Capítulo 40
Entro no carro com o Noah e ele automaticamente começa a dirigir para longe da escola. Não sei para onde ele está me levando, mas, apenas me deixo levar, sem me importar, eu confio nele. E onde quer que ele esteja me levando é melhor do que estar na escola no dia de hoje.
Paramos na frente de uma casa, uma casa bem simples, pelo que posso ver do lado de fora. Ainda não tenho ideia de onde eu estou.
— É minha casa. Preciso pegar algumas coisas. Eu ainda vou trabalhar hoje. Vem, entra. — Noah diz, quando percebe minha confusão.
Eu saio do carro e sigo Noah para dentro da casa dele. Eu nunca tinha vindo aqui antes, me pergunto se de alguma forma é porque ele tem vergonha de suas origens mais humildes.
— Não. — Ele responde como se lesse minha mente. — Não é difícil imaginar o que você está pensando. Não tenho vergonha da minha casa, é só que isso aqui não me representa, entende. Não quero trazer pessoas aleatórias aqui, pra que elas pensem seja lá o que for de mim. Esse lugar é reservado para as pessoas que eu amo.
— Me sinto honrada de estar aqui então.
Noah não diz nada, apenas acena com a cabeça. Se vira e pega algumas coisas. Logo ele volta com um sanduíche e um copo de água com açúcar.
— Primeiro a água. — Ele diz e estende o copo em minha direção, que eu prontamente pego e tomo em pequenos goles. — Eu até podia te dar algo mais forte, mas, acho que o Bryan não ia ficar feliz.
Noah me dá um olhar significativo, que faz com que eu nem precise fazer a pergunta, a única coisa que passa pela minha cabeça é a pergunta de como ele descobriu.
— Desde quando você sabe? — Eu pergunto com olhar desconfiado.
— Eu tinha uma suspeita, pelos seus comportamentos, algumas coisas que o Max me falou... Acabei de confirmar que eu estava certo. O Bryan já sabe?
— Ainda não. Você contou sua suspeita pro Max?
— Não, pode ficar tranquila, até porque não é da minha conta, nem da do Máximo. Maa, você precisa contar para o Bryan.
— Eu vou, no momento certo.
— E quando vai ser esse momento?
— Desculpe Noah, mas, isso simplesmente não é da sua conta, como você mesmo disse.
— Touché. — Ele diz e acena com a cabeça. — Vou me trocar, come o sanduíche e relaxa aqui. Depois vou te levar pra casa.
Faço o que ele manda, sem retrucar nem mesmo uma vez. Eu sei que ele faria mais por mim se não precisasse ir trabalhar logo, mas, só o fato de estar ali, e não na escola, me preocupando a cada segundo, já alivia meu coração e trás uma calma que há muito eu não sentia.
— No que você trabalha mesmo? — Pergunto quando ele volta, com uma calça jeans básica e camisa social.
— Eu trabalho numa empresa de imóveis. Como vendedor, por enquanto.
— Por enquanto?
— Sim, estou em contato com um time grande. Ainda não assinei contrato, mas, é uma grande possibilidade.
— Noah! Eu fico tão feliz por você! — Digo e dou um abraço nele.
Desde que saiu da escola, Bryan e Noah não pararam com o futebol, mas, até o momento nenhum deles tinha sido chamado para um time grande, até onde eu sei, alguns olheiros já até assistiram alguns jogos dos dois, que ainda jogam no mesmo time furreca, e mal ganham algo além dos parabéns por isso.
Só consigo imaginar o quanto o Bryan está feliz pelo amigo, sei que ambos ficam na torcida pela felicidade um do outro, uma amizade que é realmente linda de ver.
Noah me deixa em frente meu apartamento quase 20 minutos depois, nos despedimos calorosamente, com novos parabéns pela entrada no time, seja ele qual for. Eu subo o elevador e não demoro até entrar em casa e me jogar na cama, me perguntando se mais alguém desconfia do que está acontecendo comigo.
Mando logo que chego uma mensagem aos meus amigos avisando que estou bem, e uma para minha mãe avisando que eu já estou em casa e conto meio por cima o que aconteceu. Em seguida aproveito o tempo extra para fazer o que muitos de vocês fariam também no meu lugar, eu fecho os olhos e durmo.
Ⅱ ▶ —————————•—————— ↺
A semana passa, e sinceramente continua terrível, minha vontade é não ir pra escola enquanto a Nina estiver lá, mas, ao mesmo tempo não quero dar esse gostinho pra ela, falta tão pouco para minhas provas finais e me livrar de uma vez de tudo isso que não quero deixar passar.
Então aguento firme o resto da semana, chego quase em cima do horário todos os dias, para não correr o risco de trombar com a Nina na entrada, muito menos se eu estiver sozinha, fico no meu canto com meus amigos o resto do dia e praticamente corro pra casa depois da aula.
Tem funcionado muito bem, até agora, é sexta-feira e eu estou a caminho do intervalo, quando olho pra frente e ela está lá no refeitório, me esperando, olhando para mim com aquela cara furiosa os braços finos cruzados em frente ao peito e os pés ligeiramente afastados.
— Você está fugindo de mim. — Ela diz assim que eu me aproximo.
Ela não está sozinha, duas outras garotas, tão magras quanto ela estão ao seu lado, bebendo refrigerantes. Mas, eu também não estou sozinha, e ao contrário do que ela pode pensar, não tenho medo dela, não mais.
— Você acha que pode se safar de tudo o que você faz com essa carinha de sonsa. Você deve estar feliz das pessoas não te conhecerem aqui, assim você ainda conseguiu alguns amiguinhos para ficarem do seu lado. — Ela fala, alto, é sempre um espetáculo pra ela.
Eu não falo nada, apenas desvio dela e tento seguir meu caminho, mas, nem isso ela deixa. Eu ouço seus pés quando ela corre atrás de mim, eu sinto sua mão agarrar a gola da minha blusa, eu sinto o refrigerante de uma de suas amigas escorrendo pelas minhas costas e perco a calma totalmente.
— Você é uma vaca Nina, eu tô cansada de você me tratando igual lixo por causa da merda do seu pai pedófilo. Você realmente não deve estar feliz de estar aqui, já que ninguém te conhece e ninguém precisa fingir que gosta de você pra não ser difamado por você ou pelo seu pai. Eu quero é que você vá pro inferno. Só me deixa em paz, porra. — Eu digo gritando e empurro ela, que apenas me olha embasbacada.
— Vamos. — Eu digo pros meus amigos conforme me viro e saio do refeitório.
— Achei a cena linda, mas pra onde a gente vai? — Meghan pergunta ao meu lado.
— Eu vou pra diretoria. Cansei.
Ⅱ ▶ ——————————•————— ↺
— Tenta entender o lado dela, ela perdeu o pai. Eu sei que o que ela está fazendo não é legal, mas, você está acabando a escola já, logo não vai ter mais que se preocupar com isso. — Eu ouço a diretora falar, Meghan aperta minha mão conforme ouve.
— Isso é um absurdo. — Meghan fala antes mesmo que eu possa fazer alguma coisa. — Você está dizendo que a Alicia pode ficar aqui sofrendo bulling dessa louca que está perseguindo ela?!
— Não é isso...
— Claro que é isso. Isso tem haver com ela ser filha do prefeito do fim do mundo de onde ela vive? Isso é uma grande merda. Minha mãe investe dinheiro nessa droga de escola pra minha melhor amiga ser tratada como lixo e ninguém fazer nada? Isso é absurdo.
Eu fico chocada com o jeito que Meghan me defende. Enquanto os outros ficaram lá fora esperando, ela fez questão de entrar na sala da diretora comigo, e agora eu posso entender o porquê.
— Eu vou conversar com ela, ok.
— Ok. — Meghan responde e levanta da cadeira para sair, me puxando atrás dela.
Eu olho para ela assim que saímos e ela da uma risada alta, que provavelmente a diretora pôde ouvir da sala dela. Eu definitivamente amo meus amigos.
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