Forty-Seven / LOREN
Duas horas para o ano novo e estou deitada na cama, olhando o céu e os pequenos fogos que são soltos pelos apressados que não conseguem esperar meia-noite.
Meus amigos provavelmente estão em alguma das milhares de festas que eles me convidaram para ir, porém eu recusei todas. Minh vontade de comemorar alguma coisa está negativa.
— Filha, eu já estou indo — A voz da minha mãe me tirou dos meus devaneios.
Apenas assenti, sabia que qualquer coisa que eu falasse não ia mudar nada, ela iria sair com o seu novo namorado de qualquer jeito.
— Não fica assim, meu amor — Ela veio até a janela que eu estava — Você sabe que não é um namorado que vai mudar o amor que eu sinto por você.
— O namorado é o menor dos problemas — Eu olhei para ela — O que mais me machuca, é saber que eu voltei tem quase dois meses e você nem ligou. Quando eu cheguei e encontrei a casa vazia, eu e liguei e quem atendeu foi a sua secretária, falando que você estava em uma viagem de negócios, ela falou que ia mandar o recado para você e você nem retornou a ligação.
— Filha, você acha que eu não sei quem veio te pegar? Por isso não me preocupei, era aquele seu amigo de West Falls.
— Mas mãe, eu passei dois anos fora. Dois anos. Qualquer mãe se preocuparia.
Antes que ela tivesse a chance responder alguma coisa, ouvimos o som de uma buzina, provavelmente era o seu namorado.
— Vai lá, o homem da sua vida chegou.
— Filha... — Eu a olhei — Eu te amo, não se esqueça disso.
— Eu também de amo, mãe. Feliz ano novo.
(...)
A campainha tocou, o que me fez soltar um pequeno grito. Quem visita alguém uma hora antes da virada do ano e nem se dá ao trabalho de avisar antes?
Andei devagar até a porta e tentei olhar pelo olho mágico, não deu muito certo, já que estava de noite e não havia nenhuma luz iluminando o lugar.
Respirei fundo e abri um pouco da porta, dando de cara com um Hayes inquieto, ele estava andando de um lado para o outro e respirava fundo, tentando se acalmar. Suspirei e abri a porta, fazendo ele se assustar.
— O que você está fazendo aqui?
— Não posso mais te ver?
— Existe chamada por vídeo, conhece? — Ironizei.
— Posso entrar? Está frio aqui fora.
Revirei os olhos e abri passagem para ele. Fechei a porta e o encarei, esperando alguma explicação aceitável pra ele estar aqui na minha casa essa hora da noite.
— E então..?
— Ah sim... Eu só estava com saudade de você.
Arregalei os olhos e senti minhas bochechas ganharem uma tonalidade rosada. Eu sabia que Lucy havia terminado com ele a três dias e quando eu penso que agora eu não tenho mais desculpa para não ficar com o Hayes me assusta.
— Hayes, é quase ano novo e você vem aqui em casa para me falar que estava com saudade?
— Na verdade, eu não vim só para isso — Ele coçou a nuca — Eu queria saber se você não quer passar o ano novo comigo.
Eu paralisei. Meu coração começou a bater em uma velocidade que ele não batia a muito tempo e eu comecei a piscar freneticamente, tentando me convencer de que aquilo não era uma ilusão ou algum tipo de sonho lúcido.
— V-você quer que eu soasse a virada do ano com você? — Eu gaguejei e ele sorriu assentindo — Tenho que trocar de roupa?
Eu estava com uma calça legging, uma blusa com mangas longas que ia até o meio das minhas coxas e uma bota de cano curto. O frio esse ano estava pior do que qualquer outra coisa.
— Não, você fica bonita de qualquer jeito — Ele disse com um pequeno sorriso no rosto — Vamos?
Ele estendeu a mão e eu a segurei, sentindo todos os sentimentos de dois anos atrás voltando à tona.
Tranquei a porta e me virei para a rua, dando de cara com a moto do Hayes, senti um arrepiei subir pela a minha espinha e, automaticamente, me encolhi.
— Não vai me dizer que você tem medo de moto?
— Não é medo, é só que eu não confio em nada que não fique em pé parada.
— Mas moto fica em pé parada, não está vendo? — Ele apontou para a moto.
— Vai se foder — Eu ri e fui em direção a moto, me sentando mais atrás — Agora vamos logo antes que eu mude de ideia.
(...)
Eu ainda não havia me acostumado com a beleza de Los Angeles, principalmente tendo a visão do letreiro de Hollywood.
— Não acredito que você vem sempre aqui.
— Por que não? — Ele disse enquanto coloca uma mochila no chão.
— Porque é proibido entrar aqui — Eu respondi óbvia.
Ele deu de ombros e abriu a mochila, puxando alguns papéis brancos e pretos de lá. O que ele está aprontando?
— Pra que isso tudo?
— Uma aposta com o Nate — Ele sorriu malicioso.
— Que tipo de aposta?
— Ele quer que eu dê uma rebocada no letreiro — Ele riu sozinho, mas começou a me explicar quando viu a minha cara de dúvida — Ele quer que eu mude a palavra de "Hollywood" para "Hollyweed".
Eu comecei a rir loucamente. É bem a cara do Nate fazer essas coisas e pra ele é muito bom outra pessoa fazer isso, já que não corre risco dele ser pego.
— Você vai me ajudar?
— Não precisava nem pedir.
Peguei o papel branco e escalei o primeiro "O", tentando ao máximo jao cair daquele negócio, se isso acontecesse, eu iria quebrar alguma coisa e eu definitivamente não quero isso. Desci e me certifiquei de que tinha colocado o papel no lugar certo, depois, fiz a mesma coisa com o outro "O".
— Agora tem que colocar o papel preto — Hayes disse.
— Acho que vou ter que escalar de novo — Eu suspirei e ele assentiu.
Escalei e colei os papéis, tentando ao máximo não cair, o plano estava indo perfeitamente bem até eu cair do último "O". Fechei os olhos e esperei a dor de ter quebrado alguma coisa, em vez disso, senti dois braços me segurarem.
— Te peguei — Hayes disse com um sorriso divertido o rosto.
— Obrigada — Desci do seu colo — Você trouxe comida, certo?
— Você acabou de comer na sua casa.
— Também acabei de escalar o letreiro — Pisquei para ele.
Abri a mochila e achei muita comida e refrigerante, ainda bem que não tem nanda alcoólico, não seria muito bom ele ficar bêbado. Peguei uma lata de refrigerante e me sentei no chão e observei Hayes arrumar a bagunça que eu havia feito para achar as bebidas. Quando ele acabou, olhou para mim e abriu um sorriso, me deixando sem graça por ter sido pega. Ele veio até mim e se sentou do meu lado, passando o braços pelos meus ombros.
— Sabe o que dizem sobre a noite de ano novo? — Eu neguei — Que ela define como vai ser o próximo ano.
Antes que eu pudesse responder alguma coisa, começou a queima dos fogos e eu senti duas mãos me puxando e lábios sendo pressionados contra os meus.
Ele me beijou.
Ele está me beijando.
Eu não tô bem.
Foram as únicas coisas que estavam na minha cabeça durante o beijo. Eu estava com saudade desse beijo, mesmo fazendo pouco tempo desde que nos beijamos pela última vez e agora tem uma coisa de diferente: eu não estava com aquele peso. a consciência de ser "a outra". Nos separamos e ele colou nossas testas, ainda com os olhos fechados.
— Feliz ano novo, Loren.
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