Capítulo 8 - Entre milk-shakes, memórias veem à tona

Eu sei que sumi, mas é que estive organizando melhor a história. Kkk.

Me perdoem e boa leitura.

Sem mais delongas...

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"Quando ela era apenas uma garota

Ela tinha expectativas com o mundo

Mas isso voou além de seu alcance

Então, ela fugiu em seu sono"

Paradise – Coldplay

Zoe

No dia seguinte, eu e o Nick fomos para o colégio novamente. Justin nos deixou lá e foi para o trabalho. Naquela terça-feira, a primeira aula seria de Biologia, o nosso professor, o Sr. Frank, estava formando duplas.

Prof. Frank: Vocês terão que formar dupla, acho que tudo bem para vocês, certo? Assentimos que sim. — Ótimo, então apressem-se, sim? Vamos começar logo a aula.

Eu e Nick nos acomodamos em dupla no laboratório, como o Sr. Frank pediu. Ficamos em lugares próximos de Bella e Dry, que eram respectivamente duplas de Louise Baker e Hugo Trainor.

Prof. Frank: Bem, alunos, vamos revisar sobre Respiração Celular, que tal? Acredito que pelo menos tenham dado uma olhadinha nos livros durante o verão. — Muitos se encolheram por não se lembrarem do assunto. Enquanto que eu nem havia estudado isso antes. — Vou fazer umas perguntinhas... — ele olhou em volta querendo escolher para quem perguntar. Eu torcia mentalmente que não fosse eu e Nick torcia não tão discretamente para que fosse ele. — Você! Se lembraria do que é a respiração celular? — A pergunta foi para Bia Holister.

Bia: Oh, sim. — Mesmo tímida como era, ela respondeu confiantemente. — É o processo bioquímico que ocorre na célula para obtenção de energia, sendo a organela responsável por isso a mitocôndria.

Prof. Frank: Excelente, senhorita! — Sorriu satisfeito pela resposta da garota. Nick a olhou com admiração. — Agora, será que a senhorita se lembra quais são as três fases da Respiração Celular? —Desta vez, a pergunta foi para minha amiga.

Bella: Hãã... Sim. — Ela parecia tentar se lembrar. Nick sussurrava para si mesmo a resposta. — São Glicólise, hã... Ciclo de... — pausou para lembrar-se. — Ciclo de Krebs e Fosforilação Oxidativa.

Prof. Frank: Muito bem. Nós paramos exatamente aí no ano passado sem nos aprofundarmos no assunto. — Fez um desenho na lousa para representar a primeira etapa. — A glicose é quebrada em duas moléculas menores de ácido pirúvico. Quem sabe o que é ácido pirúvico? — Ele mal deu tempo de alguém responder. — Ah, nem imaginei que soubessem disso no primeiro dia...

Nick: Eu sei o que é! — Levantou a mão chamando a atenção de todos na sala. O professor se espantou e fez sinal para ele prosseguir. — É um composto orgânico contendo três átomos de carbono, originado ao fim da glicólise.

Prof. Frank: Hum, ora. Muito bem, senhor Franklin. — Assentiu admirado e deu continuidade ao assunto. — Acontece em diversas etapas oxidativas envolvendo enzimas livres no citoplasma e moléculas de NAD, que fazem a desidrogenação das moléculas.

Nick: Ou seja, retiram os hidrogênios que doarão os elétrons para a cadeia respiratória. —  Acrescentou prontamente.

Prof. Frank: Exato! Agora, falaremos sobre o Ciclo de Krebs... — fez um outro desenho no quatro e começou a explicar.

Ao olhar brevemente em outra direção, percebi Bia Holister olhando para Nick e deu um breve sorriso, logo em seguida, voltou a olhar para frente. Meu irmão nem tinha percebido. Em contrapartida, enquanto fazíamos alguns exercícios, ele olhava de vez em quando para Bia, que estava sentada na frente dele, com a dupla dela, a mesma morena da aula de artes, a qual soube que se chamava Halice Valentine e que as duas eram muito amigas, apesar das gêmeas não a aprovarem andando com a irmã.

Houve mais dois tempos, um de Matemática e um de Química. Depois disso, veio o intervalo e lanchamos tranquilamente. Ninguém falou mais nada sobre o lance do suco de uva. Dry me contou que talvez seja porque um caminhão de donuts bateu na esquina da Clark St. com a Hicks St. e, com isso, espalharam-se donuts de graça pela avenida. Péssimo para o motorista, que, por sorte, não se feriu, e bom para mim. Chega de chamar mais atenção.

Bom, acho que não deu muito certo.

Quando fui deixar uns livros no meu armário, acabei notando Kate Holister e Gregory Roberts conversando. Eu me odiei por fazer aquilo, mas acabei observando eles.

Greg: É sério, Kate. O que fez não foi nada legal. — Dizia firmemente.

Ele ainda falava do lance com o suco de uva?

Kate: Amorzinho, foi só uma brincadeira! — Arrastou a voz para deixa-la irritantemente melosa.

Greg: Brincadeira de mal gosto, Kate. — Aumentou o tom da voz.

O que ele fazia me defendendo?

A loira percebeu que eu os olhava e me olhou de forma maldosa. Em seguida, puxou Greg para um beijo. Ver aquilo me fez sentir uma sensação estranha. Desviei o olhar daquilo para o meu armário. Pus os livros lá e peguei o que eu precisava. Involuntariamente, meu olhar voltou para eles e finalmente eles se separaram do beijo. Greg havia empurrado ela levemente.

Kate: Gostou, Greg? — Perguntou enrolando a ponta de uma mecha de cabelo.

Greg: Er... Eu vou logo para a sala. Até mais, eu acho... — Saiu apressado. Ele estava sem graça. Estava estampado em sua cara que não queria dizer "sim".

Oras! E quem eu acho que sou para saber o que ele quer ou não dizer?

Fechei o meu armário finalmente e, mesmo eu olhando para baixo, pude sentir o olhar de ódio de Kate sobre mim, talvez por eu ter ouvido a conversa deles.

Depois do intervalo, nós tivemos a minha aula favorita. A aula de música! A professora Grace também lecionava esta matéria.

Profª Grace: Sejam bem-vindos a sua primeira aula de música comigo! — Ela disse batendo palminhas. Ela até era birutinha como Dry dizia, mas era muito legal. Bel tinha razão. — Vamos começar, alunos... — fomos sentar perto de Bella e Dry.

Passou um tempinho a aula quando nós fomos tocar os nossos instrumentos, Bella tocava piano e Dry triângulo, só porque tinha preguiça de fazer essa aula. Nick ficou com um violão. Eu escolhi o violoncelo por ter tocado quando criança, mas estava com dificuldade. Eu estava bem enferrujada. Ouvi passos se aproximando de mim. Era Greg Roberts novamente.

Greg: Oi. —Ele anunciou sua chegada sorrindo de forma simpática e afastando os cabelos, que caiam sutil e persistentemente por cima de seus olhos. Era bem charmoso, devo admitir.

Zoe: Olá, Greg. — Retribui o sorriso.

Greg: Parece meio desajeitada, ruivinha. — Riu levemente e se sentou ao meu lado.

Eu estranhei por um momento o fato de ele ter me dado um apelido assim de repente e até me senti sem graça com isso, porém eu procurei não transparecer o que senti.

Zoe: B-bem, um pouco. Eu já toquei isso antes, mas eu era criança e foi no Coral de Natal. — Disse timidamente e dei de ombros. Ele riu com o que eu disse. Notei que seu sorriso era lindo.

Greg: Eu sei como tocar, quer uma dica?

Ele quer me ajudar? Ah, gentil...

Zoe: Tudo bem. Mas sua namorada não é ciumenta?

Ele apenas deu de ombros disposto a arriscar. Eu olhei a Kate, sentada perto das irmãs e das amigas, do outro lado da sala se exibindo por estar arrasando na aula tocando seu violino.

Greg: Permita-me? — Eu assenti. — É só posicionar seu dedo aqui — indicou o lugar. — E segurar desse jeito. — Pôs a mão por cima da minha e senti até minha nuca arrepiar.

Meu Deus, eu devo estar louca...

Ele posicionou melhor o instrumento e eu senti melhor facilidade em tocá-lo. Sorri satisfeita.

Zoe: E-está muito melhor. — Trocamos um olhar e um sorriso. — Obrigada.

Greg: Não há de quê. — Falou dando de ombros e tirando os cachinhos que caíam sobre seus olhos. — Eu preciso ir. Continue assim. — Assenti com um sorriso e observei ele até chegar ao lado da sala, onde estavam seus amigos.

Senti sensações estranhas em meu estomago enquanto o observava de vez em quando e meu coração acelerava.

É, eu devo estar é doente.

Balancei a cabeça para tentar me concentrar na aula.

~☆~

Depois de mais uma aula de história, o sinal da saída tocou e nós fomos para o pátio.

Bella: O Justin vem buscar vocês hoje?

Zoe: Não, é para nos encontrarmos em casa.

Os nossos amigos se entreolharam de forma curiosa.

Dry: Ei, vocês querem ir com a gente ao Frozen Mind?

Bella: É onde eu e o Dry tomamos um milk-shake, de vez em quando. — Depois da explicação, o nome fez sentido. E é criativo, por sinal. — Querem ir?

Antes mesmo que eu pudesse parar para pensar, um ruivo escandaloso começou a chacoalhar meu braço.

Nick: Anda, Zoe, vamos. Vamos. Qual é? Vai ser legal. Vamos lá, hein?! — Ele falava, como se fosse uma criança que acabara de ver um boneco do Buzz Lightyear no shopping.

Zoe: Ah, tudo bem. Nós vamos, calma! — Falei soltando meu braço.

Bella e Nick comemoraram e Dry apenas deu um leve risinho e indicou a direção.

Então, nós fomos para o tal Frozen Mind. Dry e Bella contavam que era uma pequena lanchonete especializada em milk-shakes. Ficava há alguns quarteirões da escola, próximo a uma pequena praça circular do bairro, que havia no subterrâneo uma estação de metrô. Entramos e observei de cara a decoração superfofinha e colorida. Amei e esperava que o milk-shakes realmente valesse a pena.

Nick: Esse lugar é demais! — Exclamou empolgado.

Nos sentamos à uma mesa e fizemos os pedidos a uma garçonete. Bella me recomendou o com pedaços de morango e eu aceitei a recomendação. Eu observei que tinha um palco pequeno ali e comentei com eles.

Bella: Ah, de vez em quando tem karaokê aqui.

Nick: Karaokê? Legal! Não seria maneiro se nós cantarmos, em um palco?

Zoe: Com muita gente olhando?! Nick, não viaja muito, não. — Dei uma leve risada.

Nick: Eu só quis dar uma ideia. — Falou dando de ombros.

Bella: Mas iria ser legal, não? Lembro que quando erámos crianças, você sonhava em ser uma superestrela, Zoe. — Disse me fazendo sentir nostalgia.

Dry: Lembro também de quando você fez um pequeno show na sala da casa dos seus pais. O Nick até desenhou ingressos. — Rimos ao lembrar disso.

Zoe: Bom, isso foi antes de eu perceber que esse mundo é dos desinibidos e para quem sonha alto, a queda é maior. — Falo melancólica, mas tento disfarçar dando de ombros.

Nick: Mas você não pode ter medo de cair. — Disse confiantemente.

Seu dito até fez o resto de nós perder a fala. Ele tinha razão, mas... Sei lá. Isso não é para mim, eu acho. Eu quebrei aquele clima mudando de assunto. Conversamos bastante. A garçonete chegou com os pedidos e pagamos logo. Bella e Dry tinham razão, é realmente muito bom o shake daqui.

Após terminarmos, saímos da lanchonete e combinamos e voltar mais vezes. Conversamos sobre assuntos aleatórios, até chegarmos em uma esquina. Nos despedimos e eu e Nick seguimos para a rua da nossa casa e Bella e Dry seguiram em frente.

No caminho para minha casa, fiquei pensando sobre o que os meus amigos disseram. Eu tenho tantos sonhos, tantos desejos... Mas como me falta coragem, acabo reprimindo eles dentro de mim. Sonhadores não devem ter medo de cair mesmo, mas é difícil sequer dar um primeiro passo quando você é acomodado pelo simples fato de ser tímido.

Meu sonho, realmente, é mostrar para as pessoas o que sou capaz de fazer, mas o meu problema é que sou muito insegura.

Pensando nisso, deixo isso de lado mais uma vez.

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