Capítulo 16
3873 palavras - Arco casais
Edan aperta um botão do controle, fazendo surgir a interface informativa da televisão, observando as horas. Eram 3:19h da madrugada, e sequer conseguia dormir, por mais que o sono, e um pesado cansaço, recaísse em sem corpo. O rapaz já nem se lembrava direito desde que horas havia ido se deitar e permanecido ali, sem conseguir dormir.
Torcendo para que conseguisse adormecer em algum momento, o jovem colocou em um canal de filmes na televisão, da cozinha trouxe um lanche de micro-ondas e um copo de suco, estes que ele mal tocou, apenas largou sobre a mesa de centro. De seu quarto, pegou algumas cobertas, seu travesseiro, ali improvisou uma cama o mais confortável que podia como sempre faz e se deitou. A sala estava fria, uma brisa gélida corria pelo local, o que o fazia tremer por mais que estivesse completamente coberto.
Dando toda sua atenção a televisão, vezes olhando para seu lanche pensando se sentia fome ou no mínimo vontade para comer, Edan gradualmente se sentia tentado a fechar seus olhos, mas toda vez que o fazia, imagens surgiam em sua mente, pensamentos, perguntas, vozes ecoando. Tudo isso o fazia despertar no mesmo instante. Em cada vez que ousava fechar seus olhos, tudo surgia novamente e vinham em sua direção, como sombras vivas que ansiavam pelo momento certo para ataca-lo.
Abraçando a si mesmo, Edan ousou fechar seus olhos com força. Tentava abafar todos pensamentos que insistiam em gritar dentro de sua mente, ignorar todos os ruídos a sua volta que pareciam ensurdecedores. Lutava para tentar abafar tudo, porém os pensamentos surgiram do escuro, as sombras se materializavam em sua mente e se aproximavam, sentia que elas rondavam em volta de seu corpo, o gélido delas tocando sua pele e se espalhando pelo corpo, a dor nos locais em que era tocado. Cada toque das sombras, por mais suaves que aparentassem ser, eram como golpes pesados de uma luva de espinhos congelada, adagas invisíveis, garras o dilacerando. Incontáveis sensações que sabia que não atacavam seu corpo ou sua mente, golpes que atingiam mais além, na sua vida. Suas mãos tremiam, tanto pela força aplicada em si mesmo, quanto pelo que sentia, apertava seus dentes, seus olhos pesados. Sentia todo o desespero tomando posse do seu ser. Sentia medo, um medo que não demonstrava a ninguém.
Edan se questionou naquele momento.
Por que sua vida insistia em continuar?
Qual propósito existia para sua vida?
Por que tudo não acabava de uma vez?
Por que não podia ter paz?
Uma sensação surge, do ponto mais profundo do seu ser. As sombras se dissipam e desaparecem, dando lugar a uma outra sensação. Edan pode sentir, da mesma forma que antes, um calafrio subindo pelas suas costas lentamente, de forma precisa, não apenas um, mas dois. Como se toques frios, mas ao mesmo tempo tão quentes, o abraçassem.
Edan soube que ela não veio sozinha desta vez. Sua mãe estava ali, e seu pai estava junto.
De alguma forma, eles estavam ali, os dois.
A presença deles afastou tudo naquele momento. Todos os sentimentos, todas as sensações. Suas mãos afrouxam, seu corpo abandonou toda a tensão sentida, sua mente e seu espirito quebrado se tranquilizavam. O medo sumiu de sua mente.
Edan tentou se levantar quase de imediato. Da mesma forma que fez antes, queria poder falar com sua mãe, e agora também com seu pai. Não queria desperdiçar essa nova chance. Com todo seu ser desejava aproveitar esse momento para falar com eles novamente. Tanto seu corpo quanto sua mente, se sentiam eufóricos e ao mesmo tempo desesperados para isso. Por mais um momento com eles, porém algo o impedia. Sentia o acolhimento a sua volta, não sabia como, mas as vozes dos dois surgiram em sua mente, tão nítidas como se seus pais estivessem presentes fisicamente naquela sala, pedindo para que apenas fechasse seus olhos e descansasse tranquilo. Estavam ali para ele.
Por mais que quisesse falar com eles, com a sensação de estar acolhido no colo de seus pais, Edan fecha seus olhos e adormece.
*****
Se forçando a escrever as anotações do quadro negro em seu caderno, Edan se mantinha no mínimo concentrado nas anotações que fazia. A sala estava uma bagunça no mínimo controlada, a aula era história, e o professor era um dos poucos que conseguiam fazer a turma se manter focada na aula, ou pelo menos com o tom de voz controlado.
O rapaz apoiou o rosto em uma mão, esfregou os olhos tentando afastar o pouco sono que ainda sentia pelas poucas horas de sono que teve na última noite. Olhou para os lados, todos os alunos ali conversavam, alguns sobre os temas da aula, lições passadas, ou apenas rindo de algo totalmente aleatório. Olhou para Anne, a garota estava visivelmente entretida com algo. Se concentrando um pouco, pode perceber que a garota rabiscava algo na última folha de seu caderno. Edan se permitiu levantar e olhar melhor o caderno da colega. Ali havia um desenho caprichosamente feito. Uma garota com uma beca de formatura, um largo sorriso, e em volta dessa moça, pareciam haver esboços de outros personagens ao seu redor. Edan imaginou se aquele desenho representava uma vontade de Anne, se seria algo que ela almejava alcançar.
- Desenho legal... – Ele se permite dizer, atraindo a atenção da garota.
- Obrigada, mas ele está bem simples... – Ela diz, com um sorriso tímido, olhando para seu desenho. Edan prestava atenção em todos os detalhes, tanto na personagem, cabelos, roupas, tudo era caprichosamente feito – Fiquei entediada e quis passar o tempo rabiscando isso.
Edan olhou da garota para a folha algumas vezes. O que Anne conseguia fazer "passando o tempo" era facilmente acima do nível atual dele, mas ainda assim parecia menor do que a garota insistia em dizer que Edan era capaz. Ele gostaria de ver em si mesmo toda essa capacidade que Anne enxergava. Ainda assim, ele disse – Você diz bem simples, mas ainda assim está ótimo.
Anne deu um sorriso, vendo Edan puxando sua cadeira para mais próximo e se sentando, mantendo seu olhar na folha. – Bem, obrigada de novo. Não esperava que ficasse tão bom quanto você está dizendo.
Dando de ombros, ele responde – Acontece. Você tem habilidade pra isso. Me pergunto por que você fica cismada comigo voltando ou não a desenhar.
- Eu fico cismada porque é uma coisa que você tem mais habilidade que eu. – Ela diz, com um sorriso no rosto. Ela apoia o rosto em sua mão, mas ao invés de continuar desenhar, ela mantém seu olhar em Edan. Inevitavelmente, ele sentia seu olhar atraído para a garota, de forma tão natural e quase magnética – É um talento que eu sei que existe em você.
- Só por isso? – Ele questiona, sem nem ao menos perceber o que tinha saído de sua boca.
- É sim. Por que mais eu faria isso? – Ela questiona sorrindo de leve.
Edan balança a cabeça negativamente – Eu não tenho a menor ideia, só fico curioso por tamanha generosidade.
- Coisas boas acontecem Edan... Só quero fazer algo bom por você... – Ela responde.
Arqueando as sobrancelhas, ele então responde – Então posso dizer que está perdendo seu tempo fazendo isso.
- Temos uma aposta lembra? – Anne pega uma mecha do cabelo de Edan e enrola no seu dedo indicador – Fazer isso vai me ajudar a ganhar a aposta.
- Você acha mesmo que vai ganhar essa aposta? – Recebeu um aceno positivo como resposta da colega – Coitada, acha que vai conseguir...
- Não só acho, como eu tenho certeza disso senhor Edan! – Ela diz, batendo com a ponta do dedo indicador no nariz do colega, que mal reage com o ato.
- Eu não tenho nada a dizer... – Edan percebe algo de diferente ao olhar para Anne, a iluminação pareceu ficar mais forte de repente. Instintivamente ele olha para o alto em direção as lâmpadas, e Anne acompanha seu movimento. As luzes estavam realmente mais fortes de alguma forma, como se cada vez mais energia estivesse correndo por dentro do vidro – Está vendo isso?
- Estou, a luz tá bem forte... – Anne responde, colocando uma mão na frente dos olhos para tapar a luz que ficara mais forte. De repente as luzes da sala se apagam, fazendo Edan e Anne se entreolharem por causa do ocorrido – Legal, isso foi estranho.
Os alunos começam a fazer uma arruaça descontrolada na sala, soltando berros com toda a força. Edan olhou para Anne, que estava tapando os ouvidos e fazia uma expressão de quem estava ao máximo tentando aguentar o barulho. Olhou em volta, viu Raquel e Leandro participando da bagunça, dando risadas altas. As luzes ligam novamente, porém dois segundos depois se apaga outra vez. Mais gritos, ainda mais altos e mais fortes se espalham, agora pela escola inteira. Todos tratavam a queda de energia como a coisa mais única e hilária possível. O professor gritava, mandando todos se calarem, mas de nada adiantava. Novamente as luzes ligaram, mais fortes, piscaram por algumas vezes, e se apagaram. Edan olhou para Anne, que mantinha seus ouvidos tapados, ficando claro que ela mal conseguia abafar o barulho, que inundava a audição de Edan. Isso até mesmo fez com que o rapaz trouxesse Anne para perto e tentasse ajudar a abafar todos os sons.
Por um segundo, tudo se silenciou. Edan estranhou um silêncio tão repentino, mas era estranho. Todos ali ainda pareciam estar rindo, fazendo bagunça, mas não conseguia escutar nenhum barulho deles. Anne olhou para ele, parecendo estar no mesmo silêncio que ele. As luzes ligaram, piscaram mais algumas vezes e apagaram. O escuro reinou na sala por mais alguns segundos, até as luzes se religarem outra vez. Edan olhou em direção ao quadro negro, vendo alguém que antes não estava ali.
Uma figura estava parada, de frente para toda a sala, parecendo os observar. Durante apenas um segundo, mas que pareceu uma eternidade, Edan pode olhar para aquela figura que surgiu de forma tão repentina, como se viesse da escuridão que havia tomado a sala. Não conseguia ver seu rosto, mas podia ver, estava vestida de negro, o mesmo casaco negro que acreditava já ter visto antes. Não tinha ideia de onde ele veio, mas tinha a total certeza de que ele não estava ali antes. As luzes piscam por mais uma vez, tão rápido e imperceptível. No único momento que tudo escureceu e voltou a se iluminar, a pessoa desapareceu completamente.
O barulho retorna de uma vez, em um baque tão instantâneo que pega tanto Edan, Anne e ainda outros alunos de surpresa. Ela estava com a respiração apressada, como se tivesse corrido por alguns minutos.
- Você está bem? – Ele questiona, vendo como a garota estava.
Anne confirma balançando a cabeça – Estou sim... Não foi nada.
Olhando da garota para o quadro negro, ele então diz – Escuta, você viu aquilo?
A garota ergue a sobrancelha, acompanhando o olhar do colega – Vi o que Edan?
Ele arqueia as sobrancelhas com a resposta, sem saber como falar para Anne o que ele havia visto. Se perguntava se teria sido somente uma impressão muito real ou algo desse tipo. Para evitar perguntas, ele balança a cabeça negativamente. – Esqueça... Não é nada.
Edan balança a cabeça negativamente, olhando novamente em direção a frente da sala. Ali não havia mais nada, nem ninguém. Imaginou que aquilo que havia visto, aquela pessoa de casaco negro foi apenas uma impressão, uma pegadinha que sua própria imaginação havia pregado nele mesmo.
Olhando em direção a porta da sala, pode ver uma pessoa, com olhar duro e boca curvada para baixo, quase em choque pelo que estava vendo. Fabiano estava ali, olhando na direção de Edan, que somente naquele momento percebeu que ainda tinha Anne em seus braços.
*****
Prestes a voltar para casa depois de mais um dia, Edan bate os dedos na mesa, se questionando o que precisaria estudar. Raquel e Anne conversam com os demais alunos, enquanto Leandro digita sem parar no seu celular. Pela sua animação parece ser algo importante.
Assim que o sinal toca, o rapaz veste o capuz de sua camisa e deixa a classe, tão rápido e discreto que ninguém o notou como de costume. Buscando se distrair com algo olhando ao redor, pode perceber com o canto dos olhos alguém tentando acompanhar seus passos, já imaginado se tratar de Anne. Assim que olhou para a pessoa, percebeu que se enganou.
- Iris? – Falou, se auto questionando.
- Eu mesma. – Respondeu com a voz contida – Podemos falar um minuto?
Confirmou acenando a cabeça – Podemos, do que deseja falar?
- É sobre o Leandro. – Iris responde, tirando uma pequena caixinha da bolsa, abrindo e colocando o óculos que lá havia. – Ele me pareceu estranho hoje.
- Estranho? – Repetiu, pensando em como o amigo agiu durante o dia – Em que sentido?
- Parecendo estar incomodado, querendo falar algo, nervoso... Fiquei preocupada com ele, mas não sabia como falar com ele... Sabe se aconteceu algo?
Refletindo um pouco, ele diz passando a mão no queixo. Imaginou que aquela poderia ser um momento perfeito para continuar colocando seu plano em prática. – Acho que tenho uma leve ideia do que pode ser... Mas não é certeza.
- E o que acha ser?!
- Provavelmente ele quer te pedir em namoro. – Deu de ombros, como sendo a coisa mais simples do mundo.
- O que?! –Iris questiona, dando um grande sorriso ao mesmo tempo que ficava sem jeito. – Isso é sério?!
- Não sei, mas falei com ele ontem mesmo e ele me disse como gosta de você, que quer algo sério, que tem medo de te perder... – Mentira, mentira e aparente meia verdade. Era isso que passava na mente de Edan, afinal não foi exatamente assim que as coisas aconteceram. Mas queria ver até onde podia ir. – É só o que me parece.
- Nossa! – Iris andou de um lado ao outro, totalmente eufórica, parou em frente a Edan, dando pulinhos de animação – Nossa... Eu... Eu nem sei o que dizer, estou feliz, mais animada que não sei o que!
- Recomendo guardar toda essa animação para quando o Leandro te pedir em namoro... Coisa que pelo jeito, pode não demorar muito. – Edan comenta, enquanto se espreguiça. Olhou para Iris, que sequer sabia como reagir com o que ouviu, e olhando por cima da garota e então continuou. – Aliás, não é ele vindo bem ali?
- Ele está vindo? – Iris ficou ainda mais nervosa. Um largo sorriso surgiu em seu rosto – Será que ele vai falar agora? Ou depois? Enquanto ele me acompanha? Por mensagem? – Iris perguntou para si mesma em voz baixa, tentando se controlar – Estou nervosa!
- Da um jeito pra acalmar, ele está bem atrás de você. – Edan comentou, olhando Leandro já atrás de Iris. – Ela estava te esperando Leandro.
- É serio? Então devo me sentir lisonjeado... Desculpe se demorei muito – Disse com tom bem humorado – Então Iris, podemos ir? – Perguntou, passando o braço devagar sobre os ombros de Iris, isso faz a garota enrijecer o corpo.
Respirou fundo, se virando para o colega – Claro, podemos ir!
Começaram a andar, e Edan pode ouvir Leandro perguntando a garota o porque de estar tão vermelha.
Saindo da escola, Edan percebe Raquel não muito longe, vindo por entre as pessoas. Viu que ela estava acompanhada de um aluno alto, a quem imaginou ser quem ela estava curtindo.
ao que estava vendo, Edan conseguiu o que queria.
- O que está fazendo ai, todo distraído? – Anne questiona, surgindo do nada. O rapaz se virou para a colega, que estava com a bolsa caída de lado e uma das mãos na cintura.
- Apenas olhando em volta... Acho que eu fui bem.
- Está se referindo a incentivar o Leandro? – Anne perguntou enquanto prendia o cabelo em um rabo de cavalo apressado.
- E a Raquel também, apesar de ela não precisar de incentivo nenhum. – Comentou, coçando a sobrancelha, iniciando o passo. Anne seguiu logo atrás – Ela está se aproximando do cara do segundo.
Anne deu um sorriso de satisfação – Você conseguiu mesmo!
- Não tive dificuldades com nenhum dos dois... A última pessoa que falta agora é você.
Anne olhou de um lado ao outro, apontando para si mesma, perguntando com o rosto se era com ela que Edan estava falando. – Se me lembro bem, eu disse que iria me resolver sozinha.
- E se resolveu?
- Não... – respondeu em voz baixa.
- O tal cara misterioso que você gosta não falou nada? – Edan insistiu. Recebeu um balançar de cabeça como resposta – Imaginei... Então sim, eu irei resolver por você.
- Estou pensando no que me disse... Se devo ou não dar uma chance ao Fabiano ou se devo continuar tentando.
Olhando para a colega, notou que ela passava a mão na testa, secando um suor inexistente. – Eu acho que deve dar uma chance... Pelo menos até estar preparada para falar com o tal cara.
- Isso seria usar o Fabiano! – retrucou – Não posso fazer isso!
- É claro que você pode. Isso não é proibido e nem errado, apenas se sua índole disser que é errado... – O rapaz suspira, tirando poucos segundos para pensar – E o que você fará não é usar... É testar, conhecer melhor... Se esse Fabiano for alguém tão bom, então você irá esquecer qualquer outra pessoa. – Disse, erguendo as mãos – Pelo menos é o que eu acho. E muito provavelmente ele está por perto e vai usar qualquer chance que tenha.
- Acha mesmo que o Fabiano vai tentar de novo? – Edan balança a cabeça confirmando – Eu já dei tanto foras nele, tantos "talvez".
- Então tente outra coisa ao invés do "talvez".
Do outro lado da rua, do lado de um carrinho de cachorro-quente, um pequeno grupo mais velho ria e faziam bagunça, enquanto o vendedor parecia perder o equilíbrio de tanto que vendeu de uma vez. Detrás de todos, estava Fabiano, conversando animado com Carol e Tamires e também com outros alunos. Como se soubesse que eles, e em especial Anne, estavam ali, acenou e seguiu na direção deles, carregando um pesado cachorro-quente na mão e um aberto sorriso – Vieram para esses lados também?
- Apenas dando uma volta e conversando – Anne disse, dando um sorriso de leve, enquanto Edan se surpreendeu por dessa vez Fabiano ter feito uma menção de que ele era mais do que simplesmente vento.
Tamires chegou primeiro, logo em seguida Carol. Ambas cumprimentaram o rapaz com um gesto com a cabeça.
- Hoje está um bom dia para andar, tomar um ar... Está relaxante – Fabiano continuou, equilibrando seu lanche na mão.
- Estou de todo acordo, até da uma disposição a mais. – Anne responde.
- Claro, aliás me sinto disposto a fazer esse pedido pela... Trigésima vez acho. – Ele disse, fazendo uma careta como se estivesse pensando.
- Acho que até já sei o que pode ser... – Anne respondeu, olhando para Edan. O rapaz se mantinha inexpressivo como de costume.
- É, e você sempre diz talvez, mas nunca sim ou não... Eu fico na expectativa.
- Na verdade... – Edan se intromete, recebendo um olhar devastador de Fabiano, quase como se estivesse mandando para que se calasse naquele instante. Ignorando de forma como se o olhar recebido fosse menor que o de uma formiga, Edan continuou com a voz em uma calma assombrosa, que faziam Fabiano recuar um passo de forma quase imediata. Como sempre, o aluno mais velho mantinha seu medo de Edan. – Estávamos falando sobre isso. Eu estava justamente falando para que ela te desse uma chance.
Incrédulo, ele olha para Anne, e dela para suas colegas – É verdade?
- Sim, é verdade... Edan estava mesmo me falando sobre isso – Anne engoliu em seco, as palavras saíram de sua boca de uma maneira totalmente vacilante – Acho que dessa vez, eu possa aceitar.
Ficando eufórico, Fabiano então pergunta, se aproximando cada vez mais de Anne, a ponto de estarem quase colados – Então... É um sim?
- Nada disso! – O jovem se intromete outra vez, colocando a mão no peito de Fabiano e o empurrando para trás. Carol erguia uma sobrancelha e deu um imperceptível sorriso de canto, enquanto Tamires apenas olha espantada. Fabiano pensa em avançar um passo de uma vez, mas apenas olhar para o rosto de Edan e seu olhar vazio o fazia travar no lugar, incapaz de avançar um único passo que fosse. Por mais que Fabiano fosse mais velho, ou tivesse batido em Edan, ele simplesmente não seria capaz de atacar novamente, pelo menos não nesse momento. Ficava nítido para todos ali que Fabiano temia Edan. Todos os alunos em volta olham, tentando decifrar o que ele queria agora. Tantos olhares o repreendendo, e ao mesmo tempo carregando um medo semelhante ao de Fabiano, fazia Edan sentir alguma coisa para todos, talvez pena deles. Novamente, ignorando a todos, ele continua. – Faça um pedido de namoro decente... Você já tentou várias vezes, não é? Mais um pedido não deve ser difícil para você... Ou será que você não se garante em fazer algo tão simples?
Com um pesado suspiro, já farto da presença de Edan e da provocação recebida, Fabiano pega a mão de Anne, porém antes de começar a falar, Edan apontou para baixo, o que forçou Fabiano a se ajoelhar em frente a Anne, quase como se obedecesse a uma ordem do mais jovem. Ele então começa a falar. – Não tenho mais nenhuma palavra bonita, não tenho mais ideias do que falar a você para mostrar o que sinto... Só posso te dizer, do fundo do meu coração, o que eu sinto só fica maior a cada dia... Então peço mais uma vez Anne, me de a chance de te fazer feliz? – Ao terminar, lançou um rápido olhar para Edan como se perguntasse "Tá bom agora?!".
Anne reflete, pensa antes de falar. Olhou para Edan, este com uma expressão indecifrável, o vazio continuava esmagador – Se eu falar sim agora, eu terei o seu apoio e consentimento?
- Por mim tanto faz, eu não to nem ai... Mas acho que sim. Tanto meu, quanto da Raquel e do Leandro. – respondeu, cruzando os braços. – Então faça o favor, e pare de perder tempo. Se decida de uma vez.
Anne voltou seu olhar para Fabiano, que aguardava ansioso. Ela deu um longo suspiro, ergueu a cabeça para o ar, abaixou e olhou para Fabiano, finalmente respondendo. – Sim!
Considerações Finais:
Olá meus caros, e aqui ficamos com mais esse capítulo. O que acharam do desenvolvimento dele? Dos acontecimentos?
Cada vez mais as coisas se tornam mais bagunçadas ao invés de arrumadas.
Espero que estejam gostam do andamento da história, que sigam acompanhando. Se tem ideias, teorias, opiniões, não hesite em dizer. Eu os espero no próximo capítulo.
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