Capítulo 26 - Parte I

POR CLARA

Depois que sai do restaurante, cheguei em casa e chorei tanto, que senti que meu corpo se secava. Ver a Léo assim tão perto, foi como levar um tapa na cara. Deus como ele estava lindo! E o seu olhar, suplicando por uma explicação... eu não podia fazer isso com ele, não agora. Minha vontade era de beijá-lo, abraça-lo e não o soltar mais. Mas eu não posso. Não enquanto esse verme continuar solto.

Ando com seguranças vinte e quatro horas por dia, eles estão disfarçados, à paisana, quem os vê, pensa que são pessoas "normais", mas eu sei que estão me protegendo dele.

-Voltou cedo meu bem... -Mamãe me abraça apertado enquanto pergunta. Ela faz isso desde o momento em que sai do hospital. Quando eu disse a ela que diga aquelas coisas a Léo, ela não gostou nadinha, mas depois que expliquei o motivo, ela entendeu minhas razões. Ela não me deixa sozinha por um segundo sequer, e isso as vezes me tira do sério. Como se eu fosse fazer alguma loucura!

-Sim... perdi a fome e resolvi voltar. -Minto porque não quero lembrar daquela expressão triste de Léo.

-Hum... -Se ela percebeu que estava mentindo, não fez nem questão de insistir, pois ela sabe que nos últimos meses eu sou apenas uma fração do que era antes. -Se ficar com fome me avisa que eu preparo algo para você, tudo bem?

-Ok. -Respondo simplesmente e subo para o meu quarto sem dizer nada. Odeio o fato de que eles cancelaram a data do casamento, para que mamãe pudesse ficar me "cuidando". Josué diz que não liga, que ele também se preocupa comigo, mas eu sei que lá no fundo, ele está chateado por não poder colocar uma aliança no dedo da mulher que ama, de uma vez.

Mas eu vou resolver isso, só preciso que ele esteja preso.

Daqui duas semanas é a entrevista com Rita e eu não sei como vou conseguir ficar cara a cara com Léo e fingir que ainda não quero nada com ele.

-Filha, está tudo bem? -Mamãe coloca apenas a cabeça para dentro do quarto. Ela também faz muito isso, desde que perdi... desde o acidente.

-Estou bem, mãe, só estou cansada. -Mentir já está ficando fácil para mim a essa altura.

Ela me olha desconfiada, entra e me abraça -mais uma vez-, beija a minha testa e diz que vai ficar tudo bem. Novamente.

-Amiga, se acalma ou você vai ter um infarto! -Priscila esfrega os meus braços enquanto a maquiadora termina minha maquiagem.

-Eu sei, é que estou muito nervosa! E se ele não vier? Ou pior, e se ele vier? -Minha amiga cai na risada enquanto a mulher com o pincel de sombras balança a cabeça tentando se segurar para não se juntar a ela.

-Clara, quando tudo isso acabar, ele vai entender seus motivos, acredite em mim. Ele ainda te ama, posso sentir.

-Como você sabe disso, se nem tem contato com ele e... espera um momento! Você conversa com Léo? -Me incorporo na cadeira e a maquiadora briga comigo dizendo que vou estragar o seu trabalho. Priscila fica vermelha no mesmo instante, me dando a resposta que precisava.

-Na verdade não converso não... mas conversei algumas vezes com.... você sabe, o moicano man. -Tampa o rosto com as duas mãos e sou obrigada a rir.

-O que ele te disse? E vocês estão saindo? -A encho de perguntas e ela vai arregalando mais os olhos na medida que as palavras vão saindo da minha boca.

-Eu não posso te dizer, mas te garanto que Léo não partiu pra outra. E não, não estamos saindo, somos apenas, amigos.

-Oh vamos Pri, você está de que lado afinal? -Provoco e ela levanta uma sobrancelha para mim.

-Estou do lado do amor, amiga. Estou do lado do amor. -Dito isso, sai quase correndo do camarim, provavelmente escapando do meu interrogatório.

Agora que não tenho ninguém para conversar comigo, fico calada enquanto a maquiadora termina o seu trabalho e passamos para o cabelereiro. Essa é a parte mais demorada. Por isso tive que vir quase três horas mais cedo. Respirei fundo quando desci do carro e me certifiquei de que Léo ainda não havia chegado. Josué me escoltou até o camarim e garantiu que me avisaria quando ele chegasse. Só que até agora ele não disse nada. Será que ele vem? Merda!

-Ai! -Exclamo quando meu cabelo é puxado com um pouquinho mais de força do que o necessário.

-Desculpa meu anjo, foi sem querer. -O homem com a chapinha detrás de mim diz, mas posso ver que ele não se arrepende nem um pouquinho.

-Tudo bem, só por favor, não faça isso de novo. -Digo um pouco ríspida, não queria soar grosseira, mas ultimamente minha cabeça dói tanto que meu couro cabeludo ficou sensível.

-Você merece por ter terminado com o gato do Léo. -Resmunga e eu arregalo meus olhos espantada.

-Olha, você não sabe da missa a metade, e como diabos sabe que terminei com ele? -Agora a raiva começa a subir pelo meu peito.

-Querida, metade do país sabe disso! Além do mais, Léo quase não sai mais, não o vimos com ninguém e aquela cena no restaurante foi filmada, fotografada e muito comentada. -Mas que droga!

Balanço a cabeça e decido não dizer nada mais. Eu sabia que alguém não perderia a oportunidade de filmar Léo Moura sendo "chutado" por Maria Clara Diniz.

Terminamos o penteado calados, eu pensando em como minha vida deu esse giro de trezentos e sessenta graus e o cabelereiro pensando certamente em "mil maneiras de me deixar careca" por terminar com o "gato do Léo".

-Cinco minutos pessoal! -O diretor grita do lado de fora do camarim e meu coração começa a acelerar nesse mesmo segundo.

Priscila passa como um furacão pela porta e começa a dizer que vai ficar tudo bem, que eu não preciso me preocupar, que estou linda, que vou me sair super bem na entrevista e mais um monte de coisas que não consigo entender.

-Amiga, se acalma pelo amor de Deus! -A seguro pelos ombros e ela fecha a boca na hora. Me dá um abraço e me empurra para o estúdio, ficando detrás das câmaras.

Respiro fundo e caminho até o lugar indicado para que me sente. Me surpreendo ao ver a poltrona que Léo deveria ocupar, vazia.

Meu nervosismo aumenta pensando que ele não virá.

-Boa tarde Rita, como você está? -A cumprimento mais por educação do que por querer realmente saber sobre a sua vida.

-Estou bem, querida, obrigada. E você? -A curiosidade dela é genuína, pelo visto todos ficaram sabendo do meu incidente.

-Estou muito bem obri... -começo a falar, mas minha garganta fica seca ao ver Léo entrando no camarim e se sentando sem dizer uma só palavra. Rita fica calada também por alguns segundos para ver se ele vai dizer alguma coisa, mas nada. Ele continua calado. E não dirige o olhar para mim, me fazendo sentir a pior pessoa do mundo.

-Bom, já temos que começar com o programa... -A mulher diz completamente desconfortável e por um instante fico feliz por fazer com que ela se sinta assim, agora ela está provando do próprio veneno.

Ambos balançamos a cabeça e o diretor dá o sinal de que estamos entrando ao ar.

-Bom dia país! Bom dia mundo! Estamos hoje começando mais um programa com dois dos artistas do momento! Vocês sabem muito bem que a alguns meses atrás fizemos uma aposta e hoje eles vieram exclusivamente para nos contar como foi, se conseguiram cumprir tudo e principalmente para nos dizer como foi essa experiência... -Ela diz a introdução, mas não consigo fazer outra coisa, senão olhar para Léo. Ele olha para Rita e não move a cabeça nem por um segundo sequer. Está claramente me evitando.

A mulher continua falando por mais alguns minutos, mas minha mente está completamente nublada com a imagem dele ali a poucos metros de distância. Está lindo com uma calça preta, tênis preto e uma blusa azul marinho. Para completar, seu cabelo até o pescoço, está completamente despenteado, mas de uma maneira organizada. Esse garoto sabe ser lindo!

-...Então o que acharam dessa experiência maravilhosa de compor uma música juntos? -O olhar da mulher paira sobre mim e sou obrigada a desviar minha atenção.

-E-eu... o que você disse? -Pergunto porque sinceramente não escutei nada do que ela falou.

Rita solta uma risadinha sincera e repete a pergunta de uma maneira mais lenta, e Léo antes mesmo de que eu comece a responder, abre a boca e começa a falar.

-Foi... interessante, Rita. Tivemos momentos em que não podíamos ver um ao outro, mas no final das contas, somos dois profissionais, e foi isso que fizemos, criamos a letra da música, e só.

A frieza na sua voz me faz arrepiar. Para ele foi só isso? Algo puramente profissional?

Desse momento adiante, respondo todas as perguntas no automático, sem colocar muita atenção ao que estou dizendo e Rita como a cobra que é adora isso, me fazendo perguntas totalmente desnecessárias. Mas eu não ligo, só consigo pensar na resposta de Léo.

Quase duas horas se passam, respondemos perguntas de fãs, e da Rita, anunciamos nossas turnês, aproveito para anunciar a nova data do show beneficente para animais abandonados e várias outras coisas, até que finalmente o programa acaba e somos liberados.

Saio quase correndo do cenário e vou direto para o camarim, sem nem me despedir de Rita e muito menos de Léo.

Me encosto na porta e lágrimas começam a descer pela minha bochecha como uma enxurrada da qual não tenho nenhum controle.

Porque ele foi tão frio hoje? Eu sei que eu não mereço que ele me trate de outra forma, mas Deus como dói.

Me sento no pequeno sofá de couro e começo a limpar minha maquiagem que a esse ponto deve estar horrível.

As lágrimas continuam caindo, mesmo depois de alguns minutos e tenho que me segurar se quiser sair daqui com a cabeça erguida.

Alguns minutos depois de puro silêncio, umas batidas na porta chamam minha atenção.

-Quem é? -Pergunto desconfiada.

-Sou eu amiga, pode abrir por favor? -Priscila diz do outro lado e me caminho lentamente até a porta, abrindo o trinco e voltando a sentar no sofá esperando que ela entre.

Mas para a minha surpresa, quem passa pela porta, não parece nem um pouco com a minha amiga.

-O-o que... m-mas... -Não consigo dizer nada coerente porque o olhar que Léo me lança é tão intenso que de repente esqueci completamente de como se fala.

-Já chega Clara, você vai me dizer que porra está fazendo, e porque não quer estar comigo. -Sua voz sai baixa, sem raiva, apenas mágoa.

-Léo, eu não posso me desculpa, preciso ir... -Tento passar por ele para escapar, mas ele me segura pelo braço e me leva até o sofá. Vejo que ele vai até a porta e a tranca, um sinal obvio de que não vou sair daqui tão cedo.

-Clara, eu conversei com Beto, ele me contou tudo, sobre o seu pai. -Ele rosna e fico com vontade de dar uns tapas em Beto, por fofoqueiro.

-Léo, se ele te contou, você sabe porque não posso voltar com você agora. Ele ainda está solto, eu não quero que nada aconteça com você, eu não suportaria perder outra pessoa... -Solto sem querer e meus olhos se arregalam.

-Que história é essa de perder outra pessoa, Clara? Você tem alguém e não me contou? É por isso essa história toda, você inventou isso para não me machucar? Porque se for assim, não está funcionando... -Seu olhar triste quase me derruba.

-Léo, não é isso, eu não estou com ninguém... -Não consigo contar a ele, não desse jeito. Só de pensar novamente no nosso bebê, meus olhos se enchem de lágrimas. -Olha, que tal se nos encontrarmos outro dia, e eu prometo que te explico tudo, só por favor, hoje não...

-Não! Eu não vou esperar mais um segundo sequer Clara, porque sei que a partir do momento em que você passar por aquela porta, você vai sumir de novo! Me diz agora o que está acontecendo! -Exige e eu começo a ficar ainda mais nervosa.

-Por favor... -Suplico e ele se aproxima mais de mim.

-Me diz o que está acontecendo Clara. -Sua voz autoritária me tira de órbita.

-Eu perdi nosso bebê, e aquele verme está solto, não posso correr o risco dele te encontrar e fazer algo com você também! Você entende isso? Naquele dia ele me ameaçou, disse que se eu não me comportasse você iria pagar caro, eu não me perdoaria se algo acontecesse com você... -Me jogo no sofá, derramando novamente lágrimas, quando pensei que não seria mais possível.

Léo se aproxima de mim e tira delicadamente minhas mãos do meu rosto.

-Porque você não me contou antes? -Sua voz sai baixa, um sussurro que apenas posso escutar.

-Eu ia te contar naquele dia, estava com os exames na mão, mas aí... tudo aconteceu...

-E-eu... eu não sabia Clara... -Uma lágrima escapa pelo seu olho e eu levanto minha mão para limpá-la, mas desisto no meio do caminho. -Eu sinto muito... por tudo... merda! -Soca o braço do sofá me fazendo dar um pulinho de susto. Léo se levanta e caminha pelo pequeno camarim passando as mãos pelo cabelo e rosto. -Foi tudo culpa minha! Eu sou um idiota! Se não tivesse te mandado ir embora, nada disso teria acontecido, se eu ao menos tivesse te dado a oportunidade de se explicar!

Me levanto rapidamente e paro do seu lado.

-Léo, você não tem culpa de nada, aquele homem ia me encontrar de qualquer jeito, naquele dia ou no dia seguinte, ele me seguiu por todos esses meses, aquelas cartas e ligações... ele planejou tudo friamente e naquele dia, as coisas só ficaram mais fáceis para ele...

-Não Clara, foi minha culpa... -Ele soluça e o abraço o consolando.

-Léo, por vários dias eu também me culpei, mas depois entendi que o único culpado foi ele. Por favor, não faça isso com você... não faça isso comigo.

-Clara, eu não aguento mais ficar longe de você, eu te amo porra... eu te amo tanto que dói... cada dia que passa é como um dia cinza sem você, eu preciso que você volte para mim, por favor...

Nesse momento sinto que vou desmaiar. Léo está dizendo que me ama. Ele me ama? Depois de tudo que o fiz passar?

-Por favor, diz alguma coisa Clara... -Sussurra.

-E-eu não posso, me desculpa. Não agora...

Me desvencilho do seu corpo e o deixo sozinho no camarim com um olhar magoado e com ele meu coração despedaçado.

NOTA DO AUTOR

Meus amoresssss Rockstar está chegando na reta final... eu sei é de quebrar o coração, mas fazer o que né? É a vida... de tarde postarei a segunda parte do capitulo, que seria o ultimo ai teríamos apenas o epilogo aaaaaaaaaaaahhhh meu Deus... estou chorando...

Foi muito lindo escrever cada capitulo e pensar principalmente se vocês iam gostar ou não... por favor, não se esqueçam de votar e comentar, é muito importante para mim, porque assim sei se realmente estou escrevendo algo aceitável... kkkk

Quero que saibam que cada capitulo foi escrito com carinho e dedicação para vocês, e fico muito agradecida por saber que gostaram tanto ao ponto de chegar até aqui.

Amo voceeeeeeeesss

Bjinhoooos BF 💖💖

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