Capítulo 9 - Acaso
"Tentando o máximo alcançar
Mas quando eu tentei falar
Senti como se ninguém pudesse me ouvir
Queria ficar aqui
Mas algo parecia estar tão errado aqui
Então, eu rezei
Apenas para escapar"
Breakway – Kelly Clarkson
Escuto meu nome sendo chamado. Não por uma pessoa, nem por duas e nem por três. Era uma multidão. Estavam eufóricos, queriam muito me ver. Abro meus olhos e meu olhar percorre o ambiente estranho. Era um palco iluminado, sendo o holofote principal em cima de mim. Olho para mim mesma e estou com um vestido de arrasar.
Ando mais para frente e a plateia se agitou. Havia um microfone em uma das minhas mãos. Olhei para os meus lados e estavam Nick e Bella de cada lado. Olhei para trás e lá estava Dry. Olhei para a plateia e sorri carinhosamente para eles. Levei o microfone em frente à minha boca e estava muito prestes a soltar a voz.
Então, ouço o som irritante do meu despertador tocar e, ao abrir os olhos, percebo estar em meu quarto, deitada na cama. Esfrego os meus olhos e me levanto lentamente para desativa-lo. Me alongo a fim de espantar a preguiça e fui até o banheiro. Despi-me, entrei no box e liguei o chuveiro.
Enquanto sentia a água caindo sobre meu corpo, fiquei pensando naquele sonho e no quanto ele parecia ser real. E no quanto eu queria que ele fosse verdade. E no quanto ele era surreal, pensando bem. Resolvo deixar para lá e não resisti em cantar uma musiquinha aleatória para passar o tempo. Depois de voltar ao meu quarto e me arrumar para ir à escola, desci para a cozinha e esperei o Nick para tomar café com ele e Justin.
~☆~
Já na escola, e Justin no trabalho, tivemos aula de Educação Física teórica. A professora se apresentou para a turma e ela se chama Valéria Garcia, a qual Bella comentou ser filha de pais espanhóis — o que explica o nome incomum. Ela insistia que a chamássemos de professora Valéria e assim o fazíamos, com dificuldade por causa do costume de chamarmos pelo sobrenome.
Profª Valéria: Hoje a aula será aqui mesmo e semana que vem será no ginásio. Não se esqueçam dos uniformes — anunciou e começou a escrever na louça o assunto do dia.
Essa frase fez a maioria da turma comemorar e Nick se espantou. Ele simplesmente odeia praticar exercícios. Ele nunca teve um corpo atlético e sempre teve dificuldades com esportes por ser pequeno e magro. Sendo assim, não praticava muito o que o tornou sedentário.
Levei um susto ao receber um bilhete, passado a mim por Halice Valentine e quem tinha escrito era a Bella. Dizia:
"Amiga! Eu tive um sonho supermaluco, mas muito empolgante. E você estava lá!"
Discretamente, virei o bilhete e escrevi atrás:
"Eu também tive um sonho empolgante. E bem estranho... Contamos uma a outra no intervalo. E para de me passar bilhete! Podemos nos encrencar!"
Pedi à Halice para devolver à Bella. Após ler, ela me lançou um sinal de positivo. Voltamos a prestar atenção na aula.
~☆~
Após um horário de Sociologia, finalmente chegou a hora do intervalo. Nos servimos e sentamos no lugar de sempre, a mesa número 9. Bella estava realmente empolgada em me contar o tal sonho.
Bella: Presta atenção, porque é até meio louco! — Fiz sinal para ele começar. Os meninos, por sua vez, conversavam outro assunto qualquer no outro lado da mesa. — Era assim: tinha um palco, imenso — achei uma coincidência estranha nisso —, eu estava lá, ouvia uma multidão. E o holofote principal se acendeu e segui a direção dele com o olhar. E eu vi você — dei um pulo na cadeira em espanto. Como era possível...? — E você sorria e acenava para a plateia, eles estavam loucos para nos ver.
Eu fiquei um momento pensando. Era parecido demais com o meu sonho!
Zoe: O-os meninos estavam lá? Com a gente? — Ela assentiu positivamente. Me espanto novamente e ela me olha preocupada. — Bel, o sonho que eu tive é exatamente como o seu.
Bella: O que?! — Foi a vez dela de se espantar.
Zoe: Sim, só que era no meu ponto de vista... — eu paro de falar ao perceber dois pares de olhos arregalados sobre mim e Bella. — O que foi? — Pergunto aos garotos.
Dry: Eu também tive um sonho assim. Achei até que era bobagem — falou tão espantado quanto eu.
Olhei para Nick e seu olhar dizia tudo. Nós quatro havíamos sonhado com a mesma coisa?!
Nick: E se... — deu uma pausa, mas Dry o olhou impaciente e ele prosseguiu. — Se alienígenas colocaram chips nas nossas cabeças enquanto dormíamos e estão nos fazendo ter alucinações durante a noite?
Eu, Bella e Dry nos olhamos de canto de olho, concordando o quanto aquilo era bobo.
Bella: Aí, Nick. Alienígenas não existem!
Nick: Nunca se sabe. Além disso, alguém tem mais algum palpite? — Falou dando de ombros. Não pude evitar uma risada.
Dry: Como será que isso aconteceu? — Perguntou em um suspiro impaciente.
Zoe: Não sei...
Terminamos de lanchar e não demorou muito até o sinal tocar. Tivemos uma aula de Química e uma de Biologia.
~☆~
Nós quatro concordamos que um milk-shake cairia bem para conversamos sobre esse estranho ocorrido. Fomos ao Frozen Mind novamente e fizemos os pedidos: Dry de chocomenta, Bella de napolitano, Nick de Ovomaltine e eu de morango com pedaços da fruta.
Zoe: Muito bem... Isso é estranho... — falei e tomei um gole da minha bebida.
Nick: Estranho? Isso é sinistro!
Notei que Bella estava com o olhar distante e bem pensativa.
Bella: Eu lembrei de quando Dry e eu tivemos que ir ao consultório da mamãe. Estava muito chato, então peguei uns livros de psicologia dela. Um deles, falava sobre sonhos compartilhados.
Nick: Sério?! E o que dizia? — Perguntou realmente intrigado.
Bella: Não lembro de detalhes, mas tinha uma parte que dizia que pessoas que têm uma ligação muito forte podem acabar compartilhando um sonho. Podem ver um ao outro, enfim. E há muitos relatos falando sobre isso, amigos muito íntimos, irmãos, compartilhando o mesmo sonho. Há até uma teoria de que sonhos podem ser uma linguagem que ainda desconhecemos. — Explicou.
Zoe: Nossa... — exclamo impressionada.
Nick: Isso é muito fascinante! — Disse empolgado. — Sabem do que lembrei? De quando erámos crianças e ouvimos aquela história da Bíblia, no Antigo Testamento, o José era um carinha legal que tinha sonhos reveladores e aí tinha os irmãos dele, que venderam ele para uns caras do mal, e...
Dry: Não acho que tenham sido sonhos premonitórios — interrompeu o Nick, ceticamente.
Nick: Como eu disse, nunca se sabe — disse com um ar misterioso em sua voz. Em seguida, tomou um gole de seu milk-shake.
Zoe: Bom, eu acho que Dry tem razão, não pode ser premonitório. Quero dizer, eu estava tão... Confiante, forte... — ri levemente para disfarçar meu nervosismo com aquele assunto.
Bella: Ah, Zoe, não fala assim, vai — pegou no meu ombro para tentar me tranquilizar.
Mas era a verdade. Aquela Zoe do sonho era diferente da Zoe que eu sou. É até um absurdo. Por outro lado, queria aquela confiança toda. Queria estar segura assim para fazer o que eu gosto.
Será acaso ou será a vida querendo me dizer alguma coisa?
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