Capítulo 50

Eu fico ali, parada, observando os dois homens que me chamaram me encarando. Nem mesmo sei o que fazer, sinceramente ambas as possibilidades parecem ruins, e minha vontade nesse momento é virar as costas e sair correndo, o que não seria muito maduro, eu sei.

Não sei o que motiva minha decisão, mas, me surpreendo quando me vejo caminhando até meu pai e fazendo um gesto para que James espere um momento. 

De repente, estou ali, cara a cara com o homem que me deu a vida, o homem que usou de desculpas para que minha mãe me deixasse sozinha em casa e quase custou a vida de Bryan, o homem que me chamou de mentirosa na frente do júri no hoje. Estou fervendo de raiva quando vou até ele.

— O que você quer. — Eu digo assim que estou cara a cara com ele, faz pelo menos 2 anos que não vejo meu pai.

— Finalmente você conseguiu o que queria. Está feliz?

— Não tanto quanto gostaria. — Respondo de forma atrevida. 

— Ele era meu amigo, sabe, ele me jurou que era mentira sua, ele contou que você manipulou tudo desde o início, que você queria tudo o que eles tinham, o dinheiro, que você queria ele. Que desde sempre ele te afastou, mas você provocava, instigava ele, ele me contou tudo o que você fez. Eu fiquei tão envergonhado, você é minha filha e era uma grande praga. As discussões começaram nesse momento, eu e sua mãe, nós nos afastamos desde que você fez merda. Ela queria fazer tudo para você, eu, só queria que vocês duas parassem. Ela nunca enxergou maldade em você, sempre te protegeu e ficou do seu lado.

— Como deve ser. Você tem outra filha agora pai, espero que seja um pai melhor para ela. — Eu digo, sincera e dou alguns passos para longe dele, sem nem ao menos me despedir.

— Alicia. — Ele grita, e eu me viro. — 3 anos passam rápido. 

Eu gelo nesse momento, 3 anos, o tempo que o pai da Nina pegou de prisão. Eu odeio meu pai nesse momento, não me importo se isso me torna uma filha ou uma pessoa ruim. Seguro as lágrimas que teimam em querer cair, eu nunca daria esse gosto para ele. Ele não vai me ver desmoronar.

Eu respiro fundo, uma, duas, três vezes. Em seguida, me dirijo até a próxima conversa que eu gostaria de poder evitar, James.

— O que você quer? — Digo ríspida. Eu só quero que tudo isso acabe logo, eu só quero ir para minha casa.

Espero que ele abra a boca e diga que eu sou péssima e o quanto vou sofrer, como meu pai fez. Mas me surpreendo com o que sai da boca dele.

— Me desculpa. — Ele diz, e meu peito dói quando eu olho seus olhos e vejo sinceridade nele.

Penso em tudo o que poderíamos ter sido e não fomos, penso na amizade perdida que sequer foi amizade um dia. Eu não sinto falta de James, nunca teríamos dado certo, nem como amigos, muito menos como namorados. Ele é inconstante, inconsequente, ele é alguém que quer tudo e quer do jeito que quer. Ele usa todos os artifícios possíveis para atingir seus objetivos. Isso não torna ele uma pessoa efetivamente ruim, só o torna alguém que não quero ter na minha vida.

Ainda assim, consigo ver a verdade. Isso não é um jogo dessa vez, ele sabe tão bem quanto eu que perdeu tudo relação a mim.

— Eu fui um grande babaca

— Sim. Você foi.

— Eu tinha muitos problemas quando a gente se conheceu. Em casa, comigo mesmo, eu sei que você sabe do que estou falando. Eu sei que nada disso justifica minhas atitudes, mas, eu realmente sinto muito. Eles me enganaram, a Nina me enganou. Eu não sabia que o pai dela ia atrás de você, achei que ela ia te pregar uma peça, e bem ela falou tanta coisa de você que eu simplesmente...

— Você acreditou nela, eu entendo. De verdade, James, eu sei o quanto a Nina sabe ser persuasiva às vezes. Eu convivi muitos anos da vida com ela. Mas, independente disso, de tudo isso, não justifica seus atos. Eu podia ter morrido, o Bryan podia ter morrido, eu perdi meu filho aquela noite... E, eu simplesmente não consigo não te responsabilizar por isso, por tudo isso. Então, eu te desculpo, James, mas, eu não quero você na minha vida, nunca mais

— Eu não sabia que você estava grávida... — Ele diz e eu apenas dou de ombros, ainda dói quando falo disso.

— Não devia fazer diferença se estou grávida ou não. 

— Você tem razão. Eu sinto muito. 

— Certo, já disse que aceito suas desculpas James, só não me procure mais, não fale mais comigo. Isso aqui acabou, acabou todo o lance de ter um músico na minha vida. 

— Não se preocupe. Eu estou indo embora. Não vou mais procurar você. 

Não respondo mais nada, apenas assinto com a cabeça e me afasto pensando se realmente tomei a melhor decisão. 

Ⅱ ▶ ———————————•———— ↺

Estou no carro a caminho da casa do Noah quando finalmente desabo. Eu choro por tudo, por todo o tempo que perdi antes desse cara ir preso, eu choro pelo meu pai que escolheu um lado que não é o meu, eu choro por James que se arrependeu só depois que causou tamanho estrago.

Eu me permito sofrer, me permito despedaçar em cada lágrima que cai do meu rosto. Me permito deixar que doa durante todo o trajeto do carro. É no momento que me levanto, e piso em chão firme que caio de joelhos e grito, comemorando a vitória. Ele foi preso, ei tenho uma família linda e amigos que me apoiam, tenho o Bryan e estou viva. Eu tenho mais do que motivos para comemorar. 

— Você está bem? — Bryan pergunta chegando perto de mim, seus olhos brilham de preocupação. 

— Agora estou. — Respondo, e estou sendo sincera. 

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