I - Adagas de Phoenix

Prólogo

Àquela hora, era pouco frequente encontrar quem quer que fosse na taberna.
O Vlad limpava a bancada vezes sem conta, com um olhar deprimente.
Era um homem idoso, tinha a barba por fazer, e os cabelos grisalhos chegavam-lhe pelos ombros.
Era um homem bondoso, que via sempre a bondade nos outros.
Mas o tempo não o tinha favorecido muito.
- O mesmo de sempre? - Vlad sorriu para a jovem.
- Hoje não Vlad, pode ser um törka por favor.
Os ratos corriam de um lado para o outro, um tanto irrequietos.
Alguns guerreavam entre si por bocados de comida esquecidos no chão.
As portas da frente abrem-se lentamente, com um ligeiro som agudo das dobradiças velhas.
Dois homens entram acompanhados por um rapaz que aparentava não ter mais de 8 anos.
Os olhos deles rodaram por todo o estabelecimento, até que por fim, pararam.
Os homens avançavam lentamente até que pararam à frente da mesa da jovem.
- Dois törkas para esta mesa!-gritou o homem para Vlad.
- Uma beldade destas assim sozinha. Nestes tempos negros, não se pode confiar em ninguém.- começou o homem.
- O que querem? - respondeu a jovem com repugnância.
- Pagamos 15 réis pelos vossos serviços.
- Que tipo de serviços?
- Aqueles que satisfazem o prazer de um homem.
- Vieram ao sítio errado, isto não é uma casa de prostituição - a voz da jovem estava calma - E 15 réis é uma miséria.
- Não temos o dia todo para ficar a discutir o seu preço.
- Eu não estou à venda e se não se importam, a saída é por ali - a jovem apontou para a porta das traseiras.
- Nós começámos por oferecer um preço justo - começou por explicar o homem.
- Mas ao ter recusado, cometeu um grande erro - continuou o outro.
Debaixo da mesa, o homem segurava uma faca, na direção da zona abdominal da jovem.
- Estão aqui as vossas bebidas! - Vlad colocou os törkas em cima da mesa.
-Está tudo bem? - perguntou Vlad à jovem.
Esta sentiu a faca mais próxima de si.
- Claro - mentiu a jovem, com um sorriso contrariado.
Vlad voltou para o balcão,um tanto desconfiado com o sorriso da jovem.
Os homens continuavam a fitar a jovem com olhares ameaçadores.
Após algum tempo, esta deu um último gole no seu törka e deixou em cima da mesa dois réis de prata. Levantou-se lentamente e aproximou-se das escadas da taberna.
-Sigam-me.
Os três indivíduos seguiram a jovem.
Subiram as escadas, que eram um pouco íngremes.
Foram dar a um corredor onde havia várias portas.
A jovem continua a andar, até que para numa porta com o número 423.
A jovem mete a mão no bolso e retira uma chave.
Abre a porta, com um pouco de dificuldade e entra para dentro de um quarto.
Não era muito velho. Tinha as paredes pintadas, cheirava a mofo e não tinhas janelas.
A luz era fraca e a lâmpada falhava várias vezes.
Havia uma cama e vários armários antigos.
-Porque trouxeram o rapaz?- perguntou a jovem num tom bruto.
- Ele já é crescido, e tem de se tornar num homem - O homem leva a mão à cabeça do rapaz e esfrega-lhe o cabelo.
O rapaz estava apavorado, os olhos dele pareciam não ter vida.
-Entrem - falou a jovem.
Os homens e o rapaz entraram no quarto um por um.
O último homem segurou o braço da mulher com força e de dentes cerrados cuspiu as palavras.
- Aí de ti que tentes alguma parvoíce, mulher!
- Se eu fosse fazer algo já teria feito - respondeu a mulher furiosamente enquanto sacudia o braço para tentar escapar ao agarro do homem.
"Estupores" pensou para ela.
Atrás dela, trancou a porta com a chave, e colocou-a outra vez no bolso.
- Quem é o primeiro? - perguntou a mulher suavemente.
- o Rapaz - respondeu o homem num tom de gozo.
O rapaz não se mexia.
-Eu não quero, por favor - disse num tom quase inaudível.
- Queres sim rapaz - disse o homem, empurrando-o para a cama.
- Se não o fizeres, sabes o que te
acontecerá - ameaçou o homem. - o teu pai não irá gostar de ouvir isto.
O rapaz deitou-se lentamente na cama e olhou para a jovem.
A jovem aproximou-se lentamente os lábios do seu ouvido e sussurrou-lhe baixinho:
- Não te levantes.
E num ápice, a jovem retira duas adagas, uma de cada lado da perna, escondidas por baixo do vestido largo que trazia e atira-as.
As adagas voam, rodopiando perfeitamente, até que se cravam nos pescoços dos homens.
Estes gritavam obscenidades enquanto sufocavam no seu próprio sangue.
Os seus gritos de dor começaram a ficar abafados, quando estes caíram no chão inertes.
O rapaz olhava assustado.
A jovem abre a porta com a chave e grita para o rapaz.
- Foge, e não voltes mais! Estás livre!
O Rapaz parecia não ouvir, apenas continuava a fitar os homens mortos no chão do quarto.
A jovem aproxima-se dele e abana-o.
- Foge estás a ouvir, Foge já, ou vais acabar como eles!
O rapaz começa a correr, e sai daquele quarto rapidamente.
A jovem debruça-se sobre os corpos e retira as adagas cuidadosamente.
Com um pano, retira-lhes o sangue até ficarem a reluzir.
Nelas estava um símbolo cravado, uma Phoenix em chamas.

______________________

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top