Capítulo 18
Eu leio a mensagem três vezes, pra ter certeza que li certo. Mas o conteúdo continua sendo o mesmo todas as vezes. Não quero acreditar que ele quer dizer o que eu acho que quer, então mando uma mensagem perguntando.
Alicia: Acabou o que Bryan?
Sinto meus olhos se encherem de lágrimas enquanto espero uma resposta, na esperança de estar enganada, na esperança de que eu não tenha me enganado tão absurdamente com alguém.
Aguardo alguns minutos por uma resposta que não vem, minha vontade é ligar pra ele, é mandar milhões de mensagens questionando o que ele quis dizer com acabou e exigindo uma resposta, mas não faço nada disso, faço o que qualquer pessoa sensata faria, vou até a cozinha procurar por chocolate.
Volto ao quarto com uma deliciosa barra de chocolate ao leite como companhia, e quando eu fecho minha porta eu finalmente ouço meu celular tocando, "Bryan" o visor acusa, meu coração que já estava disparado vai a mil por hora, e por um momento eu penso em não atender, só pra não ouvir o que eu acho que ele tem a dizer, mas quem eu quero enganar? Claro que eu acabo atendendo o telefone.
— Alô.
— Oi... Alicia né? — A voz do outro lado da linha não parece em nada com a do Bryan.
— Quem tá falando?
— É o Noah.
— Eu não conheço nenhum Noah.
— Sou amigo do Bryan.
— Ok, e porque você tá me ligando?
— Porque o Bryan pediu.
— E porque o Bryan pediu pra você me ligar? Porque ele mesmo não ligou? — Eu falo ríspida
— Por que ele acha que eu preciso pedir desculpa.
— E porque você teria que me pedir desculpas? — Pergunto já impaciente, qual é, ele não pode só dizer de uma vez quem é e porque tá ligando?
— Pela mensagem que eu mandei.
— Que mensagem? — Minha mão fica trêmula, tenho medo de ter falsas esperanças.
— O Bryan tava dirigindo e pediu pra eu te avisar que o treino tinha acabado que você devia estar preocupada. Aí eu mandei que acabou, mas não disse que foi o treino, como uma piada sabe... Podemos dizer que o Bryan não viu graça na piada e que tá me olhando com uma cara de quem está puto.
— Piada? Como assim piada? Porque você faria uma coisa dessas? — Eu estou indignada, quem esse menino pensa que é?
— Ah, sei lá... Achei que ia ser divertido, não achei que vocês iam agir tão.... — Ele bufa e não fala mais nada.
— Nossa, você tem sorte de eu não poder socar a mão na sua cara. Isso não tem graça.
— Olha, pode ficar tranquila quanto a isso que o Bryan já fez tudo o que você pode pensar, me xingou, me bateu, enfim... Por isso tô pedindo desculpas, você me desculpa? Desculpa né. — Ele afasta a boca do telefone por um momento — Viu Bryan ela me desculpou.
— Que? Mas eu... Não...
— Só fala pra ele que me desculpou ok, preciso ir pra casa colocar um gelo na cara pra não inchar, a mulherada não vai gostar se o cara mais bonito do time aparecer com a cara inchada. Falou Alicia, até amanhã.
Eu fico sem entender direito o que foi que aconteceu, até que o Bryan pega o telefone e fala em voz baixa.
— Oi, você tá bem?
— Seu amigo... Ele é maluco. O que foi isso?
— Desculpa por ele, juro que ele não é tão ruim quanto parece, apesar de que as vezes... Nossa, eu fiquei tão puto. — Ele para de falar e solta um suspiro, alguns segundos se passam antes que ele fale novamente. — Eu achei que você não ia querer falar nunca mais comigo.
— E eu achei que você tinha me usado pra me levar pra cama e agora que já levou ia só, sabe, desaparecer do mapa.
— Você acha que eu faria algo assim? Eu não sou esse tipo de cara Alicia. Você pode perguntar pra quem quiser. — A voz do Bryan soa firme mas decepcionada.
— Eu perguntei... Perguntei pra algumas pessoas sobre você, quando a gente se conheceu.
— E o que disseram?
— Ninguém sabia nenhum podre ao seu respeito, o máximo que disseram é que você tinha... Sabe... Uma mão boba...
— Haha, não vou dizer que é mentira Alicia, e também não vou dizer que sou um santo, mas eu não sou um babaca, se eu quisesse só te comer e te usar eu tinha feito isso no primeiro dia que eu fui pra tua casa. Eu realmente gosto de você Alicia, não vou fazer algo que possa estragar isso.
— Eu sei que você não é um babaca, eu só tava com medo, de estar errada sobre isso.
— Olha, não precisa se justificar pra mim, eu entendo, de verdade, eu provavelmente pensaria o mesmo.
— Que eu tinha só te usado pra te levar pra cama?
— Sim, afinal foi você que chegou atacando meu corpo logo no primeiro dia.
— Eu não ataquei seu corpo.
— Atacou sim, porque eu sou tão irresistível que deixei você louca por mim.
— Você está invertendo as coisas, eu que sou irresistível e você que está louco por mim.
— Talvez eu esteja mesmo um pouquinho louco por você. Mas agora eu preciso ir minha gatinha.
— Você precisa de uma boa noite de sono pra jogar bem amanhã e essas coisas?!
— Não, eu preciso que a noite passe logo pra eu poder ver você. Jogar bem eu vou de qualquer jeito.
— Nossa, você é muito convencido.
— Haha, isso com certeza é impressão sua. Boa noite amor, até amanhã.
— Boa noite Bryan.
Encerro a ligação aliviada, hoje foi um dia de muitas emoções, sem dúvidas.
Ⅱ ▶ ———————————•———— ↺
Acordo mais tarde que o normal, com o corpo levemente dolorido. Tomo um bom banho, coloco um short jeans e uma camiseta, que eu espero ser um bom look pra uma partida de futebol, e só torço pra ser uma roupa adequada pra jantar depois. Faço uma maquiagem e arrumo o cabelo, até sentir que estou perfeita, e vou pra cozinha enquanto confiro o celular.
Bryan: Bom dia princesa, que horas posso passar aí?
Alicia: Bom dia, vou tomar café agora, mas já estou pronta.
Bryan: Ok, estou indo aí então. Tudo bem?
Alicia: Ótimo, vou estar te esperando, ou não, depende do quanto eu demorar com o café. Haha
Já são quase 11 horas, então decido comer algo leve, ou seja, nada de sanduíche pra mim. Decido por um copo de suco e algumas bolachinhas sem recheio.
— Olha só. Que milagre é esse?
— Acordei tarde, se eu comer um sanduíche eu não almoço. — Eu digo, porque eu nem preciso perguntar do que minha mãe está falando pra entender.
— Me lembre de agradecer o Bryan de novo depois, mesmo assim. Que horas você vai?
— Porque? Por acaso está esperando alguém dona Valéria?
— Talvez.
Olho pra minha mãe com os olhos arregalados, eu não esperava por essa.
— Imagino que não seja a mãe da Brie.
— Não, não é. Mas também não é nada sério, só alguém que eu quero conhecer melhor.
— Interessante, se lembre só de usar camisinha, e não fazer muito barulho. — Eu digo na hora exata que o interfone toca e eu corro pra atender.
O porteiro avisa que o Bryan já chegou, então pego uma bolsa com chaves, documento, cartão e qualquer outra coisa que eu possa precisar. Dou um beijo na minha mãe que parece ainda estar embasbacada com o que eu disse e saio correndo.
Quando saio do prédio logo reconheço o mesmo carro que Bryan usou pra ir pra escola no outro dia, então entro e me sento no banco do carona.
— Oi, que bom ver você. — Eu digo, e dou um beijo rápido nele, só um selinho bem inocente, ele está de bermuda e regata, e com o cabelo molhado de quem acabou de sair do banho.
— Oi, é ótimo ver você também. Está bem? Nervosa?
— Um pouco nervosa, nunca conheci uma sogra antes.
— Você não disse que nunca namorou?
— Sim, imagino que seja por isso que eu nunca conheci uma antes.
— Faz sentido, haha. Minha mãe é bem tranquila, ela vai amar você, tenho certeza.
— Espero que você esteja certo.
Bryan dirige por um tempo, a casa dele é bem mais longe do que eu esperava. Quase meia hora de carro. Ele tenta puxar assunto e conversar enquanto estamos no carro, mas cada minuto que passa eu me sinto mais nervosa, e se a mulher me odiar? Será que ele terminaria comigo por isso?
Chega um ponto que eu mal escuto o que ele fala. Eu só vou concordando automaticamente. Até que o carro finalmente para e eu olho pra ele.
— Você acabou de me dizer que mata coelhinhos por prazer, espero que isso signifique que está nervosa e não que eu me apaixonei por uma psicopata.
— Eu estou nervosa, desculpa.
— Não se desculpe não, estou aliviado. Agora vem cá, vai ficar tudo bem, eu garanto que ela vai amar você.
— E se ela me odiar?
— Isso é impossível Alicia.
— Você não sabe o que está dizendo, muita gente me odeia.
— Eu sei sim, minha mãe não vai odiar você, porque ela me ama, e ela sabe que eu amo você, você faz bem pra mim e ela vê isso, ela já te ama sem nem te conhecer.
— O que você disse?
— Que ela te ama sem nem te conhecer.
— Antes disso.
— Que minha mãe não vai te odiar porque ela me ama.
— Depois disso.
— Não me faça repetir Alicia, você sabe muito bem o que eu disse. — Ele diz com o rosto incrivelmente vermelho.
Eu tiro o cinto de segurança e me aproximo dele, cubro seus lábios com os meus e agarro sua nuca com minhas mãos.
Sinto o cabelo dele nos meus dedos, a boca dele na minha e nossas línguas se enroscando, é um beijo apaixonado, envolvente. Leva poucos segundos até que Bryan me agarre com seus braços fortes, e me beije ainda mais intensamente. Me perco em sua sensação por um momento, como pode alguém ter beijos tão embriagantes?
Quando começamos a perder o fôlego eu me afasto, respiro fundo pra recobrar os sentidos e olho no fundo dos seus belos olhos cor de grama, um verde que é quase marrom.
— Eu também te amo Bryan.
— Ainda bem. — Respondeu ele com o rosto ainda vermelho de vergonha, e um sorrisinho aliviado nos lábios. — Vamos?
— Precisamos mesmo? Não podemos ficar aqui? Nos beijando.
— É uma proposta tentadora mas não, agora vem. — diz ele e da uma risada — Para de ser medrosa.
— Eu não sou medrosa. — Digo depois de sair do carro atrás dele.
— Eu sei que não, e é por isso que você não está tremendo de medo de conhecer minha mãe né?!
— Exato. — Eu digo e pego a mão dele, enquanto nos dirigimos a entrada da sua casa.
Paramos em frente sua porta, meu coração ainda acelerado devido ao nervoso e minhas mãos levemente trêmulas. Ele abre a porta e uma mulher gordinha vários centímetros mais baixa que eu aparece no meu campo de visão. Ela é quase uma versão feminina e mais velha do Bryan, e está com um sorriso radiante nos lábios pintados com um batom vermelho que combina com seu cabelo.
— Oi, você deve ser a Alicia. — fala ela enquanto vem até mim.
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