Capítulo 24

Apesar de eu não ter visto nada além dos dois se beijando e a calça abaixada aos pés de James, foi uma cena extremamente desconfortável. Que de alguma forma se tornou ainda mais desconfortável depois.

Bryan ouviu meu gritinho, e veio em meu auxílio, e claro que ele também viu mais do que gostaria. Ao mesmo tempo, James e a garota assustaram, e enfim, podemos dizer que foi uma grande saia justa.

Pelo menos, como o Bryan estava ali, eu pude esconder meu rosto nele, e ficar de costas pra toda a situação que estava rolando.

— Estão procurando você, tá na hora do show. — Ouço Bryan falando com uma voz extremamente constrangida.

— Eu já vou. — Disse James, com uma voz que parecia igualmente sem jeito, e depois veio o baque da porta voltando a se fechar.

Respiro aliviada sabendo que toda a situação já passou, olho pro rosto do Bryan e seu rosto está mais vermelho que nunca, só posso imaginar que o meu esteja tão vermelho quanto o dele.

Descemos as escadas sem falar nada, apenas absorvendo tudo o que acabou de passar. Quando chegamos no segundo andar avisamos Tiff e Brie que encontramos ele.

— É... ele está lá em cima, disse que já vem. — Eu digo.

— Amiga, você tá vermelha igual um pimentão. — Fala Tiff. — Vocês dois na verdade.

— Digamos que ele não estava sozinho.

— E que a porta estava destrancada.

— Não brinca... — Fala Brie.

— Foi uma das situações mais constrangedoras da minha vida. — digo.

—Mas eles tavam...

—Sim, eles tavam.

— De porta destrancada? No meio de uma festa lotada? Pelo amor de Deus eles tavam pedindo pra serem pegos.

— Quem tava pedindo pra ser pego gente? — Pergunta Max, enquanto chega perto da gente.

— Ali e Bryan, pegaram o James lá em cima, com uma menina.... No maior rala e rola. — Fala Tiff.

— Não, sério?! Mas eles não trancaram a porta?

— Não, por isso eu disse que eles estavam pedindo pra ser pegos gente, por favor. Tá cheio de gente aqui.

— E isso nem é o pior. — Fala Bryan.

— Como assim pior que isso? Deixa até eu me sentar aqui. — Fala Max e se senta na cama do quarto que a gente estava.

— Eu conheço o namorado daquela menina. O nome dele é Fernando, estuda comigo e o Noah, um cara super gente boa. Acho até que ele tá aqui.

— E você vai contar pra ele?

— Eu acho que é o melhor a se fazer. — Bryan me olha e eu entendo o que ele não diz, tenho certeza que ele preferia que tivessem contado pra ele antes de tudo chegar ao ponto que chegou.

— Que festinha é essa que tão fazendo e não chamaram a gente. — Pergunta Meghan da porta. Ela está com Noah, e pelo seu cabelo bagunçado e a mão dele na cintura dela, tenho certeza que eles estavam fazendo mais que só procurar o James.

— Entra aí e fecha  a porta que a fofoca é das boas. — Fala Max, e eles obedecem

— Fomos procurar o James lá em cima, achamos ele e a Cristina, no maior amasso.

— Caramba, coitado do Fernando.  Você quer que eu conte pra ele no seu lugar?

— Como você sabia que ele ia querer contar? — Pergunta Max.

— Conheço meu amigo, e antes que vocês falem alguma coisa sobre eu ser grosso, eu sei ser delicado quando preciso. Mas faz sentido agora, que a Cristina tá te procurando.

— Ela tá me procurando?

— Sim, viemos te falar isso. E que o show vai começar.

Estamos saindo em direção do palco improvisado lá fora, quando Noah segura meu braço, o que faz com que fiquemos um passo atrás dos outros.

— Algo me diz que você sabia. — Diz Noah.

— Eu estava na fase de ligar 1 mais 1. Eu já tinha visto ele com ela, vi ela com namorado, ele disse que não conhecia mais ninguém na festa... Pensei que pudessem ser primos ou algo do tipo, mas tinha algo que não tava encaixando.

— Entendo, quando encaixasse... Se o Bryan não tivesse visto, você ia contar?

— Acho que eu contaria pro Bryan, e perguntaria o que ele achava que eu deveria fazer, mas nós dois já  sabemos a resposta dele.

— Sim, estou feliz que contaria pra ele. Mesmo o cabeludo sendo seu amigo.

— Minha mãe se mudou pra cá,  porque meu pai traiu ela, arrumou outra familia, a mulher estava grávida quando  ele contou. Não é legal ser o último a saber, e não sou eu que vou passar a mão na cabeça de quem age errado, mesmo sendo amigo meu.

— Então você acha que ele agiu errado?

— Os dois agiram. O que não inocenta um nem outro.

— Sabe Alicia, cada dia gosto mais de você.

— Espero poder dizer o mesmo, Noah e a Meghan?

— O que tem ela?

— Você sabe. Não se faça de bobo.

— Não rolou nada, a gente só se beijou. Ela é bonita, e legal, mas ela quer algo sério e eu não. Deixei isso claro pra ela, fim.

— E eu devo supor que você não vai magoar ela?

— Não,  eu não vou.

— Se você machucar ela, eu mato você. E nem me importo que você é homem.

— Haha,  eu mereci essa. Acho justo.

No momento seguinte, estávamos de frente pro palco,  mas Noah não estava mais ali.

— Ele tem o costume de sumir. Geralmente é pra pegar mulher, mas dessa vez, imagino que esteja conversando com o Fernando.

— Espero que ele fique bem.

— O Noah?

— Não,  o Fernando.

— Também espero.

James sobe no palco e pega seu violão.  A presença de palco dele é inegável,  não tem uma pessoa naquele lugar que não esteja prestando atenção nele.

— Senhoras e senhores. É hora de fazer música de verdade. — Diz ele no microfone, e a plateia vibra.

Eu sinto algo errado, a voz do James está alterada. Eu sei que só tem cerveja aqui, então começo a me perguntar quanta cerveja ele pode ter tomado do momento que encontramos ele, até agora, eu sinto que não vai acabar bem de algum jeito.  Me pergunto, quão ruim vai ser.

James começa a cantar a primeira música, e mesmo bêbado ele canta extremamente bem. Eu e Bryan estamos abraçados ouvindo ele cantar, com nossos amigos a nossa volta. É uma cena linda, ou era pra ser, se eu não estivesse tão apreensiva.

James varia entre músicas nacionais e internacionais, cazuza, Nirvana, legião urbana, tudo soa muito bem em sua voz rouca.  Não há dúvidas sobre o quanto ele canta bem.

Quando ele canta "And i love her" a primeira música que ele cantou pra mim, eu sinto que algo está por vir, e antes mesmo que aconteça, eu sei que não vou gostar.

No momento em que ele diz que o nome da próxima música é "Cinza" e é uma composição dele, eu sinto vontade de ir embora, apesar da plateia ir ao delírio e adorar a música,  que está muito mais finalizada que quando ele cantou ela pra mim.

— A próxima música,  é a última que vou cantar. — Ele diz.

Eu já sei que música é antes mesmo que ele comece,  mas, de qualquer forma, ele não começa.

— Antes de eu cantar essa música, eu queria falar algumas palavras. — Ele diz, e sua voz soa completamente embriagada. Nem sei como ele conseguiu cantar tão bem até agora.

— Eu quero oferecer essa música pra alguém. Ela sabe que é pra ela, porque já ofereci essa música pra ela antes. Ela tá aqui com o namorado,  mas isso é irrelevante.  Eu sei que você lembra que eu disse que te amo, como eu me lembro do quanto você queria dar pra mim, haha. — Eu começo a tremer, estou morrendo de raiva.

— Eu quero que você se lembre do quanto implorou pra que eu te beijasse, e quero que pense se esse cara que você está te faz sentir assim. Não me importa nem que fulano venha dizer que você não sente nada por mim, eu sei que é mentira. Sei que se eu toco em você, você esquece esse cara em dois tempos.

— Se você duvida carinha que esta com ela, é só olhar na mochila dela, lá tem uma camisinha, eu dei pra ela e pedi pra ela guardar pra usar comigo. Tenho certeza que ainda está lá. E pra você minha querida, eu quero dizer, que só estava passando tempo, aquela cena que você viu, não representou nada pra mim. E eu ainda tenho 3 perguntas pra você.

Depois disso James começa a cantar "The scientist" como eu imaginei, eu estou tremendo, tamanha é minha raiva. Estou tão mal, que nem consigo olhar para trás quando sinto Bryan se afastando de mim.

Meu peito dói, minha respiração fica rasa e superficial, e eu sinto meu coração batendo mais rápido que deveria. Não sei quanto tempo passa.

Até que de repente, alguém sobe no palco e da um soco forte na cara do James. A princípio eu imagino ser Fernando,  ou até mesmo o Bryan.  O choque de verdade vem, quando eu percebo que é o Noah.

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