Capítulo 39

Não era o cara de antes, quando eu atendo o celular e ouço a voz do Bryan do outro lado da linha, eu sinto que posso respirar novamente. Meu coração aos poucos vai voltando as batidas ao normal, minha respiração, até pouco tempo atrás superficial vai aos poucos voltando ao seu estado normal.

— Oi amor. — Ele fala assim que eu atendo.

— O-oi. — Eu falo com a voz abalada, ainda me recuperando.

— Você está bem?

— Não muito, acabaram de ligar aqui, um cara estranho, falou um monte de coisas horríveis.

— Você não sabe quem é? Não foi aquele cara não, né? — Por aquele cara Bryan se refere ao James, desde o beijo ele sempre se preocupa que James vá fazer algo terrível, felizmente até o momento não aconteceu, ainda.

— Não, não era ele. Eu teria reconhecido a voz dele.

— Então quem mais pode ser?

— Não sei, talvez alguém que conheça a Nina. Tenho certeza que ela quer tornar minha vida um inferno.

— Mas porque ela faria isso só agora?

— Porque ela se mudou para cá, o pai dela foi preso e ela veio morar com os tios, ela também está namorando com o James.

— Difícil acreditar que tudo isso é pura coincidência.

— Eu não acho que seja coincidência. Ela tentou ao máximo fazer o meu dia ser um inferno hoje.

– E foi tudo bem?

— Sim, no fim foi tudo bem. Eu tenho amigos incríveis e eles me ajudaram.

— Queria poder ter ajudado também.

— Eu sei que queria, mas tem estado ocupado, achei que não ia conseguir nem falar com você hoje.

— Eu também achei, estou numa correria enorme, só tive tempo de te ligar agora.

– Você não vai mesmo falar o que está acontecendo?

— Ainda não. Você vai descobrir no final de semana.

— Ok. — Digo num tom frustrado, apesar de eu também ter algo para lhe contar apenas no fim de semana.

Eu e Bryan continuamos conversando por um longo tempo, até que ambos começamos a ficar com sono demais, não é uma idéia muito inteligente conversar até tarde quando temos que acordar cedo no outro dia, então, vamos dormir.

Ⅱ ▶ ————•——————————— ↺

Me arrumo para a escola no outro dia, bem básica, de jeans e camiseta. Minha mãe não está mais em casa quando saio do quarto, o que significa que não temos nada de revolucionário acontecendo, ainda.

Tomo um suco para não ficar sem comer, e como uma fruta. Sei que é importante que eu me alimente bem, mas fome é algo que anda em falta nos últimos dias.

Quando pego minha mochila para ir a escola ouço o interfone tocar. Meu coração logo se acelera, nervoso com o toque.

— Oi.

— Bom dia dona Alicia, seu amigo pediu pra te avisar que está te esperando aqui embaixo.

— Ok, obrigada.

Desligo o interfone curiosa por saber quem está lá embaixo. O nervosismo não me abandona por todo o caminho que o elevador faz. Meu coração só se apazigua quando vejo o carro de Noah parado no estacionamento de visitantes do lado de fora.

Chego perto do carro e logo vejo ele e o Max se beijando no banco da frente, esses dois não se desgrudam nem um minuto quando estão juntos, é tão fofo que chega a ser irritante.

— Oi meninos. — Digo, enquanto me sento no banco de trás do carro.

Eles finalmente se afastam quando notam minha presença.

— Oi Ali.

— Oi Alicia.

— Olha, não estou reclamando, mas, posso saber o que estão fazendo aqui?

— Bryan me pediu para ficar de olho em você. — Noah responde prontamente. — Ele disse que você teve alguns problemas ontem.

— Sim, alguém me ligou ontem a noite, uma voz de homem que eu não reconheci, me xingou de um monte de coisa e disse que eu ia pagar. Eu acho que é algum amiguinho da Nina, mas mesmo assim, fiquei morrendo de medo.

— Isso não é brincadeira, se for realmente ela, isso é passar de todos os limites. — Noah fala. — Você não pode deixar isso assim.

— Eu sei disso, mas, ao mesmo tempo, não sei o que fazer, não é como se ela nunca tivesse passado dos limites antes,  e também eu nem sei se foi ela mesmo.

— Liga de volta pro número usando outro celular pra ver se descobre quem é. — Fala Max.

— Eu até faria isso, mas era um número privado.

— Bando de covardes, é por isso que eu nem atendo número privado. Se precisar de alguma coisa pode ter certeza que pode contar comigo.

— Com nós dois.

— Obrigada meninos.

Assim que chegamos na escola, saímos os 3 do carro. Eu me sinto quase escoltada com o Noah de um lado e o Max do outro. É ótimo me sentir um pouco mais segura pois não demora muito pra que eu veja Nina.

Ela está de jeans e cropped dessa vez, claramente abandonou o look caipira de ontem. Seus olhos brilham quando ela me vê, já espero ela perguntar sobre a ligação de ontem, quando ela vem em minha direção.

— Quanto ela pagou pra vocês andarem com ela? — Nina pergunta rindo.

— Diferente de você algumas pessoas não precisam comprar amigos. — Max solta em minha defesa, Nina começa a rir na mesma hora, e falar com a voz bem alta.

— Vocês ficam defendendo ela, porque não sabem a verdade.

Nesse momento ela começou a gritar realmente, como um vendedor, chamando clientes até sua loja. Tudo sobre a Nina sempre foi sobre o show.

— Vocês precisam saber a verdade sobre a Alicia. Cheguem todos aqui pra saber o grande segredo que ela esconde.

Não demora muito até que tenha uma roda de pessoas a nossa volta. Max, vendo que eu estou nervosa me abraça forte, enquanto Noah parece pronto para socar a cara de alguém.

— Essa menina aqui era minha amiga, não uma amiga fuleira qualquer, ela era minha melhor amiga, mas, ela sempre foi uma grande interesseira. Ela ia em casa só para brincar com minhas coisas, nunca se importou comigo. — Algumas vozes começam a se sobressair na multidão, e o burburinho vai se alastrando.

— Quando ela tinha 7 anos, estava louca pra tomar meu lugar. Ela chegou a dizer que queria que eu morresse pra ser filha do meu pai. Eu continuava vivendo com ela, pois apesar de tudo, eu amava ela. Até que em um dia ela estava em casa e eu precisei sair. Ela fez questão de ficar lá sozinha com meu pai, nesse dia ela tentou me roubar e não conseguiu porque o meu pai pegou ela em flagra. Ela deu em cima dele pra que ele usasse ela e fizesse de conta que não viu nada, mas é claro que meu pai disse não e colocou ela pra fora. — As conversas aumentam ainda mais de volume, não consigo decidir se acho que as pessoas estão comprando toda essa conversa dela ou se percebem que isso é uma total loucura e absurdo.

— Ela saiu da minha casa jurando ao meu pai que se vingaria. E ela tentou de todas as formas, inclusive tentando colocar a cidade contra ele e dizendo que ele tentou estuprar ela, mas claro que ela não tinha provas de nada. Por que é isso que ela é, uma grande mentirosa e manipuladora. Eu só vi a verdade quando ela disse na minha cara que sempre me odiou. — Nina está chorando lágrimas de crocodilo a esse ponto, e na verdade é um bom show, só de ver sua performance tenho certeza que muitos vão comprar a história dela.

— Foi isso que ele falou pra você?  — Eu falo usando meu tom de voz normal e dou um passo a frente. — Ou foi isso que ele disse pra você antes de ser preso por tentar estuprar outra garota? Pois é, as notícias correm rápido quando se tem internet. Como você se sente quando olha as manchetes Nina? Quando lê que o prefeito de Nova Barreira está sendo investigado por pedofilia, de novo, esse é um comportamento recorrente sabe? É uma doença, ele nunca vai parar. Você pretende ter filhas um dia Nina?

— Cala a boca.  — Ela grita. — Isso não é verdade.

— Está em todos os jornais Nina, você não vai conseguir se fazer de vítima outra vez.

Eu estou usando um tom de voz calmo e comedido, mas, estou tremendo, pessoas já foram olhar os sites de fofoca e viram que o que eu digo é verdade, algum tempo depois a multidão está se dispersando,  Nina está furiosa.

Ela vem pra cima de mim e me empurra, eu não bato nela de volta, mas, quando ela tenta me bater, eu seguro sua mão.

— Você é uma praga venenosa, e eu vou acabar com cada pedacinho da sua vida e das pessoas que você ama. — Ela diz cheia de ódio e se vira para entrar na escola.

Eu estou tremendo tanto neste momento que mal consigo ficar parada. Minha respiração está rápida demais, não sei o que está acontecendo.

— Você está tendo uma crise de ansiedade. — Noah diz ao meu lado. — Vem, você não vai pra escola hoje. Max, você pode avisar o professor que ela está passando mal?

— Claro.

— Obrigado. — Ele diz, dá um selinho no Max e se vira me levando até o carro.

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