Capítulo 1 - Os Irmãos Franklin

Saudações, pudinzinhos!
Aqui está o primeiro capítulo da história.
Obrigada a quem resolveu dar uma chance.
Então, sem mais delongas...

  ━━━━━ ☆. ☪ .☆ ━━━━━  

"E se eu estiver longe de casa?

Oh, irmão, vou ouvir você chamar

E se eu perder tudo?

Oh, irmã, eu vou te ajudar

Se o céu desmoronar em você

Não há nada nesse mundo que eu não faria"

Hey Brother – Avicii

» Sábado, 2 de Setembro de 2017 «

Zoe

Normalmente, o pior pesadelo de uma menina de 13 anos é deixar a sua cidade natal e se mudar para um lugar superdiferente, igual àqueles filmes de comédia adolescente. No meu caso, não. Amo meu pequeno bairro no interior de Princeton em Nova Jersey, onde cresci, porém, quero me mudar o quanto antes. Talvez porque eu, diferente dos personagens desses filmes, eu tenho meus motivos para isso.

Ouço um bater na porta do meu quarto enquanto terminava de encaixotar meus pertences. Era meu irmão mais velho, Justin, um dos meus motivos para me mudar. Ele entrou no quarto lentamente.

Justin: Zoe, eu vou passar no mercado agora. Precisa de alguma coisa?

Zoe: Hãã, não. Obrigada — falei após pensar rapidamente.

Justin: Tudo bem... — olhou em volta do meu lado do quarto (eu divido o quarto com alguém) e deu um sorriso de aprovação. Eu havia conseguido arrumar tudo a tempo. — Depois pega no pé do Nick para se apressar.

Zoe: Está bem — disse rindo levemente e ele saiu do quarto.

Olhei para o lado do quarto do meu irmãozinho — que, na verdade, é meu irmão gêmeo — e vi a bagunça que ainda estava.

Nick é um garoto único, seu jeitinho é superotimista e divertido, mas é um preguiçoso. E ele é muito inteligente, mas às vezes é meio lerdo. Minha melhor amiga sempre diz que "ele é tão inteligente, mas tão bobo ao mesmo tempo".

Falando nele, pude ouvi-lo correndo em seus típicos passos desengonçados.

Nick: CHEGUEI! CHEGUEI! CHEGUEI! — Entrou no quarto carregado caixas de papelão.

Zoe: Até que enfim, já viu a bagunça no seu lado do quarto?! — Pergunto pondo as mãos na cintura.

Nick: Desculpinha — falou fazendo uma carinha fofa, a qual sempre derretia meu coração com facilidade.

Eu sempre digo que o Nick é um garoto que cujo a puberdade chega um tanto atrasada. Além de ele ser mais baixinho que eu, é magro e possui uma irritantemente adorável carinha de bebê.

Zoe: Tá bom, tá bom — ri em redenção. — Mas trate de arrumar isso logo, porque, não sei se você se lembra, mas é o fim do Verão e vamos nos mudar amanhã.

Antes mesmo que eu terminasse de falar, ele já estava enfiando às pressas suas coisas dentro das caixas. Depois de um tempinho, ouvimos um soar do meu notebook e era o Skype. Nick e eu nos olhamos e sorrimos, pois sabíamos exatamente quem eram. Corremos para a frente do notebook e abrimos o programa.

Eram nossos melhores amigos, os irmãos Anabella e Adryano Swan, mas os chamamos apenas de Bella e Dry. Esses dois vivem brigando por coisas bestas de irmãos, mesmo eles sendo irmãos postiços, na verdade. Tanto que, ao atendermos, eles já estavam discutindo.

Bella: ...DEIXA EU SENTAR NA CADEIRA, SEU CHATO!

Dry: Para de mimimi, garota. Meu quarto, meu notebook, minha cadeira...

Eu e Nick nos olhamos e reviramos os olhos.

Nick: OI GENTE! — Falou para chamar a atenção deles no outro lado da linha.

E deu certo, eles pararam de discutir e disseram "oi" em uníssono, tentando agir normalmente.

Bella: E aí, galera? Tudo certo para viajar amanhã? — Perguntou empolgada.

Zoe: Sim. Viajamos pela manhã — com minha resposta, ela bateu palminhas em comemoração.

Bella: Quando chegarem, vamos mostrar tudinho: o bairro, a escola, nossa casa aqui. Vai ser tão maravilhoso! Bateu palminhas novamente.

Dry: Não precisa exagerar! — Falou revirando os olhos e recebeu um tapão de Bella no braço.

Nick: Nossa, Dry. Não sente a nossa falta, não? — Perguntou em tom dramático.

Dry: Hum... Deixa eu ver... fingiu estar pensativo. Eu não.

Zoe: Adryano Gabriel Swan — pus a mão no peito, fingindo estar chocada —, estou estupefata. Você não sente a nossa falta?

Dry: Eu estou brincando, sua chorona. — Ele revirou os olhos e todos rimos.

Zoe: Mal posso esperar para reencontrar vocês!

Nick: É, depois de um tempão.

Eles são nossos amigos de infância, nós crescemos juntos aqui em Princeton, porém três anos atrás eles se mudaram pra Nova York, pois seu pai, que é um professor de psiquiatria, foi chamado para dar aula em uma faculdade de lá. O nosso irmão conseguiu um emprego lá, então nós vamos nos mudar. Eu e Nick vamos para uma nova escola, chamada Westchester Country Day.

Então, ouvimos o Justin chegando e chamando eu e Nick para ajudarmos com as compras.

Zoe: Gente temos que desligar. Nos vemos na escola nova.

Dry: Tudo bem. — Assentiu com um leve risinho de lado.

Bella: Tchau, façam uma boa viagem! — Falou mandando beijinhos.

Após terminarmos de nos despedir, eu desliguei o notebook e fomos à sala para ajudar o Justin. Ele nos entregou algumas sacolas do mercado que há ali próximo e levamos até a cozinha.

Justin: Estavam falando com os seus amigos?

Nick: Sim e mal podemos esperar para vê-los na escola nova — ele disse isso jogando os braços para o alto e fazendo a dancinha feliz do Snoopy.

Justin: E como eles estão?

Nick: O de sempre, Dry rabugento e Bella maluquinha — comentou e Justin riu com isso.

Começamos a separar alguns itens que ele comprou, alguns foram para a geladeira e outros para a bancada. Não havia muita coisa, afinal viajaríamos depois do café da manhã.

Justin: Depois do jantar, direto pra cama. Temos que pegar estrada cedo.

Zoe/Nick: Sim, senhor! — Dissemos ao mesmo tempo, o que acontecia muitas vezes.

Nosso irmão deu um breve sorriso para nós e se concentrou no jantar. Nick e eu fomos a sala e ligamos a televisão em algum canal aleatório. Olhei novamente para Justin. Seu sorriso havia sumido dando lugar a uma expressão pensativa. Ele tentava disfarçar, mas falhava miseravelmente. Eu sabia exatamente no que ele estava pensando.


Justin

Quando tinha 17 anos, minha vida deu um solavanco. Por causa de uma chuva que não foi anunciada, o mundo caiu sobre mim. Tive que deixar muita coisa de lado na minha vida legal de um adolescente sonhador e inconsequente. E só não me deixei afundar na tristeza por causa desses dois. Zoe e Nick são os meus raios de luz. São o motivo de eu me manter sã. São o motivo de eu viver. São o motivo para sorrir.

~☆~

Nossos pais se chamavam Rebecca e Raphael. Eles trabalhavam com publicidade e iam fazer uma viagem de trabalho.

Rebecca: Justin, faça o café dos seus irmãos direitinho, okay? Qualquer coisa, ligue para o Robson. — Ela disse choramingando.

Não era a primeira vez que eu ia cuidar dos meus irmãos, mas era a primeira vez que eu ia cuidar deles enquanto estavam fora da cidade.

Justin: Sim, senhora. E também não deixar o Nick exagerar no videogame — falei entediado.

Nick: Não deixar a Zoe se atrasar para o balé — acrescentou.

Zoe: E ir para cama às 21:00h. Não é, Nick?! — olhou para o Nick.

Nick: Que papo é esse? — Perguntou se fazendo de besta. — Eu sou campeão mundial de quem vai para cama mais cedo.

Raphael: Só que não, filho — disse o papai, bagunçando o cabelo do Nick. — Querida, temos que ir.

Rebecca: Claro... — ela disse dando um beijinho na gente. — Ah, espera! Estão com os amuletos da sorte? — E aí lá veio ela com essa história de amuleto.

Eles haviam comprado de presente três medalhões de prata, cada um é diferente do outro, mas todos eram daqueles de colocar alguma foto dentro. A foto que tinha era da nossa família. Aí minha mãe diz que é para dar sorte. Não acredito muito nisso, mas mesmo assim, foi um presente lindo.

Zoe/Nick/Justin: Sim, estamos!

Rebecca: Ótimo! Enquanto estiverem usando eles, estaremos com vocês, está bem? — Sorriu docemente.

Após assentirmos que sim, ela e o pai nos abraçaram novamente e falaram umas mil vezes que nos amavam e que sentiriam saudades. E eles partiram.

Iam passar cinco dias na viagem, mas aí esses cinco dias viraram quase duas semanas, por um imprevisto, segundo eles. Então, depois de deixar meus irmãos na escola eu fui para a faculdade. O melhor amigo dos nossos pais, Robson, e nosso padrinho, tinha ligado para me dispensarem e me buscou.

E me contou o que aconteceu: na volta da viagem, houve uma forte chuva que ocasionou um deslizamento de terra e eles sofreram um acidente no qual os ferimentos foram graves, eles não resistiram a cirurgia e morreram na madrugada.

Foi um choque. Eu me recusava a acreditar naquilo. Eu senti meu chão sumir.

Quando fomos buscar os gêmeos na escola fiquei pensando com que cara iria chegar lá e dar essa notícia para eles. Eu não estava nada bem, mas precisava me recompor e manter a calma, que estava me faltando.

Zoe: Oi, Justin. Oi, Tio Rob — ela vinha animada puxando sua mochila de rodinhas.

E ele os cumprimentou com um abraço em cada um.

Nick: Tio, a mãe e o pai vão voltar logo? — Perguntou empolgadamente.

Robson: Justin — pôs a mão no meu ombro —, acho melhor você dar a notícia

Então, me abaixo para ficar à altura deles e resolvi o que dizer.

Justin: Olha... Estava faltando duas florzinhas no jardim do Papai do Céu e os nossos pais foram lá para substituir. — Falei calma e o mais delicadamente que consegui.

Eles não entender no momento. Ficaram em silêncio e se olharam a refletirem sobre meu dito. Mas não demorou muito para processarem. Arregalaram os olhos e em seguida começavam a escapar algumas lágrimas.

Zoe: Não pode ser... — ela começa a chorar e Nick a abraçou de lado.

Enxuguei algumas lagrimas de seu rosto e passo a mão em seu cabelo.

Nick: O que vai acontecer agora? — Ele olhou para mim com os olhinhos molhados.

Eu não fazia ideia do que aconteceria e tinha até medo, mas eu precisava me mostrar seguro e calmo.

Justin: Vai ficar tudo bem, okay? Eu vou cuidar de vocês, tá bom?

Robson: E vão ter a mim para ajudar no que precisar.

Olhamos para ele e seu leve sorriso que passava conforto e confiança, me fez sentir alivio. Ele era muito amigo dos meus pais desde o colegial e ele sempre esteve por perto ou mantendo contato para perguntar como estávamos, agora tinha realmente certeza do quanto ele era nosso amigo.

Tornei a olhar para os gêmeos e dei um leve sorriso. Em seguida dei um abraço neles.

Justin: Vou cuidar de vocês... — dessa vez, eu deixei escapar uma lágrima que segurava a muito tempo, abraçando eles mais forte ainda. — Vai dar tudo certo.

E assim eu tentei fazê-lo. Do jeito que eu poderia.

Eu fazia curso de Música, mas precisei desistir e mudar para algo mais realista, por mais que Rob insistisse que tudo bem e que eu poderia continuar com aquilo. Escolhi, então, Arquitetura, que sempre achei bem interessante, também.

Zoe e Nick ficavam com Rob enquanto eu estudava e procurava trabalhar o quanto antes. Ele sempre ajudou e era de bom grado, podia reconhecer, mas independência financeira era meu almejo e acredito que de qualquer um.

~☆~

E assim nós seguimos. Foi trabalhoso, mas não tanto por termos Rob. Não é a vida mais perfeita, mas procurávamos estar bem. Ser felizes como podíamos. Precisei aprender a lidar com isso na marra, mas foi preciso. Minha vida eram os meus irmãos desde aquele instante.


Nick

Lá estava meu irmão de novo viajando na maionese. Era difícil tentar entender o que podia estar se passando na cabeça dele. Mas aproveito a oportunidade para pregar uma pecinha. Chego por trás discretamente e dei um susto nele.

Justin: Nick, você quer me matar do coração?! — Falou em desespero.

Nick: Qual é, foi só uma brincadeira... Desculpa Justin — digo tentando segurar o riso.

Ele fazia o mesmo e revirou os olhos.

Eu sei que meu jeito é brincalhão até demais, mas por outro lado agradeço por ser assim. Como eu disse, é difícil entender o que poderia estar passando pela cabeça do Justin, mas eu sei qual é o pensamento principal. Assim, dei um abraço nele antes de voltar à sala e pude vê-lo sorrir, o que me satisfaz.

"A vida é como uma caixa de chocolates, você nunca sabe o que irá encontrar", diz a famosa e delicada frase do personagem de Tom Hanks em Forrest Gump: O Contador de Histórias, que é um dos meus filmes preferidos. Bom, isso pode vir tanto como algo positivo quanto negativo.

E o chocolate com o qual nos deparamos sete anos atrás tinha o gosto mais amargo de todos. Amargo e difícil de engolir. Especialmente quando você é apenas um adolescente e de repente sente o peso do mundo nas costas, que foi o caso do meu irmão.

Justin não sorri muito desde então e quando possível eu quero fazê-lo sorrir, nem que seja com uma piada idiota ou simplesmente abraçando ele. Com Zoe, o mesmo caso. Enquanto eu puder fazer eles sorrirem, eu já fico bem.

Zoe: Nick — ela me chamou em sussurro —, vem cá. Tive uma ideia.

Na hora eu saquei o que ela pensou e juntos falamos "New York, New York", aquela música antigona que nós três gostávamos de cantar e dançar.

Nick: Justin, meu maninho querido, Justin!

Zoe: Nós estamos pensando numa canção!

Justin: Ah não... — murmurou ao perceber nossa intenção.

E começamos a cantar.

Gêmeos:

Start spreading the news 

I'm leaving today 

I want to be a party of it... 

Ele revirou os olhos, não resistiu e cantou junto.

Os três:

New York 

New York 

These vagabond shoes 

Are longing to stray 

Right through the very heart of it... 

New York, New York! 

Caímos na gargalhada ao final.

Zoe: Alguém mais está sentido... cheiro de queimado? — Comentou preocupada.

Era o frango. O Justin correu feito louco para tira-lo do forno.

Justin: Que bom salvei — suspirou aliviado. — Okay, hora do jantar.

Falou dando de ombros e fomos nos servir para comer.


Zoe

Gosto de ver o Justin sorrindo, ele sempre fez tudo por nós. Ele a pessoa que merece mais que ninguém ser feliz. Sua coragem e determinação são admiráveis. Ele é um verdadeiro príncipe guerreiro e enfrenta tudo por nós.

~☆~

Depois do jantar, Justin terminava de encaixotar as últimas coisas, ainda bem que ele mandou muitas delas antecipadamente para nossa nova casa no Brooklin Heights.

Justin: Vou terminar aqui. Não demoro falou suspirando cansado.

Nick: Você tem certeza de que não quer ajuda?

Justin: riu levemente Obrigado, mas vão para a cama. Está tarde. Boa noite deu um beijo no topo na minha cabeça e bagunçou carinhosamente os cabelos do Nick.

Zoe: Boa noite sorri.

Enquanto subíamos para o nosso quarto, eu e Nick tivemos uma discussão boba sobre ele querer jogar videogame e eu falei que ele precisava dormir, mas meus pensamentos estavam em como seria para me adaptar. Sendo sincera, mudanças costumam me assustar.

  ━━━━━ ☆. ☪ .☆ ━━━━━  

Espero que tenham gostado e que continuem comigo para saber o decorrer da história.
"Mal-feito, feito" e
"Que a Força esteja com vocês"
Até mais!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top