CAPÍTULO 11
Como na parte da manhã não tenho compromissos, assim que acordo tomo meu café e faço alguns exercícios porque estou cansada para ir a academia. Com certeza Dylan irá puxar minha orelha.
Assisto uns vídeos de exercícios no YouTube e depois fico uma hora dançando também. Antes não tinha o costume de fazer exercícios, no máximo fazia caminhada dia sim e dia não, mas como comecei a morar sozinha e tinha tempo, comecei a fazer.
Não sou do tipo que é obcecada em ter o corpo "padrão", mas também não sou desleixada com minha saúde. Como coisas saudáveis e bebo bastante água, porém também como bastante porcaria.
Quando termino estou com as costas toda suada, tomo logo um banho gelado para relaxar. Faço uma hidratação no meu cabelo que estava um pouco ressecado e aproveito para fazer esfoliação no rosto. Gosto de me cuidar, fazer minhas unhas, sobrancelhas e o cabelo.
Tirar um tempo para se cuidar aumenta sua autoestima, você fica se achando ainda mais linda do que já é. Sempre que faço minha unhas minha autoestima fica gigantesca e olha que minhas unhas nem são tão bonitas, mas só de fazê-las ajuda.
Como hoje minhas unhas ainda estão conservadas, não as faço. Lavo meu cabelo para tirar a hidratação e meu rosto que estava com o esfoliante.
Vou para cozinha preparar meu almoço, faço fricassê e um suco natural de limão porque o clima está quente. Tiro foto do meu almoço e envio para minha mãe e Sabina. As duas respondem querendo. Quase faço vídeo chamada com elas para dar ainda mais água na boca.
Hoje Sabina sai do trabalho mais cedo e vai ter o encontro com Scott. Ela é uma fofa e se ele souber valorizar, vão se dá super bem. Sabina não vai em muitos encontros então Scott realmente deve ser um cara legal para fazê-la sair com ele.
Ela por ser minha melhor amiga e mais nova, tento protegê-la e ajudá-la quando pede conselhos. As vezes fico receosa em tê-la como minha melhor amiga porque anos atrás já tive uma e não acabou muito bem. Não por culpa minha ou dela, foi culpa do tempo. Ele que quis nos separar, nos fazer seguir caminhos diferentes.
Mas depois de tudo, acho que ela devia ter ficado do meu lado, me apoiando de alguma forma. Ela apenas “sentiu muito” por uns dias e seguiu em frente com seu namorado. Para quem me conhecia desde a infância, a atitude dela foi totalmente diferente do que imaginei.
Talvez tenha acreditado no que disse, sobre o que aconteceu. Mas como ela poderia entender, se naquela noite ela não estava lá?
Sabina é muito diferente de Isadora e por isso acredito na minha amizade com ela. Quando contei o que tinha acontecido para Sabina e Dylan, eles me apoiaram de uma maneira que todos que já passaram por isso deviam ser apoiados. Quem diria que a faculdade deixaria mais marcas do que o colegial?
Meu celular começa a tocar no quarto e vou atendê-lo.
- Delegado Meyer? – digo e sorrio – Finn?
Finn também rir do outro lado da ligação.
- Angel como está?
- Estou bem. Um pouco agitada, mas bem. E o senhor?
- Querida que ótimo. Estou bem, tirando o cansaço.
- Não pensa em tirar umas férias?
- Claro. Depois que fecharmos o caso.
- Que responsabilidade. Vamos nos sair bem.
- Vão sim. Gostaria de saber se descobriram algo?
- Sim senhor. Mandarei minhas anotações por e-mail.
- Muito obrigado Angel.
- Quando lê-las, o senhor vai perceber que encontramos coisas no local que Brooke Park foi achada.
- Ok. Já enviaram para análise?
- Ainda não. Está na minha bolsa. Vou encontrar Mattia hoje e antes disso deixarei no laboratório.
- Perfeito. O que farão hoje?
- Vamos na casa de Brooke. Fazer algumas perguntas.
- Isso. Anote tudo o que for necessário, revise e me manda por e-mail também.
- Pode deixar. Só isso senhor?
- Sim. Obrigada a vocês dois.
- É o nosso trabalho.
Desligo a ligação e me troco para encontrar Mattia. Ligo para ele.
- Vamos nos encontrar aonde? – digo assim que ele atende.
- Boa tarde para você também. – diz provocando - Pode ser na frente do seu escritório?
- Ótimo. Vou demorar um pouco. Mas me espere.
- Ok Angel.
Bufo na ligação por ele me provocar toda hora. Ficamos em silêncio.
- Vamos no seu carro? – ele pergunta.
- Não. Cada um vai no seu.
- Vai gastar gasolina dos dois. Ainda temos mais lugares para ir essa semana.
- Odeio por você está certo. Vamos no meu.
Então desligo.
Deixo o saco com o broche e o fio de cabelo no laboratório e vou encontrar Mattia em frente ao meu escritório. Afasto o frio na barriga que sinto ao pensar em ficar do lado dele na estrada. Encontro-o me esperando em pé na calçada.
- Boa tarde Sr. Ferrari. – Tento ser simpática – Pode entrar.
Ele caminha ao meu carro e entra.
- Entendi a sua Dra. Castillo. Só vou poder te chamar de Angel fora do trabalho.
- Não. Porque não nos veremos fora do trabalho.
- Porque você não quer.
- Porque não temos motivos e você tem uma namorada.
- Tomar uma bebida agora é proibido para você?
- Você não me chamou para tomar bebida. – digo ligando o carro.
Vejo Mattia sorrir e sorrio também.
Pensei que o caminho seria silencioso e tenso, mas foi ao contrário, Mattia ficou puxando assunto e as vezes até cantava alguma música que tocava no carro. Ele estava bem divertido. Mas isso não quer dizer que vou ser menos fria com ele.
- Three Days Grace? Sério? – pergunta Mattia quando começa a tocar “Never too late”.
- Sou uma adolescente apaixonada quando o assunto é eles. – digo levantando os ombros.
- Também gosto deles. – sorri.
- Bandas favoritas?
- Linkin Park. Bon Jovi. Three Days Grace. E outras várias.
- Eu também. Mas acrescentaria Pearl Jam. Nickelback. Goo Goo Dols. Foo Fighters.
- Angel você tem um gosto musical incrível.
- Talvez seja porque é o mesmo gosto do que o teu.
- Talvez.
Sorrimos.
Saímos do carro e tocamos a campainha da casa dos Park. Uma mulher baixa de cabelos negros atende a porta.
- Senhora Park? – pergunta Mattia para a mulher.
- Sim. Quem são vocês?
- Sentimos muito por sua perda. Ele é o policial investigativo Ferrari. Eu sou a psicóloga forense Castillo. Mas pode me chamar de Angel. – digo.
- Obrigada. – a mulher começa a chorar. – Vieram conversar conosco? Entrem por favor.
A Sra. Park nos leva a sala deles aonde o Sr. Park está sentado. Na sala tem retratos de Brooke adolescente, formada e na faculdade. Os observo bem discretamente. É horrível perder alguém que você ama e sei como é a dor que eles estão sentindo.
- Pode sentar. – diz o Sr. Park.
Me sento do lado de Mattia e eles ficam na nossa frente. A Sra. Park está enxugando as lágrimas que deixou cair.
- Pode chorar senhora. Não estamos aqui para julgar. – digo.
- Obrigada. É que.. Brooke era minha bebêzinha. – ela diz chorando.
- Entendemos. Não é fácil lidar com uma situação dessas. – Mattia diz.
- Então.. – limpo a garganta – Como era a Brooke em casa?
- Ela sempre ajudou a gente em tudo. Era atenciosa e se abria com gente. – diz o pai.
Começo a anotar no caderno.
- Ela tinha muitas amizades? – pergunta Mattia.
- Não muitas. Era mais a chegada as meninas que moravam com ela. – diz a mãe.
- Ok. Tinha algum ex namorado?
- Sim. Ela namorou uma vez no colegial. Mas ele não mora mais aqui. – Sra. Park responde.
- Brooke já passou por alguma situação que envolvia a vida dela?
- Já sim.. – A Sra. Park nos encara e depois encara o marido – Bem.. Ela.. No primeiro ano da faculdade.. Vocês entendem.
Analiso o rosto dela e sinto uma pontada na barriga. Anoto imediatamente no caderno.
- Sim senhora. – diz Mattia – Tinha algum colega que não gostava dela?
- Eu não sei. – diz o Sr. Park – Depois que Brooke passou por isso na faculdade.. Ela não se abriu muito mais. Ela era uma ótima filha. Não sei porque alguém faria isso com ela.
Os dois começam a chorar. Me levanto com o caderno nos braços e fico andando pela sala olhando as fotos. Tem dias que não consigo lidar com essas emoções. Vejo uma foto de Brooke com uma garota ruiva se abraçando.
- Brooke estava ficando com alguém? – pergunto ainda em pé.
- Acho que não. – responde a Sra. Park.
- Ela era filha única?
- Sim. Era. – o pai responde.
- Tinha alguma melhor amiga?
- Tinha. Morava com ela e as outras. – responde Sra. Park.
- Obrigada. Acho que por hoje já está bom. – diz Mattia.
Concordo com a cabeça e termino de anotar.
- Obrigada por ajudarem senhores. – digo.
- Qualquer coisa podem voltar. E avisem quando acharem o assassino. – diz o Sr. Park.
- As famílias serão as primeiras a serem avisadas. – diz Mattia.
Entramos no carro.
- Ótimo trabalho. – ele diz para mim.
- Você também. Conseguiu anotar algo?
- Claro que sim. Vamos nas casas das meninas ou está ficando tarde?
- Vamos na casa delas. Ainda é cedo. Precisamos terminar de investigar sobre a Brooke hoje.
- Certo.
Nos dirigimos até a casa aonde Brooke morava com três meninas, uma delas sendo sua melhor amiga. Bato na porta e uma garota morena atende.
- Boa tarde. Gostaria de fazer umas perguntas sobre Brooke Park. – Mattia diz.
- Ok. Podem entrar.
Sorrio para a garota e entro na casa. Na casa tem dois quartos, deviam dormir em duplas. A ruiva da foto está em pé no corredor junto com uma outra morena. As três ficam em pé nos encarando.
- Qual de vocês dormia no quarto junto com a Brooke? – pergunto com delicadeza.
- Eu. – diz a ruiva.
- Vocês eram bastante amigas? – Mattia pergunta.
- Sim. Há anos. Nossas famílias eram amigas.
- Entendo. – digo – Vocês eram só amigas?
- Sim. Nunca tivemos nada além disso. – a ruiva responde.
Anoto no caderno.
- Vocês saberiam dizer se a Brooke estava ficando com alguém?
- Acho que a Brooke é um tipo de pessoa que nunca está sozinha. – responde a morena.
- Não sei. Ela era reservada sobre essas coisas. – responde a outra.
- Acho que sim. Ela saia escondido do nosso quarto a noite quando achava que eu estava dormindo. – diz a ruiva.
- Sabe para onde ela ia? – pergunta Mattia.
- Não sei. Só a escutava sair. Mas era alguém da faculdade.
- Tinha alguém que não gostava dela?
- Ela não fazia muita amizade. – diz a morena.
- Éramos só nos quatro. Brooke não gostava de viver rodeada. – diz a melhor amiga.
- Ok garotas. Obrigada. Era só isso. – digo.
- Podem voltar se precisarem perguntar alguma coisa. – diz a ruiva.
- Com certeza.
Termino de anotar novamente e saímos da casa.
- Acho que preciso descansar Mattia. – digo cansada.
- Mattia? - ele me observa com o canto do olho e sorri - Podemos continuar amanhã.
- Obrigada. Estou exausta.
- Também estou.
- A Brooke me fez lembrar da minha época na faculdade.
- Sério? Por quê?
- Não sei. Me sinto ligada a ela.
- Pode ser porque está investigando a morte dela e das outras.
- Pode ser isso Mattia.
Cada um vai para sua casa. Sigo minha rotina de tomar banho e minha higiene pessoal quando chego. Preparo um chá. Faço carinho em Ragnar e sento na cama para enviar o e-mail para Finn, Delegado Meyer. Não mexo no meu celular, mas sei que tem mensagens novas. Evito-as, até terminar de revisar as anotações.
Observações do caso 694:
1. Fomos até a casa dos pais de Brooke, eles se mostraram receptivos as perguntas e se ofereceram para ajudar mais.
2. Brooke morava numa casa junto com sua melhor amiga e mais outras duas meninas.
3. Ela só teve um namorado e foi no colegial. Mas mesmo assim podemos investigar a vida dele.
4. Brooke não tinha muitos amigos e começou a se abrir pouco com os pais.
5. Brooke talvez estivesse saindo com alguém da faculdade. Só se viam a noite.
Termino de revisar e envio as duas anotações que fiz e aviso a Finn que já mandei para análise o broche e o fio. Guardo tudo do caso e me deito. Vejo no meu celular que tem mensagens de Sabina contando do seu encontro incrível. Aviso a ela que amanhã a respondo. Mando mensagem de boa noite para minha mãe e minha vó. Guardo o celular também. Ragnar sobe na cama percebendo que estou me preparando para dormir. Faço carinho nele deitado e rapidamente o sono vem.
Estou tão exausta que nem penso no meu dia com Mattia e em como descobri que nossos gostos musicais são iguais. Simplesmente apago do lado de Ragnar.
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