrudar seu olhar questionador do colega – Sei muito bem quando você está mentindo para mim, ou me escondendo algo.
Ficou em silêncio por um tempo, hesitando entre falar ou não com Raquel. Lembrou em todas as vezes que Raquel conseguiu sondar alguma coisa apenas com olhares ou perguntas certas, quase como se a garota fosse uma irmã mais velha, o que muitas vezes parecia ser, vendo a quantidade de vezes que ela fazia brincadeiras, ou tentando constantemente cuidar dele como podia, por mais que nunca quisesse cuidado. Vendo que Raquel não iria desistir tão fácil, se deu por vencido e então começa a falar – De certa forma, talvez sim. Eu acho que preciso conversar com alguém...
- Sobre? – Perguntava, apoiando a ponta da espada no chão e colocando a mão na cintura.
- É sobre a Anne. – diz olhando em volta, como se checasse se havia alguém em volta.
Por alguns segundos, Raquel observou o colega, esperando que fosse algum tipo de piada de Edan, mas como ele não disse mais nada, ela soltou um sorriso debochado antes de falar – Tudo bem... Vou fazer um descanso e você me diz o que precisar. – Respondeu, esperando ser mais reclamações do colega. Se sentaram em um dos bancos que haviam no dojo, Raquel pegou uma garrafa de água e tirou a parte de cima do kimono para poder respirar um pouco. – E então, o que aconteceu?
- Na semana retrasada, eu tinha ido à casa da Anne – Ele percebeu o pequeno sorriso surgindo no rosto da garota, antes que sequer terminasse de falar.
- Ah, é mesmo é? – Raquel questiona rindo – Interessante, e o que foi fazer lá?
- Só passar o tempo mesmo... Contra a minha vontade, é claro. – Disse isso dando certa ênfase na voz. Logo então ele continuou a falar, agora mais pensativo – É que aconteceu uma coisa de uma hora para outra, e isso ficou na minha cabeça.
Raquel pensa, batendo os dedos no joelho – Então deixa eu adivinhar... Você ficou, ou melhor, está preocupado com ela.
Inexpressivo como sempre esteve, Edan a encara com o canto dos olhos. – Não preocupado... Curioso, talvez.
- Já é alguma coisa. É raro você ficar curioso por qualquer coisa que seja. – Ela segura o riso, continuando a falar – Até posso dizer que você está gostando dela.
- E eu posso dizer que você está falando besteira. Continue com isso que nem o trabalho irei levar comigo... – Rebateu de imediato. Pensando um pouco, continua a falar – É apenas uma "amiga" e colega de classe que eu converso. Acho normal ter uma curiosidade a mais.
Raquel sorri. – Não tente me enrolar. Você gosta de mim como amiga, e você nunca demonstrou se preocupar comigo antes. Com ela é diferente, senão fosse... Por que você estaria preocupado com algo que aconteceu semana passada, se ela estava muito bem todos esses dias? – Edan a encara, enquanto Raquel olha de volta, sorrindo como se tivesse acabado de ganhar alguma competição. – É sobre isso que veio conversar comigo, gostar da Anne? – pergunta rindo.
Edan balança a cabeça bufando. Reagia como se tivesse que explicar algo para a colega pela décima vez – Não é disso que vim falar. Você conhece a Anne há mais tempo que eu, então imaginei que você poderia me dizer se ela tem alguma coisa, e apenas isso.
- Alguma coisa...? – Ela repete, fazendo uma expressão de estranheza – Como assim?
- Sei lá... Alguma coisa... – Ele responde, erguendo as mãos.
Passando a mão no rosto e ficando pensativa por alguns segundos, Raquel então fala – Se refere a algum problema de saúde, problema familiar, ou algo do tipo?
- Por exemplo... De saúde... – o rapaz cruzou os braços e deu de ombros. – É um bom começo.
Raquel pensa sobre o que o colega disse. Da mais um gole de água, se levantando logo depois, alongando seu corpo. – Não garanto de eu saber muita coisa.
- O que souber já me será de grande ajuda.
A garota se alonga colocando os braços para o alto, e logo em seguida alongando o tronco e enfim diz – Eu te digo o que eu sei, mas para isso, quero que você treine um pouco comigo, como fazia antes de virar esse mala que é agora.
O rapaz ergue uma sobrancelha – Adora me chamar de mala não é?
- As coisas ficam mais divertidas te chamando desse jeito. – Ela ri ao terminar de falar.
- Por acaso se lembra que não faço isso a pelo menos uns três anos? – Ele insiste.
Com um sorriso, ela então diz – Com certeza, eu lembro bem disso.
- E por que precisa ser assim mesmo?
- Muito simples. Você está interessado em saber mais sobre a Anne... E como sou amiga dela há mais tempo, você supõe que eu saiba de algo mais que você... – Raquel ergue a espada e empurra bem de leve no peito de Edan – Então, só falo se você treinar um pouco comigo. Será uma boa troca. Agora me diga, que outra opção você tem meu caro Edan?
Edan suspira pendendo o corpo para frente. Sabe que a amiga não vai mudar de ideia tão fácil, assim concordando acenando a cabeça. Raquel abre espaço, sussurrando "Você sabe o caminho" entre risos, o rapaz levanta e segue para o vestiário. Seu corpo inteiro mal havia se esforçado, mas já praguejava Edan com todas as forças por ter aceitado tal proposta com tanta facilidade, e agora teria que fazer exercícios sem a menor vontade. A passos curtos e totalmente desanimados, Edan seguiu para o vestiário, um lugar que não entrava a muito tempo. As paredes de madeira tinham decorações simples usando fitas brancas, criando um ambiente quase harmonioso, seus passos no piso de madeira eram tão sutis e ao mesmo tempo tão notórios que acabavam sendo agradáveis aos ouvidos. Edan trocou suas roupas largas e desalinhadas por um kimono visualmente semelhante ao de Raquel, porém de cores brancas, e preferiu por deixar seu longo cabelo solto. Já pronto, retornou ao dojo com o mesmo andar desanimado, mas com o aditivo de uma cara de poucos amigos. Raquel o esperava sentada no mesmo lugar que estavam antes, e assim que ela vê o amigo, se levanta na hora.
- Por que não prendeu o cabelo? – Ela questiona na hora.
- Prefiro ele solto desse jeito... Me poupa trabalho – Ele responde, indo em um cesto no canto do pequeno dojo, onde pegou uma das espadas de bambu, e assim foi até a colega.
- Tenho certeza que isso vai te atrapalhar. Se quiser, eu amarro o seu do mesmo jeito que fiz o meu – Raquel comenta, apontando para sua própria cabeça.
- Não precisa ficar incomodada com isso Raquel... – Edan olha de um lado ao outro, analisando todo o lugar, e vendo sua atual situação, algo que nunca se interessou em perguntar a Raquel vem em sua mente bem neste momento. – Porque sua família tem um dojo desses, se nem descendência asiática vocês têm?
Com um sorriso, Raquel leva as mãos ao ar – Sabe Edan, é uma coisa de adultos... As vezes fazem umas coisas que nem faz sentido tentar entender.
- Mas não acha que montar isso tudo não é um pouco... Exagerado? – Edan questiona, como se reclamasse para si mesmo que montar todo aquele lugar fosse um saco.
- Com certeza eu acho, mas é como eu falei... Adultos, só eles se entendem. – Raquel responde de forma animada – Mas olhe pelo lado bom, é um passatempo muito bom!
- Lado bom... – Edan balança a cabeça negativamente.
- Com certeza, é uma coisa diferente... Por mais que eu nem queira imaginar o que meu pai precisou fazer pra conseguir isso. – Ela começa a rir sozinha – Se foi trabalhando, acho que isso explica por que ele adora dormir.
- Sua mãe também gosta?
- Menos que meu pai sim, mas ela gosta mais do que eu... – Raquel termina de falar, contando nos dedos como se confirmasse se falou algo certo.
- Como eu já ouvi do meu pai e do meu tio... Cada louco com sua loucura... – Edan responde dando de ombros. – Se vocês gostam, fazer o que... É coisa de vocês.
- É bem melhor do que você acha Edan, acredite em mim... – Raquel insiste.
- Vou fingir que acredito em você... – Edan hesita em continuar sua fala, soltando um pesado suspiro. Um pequeno silêncio se arrasta, e logo ele continua a falar, mas sem olhar para sua colega – Ainda não sei o porquê disso. Seria mais fácil você apenas falar o que quero saber...
A garota caminha devagar no centro do dojo, também sem olhar para o colega – Eu só falar não dará graça nenhuma criatura. – Raquel diz rindo alto.
- É mais prático... – Rebateu.
- E também é bem mais entediante. – Ela retruca rindo. Edan se aproximava devagar, semelhante a uma pessoa que trabalhou por horas a fio sem descanso. – Você fica muito tempo parado. Precisa se mexer um pouco de vez em quando.
- Tenho de discordar disso Raquel... Eu não preciso...
- Assim fica difícil meu caro... – Ela o olha, porém agora de forma compreensiva. – Você deve saber que não é só para fazer você se mexer, não é?
Suspirando, Edan responde – Eu sei... Faz isso por causa da minha depressão, não é?
Concordando com a cabeça, Raquel levanta as mãos. Ela hesita um pouco – Principalmente.
- Já pedi que não faça isso... – Edan responde. – Não quero que perca seu tempo comigo, nem que se preocupe... Eu não sou importante a ponto de precisar de alguma preocupação.
Raquel da um sorriso, mas não diz nada.
A observando, Edan então balança a cabeça negativamente. Refletindo por um momento, sabendo como Raquel conhece sua situação, e por mais que queira, ela evita falar sobre, para não ser ainda mais um incomodo. Ele suspira, então diz – Podemos continuar?
Dando algumas batidas com a espada no chão, junto a um pequeno suspiro, Raquel então responde – Ainda se lembra de como fazer isso Edan?
Ele solta um longo suspiro – Mais ou menos...Acho que aguento um minuto com você... Mas não garanto nada...
- Ótimo, então prepare-se... – Usando uma só mão, Raquel ergue a espada com leveza, quase como se não estivesse segurando nada. Gira o corpo e avança contra Edan com um salto. Edan, pego de surpresa por sequer dar atenção ou olhar para a amiga, tenta se defender como podia, e as espadas batem, ecoando o som do choque pelo dojo. Edan é empurrado para trás facilmente pela colega, que ainda usa só um braço para isso. – Quero que faça algo... Eu estou a fim de usar os dois braços hoje.
Edan a encara, quase como se apenas o primeiro movimento de Raquel tivesse arrancado todo seu fôlego de uma vez. Ele já respira de maneira apressada, tentando fazer alguma força do jeito que podia. – Desonesta... Você treina isso todos os dias.
- Sem desculpas, senão eu não irei falar o que quer. – Raquel o pressiona, tanto em fala quanto em movimentos. Antes que Edan tentasse se recuperar, Raquel o acertou uma vez no braço.
- Farei um pequeno esforço. – Responde, tentando se defender da colega.
Mais e mais golpes seguidos são desferidos por Raquel. A garota mal se esforça muito, diferente de Edan que já está suando por estar se forçando como podia para acompanhar sua colega. Edan defende de um golpe, mas Raquel é mais rápida e o acerta por uma vez , desta vez na perna. Tentando um novo golpe, Edan tenta defender, mas não consegue e Raquel o acerta no braço, e mais um acerto desta vez na barriga que levou a um mais leve no queixo. Mais um repetindo no braço, na perna. Edan perde a conta de quantos golpes recebe, até o ultimo que levou na perna, o que o fez desequilibrar e cair de joelhos. Raquel ri da forma como o colega está tentando mas conseguindo apenas levar golpes atras de golpes. Ela deu espaço para que Edan se levantasse e recuperasse o folego. Assumindo um tom mais sério, Raquel começa a falar, pausando algumas vezes para manter seu fôlego – Serei sincera, não sei te dizer isso Edan... Ela sempre foi muito energética, mas é natural ela se cansar rápido dependendo da situação. – Raquel aproveita uma brecha e golpeia o colega no peito, e empurra Edan para trás com a ponta da espada. Caminhando lentamente deixando o colega se recuperar novamente, e colocando algumas poucas mechas de cabelo para trás, a garota continua. – O que vocês dois estavam fazendo?
- Uma pequena guerra de travesseiros e cobertas – Quando diz isso, Raquel o encara com surpresa e ficando vermelha. Golpeia seu peito de Edan com a mão livre, e com força o empurra para trás usando a espada, o fazendo cair de forma ruidosa no chão de madeira.
- Idiota, isso é uma coisa que se diz para mim? – Raquel ergue as mãos em direção ao rosto, e então continua – Mesmo eu sendo sua amiga, não preciso saber dessas coisas, são detalhes demais pra mim...
- Calma, eu só me expressei mal... – Ele se levanta, recuperado do impacto, passando a mão pelo rosto, tirando os vários fios de cabelo que grudavam na sua testa e em volta de seu rosto pelo suor – Foi mesmo uma guerra usando travesseiros e cobertas, não isso que você está pensando... Eu mesmo não esperava aquilo, eu nem sei o que os pais dela devem ter pensado.
- Hm... Eu não sei se acredito – comenta cerrando o olhar – Enfim, continue...
- Depois disso, jogamos por bastante tempo... – para de falar assim que Raquel avança outra vez, respirando apressado pela boca para recuperar o folego –...Assistimos alguns vídeos, falamos de algumas coisas... E ela ficou perguntando daquela tal competição.
Ambos encostam as testas – Acho que já entendi o que aconteceu... Anne apenas estava cansada. – Dizer isso fez Raquel perceber Edan erguendo as sobrancelhas, parecendo aliviado. Ela percebe como Edan enfraqueceu ao saber, e aproveita para atacar o amigo com a espada de bambu, acertando um único golpe com força mais do que suficiente para empurrar Edan para trás, o deixando por um segundo no ar e leva-lo ao chão em mais um ruidoso barulho de queda. Ele leva a mão onde recebeu o golpe, gemendo pela dor e pelo impacto sentido. Quando ele dá por si, Raquel coloca a ponta da espada na testa do rapaz, se ajoelhando bem ao seu lado. – Olha só que lindo, você fica mesmo fofo se preocupando assim com a Anne... Mas, você abaixou a guarda... – termina, dando um sorriso de vitória.
- Então... Isso acontecer com ela é... Normal? – Pergunta se levantando com a ajuda de Raquel. Ele respira profundamente de forma quase apressada, tentando ao máximo recuperar seu folego e com a mão sobre o local onde recebeu o último golpe.
A garota coloca a espada no ombro e pensa um pouco, antes de responder. – Sim, desde que eu a conheço, a Anne não é acostumada a fazer muita coisa, nem mesmo uma "guerra de travesseiros e cobertas". – Raquel arqueia as sobrancelhas ao dizer isso – Qualquer esforço a desgasta muito rápido. E aliás, ela dorme bastante pra recuperar as energias.
- É, percebi quando Anne foi lá em casa da última vez.
- Anne só estava cansada, não precisa se preocupar. – Comenta com um sorriso.
- Tudo bem então. Saber disso me deixa mais tranquilo.
- Não disse que você gosta dela? – Raquel insiste para provocar – Vai ir ver a Anne agora?
Edan inicialmente não responde. Ele se alonga e então diz baixo. – Primeiro tirar essas roupas estranhas e colocar as minhas normais. E talvez depois eu fale com a chata... Quem sabe...
- Você a chama de chata e não vai admitir cedo, mas adora ela pegando no seu pé. – Raquel ri, gesticulando com uma mão – Bom, vai lá então. Eu te acompanho, e depois vou continuar aqui.
- Vai treinar ainda mais? – Edan questiona com a voz preguiçosa.
- Claro, não é uma explosão, mas essa é a minha arte. – Rindo, Raquel realiza uma reverencia na direção de Edan. Ela se endireita e continua a falar – Mas deixarei isso para depois que você for embora. Se me lembro bem, deixei os trabalhos em cima da mesa da cozinha.
- Tudo bem então... Você vem agora? – Edan questionou.
- Sim, vá lá trocar de roupa. Te espero aqui – Raquel observa Edan indo ao vestiário dando um discreto aceno. Por alguns segundos, ficou imóvel. O sorriso que tinha desaparecia, soltando sua espada até bater no chão. Raquel leva a mão ao rosto, cobrindo os olhos.
- Edan... Me desculpe... Eu não posso de dizer a verdade sobre a Anne...
*****
- Não quer ficar mais um pouco? – Raquel questiona, assim que entrega o trabalho para Edan.
- Melhor não... – Ele responde simplesmente – Meu plano era só pegar um trabalho, mas acabei tendo que "treinar" com você, além que acabei esperando para comer pães de queijo que sua mãe estava fazendo.
Ela ri com a resposta, balançando o dedo negativamente e se sentando. – Você fala assim, mas quer que eu lembre quem comeu quase vinte bolinhos de chuva quase de uma vez?
Desviando o olhar, Edan concorda – Não tenho culpa se estava saboroso... Bolinhos de chuva principalmente, que são uma coisa que eu amo comer...
Pegando seu celular, Raquel digita algumas coisas, e então solta na mesa – ENtão você deveria me agradecer por ter te convencido a ficar um pouco mais.
- E é por esse motivo que eu irei embora, vai saber o que mais você vai querer que eu faça, ou o que vai querer me dar para comer. – Edan da de ombros. Ele então percebe uma mudança na expressão de Raquel, como se estivesse constrangida com algo. – O que?
A garota solta uma risada sem graça – Sim, depois dessa talvez seja melhor você ir mesmo. A Anne não está te esperando?
- Provavelmente sim, mas falo com ela amanhã na escola. – Ele responde. – Já está ficando tarde demais para ir para a casa dela. O que eu precisar, falo com ela amanhã.
- Melhor avisar ela que você não vai na casa dela... – Raquel adverte, levando as mãos a cintura.
- Com qual celular? – Edan questiona batendo as mãos nos seus bolsos, então olha para a colega e diz – Pode avisar ela por mim?
Soltando um riso enquanto olha seu celular, digita algo, e Raquel então responde – Você quem sabe, não acho que ela vai deixar as coisas assim.
Estranhando o comentário, ele cerrou o olhar – Não é como se ela fosse aparecer na minha casa ainda hoje. – Edan responde, percebendo o olhar e o sorriso irônico de Raquel – Espera... Não, ela não faria isso...
Por sua vez, a garota balança a cabeça afirmando. – Ah sim, a Anne faria sim. Não duvide dela.
Revirando os olhos, Edan então estende a mão em direção a porta. – Pode abrir para mim? Acho que terei uma visita inesperada...
- E eu acho melhor correr para receber sua querida visita. – Raquel comenta rindo, alcançando a chave sobre a mesa da cozinha.
- Você acha que eu vou correr para chegar em casa? – Questionou, porém recebeu sua resposta pelo olhar da colega, que parecia ter certeza que sim.
- Eu prefiro não responder. Melhor se apressar, a Anne pode aparecer a qualquer momento. – Raquel completa rindo. Edan segue logo atrás. Tinha um longo caminho de caminhada de volta para casa, e ir andando devagar não ajudaria dessa vez.
*****
Edan seguiu andando por quase quarenta minutos sem parar, em boa parte do caminho enquanto forçava uma corrida, praguejou por Anne ir em sua casa sem ele sequer estar lá, e tudo apenas por ele ter decidido em falar com ela depois. Manteve o passo apressado como podia, mas desacelerando assim que batia a fadiga no corpo, e voltando a acelerar assim que retomava o folego. Ter se exercitado com Raquel ajudou em sua disposição por um tempo, mas logo sentia os efeitos do esforço nos seus braços, pernas e nas costas, além de todos os golpes que recebeu que também doíam. Sua principal vontade durante todo o percurso era xingar Anne de qualquer coisa que pudesse imaginar, mas desistia dessa ideia pouco tempo depois.
Faltando apenas duas quadras para alcançar sua casa, Edan se arriscou em uma corrida para chegar o mais rápido que poderia, o vento no rosto era a sensação mais agradável que teve durante o dia todo, e assim que chegou no portão de casa, se arrependeu de tal ideia. Curvando o corpo para frente, apoiou as mãos nos joelhos e parou, recuperando o folego como poderia. Seu cabelo caia por entre o rosto, com alguns fios grudando novamente em seu rosto suado. Ele se ergue, mantendo a respiração pela boca, olhou de um lado ao outro, nem sinal de Anne. Alcançou a chave e entrou em casa.
Atravessando o quintal, sentindo suas pernas tremendo e o suor em seu rosto e nas roupas, tentava recuperar o folego, a principal coisa que o rapaz poderia querer neste momento era o sofá da sua sala, poder cair ali e não levantar pelas próximas horas, tudo para se recuperar do esforço.
Abriu a porta da sala, e ouviu o som de um carro parando bem em frente ao portão. O refrescante ar frio da sala o aguardava, e torcia para que aquele carro fosse na casa de algum vizinho. Ouviu portas sendo abertas, e então fechando.
- Olha só quem está ali, parece que nos esperando. – Ouviu a voz de Regina. Edan então se vira e voltou ao portão, tentando ao máximo disfarçar a cara de cansaço.
- Eu já estava esperando que a Anne aparecesse... – Ele diz, dando uma respirada profunda, abrindo o portão. A garota estava com uma mochila, o que fez Edan semicerrar o olhar a primeiro momento, estranhando o que via.
- É claro, depois do seu convite, eu daria um jeito de vir! – Anne passa, dando um leve soco com as costas da mão no peito de Edan. – Aliás, você ta um caco. Correu uma maratona?
Edan para por um segundo, pensando no que Anne disse – Convite? – repetiu para si mesmo.
- Sinceramente, fiquei com um pé atrás quando a Anne me falou disso... – Carlos comentou. Edan ainda tentava entender o que sua colega havia dito, porém deu atenção ao que o pai da garota estava falando, ele passa a mão pelo rosto – Eu não deixaria, mas já que é um colega dela que já foi lá em casa, que parece ser alguém legal, então eu vou fazer vista grossa na sua ideia e deixarei que ela durma aqui.
Neste momento, Edan simplesmente parou de tentar entender na situação que estava. Ele cravou seu olhar em Anne, tentando buscar alguma resposta do que ela estava aprontando, mas não conseguiu nenhuma resposta. Ele então tenta disfarçar, falando a primeira coisa que veio em mente, evitando questionar os pais da colega. – Claro... Claro, agradeço por terem deixado...
Notando que Anne já havia entrado em sua casa, ele foi deixado sozinho com os mais velhos. Um medo de falar algo de errado surge em Edan, mas sem entender exatamente o porquê desse medo, ele sequer sabia como as coisas acabaram de um jeito tão inesperado. – Cuide bem da Anne, e não faça nada de errado. – Regina adverte.
- Podem relaxar, ela ficará bem... – Edan tenta dizer. Tanto Carlos quanto Regina recuam, entrando no carro e partem. Nesse momento que estão dentro do carro, ele repete algumas coisas para si mesmo – Espera... Convite? Dormir aqui? É o que?
Trancando o portão, o rapaz então se vira em direção a porta e segue em frente, querendo algumas respostas de Anne. Assim que entra em casa, pode ver a mochila de sua colega deixada ao lado do sofá, e logo ela falando sozinha enquanto andava em círculos – ...Minha primeira vez dormindo fora de casa... Dormindo na casa de um colega... Que estranho... Que estranho... Calma Anne, vai ser legal, vai ser legal, vai ser legal... Você foi convidada... – Ela dizia para si mesma, mas de um jeito que Edan conseguia ouvir. Ver como a garota agia o fez semicerrar o olhar mais uma vez, e pender a cabeça para o lado.
Forçando uma tosse falsa, Edan chama a atenção de Anne, que se vira em sua direção com um largo e doce sorriso. Apesar da animação da garota, Edan se mantinha sério, com uma sobrancelha erguida, fechou a porta da sala atrás de si e então disse. – Acho que nós precisamos conversar...
- A vontade, o quer falar? – Ela diz, se sentando no sofá.
- Eu quero saber o que você está planejando agora. – Edan cruza os braços, porém a resposta que teve foi um olhar confuso de Anne.
Ela solta um pequeno riso, e então diz – Eu não sei do que você está falando.
- Ta, vamos pelo começo então... Quero saber que história é essa de você dormir aqui. – Ele questiona.
A garota cruza seus braços, com um sorriso de curiosidade – Como assim "que história é essa"? Foi você quem me convidou pra vir.
- Eu? – Questionou, apontando para si mesmo.
Pegando seu celular, Anne tecla algumas coisas e então diz – Claro, foi o que a Raquel me avisou disso hoje mais cedo, quando você ainda estava lá.
- O que... Mas... – Antes que continuasse a falar, Anne vira a tela de seu celular para Edan. Ele aproxima vendo o nome de Raquel na tela, e então lê o que está escrito em voz alta – "O Edan ainda está aqui em casa... Disse que não poderia ir na sua casa hoje por estar ficando tarde, mas ele perguntou se você não gostaria de passar a noite na casa dele... Falou que até voltaria correndo para chegar em casa para te receber... Garantiu que seria divertido, até te deixaria escolher algum filme" ...
O rapaz parou por um segundo, desviando seu olhar do celular. Ele então entendeu o que tinha acontecido. Não era Anne, mas sim coisa da Raquel.
- Viu? – Anne ri, guardando o celular no bolso da calça. – Aliás, pensando agora isso explica você estar todo suado, veio correndo mesmo.
- Ah Raquel... Eu te pego... – Ele Bufa sozinho.
- Espera, está dizendo que não foi você quem me convidou? E sim foi coisa da Raquel que enrolou nós dois? – Ela questiona, semicerrando o olhar e cruzando os braços.
- É, bem isso. Nós dois fomos engambelados... – Edan disse, passando o dedo no rosto, se culpando por ter achado injustamente que era alguma armação de Anne. – Ela me fez entender que por eu não ir na sua casa hoje, você viria aqui de qualquer jeito.
- E pra mim ela disse que você tinha me convidado para vir dormir aqui – Ela respondeu, sem sequer olhar para o colega.
- Por isso eu vim direto para cá, e não para a sua casa. Imaginei que você estaria mesmo vindo, só não tinha ideia do que ela te falou. – Edan então respira fundo.
- Nossa... Achei que tinha sido você... – a garota arqueia as sobrancelhas, quase como se não tivesse como reagir ao que acabou de ouvir. Edan consegue ver o que parece ser decepção no rosto de Anne, sem entender o motivo. – Até achei fofo vindo de você, mas acho que isso acontece. – Anne solta mais um pequeno sorriso e força uma risada. – Bem, acho que você não me quer por aqui. Então, vou ligar para meus pais e pedir para virem me buscar.
De alguma forma o que a garota havia dito o havia atingido. Não era como se realmente quisesse ela ou qualquer outro alguém por perto, mas isso não significava querer ficar sozinho. Ele nem mesmo sabia o que queria, mas se sentiu culpado pelas palavras da garota, ouvir aquilo o causou angustia além de culpa. Se perguntou se realmente era alguém tão ruim a tal ponto, que sequer queria a presença de um de seus colegas de escola por perto. Edan se perguntou novamente se queria mesmo que Anne fosse embora ou não, porém ele não sabia o que dizer, não conseguia tomar uma decisão. Assim que Anne sacou seu celular, em um momento de hesitação, Edan balança a cabeça negativamente, torceu a boca, bateu as mãos nas pernas e se aproxima da garota, colocando a mão sobre a tela e impedindo a garota de fazer qualquer coisa no celular – Não precisa ligar para eles.
- Por que não? Tenho que voltar para casa – Ela responde.
Dando um longo e pesado suspiro, como sendo algo difícil de se fazer, o rapaz hesita novamente, mas ele então diz – Pode ficar por aqui hoje...
Estranhando, Anne então questiona – Tem certeza disso?
- Tenho.... – Ele disse, tirando o celular de Anne de sua mão e o deixando sobre a mesa de centro – Você não precisará ligar para eles.
Se virando para Anne, o rapaz percebe que Anne ainda parecia desconfortável em estar ali. Pensava em alguma forma de melhorar o ânimo da colega. Neste momento uma ideia surge em sua mente – Então acho que é melhor eu formalizar isso... – Edan então finge uma tosse, se sentando na mesa de centro bem em frente a Anne, e então continua a falar, Anne o observava sem dizer nada, dando uma risada com a ação de Edan. – Não poderei ir a sua casa hoje, mas quero perguntar se não gostaria de passar a noite na minha casa... Até voltarei correndo para chegar em casa... Garanto que será divertido, até te deixo escolher algum filme.
Primeiro a garota piscou algumas vezes, então ela começa a rir – Eu não esperava por isso, mas agradeço o convite... E olha só, já estou aqui. – Ela termina de falar, batendo as mãos no sofá.
- Se quiser, pode ligar a televisão, ver algum filme... – Ele diz, estendendo a mão em direção do controle bem ao lado de Anne.
- Pode deixar, irei escolher alguma coisa muito boa – Ela responde, olhando então para a mesa que Edan estava – Escuta, você deveria estar sentado ai?
- Sem problemas... Eu sou leve demais, e essa mesinha já me aguentou outras vezes. – Ele respondeu, dando alguns leve golpes na mesa.
- Ta bem... E você, o que irá fazer? – Ela pergunta, agarrando o controle da televisão.
Edan passa a mão pela testa, que já estava com o suor quase todo seco – Preciso de um banho depois de correr tanto...
- Falando nisso, por que veio correndo? – Anne pergunta com um sorriso, ela então liga a televisão, mas continua olhando na direção de Edan.
Neste momento Edan refletiu sobre isso. Nem ele mesmo sabia do porque, ele apenas fez quase de automático. Dando de ombros ele responde – Não sei direito, eu só vim correndo.
Antes que a garota pudesse fazer qualquer nova pergunta, Edan se levantou e deixou a sala, indo em direção ao seu quarto. Atravessou parte da bagunça que sempre o cercava, pegou algumas roupas e seguiu para o banho.
*****
Saindo do banheiro com a toalha no ombro e os cabelos não muito molhados, Edan seguiu pelo corredor escuro de volta a sala, ouvindo de longe o volume da televisão mais alto que de costume. A luz estava ligada, e assim que entra na sala, o rapaz viu que Anne havia pego algumas cobertas e também o travesseiro de sua cama junto com um outro que havia no seu guarda-roupa, tanto que se enrolou em uma e estava instalada no sofá e havia uma segunda, dobrada bem ao seu lado, o que o fez pensar que ela talvez havia pego essa segunda para ele mesmo. Olhou para a televisão, o que parecia que Anne havia escolhido um filme de ação que a primeiro momento Edan pensou ser algum Carga Explosiva, talvez Velozes e Furiosos, ou então algo que envolvia explosões, não se lembrava de nenhum Transformers em especifico. Ver tal filme na televisão acabou sendo uma surpresa, não imaginou que Anne poderia gostar de filmes de ação, muito menos esperava que ela começasse a pular de animação no sofá ao ver algo acontecendo na tela. Sem vontade de sair do lugar, Edan se encostou na parede e olhou para sua colega por alguns segundos. Não sabia o porquê de fazer isso, mas apenas olhava em sua direção, sentindo como se isso o fizesse bem de alguma forma que não conseguia entender. Se perguntava se isso seria pela companhia da colega, ou se isso seria por algum outro motivo.
- Já escolheu algo? – Ele questiona, quase pegando a garota de surpresa.
- Por enquanto sim, da para começar com alguma ação desse canal. – Ela diz animada, enquanto Edan olha para a tela de forma desinteressada. Anne então, corrigindo sua postura, continua a falar – Se quiser, posso escolher outra coisa.
- Tudo bem, acho que foi uma boa escolha de começo... – Edan disse, pensando se não haveria algo de importante para fazer antes de começar a ver filmes, mas afastou esse pensamento pelo seu próprio desanimo. Olhando da tela para a colega, ele estala os dedos e então diz – O que acha de uma pipoca para acompanhar o filme?
- É uma ótima ideia! Pipoca e filme, que combinação perfeita! – A garota salta do sofá com animação, indo na direção de Edan e o puxando para a cozinha.
Assim que entraram na cozinha, o rapaz pegou uma pipoca de micro-ondas que havia no armário, ativou o temporizador, e então começou a vasculhar outros armários em busca de temperos, enquanto Anne quase pulava de animação, porém ela saiu da cozinha antes que Edan notasse. Assim que apitou, ele separou dois potes, temperou tudo diretamente no próprio pacote de papel da pipoca e dividiu da forma mais igual que poderia conseguir, e então retornaram à sala. Anne saia de seu quarto com roupas trocadas, vestindo uma calça de moletom cinza e uma camisa regata leve, claramente já sendo algo próximo de um pijama. A garota quase saltitava com sua animação, se sentou no sofá e se enrolou novamente nas cobertas, enquanto Edan apagou as luzes e se sentou com o corpo curvado para frente, do outro lado do sofá de três lugares, abrindo o máximo de distância possível de Anne. Nesse momento Edan praguejou para sua tia, que havia levado o sofá de dois lugares embora já a algum tempo, por ser mais "necessário" em seu apartamento do que na casa de Edan. A garota então se ajeita, aumentando o volume do filme e começou a assistir concentrada, sem falar mais nada.
Durante algum tempo seguiram vendo o filme, Anne ria com muitas coisas, reagia com momentos de ação pegando as almofadas do sofá e seu travesseiro, dando alguns socos ou as abraçando forte, o que fazia Edan a observar em cada reação, pensando que a qualquer momento ela sairia do sofá e pularia na tela para entrar no filme. Em alguns momentos, Edan até mesmo pensava se deveria prestar atenção no filme ou na colega. A preguiça começa a atingir o rapaz, que se ajeita melhor no sofá, quase que se deitando. Apesar de não estar tão interessado quanto gostaria, Edan prestava atenção no filme como podia. O primeiro filme acaba. Antes que Edan pudesse questionar se a colega havia gostado do filme, algo que parecia bem obvio para ele, Anne já estava com o controle em mãos, começando a passear pelos canais, escolhendo um novo filme após algum tempo. Olhando para a colega, viu que agora Anne se deitava, abraçando a almofada e fazendo de travesseiro e se encolhia como conseguia do seu lado do sofá. Olhando então para a televisão, viu que a nova escolha da garota foi um filme de heróis. Aos olhos de Edan, a garota parecia satisfeita com sua própria escolha, e o interesse voltou em seu olhar. Novamente, Edan começava a pensar em como a garota tinha gostos que ele não imaginava, primeiro os filmes de ação, e então heróis. Sua mente viajava em quanto mais coisas Anne poderia gostar e ele não sabe. Gradativamente o filme seguia, porém o sono começava a atingir Edan, mais pelo tédio do que por realmente sono, aos poucos acabou se encostando no sofá, o que o fez dormir antes que percebesse.
*****
Edan acordou devagar, sem saber ao certo onde estava. Sua visão estava embaçada pelo sono, o que o fez observar em volta. Viu a televisão ligada com o volume bem baixo, passando um filme de que sequer sabia qual era ou do que se tratava, as luzes estavam desligadas, e sequer enxergava alguma luminosidade vindo pelos vãos da janela. Edan esfregou os olhos, imaginando que poderia ser de madrugada, então sequer deu mais alguma atenção para as horas. Tentando se levantar do sofá, ele então percebeu que havia algo pesado sobre seu corpo, que o impedia de se levantar.
Ele então começou a prestar mais atenção aos detalhes, percebeu melhor o peso, algo encostado sobre seu peito, alguns fios de cabelo no seu rosto, e o que parecia ser algo o envolvendo. Quando deu por si, percebeu que se tratava de Anne, que também havia dormido no sofá. Imaginou o que teria acontecido enquanto ele dormia, e principalmente como que Anne, que até onde se lembra estava do outro lado do sofá, acabou saindo do seu canto até deitar em cima dele, e ainda por cima o abraçando. Neste momento, começava a cogitar que algo assim teria acontecido enquanto sua colega ainda estava acordada, porém descartou essa ideia por achar algo idiota e improvável demais. Tentando se soltar, Anne acabou o abraçando ainda mais firme, e ajeitando de forma mais confortável para ela.
Apesar da situação em que estava, Edan decidiu em não fazer nada. Naquele momento viu que não tinha muita opção de como sair dali sem acordar a garota. Ele se ajeitou no sofá como pode, tentando se manter confortável do melhor jeito que poderia conseguir, arrumou seu travesseiro em suas costas para conseguir se deitar melhor, puxou um pouco da coberta até passar dos ombros de Anne enquanto hesitava entra deixar ou não seus braços em volta da colega, onde decidiu envolve-la de forma tímida, fechou os olhos e tentou dormir. Ele solta um suspiro enquanto tentava recuperar o sono, prestou atenção na respiração calma de Anne, agora conseguia sentir de uma forma até agradável o corpo da garota sobre ele, seus cabelos ruivos agora pouco arrumados também pareciam agradáveis, isso acabou fazendo com que seus braços a envolvessem, de forma que o próprio Edan não havia notado. O sono retornou, enquanto o rapaz imaginou que quando acordasse, tudo tivesse sido apenas um sonho improvável
Considerações Finais:
E ficamos por aqui neste capítulo, um pouco mais longo mas com o essencial para o andamento da história... Admito que os acontecimentos deste capítulo fugiram um pouco ao que eu planejava quando o escrevi, de certa forma, posso dizer que alguns personagens estavam "agindo sozinhos", e o rumo foi esse que leram. Gostaram do capítulo de hoje? Tem alguma opinião, teoria ou alguma ideia do que está para acontecer em seguida? Sinta-se livre para contar, estou aberto a opiniões.
Espero que estejam gostando deste capítulo, e que continuem acompanhando a história. Eu os aguardo no próximo capítulo. Então, até lá.
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