CAPÍTULO 14
Acordo mais cedo do que deveria e vou fazer alguns exercícios em casa. Me alongo por 5 minutos e começo a fazer os exercícios aeróbicos. Faço por 40 minutos. Quando termino estou suando e cansada. Tomo água da minha garrafa pela quarta vez e vou tomar banho. Me visto para o trabalho com uma saia lápis rosa com renda nas pontas e uma blusa de manga cinza. O tempo está nublado e a previsão é para chuva essa semana.
Tomo minha xícara de café diária sentada no balcão. Ligo para minha mãe perguntando se ela quer que faça as compras essa semana. Pego meu computador e envio e-mails para meus pacientes marcando o horário para hoje a tarde. O caso está atrasando um pouco minha vida.
Sabina manda um bom dia por mensagem e fala que hoje verá o Scott. Dylan se desculpa por mensagem também por não me atender ontem a noite. Escrevo para eles rápido e saio de casa.
Passo no escritório para deixar as anotações dos pacientes de hoje a tarde. E vou para o departamento.
- Bom dia Angel. – disse Delegado Meyer na sua sala sozinho.
- Bom dia Finn. – aperto sua mão.
- Chegaram a análise do fio de cabelo.
- Então?
- O sangue era de Brooke. Nada do assassino.
Fico novamente frustrada.
- Vamos achar esse cara.
- Claro que vamos. Temos a melhor no caso.
Segundos depois Mattia entra pela porta da sala com toda sua beleza. Disfarço o olhar e olho para o Delegado Meyer. Mesmo que Mattia seja comprometido, ele ainda é muito bonito e não posso fingir que não acho isso.
- Bom dia Angel. – disse Mattia sorrindo.
- Bom dia Mattia.
- Vocês estão se dando bem no caso? – pergunta o Delegado Meyer.
- Sim, senhor. – dissemos juntos.
- Fico mais tranquilo sabendo disso. Ficava pensando se teria que mudar vocês.
- Não será necessário senhor. – disse Mattia.
- Acha o mesmo Angel? – pergunta Finn olhando para mim.
Poderia arrumar outro parceiro, mas esse caso vai além da minha atração por Mattia. A gente já está tendo mais afinidade e compreensão um com o outro.
- Sim, senhor. – digo olhando para ele – Já me acostumei com a presença de Mattia. Juntos vamos achar o assassino e encerrar esse caso.
- Ok senhorita. Podem se retirar e me deixem a par das investigações. – disse Delegado Meyer se sentando em sua mesa.
Nos retiramos de sua sala.
- Próxima vítima? – pergunta Mattia saindo do departamento.
- Peyton Harris. – digo olhando no meu caderno.
- Harris? Não é a sobrinha do prefeito? – indaga Mattia ao meu lado.
- Sim. Ela mesmo. Por quê acha que o caso está com pouca mídia encima?
- Bem lembrado. Vamos falar com ele?
- Infelizmente não. Ele não quer estar associado com o caso para não perder o cargo.
- Mas ele é parente dela. E os pais?
- Viajando.
- Não acredito que ninguém esteja se importando com a morte dela.
- Nem eu. Ela morava no dormitório. Acho que não queria muita aproximação com eles.
- Com uma família assim também não iria querer. Vamos no meu carro? – pergunta Mattia abrindo a porta do seu carro.
- Não tenho escolha já que você está sendo um cavalheiro.
Entro no carro e sorrio. Mattia dirige até o dormitório. Peyton Harris, 22 anos, morava com duas colegas de quarto, encontrada morta num arbusto de um parque. Novamente quando chegamos tem policiais revistando a área. Peyton morava no quarto 310 no terceiro andar.
Quando batemos a porta, uma garota de cabelo preto, toda gótica atende.
- Como posso ajudar? – ela pergunta.
- Estamos aqui para falar sobre Peyton Harris. Sou Dra. Angel Castillo e este é o policial Ferrari.
- Vocês querem entrar?
- Sim, por favor. – Mattia responde.
Observo a minha volta, mas não vejo nada relacionado a Peyton.
- Eu sei que um dia todos nós vamos morrer, mas essas garotas não deveriam ter passado por isso. – desabafou a garota a nossa frente – Podia ter sido eu.
- Calma. Os policiais estão vigiando a faculdade e os dormitórios. Se vocês obedecerem as ordens deles e não saírem, nada vai acontecer. – falo abraçando-a.
- O-Obrigada. Podem fazer as perguntas agora. Estou melhor. – ela enxuga as lágrimas dos olhos vermelhos.
- Você era amiga da Peyton?
- Amigas não. Colegas. Mas conversávamos.
- Como Peyton era?
- Ela era calma, quieta no canto dela. Não gostava de fazer muitas amizades.
Começo a anotar no caderno.
- Ela tinha algum namorado ou ficava com alguém? – indaga Mattia.
- Ela nunca teve namorado. Mas estava conhecendo alguém.
- Ela falou quem era?
- Não. Ela não gostava de falar sobre isso. Aconteceram coisas no passado dela que a fizeram não querer namorar ninguém tão cedo.
E novamente sinto meu estômago embrulhar e anoto.
- Como era o relacionamento com os pais?
- Eles ligavam as vezes para ela para perguntar das notas e comportamento.
- Peyton falava do tio?
- O prefeito? Ela não gostava da visibilidade que tinha por causa dele.
- Vocês não moravam com uma outra garota? – pergunta Mattia.
- Sim. Ela voltou para a casa dos pais. Não era amiga da Peyton, mas também ficou chocada com o ocorrido.
- Entendo. Por enquanto é só isso. Obrigada. – digo.
Nos despedimos da jovem e voltamos para o carro.
Estou sentindo fome, mas como tenho pacientes a tarde, acho melhor ir para casa.
- Pode me deixar em casa por favor? – pergunto cansada para Mattia que está entrando no carro.
- Claro.
A cidade está barulhenta como de costume, sons de carros, motos e pessoas apressadas para voltar o serviço ou algumas para tirar um minuto de almoço.
- O que gosta de fazer Angel? – pergunta Mattia dirigindo olhando para mim me tirando dos meus pensamentos.
- Hã.. Amo ler. Desde nova que gosto. Gosto de ajudar meus pacientes, amo gatos, gosto de vinho e sou apaixonada por café. E você Mattia?
- Você é daquelas leitoras que são ansiosas para terminar o livro ou que fica com pena de acabar?
- Depende do livro. Sou os dois tipos de leitora. – digo rindo.
- Imaginei. Eu gosto de tirar fotografias, fazer trilhas, gosto de jogar poker e sinuca, gosto do meu trabalho e de gatos também.
- Quem diria que você gostava disso tudo.
- Há muitas coisas para saber ainda Angel.
- Concordo.
- Gosta de alguma atividade física?
- Gosto de fazer caminhada, Yoga e aeróbica. Faço academia também quando dá. E você?
- Gostei. Gosto de correr e faço academia.
- Você também se exercita bem.
- Eu tento.
Depois disso ficamos em silêncio, até que me lembro que meu carro ficou na frente do departamento e vou precisar dele para encontrar meus pacientes.
- Mattia – digo tocando no seu braço que está segurando o volante – Me deixe na frente do departamento policial.
- O que houve? – pergunta preocupado.
- Desculpa te assustar. Apenas deixei meu carro lá. Preciso dele hoje a tarde.
- Que susto Angel. Sem problemas.
Sorrimos e continuamos em silêncio. Mattia me deixa aonde pedi e se despede de mim lembrando-me de encontrar com ele amanhã no meu escritório para continuarmos nossa busca.
Quando chego em casa, faço um almoço super rápido e me arrumo para sair. Minutos antes que marquei com meus pacientes, saio de casa.
Atendo todos os meus pacientes, escuto-os e anoto informações importantes de cada fala deles. Todos eles tem vidas diferentes, mas a maioria dos problemas iguais. Por isso acho sempre importante você correr atrás de se tratar, buscar ajuda psicológica para não viver uma vida que te faça mal e aos outros.
Além dos meus pacientes que sempre tenho. Hoje atendi também um cara que é abusivo com sua namorada. Ele quer mudar esse jeito porque sente que está atrapalhando a relação dos dois. Sinto que vamos conseguir trabalhar bastante juntos nisso porque desde o momento que ele vê que está errado é uma mudança. O ruim seria se você fosse abusivo e fizesse sua namorada achar que seu comportamento é válido porque a ama.
Termino as sessões com meus pacientes e vou para casa, beber chá e ficar com meu gato.
Observações do caso 694:
1. Peyton Harris, sobrinha do prefeito, não tinha uma boa relação com os pais.
2. Não tinha muitos amigos e era reservada.
3. Nunca teve namorado, mas estava conhecendo alguém.
4. Não gostava de chamar atenção por ser sobrinha do prefeito.
Envio as anotações por e-mail para o Delegado Meyer e deito-me pensando no caso.
***
Nos dois dias seguintes Mattia e eu conseguimos visitar as meninas que moravam com as duas últimas vítimas do assassino. Inspecionamos os locais aonde foram encontradas, mas não achamos nada.
Visitei o hospital aonde dou consultas gratuitas para atender meus pacientes. Mantive contato com minha família. Sabina contou-me do seu encontro com Scott, eles estão indo devagar, mas estão se entregando nessa relação. Dylan brigou comigo porque faltei duas aulas na academia, sendo que foram por motivos válidos, que foi por causa do caso.
Delegado Meyer está confiante com este caso e tem certeza que vamos descobrir o assassino. Eu e Mattia estamos começando a ser realmente amigos, estou colocando de lado minha atração por ele, e focando em como ele é interessante como amigo.
Esses dias descobri que Mattia é fã de filmes de romance e suspense. Estamos nos conhecendo mais e o caso está ficando mais fácil para nós. Eu tenho certeza que tem algo na faculdade, só não fomos lá ainda porque estávamos seguindo o protocolo de falar com amigos e familiares antes.
Observações do caso 694:
1. Sarah García, 24 anos, morava no quarto 207 do segundo andar com uma amiga.
2. Sarah não namorava e também não se relacionava com ninguém, mas tinha uma paixão secreta.
3. Não tinha pais. Porque cresceu no orfanato.
4. Tinha poucos amigos.
5. Nada foi encontrado na praça aonde seu corpo foi achado.
Observações do caso 694:
1. Alba Perez, 23 anos, morava no quarto 509 no quinto andar com umas colegas.
2. Alba tinha muitos amigos, mas não se dava muito bem com alguns.
3. Namorou uma vez, porém terminou depois que descobriu que o cara a estava traindo.
4. Ela estava saindo com alguém.
5. Não falava com seus pais desde quando tinha 17 anos e saiu de casa para morar com seu namorado.
6. Não encontramos nenhuma pista no local que foi encontrada, em uma floresta.
7. Descobrimos que Alba não estudava na mesma faculdade do que as outras, ela apenas morava ainda no dormitório. Mas até uns meses atrás ela ainda era estudante de psicologia da mesma faculdade.
Fim das anotações
Reviso as anotações que fiz de Brooke, Rachel, Peyton, Sarah e Alba e as envio todas juntas com todos os detalhes para o Delegado Meyer. Tomo uma taça de vinho e subo na cama com Ragnar.
Revisando essas anotações novamente acabo percebendo duas coisas que ligam as cinco jovens, além da faculdade e do curso de psicologia; as cinco estavam se relacionando com alguém e tiveram um trauma quando mais jovens.
As cinco sofreram abusos sexuais.. Meu coração para um minuto de bater em meu peito e me forço a dormir sem chorar.
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