CAPÍTULO 12

Na manhã seguinte, levanto com meu celular tocando, não atendo. Fico enrolando na cama mais um pouco e minha campainha toca, quase que também não atendo. Quando observo no olho mágico vejo Sabina.

- Bom dia. O que está fazendo aqui? - pergunto com voz de sono e ainda de pijama.

- Bom dia. Acordou agora? - ela pergunta e faço que sim com a cabeça - Ótimo. Vou fazer um café para gente.

- Ok. Mas Sá, que animação é essa?

- O encontro de ontem. - diz colocando água para ferver.

- Deu tudo certo?

- Mil vezes certo. Foi ótimo. Fomos no cinema. Foi tão romântico.

- Que bom amiga. - digo me sentando.

- Não vou criar expectativas, mas ele é diferente.

- Por quê acha isso?

- Ele não é metido como uns caras que já sai e também sabe conversar. Sobre tudo.

- Pontos para ele. Acho isso ótimo.

- No final da noite ele me chamou para sair de novo e ainda perguntou se eu poderia ir um dia desses na boate.

- Você é a garota que distrai ele do serviço.

- Eu sei. Já quero marcar o próximo encontro.

- Fico feliz.

O café fica pronto e tomamos uma xícara.

- E você? Alguma novidade? - disse Sabina.

- O trabalho está confuso. Visitamos ontem a família e amigas da primeira vítima. Agora só faltam mais quatro.

- Você vai conseguir.

- Obrigada.

- Alguma outra novidade?

- Sobre o Mattia? Somos só amigos.

- Estão conseguindo trabalhar juntos?

- Não muito. Mas vou parar de provocá-lo e só terminar o trabalho.

- Trabalho em primeiro lugar.

- Sempre.

Sabina se levanta do balcão para colocar sua xícara na pia.

- Sabe quem eu vi esses dias? - pergunto.

- Quem?

- Ryan. - digo sorrindo.

- Ryan? Ryan? Seu amigo? O cara da lanchonete?

- Sim. Ele mesmo.

- Nossa. Há quanto tempo você conhece ele mesmo?

- Desde de quando comecei a trabalhar lá. Uns 9 anos?

- Isso. Por quê foi na lanchonete?

- Eu sempre vou lá. Sozinha. Fico conversando com Ryan.

- Ele é mesmo um fofo.

- Mas dessa vez Mattia foi comigo.

- Por quê?

- Porque eu estava faminta e ele também.

- Mattia deve ter sentido ciúmes.

- Ou não. Ele realmente namora.

- Então Mattia saiu da lista. - disse sorrindo.

- Não tem lista amiga.

- Claro que tem. Ryan está na frente.

- Aí meu Deus.

- Gabriel no segundo.

- O porteiro? Ele nem olha para mim.

- Olha sim. Você que não percebe quando está conversando com ele.

- Nem sei muito da vida dele.

- Por isso Ryan está na frente.

- Você sabe que Ryan é um amigo. Contamos tudo um para o outro. Não sei se ele me olha como alguém que quer estar junto.

- Amiga, Ryan é a única pessoa fora da faculdade que você ainda mantém contato. Você se afastou de todos da faculdade, tirando Gregory. Você sabe que não foi culpa sua. Ryan ainda é seu amigo porque ele quer estar perto de você.

- Minha vida é uma confusão Sabina. Ryan é calmo, não sei se daria certo.

- Você conta da sua vida atual para ele?

- Sim. Do trabalho. De tudo.

- Então ele sabe que é confuso. Deixa ele decidir.

- Vou pensar. Obrigada.

- Mas você não sente nada pelo Mattia?

- Não. Só temos uma conexão. Pode ser porque estamos juntos cuidando de um caso.

- Pode sim. Vocês estão conectados pelo caso. Não amorosamente.

- Exato amiga.

Nos despedimos. Sabina vai para seu trabalho e me arrumo para ir ao meu. Estamos enrolados com o caso, então remarquei para outro dia os meus pacientes. O caminho inteiro até o trabalho penso em Ryan.

Nunca tinha imaginado ter algo a mais com ele. Pareceu estranho. Na época de faculdade, Ryan era meu colega de serviço na lanchonete. Não tínhamos uma amizade fora de lá, por isso, quando tudo aconteceu na faculdade, não contei a ele. Não fazia sentido. Mas depois que me formei fomos criando uma amizade e ia na lanchonete quase sempre desabafar com ele e ele fazia o mesmo.

Quando contei o que tinha acontecido, Ryan ficou bravo por não ter sabido na época. Ele não sabia muito da minha vida na faculdade, não sei como ajudaria. Mas acho que apenas estando perto, teria ajudado.

Acho que nunca sai com Ryan fora da lanchonete. Talvez isso fosse mudar em breve.
Quando chego na esquina que marquei com Mattia, ele já está me esperando.

- Vamos no seu carro? Ou corro o risco de ficar sem carona? - disse ele na porta do meu carro rindo.

- Entra. Vamos no meu.

- Você não respondeu minha segunda pergunta.

- Não Mattia. Não vou retribuir o que você fez comigo. - digo rindo.

- O que você fez para você mesma. Eu ia te dar carona.

- Eu sei. Não vamos fazer mais isso.

Ele entra no carro.

- Vamos ser profissionais, ok? Não por causa de nomes. Você pode me chamar de Angel e vou te chamar de Mattia. Mas não vamos brigar atoa. Esse caso é importante.

- Ok Angel. Gostei dessa proposta.

- Eu também Mattia.

- Próxima vítima, Rachel. 23 anos. Certo? - disse ele olhando em seu bloco de notas.

- Isso. Morava no dormitório igual as outras três vítimas. Mas em andares diferentes.

- Local aonde foi encontrada já foi revistado duas vezes.

- Acho que podemos mudar nossa rota..Invés de irmos nos locais que encontraram as vítimas primeiro, podemos ir no local aonde elas viviam. Conhecer a personalidade delas primeiro e depois procurar alguma pista se tiver no local.

- Parece ótimo Angel. Vamos conseguir.

Dirijo até o dormitório que está interditado por mais policiais procurando soluções. Rachel morava no quarto 103 no primeiro andar. Com uma colega de quarto. Batemos na porta e a garota nos atende.

- Podemos conversar sobre Rachel Miller? - digo para a garota em minha frente.

Ela nos olha e Mattia apresenta seu distintivo de policial. Ela concorda e abre a porta para entrarmos.

Olho para o lugar aonde viviam. Muitas das coisas de Rachel já foram enviadas para analisar.

- Sou a psicóloga forense Angel Castillo. - aperto a mão da garota.

- Sou Becca.

- Becca, você era colega de quarto de Rachel há quantos anos?

- Uns três anos. Desde o início.

- Eram amigas?

- Sim. Nos dávamos muito bem.

Começo a anotar.

- Rachel tinha muitos amigos? - pergunta Mattia.

- Tinha sim. Muitos namorados também.

- Algum que não tivesse esquecido ela? - pergunto.

- Todos? - Becca sorri fraco - Rachel era popular. Todos queriam estar com ela.

- Como você se sentia em relação a isso?

- Como me sentia? Éramos amigas. Só não gostava quando ela saia a noite.

- Por quê? - pergunta Mattia.

- O histórico dela não era muito bom. Ela não sabia lidar com a bebida. Coisas ruins aconteceram com ela por causa disso.

- Entendo. - digo engolindo em seco e baixando a cabeça para anotar - Ela saia com alguém?

- Ela saia com todo mundo. Mas não sei se algum desses caras teriam coragem de matá-la. - Becca diz apavorada.

- Alguém específico de quem ela mais falava? - pergunta Mattia também anotando.

- Sim. Ela falava de um cara, mas nunca dizia o nome dele. Dizia só que estava se apaixonando pela primeira vez por ele, mas o romance tinha que ser escondido.

- Acha que era alguém da faculdade?

- Com certeza.

- E os pais de Rachel?

- Eles abandonaram ela quando criança com uma tia que faleceu antes dela entrar na faculdade.

- Nossa. Que triste. Mas obrigada por dizer.

- Obrigada Becca. Sentimos muito por sua perda. - disse Mattia.

- Obrigada vocês.

Quando estamos saindo do local, vejo encima da mesa do quarto de Becca uma foto dela com Rachel juntas. Anoto essa observação em minha memória para no carro colocá-la no caderno também.

Cada vez que conheço mais as vítimas, mas percebo que essa faculdade esconde alguma coisa. Só não sei ainda o que é.

Quando entramos no carro, anoto o que percebi e nos dirigimos até um prédio aonde Rachel foi encontrada.

Analisamos a área por algumas horas, mas diferente do outro local, não encontramos nada. Mesmo assim faço algumas anotações sobre o local. Passamos tanto tempo analisando que nem percebemos que passou da hora do almoço.

- Quer almoçar? Ou prefere ir para casa? - digo me virando para ele.

- Um almoço seria bom.

- Ótimo.

Chegamos em um restaurante perto do centro, aonde servem ótimos pratos, incluindo churrasco feito na hora. Pegamos uma mesa no canto do restaurante que está cheio para uma hora como essa. Fazemos nossos pedidos a garçonete; Mattia pede carne assada com batatas, eu peço churrasco e vinagrete e esperamos.

- Acho que o caso está indo bem. - disse Mattia sentado na minha frente.

- Também acho. Vamos conseguir concluir antes do prazo.

- Estou otimista. Você é uma boa companheira.

- Você também. Vamos ser bons amigos.

- Vamos sim Angel. Combinamos.

Olho para ele e sorrio.

- Como amigos, é claro. - disse limpando a garganta.

- É claro que sim. Combinamos ainda mais no caso.

Mattia me olha por alguns segundos sem demonstrar nada.

- Estamos conectados nesse caso.

- Foi exatamente isso que eu disse para Sabina.

- O que você disse?

- Que o caso nos conecta?!

- Por quê falou isso?

- Falei sem querer. Não é nada demais.

Quando Mattia ia falar algo, a garçonete aparece com nossos pedidos e comemos em silêncio. E sinto paz. Estamos comendo como amigos. Estamos preocupados com um caso.
Estamos conectados nisso.

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