Eu estou aqui em Los Angeles faz quase três semanas e em nenhum desses dias fez frio aqui, mas o único dia que eu resolvo sair para ir no mercado comprar doce o que acontece? Isso mesmo, chove o céu inteiro. Não que eu não goste de chuva, pelo contrário, eu amo, mas porra, não podia chover quando eu chegasse em casa? E para piorar tudo, eu vim sem carro e deixei meu celular em casa.

Bufei e comecei a andar em direção a minha casa, resmungando todo tipo de xingamento que eu conhecia, acho que até inventei alguns. Depois de algum tempo andando, eu vi um carro conhecido, o carro do Hayes. Juro que se for o Hayes eu dou três mortais para trás, mentira, não sei fazer isso.

O carro chegou mais perto e graças a Deus, era o Hayes. Ele parou do meu lado e abriu a janela, soltando uma gargalhada ao ver o meu estado.

Benjamin Hayes Grier, você está na minha lista negra.

— Quer ajuda?

— Se eu não te dei um soco até agora por rir de mim, é porque eu quero ajuda.

Ele revirou os olhos e me ajudou com a sacolas enquanto murmurava alguma coisa que eu não entendia, provavelmente estava me xingando.

Entrei no carro e liguei o aquecedor, tentando inutilmente espantar o frio que a chuva causou. Quando Hayes entrou, eu estava tremendo de frio e o mesmo percebeu.

— Pega a minha blusa — Ele disse enquanto aumentava o aquecedor.

Murmurei um obrigada e me enfiei no vão que fica entre os dois bancos, procurando o casaco. Bufei irritada e virei para frente novamente, cruzando os braços e, provavelmente, fazendo um biquinho infantil.

— Não consegui achar o casaco.

Hayes olhou para mim por alguns segundos e soltou uma pequena risada, colocando o braço para trás e pegando o casaco, me entregando o mesmo alguns segundos depois.

— Você não sabe procurar nada — Ele disse em um tom divertido.

Eu apenas me encolhi ainda mais no casaco e assenti, não podendo retrucar nada, pois isso era totalmente verdade.

O silêncio constrangedor voltou e nós ficamos escutado apenas aquele chiado irritante do rádio, já que a chuva estava tão forte que atrapalhava a transmissão de qualquer música.

— Então... Eu vi a foto de você e o Aaron se beijando — Ele desviou o olhar da estrada e olhou para mim, voltando sua atenção para a estrada logo em seguida — Vocês tem alguma coisa?

— Defina alguma coisa.

— Tipo, vocês estão namorando ou então tentando uma amizade colorida? — Ele se remexeu no banco, claramente desconfortável com toda a situação.

— Nós não temos nada, somos só amigos mesmo — Eu comecei — Aaron é muito especial para ter seu coração quebrado por mim.

— Por que você quebraria o coração dele?

— Vamos ser realistas — Eu estava me controlando para não gritar — Todos sabemos que meu coração não pertence ao Aaron, eu amo ele, mas não desse jeito.

Percebi Hayes ficar tenso, seus ombros endureceram e seu maxilar travou, um sinal claro de nervosismo. Ele respirou fundo e estacionou o carro, se virando para mim logo em seguida.

— Loren, você sabe que a minha intenção nunca foi te machucar... — Ele ia falar alguma coisa, mas eu o interrompi.

— Nós realmente vamos ter essa conversa aqui? — Eu perguntei ironicamente — Eu já sou grande o suficiente para entender como as coisas funcionam, Hayes.

— Sim, nós vamos ter essa conversa aqui e agora.

Eu respirei fundo e me virei para ele, encarando o mesmo, desviando meu olhar quase que no mesmo momento. Aqueles olhos azuis me encarando com um misto de preocupação e ansiedade, eu não fui feita para encarar eles sem ter vontade de chorar.

— Olha para mim — Eu neguei — Por favor.

Ergui minha cabeça e olhei para ele, segurando minha vontade de lhe encher de socos ou começar a gritar com ele. Respirei fundo e sorri, o que deve ter parecido mais com uma careta do que com qualquer coisa.

— Eu sei que você nunca quis me machucar — Eu disse com a voz um pouco falha — Você seguiu em frente e eu não tenho o direito de te culpar por isso, mas eu preciso de tempo para superar.

Ele suspirou e assentiu, virando para a frente e girando a chave para ligar o carro, só teve um problema.

O carro não ligou.