𝒊𝒊. » THE BLACK DOG

𝟎𝟎𝟐. ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ O CACHORRO PRETO

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" A vida oferece esses momentos de
alegria apesar de tudo. "
ㅡ SALLY ROONEY

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NÓS NOS ANCORAMOS nos objetos. Movemos por lugares, traçando mapas invisíveis, enquanto nossos cérebros desenham rotas tão automáticas que sequer percebemos o quanto dependemos delas. Caminhos recorrentes, diários, como trilhas pisadas vezes demais. Placas que nos orientam. Setas. Símbolos. Mas há algo mais visceral em criar nossos próprios marcos — mais humano, talvez. Mais íntimo. A casa azul que Jocelynn passava toda manhã, desde que entrou para a polícia dois anos atrás. A árvore à beira da estrada que floresceu três vezes desde então. A rua de terra que virou cascalho, o cascalho que cedeu ao asfalto, o asfalto que agora racha, como se a cidade estivesse se fragmentando junto com ela.

Ela conhecia cada ponto de Bludhaven, havia percorrido as estradas da cidade mais vezes do que poderia contar. A maioria dos habitantes eram rostos conhecidos não apenas para Jocelynn Kennedy, mas também para Mirage — seu antigo alter ego, o primeiro, aquele que ela enterrou 2 anos atrás. Mesmo aquelas pessoas que não a conheciam no dia-a-dia, Joss sabia quem eram graças a sua famigerada vida como vigilante. Havia algo terrivelmente íntimo em proteger uma cidade: você se torna parte dela tanto quanto ela se torna parte de você. As pessoas que salvou ainda estavam marcadas em sua mente, eram rostos que não conseguia esquecer nem se quisesse, assim como os espaços em Bludhaven que se tornaram importantes para ela.

A fachada de madeira envelhecida do The Black Dog lhe deu as boas vindas às 19 horas em ponto. Do lado de fora, o letreiro em néon piscava num tom amarelado, projetando sombras tremeluzentes na calçada. Lá dentro, a iluminação baixa criava um contraste quase imediato, com as lâmpadas penduradas em suportes de ferro fundido emanando um brilho âmbar que tornava as paredes e móveis de madeira escura ainda mais acolhedores. O aroma de cerveja artesanal e o som abafado de conversas casuais preenchiam o espaço.

Joss está quase 1 hora atrasada quando abre a porta da frente e o sino acima do batente toca anunciando sua entrada. De longe, ela avistara Margot e Jonah sentados em sua mesa habitual no meio do bar, o que não era nenhuma surpresa. Margot parecia absorta em seu celular, os dedos se movendo com rapidez em uma mensagem enquanto uma garrafa de cerveja, já aberta, descansava esquecida à sua frente. Enquanto os lábios de Jonah se movimentavam, falava algo com Margot que ela casualmente parecia ignorar.

Ao cruzar o salão, os passos abafados pelo carpete gasto, as conversas ao redor se fundiam com a música ambiente, Nickelback tocando nos alto falantes. O chão rangia suavemente sob o peso das botas de Joss, mas ninguém parecia se importar graças aos sons ambientes que preenchiam aquele espaço. Quando finalmente alcançou a mesa, Margot ergueu o olhar primeiros, os cachos desgrenhados emoldurando o rosto que se iluminou com uma expressão de falsa indignação. Ela colocou o celular sobre a mesa com um suspiro teatral, a tela virada para baixo.

Caramba, finalmente — reclamou, um sorriso travesso se insinuando. — Achei que você fosse nos dar um bolo.

— E deixar vocês se divertirem sozinhos? — Joss jogou o casaco sobre a cadeira e deslizou para o assento ao lado da amiga, o cansaço de seu dia escondido sob um sorriso astuto. — Jamais. Sou uma amiga muito melhor do que merecem. Não dispenso vocês por qualquer coisa, só quando há emergências.

Margot soltou um muxoxo, as sobrancelhas levemente franzidas, captando a mensagem que Joss queria passar.

— Ainda está chateada por causa daquela vez? — Margot perguntou, o desafio evidente em seu tom de voz. — Já expliquei que eu tinha um compromisso.

— "Compromissos" têm limites, Margot.

— Dormir com o seu ex não é exatamente um compromisso relevante, Maggie. — Jonah rebateu sem hesitar, arrancando um revirar de olhos e um bufar exasperado da amiga, algo que apenas fez o sorriso de Joss se alargar.

Margot inclinou-se para frente, os dedos tamborilando na borda da mesa, um gesto impaciente que contrastava com seus lábios comprimidos em desgosto.

— Se vamos abrir esse capítulo tenebroso da minha vida de novo, pelo menos me avisem para que eu possa pedir outra cerveja.

— Você tem sorte do arrependimento não matar — comentou Jonah. — Já teríamos enterrado você há muito tempo.

— Você fala como se nunca tivesse feito algo estúpido por impulso — disparou, pegando a garrafa à sua frente e inclinando-a levemente na direção dele antes de tomar um gole exagerado.

— Nunca disse que não — Jonah respondeu com um sorriso enviesado, recostando-se na cadeira. Ele era o tipo de pessoa que parecia confortável em qualquer lugar, mesmo num bar decadente com cheiro de cerveja azeda e lenha molhada. — Mas ao menos eu tenho a decência de não me enganar sobre isso.

Joss observava os dois, o queixo apoiado na mão, um sorriso discreto brincando em seus lábios. Havia uma cadência nesse tipo de interação que a confortava. A forma como Margot e Jonah se provocavam era quase um ritual, uma dança que conheciam bem demais para errar os passos, a familiaridade era um sentimento acolhedor. Era bom, às vezes, estar no meio disso — no meio de algo que não exigia sua máscara de vigilante nem a fachada profissional da policial.

— Vocês dois têm mais energia do que eu posso lidar hoje — Joss interrompeu, passando a mão pelo cabelo bagunçado, colocando alguns fios loiros escuro para trás. A exaustão em sua voz era genuína, mas havia algo mais ali, um peso que ela não mencionaria. Joss não conseguiu retirar Mike Dunn da sua mente o dia todo.

— O que foi? — Margot se inclinou para frente, as sobrancelhas arqueadas em uma mistura de preocupação e curiosidade. Seu olhar tinha aquele tipo de intensidade que fazia com que as pessoas falassem, mas Joss evitou-o como se fosse um laser prestes a queimar sua pele — Dia difícil?

— Algo assim — Joss hesitou, girando a garrafa de cerveja vazia entre os dedos. Não era uma mentira. Só não era a verdade completa.

Ela não queria entrar naquele assunto, não queria que eles soubessem que o conhecia, que fazia parte daquilo, porque perguntas trariam respostas, e respostas trariam lembranças. E ela tinha feito um juramento. Cinco anos era tempo suficiente para apagar qualquer coisa, e era assim que funcionava. Joss era boa em enterrar coisas.

— Não comece com evasivas, Kennedy. — Jonah cruzou os braços sobre a mesa, inclinando-se com um olhar que oscilava entre paternal e impaciente. — Estamos aqui para isso, lembra? Para te distrair, ouvir, ou embebedar. Depende da necessidade.

Margot assentiu, levantando sua garrafa como se estivesse brindando com o ar.

— Ou tudo isso ao mesmo tempo. Sou multitarefa. — Ela sinalizou para o garçom com um movimento da mão, já pedindo mais três garrafas antes que a conversa pudesse escorregar para um território mais sério.

Joss riu, um som breve e baixo. Sentiu os ombros relaxarem um pouco, como se a tensão começasse a escorrer junto com aquele gole de cerveja que ainda nem tinha dado, enquanto observava o garçom depositar as bebidas sobre a mesa e abrir cada uma com um abridor de garrafas.

Outra verdade era que desligar-se do trabalho não vinha fácil. Não era uma questão de vício, mas do peso. As coisas que via, as coisas que precisava lidar, ficavam como resquícios sob sua pele. Algumas noites, sua mente era mais teimosa que o sono.

— Só estou cansada. — Ela aceitou a garrafa que Margot deslizou pela mesa, o vidro frio contra sua palma trazendo um estranho conforto. Deu um gole longo, saboreando a bebida e continuou antes que eles pudessem dizer algo — Mas, já que estão insistindo, vamos com a parte de me embebedar. Eu gosto da ideia.

— Agora estamos falando a mesma língua. — Margot sorriu, um daqueles sorrisos largos que sempre escondiam algo. Joss podia sentir que ela ainda não acreditava completamente, mas pelo menos não pressionaria. Não ainda.

— Só não vá exagerar. Ainda temos trabalho amanhã, Kennedy — Jonah pontuou, sua voz carregada com aquele tom irritantemente responsável, enquanto tomava um gole de sua própria cerveja.

— Excelente ponto — respondeu Joss, soltando um suspiro. Ela sabia que ele tinha razão, mas odiava admiti-lo. — Amanhã vai ser longo.

— Amanhã pode esperar. — Margot interveio antes que a conversa afundasse. Ela ergueu sua garrafa em um brinde improvisado, com a energia de quem apagava incêndios emocionais há anos. — Esta noite é só para beber e esquecer que o amanhã existe. Certo?

— E qual vai ser o motivo do brinde? — Jonah perguntou, arqueando uma única sobrancelha para a amiga.

— Pela sobrevivência diária e porque minha querida amiga Joss é agora solteira e oficialmente minha colega de apartamento outra vez. — Margot disse, piscando para Joss com um sorriso irônico.

— Já faz três meses que estou solteira, mas ok — Joss respondeu, levantando sua garrafa. — Às colegas de quarto.

— Um brinde a vocês que vão se tornar velhas solteironas e felizes que vão adotar 27 gatos juntas enquanto eu me mudo para Veneza. — Jonah gesticulou com sua garrafa, seu tom deliberadamente pomposo. — Porque, naturalmente, vou me casar com um modelo italiano chamado Giancarlo e ser a esposa troféu mais insuportável e glamourosa que o dinheiro pode comprar. Vou viver de prosecco e compras.

As risadas explodiram ao redor da mesa enquanto as garrafas se chocavam em um brinde.

— Você é insuportável, Jonah — Jocelynn comentou, rindo e limpando a boca com as costas da mão depois de um longo gole.

— Insuportável? — Jonah arqueou a sobrancelha, os antebraços apoiados na mesa em uma pose provocadora. — Quem nos arrastou para um bar em plena quarta-feira foi a senhorita multitarefa ali.

Margot deu de ombros, seu sorriso desafiador.

— É sempre quarta-feira em algum lugar, Jonah. Relaxe.

A loira levou a cerveja aos lábios mais uma vez, mascarando a risada curta e abafada, mas genuína, que havia soltado. Margot e Jonah tinham uma forma peculiar de dissipar o peso que ela trazia consigo. Talvez fosse o sarcasmo. Ou a falta de vergonha de ambos. Era difícil dizer.

A cerveja descansou sobre a mesa de madeira e Joss saboreando o amargor da bebida, se reclinou na cadeira. A música no bar mudou, e os acordes densos de Black Holes dos The Blue Stones começaram a preencher o ar. Sem perceber, seus dedos batucavam suavemente na madeira da mesa, sincronizados com o ritmo. Por um instante, a conversa morreu. Margot estava distraída com o cardápio, e Jonah rabiscava algo no guardanapo — provavelmente outro desenho inapropriado para causar risos.

Jocelynn aproveitou o momento de trégua para observar ao redor. O bar, The Black Dog, estava longe de lotado, mas tampouco vazio. Algumas mesas vazias se espalhavam pelo espaço, o que não era surpreendente para uma quarta-feira. No canto mais afastado, um casal ria baixinho, inclinados como se o mundo fosse deles. Um grupo de quatro caras ocupava uma mesa mais central, rindo alto e batendo copos. Mais atrás, três pessoas pareciam absorvidas em uma conversa séria, e, ao virar-se ligeiramente, Joss percebeu pelo reflexo do espelho atrás do balcão duas figuras solitárias no bar.

O Black Dog nunca estava completamente vazio, mesmo em noites como aquela. Havia algo reconfortante naquele lugar: as luzes amareladas, a trilha sonora cuidadosamente selecionada, o som de risadas que sempre preenchia os cantos. Tornou-se quase um ritual para ela, Margot e Jonah. Era onde comemoravam aniversários, brindavam às vitórias ou afogavam as derrotas. Por mais que Joss detestasse rotinas — seu trabalho como detetive já lhe impunha mais do que o suficiente delas —, havia algo estranhamente reconfortante na familiaridade daqueles ciclos.

Quando os pedidos chegaram, Margot inclinou-se para frente, os olhos brilhando com um entusiasmo conspiratório. — Não olhe agora, mas acabou de entrar um cara muito gostoso.

Joss franziu o cenho, olhando de soslaio para a amiga antes de se virar devagar. Ela seguiu o olhar fixo de Margot e o encontrou: ele estava na entrada do bar, parado com as mãos enterradas nos bolsos de uma jaqueta de couro marrom. Alto, jeans escuro e sapatos fechados. Ele examinava o ambiente com calma, o que deu a Joss alguns segundos para analisá-lo antes que seus olhares se cruzassem e ela desse as costas para ele novamente..

Margot não estava mentindo. Ele era bonito. Não do tipo óbvio e perfeitamente alinhado, mas de um jeito que fazia você olhar duas vezes. O cabelo castanho, ligeiramente despenteado, a pele clara com um toque de bronzeado, o queixo anguloso. Ele parecia ter saído de um filme noir, mas com o guarda-roupa ligeiramente deslocado.

Quando os olhos dela encontraram os de Keen, cheio de expectativa, Joss manteve a expressão impassível. Deu mais um gole em sua cerveja, fingindo indiferença.

— Gostoso é pouco — Jonah comentou, interrompendo seus pensamentos. — Esse cara é quente. Quer dizer, ele se veste como um pai suburbano, mas não dá pra negar que é quente.

— Ah, por favor. — Margot revirou os olhos, inclinando-se contra o encosto da cadeira. — Ele é muita areia para o seu caminhãozinho frustrado, Jonah. E tenho quase certeza que não se chama Giancarlo. Mas... — Ela virou-se lentamente para Joss, um sorriso sugestivo dançando em seus lábios, enquanto Knight fazia uma careta. — Ele faz o seu tipo.

— Meu tipo? — Joss arqueou uma sobrancelha, encarando a amiga com ceticismo. — Ele entrou tipo, — olhou para o relógio em seu pulso — dois minutos atrás. Nem tem como você saber isso.

— Bom, você pode ir até ele e descobrir — Margot sugeriu, como quem dá a solução mais óbvia do mundo.

— Não vou fazer isso. — A voz de Joss saiu firme, mas a ideia havia plantado uma semente.

— Por que não? — Margot pressionou.

— Porque seria estranho — retrucou Joss, a voz carregando aquela nota familiar de impaciência. — Eu nem conheço esse cara.

— E essa é a sua chance de conhecer — Jonah disparou antes mesmo que Margot pudesse abrir a boca. Ele recostou-se na cadeira com um sorriso que dizia que ele já sabia como isso terminaria. — Vamos, Joss. Vai ser divertido.

Jocelynn revirou os olhos, bebendo de sua cerveja mais uma vez.

— Não estamos pedindo para você se casar com o cara. Só para dar em cima de alguém no bar, como fazíamos antes do Adrian aparecer e você virar... bem, chata. — Margot complementou, enquanto girava sua garrafa de cerveja sobre a mesa de madeira.

A menção do nome de seu ex fez com Jocelynn bufar em sinal de claro descontentamento, não conseguiu evitar o suspiro que escapou enquanto colocava a garrafa de volta na mesa com um estalo seco. Adrian. Só o nome já trazia uma enxurrada de lembranças que ela vinha tentando enterrar há meses. O fim do relacionamento tinha sido como um carro capotando em câmera lenta — doloroso, inevitável e, no fim, um alívio. Foi por isso que vendeu o apartamento onde moravam juntos e se mudou para o de Margot, uma espécie de retorno às origens. Era como estar de volta à faculdade, quando as duas dividiram um dormitório pela primeira vez, depois que Joss largou medicina e decidiu estudar criminologia.

— Ei! — Jonah interrompeu, com o dedo erguido como se estivesse ditando uma lei sagrada e que nunca deveria ser quebrada. — Combinamos de não mencionar o nome daquele babaca. Fale o nome do diabo três vezes, e ele aparece.

— Certo, certo, minha culpa. — Margot fez uma careta antes de se voltar para Joss novamente. — Mas o que estou tentando dizer é que não estamos sugerindo compromisso. Queremos que você se divirta. Você passou três meses sem sair com ninguém. Três meses! Não vai te matar flertar com um estranho. Pense nisso como... prática. Você está de volta ao jogo, garota. Está na hora de lembrar como se joga.

Joss hesitou. O argumento era familiar demais, a lógica impecável na forma desleixada de Margot e Jonah. Ela estava prestes a desviar o assunto quando Jonah decidiu elevar a aposta — literalmente. Ele puxou a carteira do bolso, retirou duas notas de cinco dólares e as colocou sobre a mesa.

— Se você conseguir o número do bonitão, isso aqui é seu. — Ele apontou para as notas, sorrindo de orelha a orelha. — E, lembre-se disso, você nem precisa ligar depois. É só o número.

Margot soltou uma risada cúmplice e logo puxou uma nota de dez dólares da própria carteira, adicionando ao pequeno monte de dinheiro.

— Isso é ridículo — Joss murmurou, os olhos alternando entre o dinheiro e os dois amigos que agora pareciam crianças conspirando.

— Ridículo, mas divertido — Jonah respondeu. — Vamos, use aquela cantada que eu joguei no cara do posto de gasolina semana passada. Foi brilhante, e ele riu.

— Ele riu porque achou que você estava sendo irônico! — Joss riu, incrédula.

— Não importa. — Jonah deu de ombros. — O importante é que funcionou.

Não havia escapatória, e Joss sabia disso. Margot e Jonah não desistiriam até que ela cedesse, e quanto mais resistisse, mais teatral seria a provocação. Logo estariam batendo na mesa, gritando o nome dela e atraindo olhares de todos no bar. Margot, especialmente, era implacável nesse tipo de coisa, principalmente quando estava bêbada — e Deus sabe como ela é um peso leve para bebida.

E, bem, Jocelynn não podia negar que a ideia tinha um certo apelo. Nos tempos de faculdade, era um jogo comum entre elas: escolher alguém, conseguir o número e nunca ligar. Não era sobre romance, nunca foi. Era sobre o desafio, sobre provar que podia fazer aquilo. E agora, enquanto olhava para o dinheiro sobre a mesa e para os sorrisos cúmplices de Margot e Jonah, uma faísca de nostalgia queimou em seu peito.

— Tudo bem. Vocês venceram. — Joss levantou-se com um suspiro resignado, mas havia um sorriso no canto de seus lábios.

Margot e Jonah comemoraram como se ela tivesse acabado de marcar um gol decisivo em uma final de campeonato.

— Isso vai ser muito divertido — Margot disse, batendo palmas.

— Devíamos ter pegado uma mesa mais perto do bar — Jonah resmungou mais para si mesmo do que para elas. — Vamos perder o melhor ângulo.

— E lembra, o segredo é confiança — Margot aconselhou, ignorando o amigo e apontando para ela como uma treinadora no banco de reservas. — Ninguém resiste a uma boa história absurda.

— Confiança? — Joss arqueou uma sobrancelha, rindo da ironia. — Vou parecer uma completa maluca.

— Exatamente. É isso que vai ser hilário. — Jonah deu uma piscadela. — Agora vai, antes que ele decida ir embora.

Ignorando a conversa dos amigos, Jocelynn fechou os olhos por um instante, como se isso pudesse silenciar as palavras de incentivo que Margot e Jonah soltavam. Quando os abriu, agarrou a garrafa de cerveja, tomou um gole longo — algo entre um trago de coragem líquida e um último suspiro — e a colocou de volta na mesa. Não completamente vazia, como se aquilo fosse um lembrete para si mesma de que poderia voltar. Que ainda tinha uma rota de fuga.

Ela ajeitou o cabelo com dedos rápidos, respirou fundo e atravessou o bar. As mesas pareciam mais numerosas do que antes, o trajeto mais longo. Sentiu os olhos de Margot e Jonah queimando em suas costas enquanto avançava. Quando chegou ao balcão, o estranho ainda estava lá, inclinado casualmente sobre o celular, uma garrafa de cerveja pela metada pousada ao lado.

Joss se encostou no balcão, um movimento casualmente ensaiado, o suficiente para marcar presença sem parecer que estava implorando por atenção. Sua postura era relaxada, mas seus olhos estavam atentos, cada detalhe capturado e armazenado. Ele percebeu, claro. Como poderia não perceber? Os olhos castanho-claros se ergueram para ela, surpresos, mas sem pressa, aguardando o que viria.

— Olha, eu nem sei bem como dizer isso — começou, sua voz baixa e carregada de uma hesitação proposital, quase como quem admite algo embaraçoso. Então inclinou-se ligeiramente para frente, conspiratória, como se estivesse compartilhando o segredo mais absurdo do mundo. — Mas minha amiga tem certeza de que você é a cara do stripper que contratamos para a despedida de solteiro dela.

Por um momento, ele ficou paralisado. Depois, o choque deu lugar a um sorriso, largo e cheio de nuances — divertimento, curiosidade, talvez uma pitada de incredulidade.
— Bom... esse é, sem dúvida, um jeito único de puxar assunto. — A voz dele era grave, rica, com um tom despreocupado que fazia cada palavra soar quase sedutora.

Joss deu de ombros, como se a situação fosse tão embaraçosa quanto hilária.
— Eu sei, é bizarro. — Ela gesticulou, as mãos traçando formas no ar, como se pudesse moldar a narrativa com elas. — Mas sério, a semelhança é assustadora. Eu quase bati palmas quando te vi daqui.

Ele riu, e a risada tinha um calor que suavizava o ambiente frio do bar. De perto, Joss percebeu que ele era ainda mais bonito — traços bem definidos, como uma escultura feita para ser admirada sob luz baixa. Havia uma pequena cicatriz que cruzava seu nariz, um detalhe que só se revelou pela proximidade. O sorriso dela ameaçou escapar, e ela mordeu o lábio para tentar contê-lo.

— Então, devo decepcionar ou confirmar suas expectativas? — Ele inclinou a cabeça, o brilho nos olhos dançando entre curiosidade e algo mais afiado. Joss não conseguiu decidir se era malícia ou apenas confiança inabalável, mas, de qualquer forma, ela gostou.

— Se você souber dançar no pole dance, então estamos lidando com coincidências demais. — Ela manteve o tom leve, com um ar de falsa casualidade.

— Infelizmente, não. — Ele riu novamente, o som ecoando como um pequeno triunfo. Os dedos tamborilaram no balcão de madeira, criando um ritmo breve e descontraído. — Mas agora fiquei curioso. Como era esse cara?

Joss o encarou, fingindo estudá-lo com seriedade exagerada.

— Alto, bonito, ombros largos, sorriso perigoso... — Ela pausou, inclinando a cabeça enquanto estreitava os olhos, como se fizesse uma descoberta crucial. — Espera. Você é ele, não é? Só pode ser.

Ele riu, balançando a cabeça devagar, como quem avalia a acusação antes de decidir se vale a pena respondê-la.

— Acho que nunca vou admitir ou negar isso. — O sorriso dele ficou ainda mais afiado, o olhar preso ao dela. — Mantém o mistério, não acha?

— Definitivamente. — Joss riu, relaxando, sentindo o peso da tensão inicial se dissipar. — Até que você prove o contrário, você é oficialmente meu stripper favorito agora.

A risada dele foi curta, mas genuína, como se a conversa fosse tão inesperada quanto bem-vinda. Ele tamborilou os dedos no balcão outra vez, agora com um olhar mais calculado, mais atento.

— Então, quanto seus amigos apostaram para você fazer isso? — Ele perguntou, casual, mas com uma precisão que perfurou o teatro dela.

A pergunta pegou Joss desprevenida, mas ela não demonstrou. Seu sorriso foi sutil, quase um reflexo automático, enquanto ela inclinava a cabeça, avaliando-o de volta. Certo, pensou, ele não é tão fácil de enganar quanto parece.

— Não o suficiente, se quer saber. — Ela respondeu, sem pressa, deixando as palavras se acomodarem no espaço entre eles.

— Então, acha que não valeu a pena? — Ele arqueou uma sobrancelha, interessado.

Joss abriu a boca para responder, mas hesitou. A pergunta parecia carregar mais peso do que deveria, como se ele estivesse escavando algo além do óbvio. Ela soltou uma risada curta, quase como uma defesa, e cruzou os braços.

— O que eu quero dizer é que eu devia ter feito eles apostarem mais alto. Vinte dólares não cobrem o constrangimento. — Suas palavras saíram medidas, cautelosas, como se estivesse experimentando a forma certa de entregá-las. — Mas até agora você não me mandou embora. O que já é um ótimo sinal.

— Talvez eu esteja curioso para ver até onde isso vai. — Ele sorriu, algo afiado e enigmático.

Ela o encarava, os olhos fixos nos dele, sustentando um olhar que parecia mais um desafio do que uma troca casual. Havia algo implacável na maneira como Jocelynn o observava, uma força latente que testava a resistência dele, como se esperasse que ele cedesse primeiro. Mas ele não cedeu. Seu olhar permanecia firme, quase curioso, como quem sabe que está no centro de um jogo, mas ainda assim decide jogar. A maioria dos caras com que flertava acabava se sentindo intimidado, desviava o olhar com facilidade, mas ele não.

Por um instante, o bar ao redor deixou de existir. Conversas, risadas, o som do gelo tilintando nos copos — tudo se dissolveu. Era só o espaço entre eles, denso e cheio de algo que Joss não queria nomear. Magnetismo. Talvez fosse isso. Talvez fosse disso que falavam quando mencionavam uma atração que parecia vibrar no ar, algo que se sentia antes mesmo de entender.

Ela quebrou o silêncio, a voz baixa, como se fosse cúmplice de um segredo que só existia entre eles.

— Sabe o que também seria muito positivo? — As palavras deslizaram de sua boca com uma facilidade que mascarava o cuidado em escolhê-las. — Você me dizer seu nome.

Ele arqueou uma sobrancelha, o sorriso nos lábios curvando-se ligeiramente.

— Você não perde tempo, hein? — A provocação estava ali, mas sem peso, como se fosse parte de sua própria natureza.

— Tento não perder. — Ela deu de ombros, fingindo casualidade, embora soubesse que ele percebia o esforço deliberado em seu tom.

Agora, foi a vez dele observar com mais cuidado, o olhar quase pesado, como se estivesse medindo o que valia ou não dizer. Jocelynn manteve a expressão neutra, embora sua mente fervilhasse.

Ela não estava interessada na verdade, não agora. Se ele mentisse, que fosse. Mentiras também podiam ser úteis, e ela só precisava de um número, um nome para começar. Quanto antes terminasse essa conversa, antes poderia ir embora, antes que aquela exposição desconfortável tomasse conta dela.

— Dick. — ele respondeu casualmente, sustentando o olhar dela.

Joss piscou uma vez, quase sem reação, antes de deixar o canto de sua boca se erguer.

— Olha só... Estou cada vez mais convencida de que você realmente é um stripper. — A provocação veio antes que ela pudesse se conter, escapando com um tom despreocupado que fez com que ele risse — um som baixo e cheio de calor, que parecia preencher o espaço entre eles de forma desconcertante.

— Tá bom, e você? Qual é o seu nome? — Ele perguntou, inclinando-se ligeiramente, o sorriso ainda brincando nos lábios enquanto coçava o queixo.

Kennedy hesitou, a resposta automática já pronta para escapar, mas algo a fez parar. Talvez fosse o jogo, ou talvez fosse o jeito que ele parecia genuinamente interessado, mesmo que apenas por curiosidade. Com um suspiro leve, ela cedeu.

— Joss. Jocelynn, na verdade. Mas todo mundo me chama de Joss.

— Nome bonito. — A resposta dele veio com a suavidade de quem sabia exatamente o que dizer e como dizer.

— Obrigada, mas não fui eu quem escolheu. — Ela rebateu com um sorriso rápido, algo próximo de brincadeira. Ele balançou a cabeça, rindo baixinho, e Joss sentiu uma pequena pontada de orgulho.

— Você tem sempre uma resposta pra tudo, não é? — ele comentou.

— Eu gosto de ser perspicaz — Joss respondeu. — Ossos do ofício, eu diria.

Ela inclinou a cabeça, avaliando-o por um momento antes de continuar.

— Então, Dick... primeira vez no The Black Dog? — Havia uma curiosidade deliberada em seu tom, e ela o observava de perto, tentando ler os pequenos gestos, as nuances. — Não lembro de ter visto você por aqui antes.

— Sou novo na cidade. — Ele tomou um gole de cerveja, os olhos desviando para a garrafa em suas mãos, como se a bebida fosse um porto seguro, mais confiável do que ela naquele momento. — Me mudei recentemente.

— É mesmo? Que legal. De onde você é? — Ela perguntou, a curiosidade agora mais genuína, mesmo sabendo que poderia receber uma resposta evasiva.

Era o tipo de pergunta que servia mais para mapear as reações do que para obter informações e elle hesitou, apenas por um segundo, antes de levantar os olhos para encontrá-la novamente. O sorriso que surgiu era discreto, mas havia algo nele — uma sombra, talvez — que parecia mais honesto do que o esperado.

— Gotham. — O nome veio de forma casual, mas as palavras carregavam um peso que ele não tentou esconder completamente. E a resposta dele fez Joss entender porque ele hesitou, Gotham não tinha uma boa reputação.

Jocelynn estreitou os olhos, o ceticismo correndo rápido como uma faísca.
— Você não parece alguém que veio de Gotham. — Sua voz saiu baixa, controlada, mas com uma ponta de dureza que ela não se deu ao trabalho de esconder.

Dick se inclinou para trás na cadeira, o sorriso ganhando amplitude, quase como se ele tivesse esperado essa observação.
— E o que você esperava? — Ele perguntou, o tom leve, mas os olhos atentos. — Alguém com o olhar insano ou marcas de sangue nas mãos?

— Algo assim. — Joss riu, o som curto e seco, como se a ideia fosse mais plausível do que engraçada. — Você parece... normal demais.

— Vou levar isso como um elogio.

— Quem disse que não é? — Ela arqueou uma sobrancelha, o sorriso desafiador nos lábios, sem pressa, como se estivesse o provocando apenas por diversão.

Por um instante, os dois se estudaram em silêncio. Jocelynn percebeu o brilho de incredulidade nos olhos dele, como se a leveza com que ela jogava o incomodasse e o encantasse ao mesmo tempo. Ele parecia genuinamente impressionado, talvez até um pouco desarmado, e isso a divertia mais do que deveria. Era evidente que ela estava mexendo com ele, desafiando a falsa calma que ele parecia usar como armadura.

— Mas, falando sério... — Joss se inclinou ligeiramente para frente, o sorriso ainda intacto, mas a intensidade em seus olhos agora clara. — O que te trouxe para Blüdhaven? Se cansou dos palhaços assassinos ou do homem-morcego justiceiro?

A risada de Dick foi baixa, mas sincera, um som que parecia admitir derrota sem realmente fazê-lo. Ele balançou a cabeça, como se estivesse se perguntando até onde ela iria.
— Se eu disser que foi dos dois, você acreditaria?

— Sem dúvida. — O sarcasmo na voz dela era afiado, mas não cruel. — Seria o mais sensato a se fazer, honestamente.

Joss manteve o sorriso, mas os olhos se estreitaram, avaliando cada reação dele. A resposta era inesperada, mas não surpreendente. Ela sabia como pessoas como ele funcionavam — o tipo que carregava o peso de algo não dito, mantendo o mistério como um escudo. E homens bonitos, especialmente, adoravam fazer disso uma arte.

Ela pausou, mais para organizar os próprios pensamentos do que para prolongar o suspense. Havia algo em Dick que a puxava, algo que parecia mais do que superficial. Era sua curiosidade natural falando mais alto, ou talvez fosse só o instinto de detetive, mas Joss sentia que precisava entender por que ele estava ali.

— Blüdhaven não é exatamente o tipo de lugar para quem quer recomeçar. Então... por que aqui? — A pergunta veio com um peso maior, o tom sério agora, e seus olhos fixaram nos dele, tentando enxergar além da fachada calculada.

Dick pareceu hesitar, por um breve momento, o sorriso dele se desvanecendo, dando lugar àquela aura de contemplação que Joss reconhecia bem. Estava prestes a falar, mas então, como se fosse um sinal do destino, o celular de Dick vibrou sobre a bancada, iluminando a tela em um lampejo que cortou o clima entre eles. Joss e Dick olharam ao mesmo tempo para o aparelho, e ela percebeu, pela forma como ele rapidamente pegou o celular, que o que quer que fosse, não podia esperar.

"Tim", estava escrito na tela e, abaixo do nome, havia uma foto de um garoto que deveria ter provavelmente 20 anos. Ele olhou para ela, com aquele sorriso típico de quem tenta manter as aparências, mas, no fundo, estava ligeiramente desconcertado e ela, por sua vez, teve que mascarar sua decepção pela conversa deles estar acabando tão cedo.

— Desculpe, acho que essa conversa vai ter que ficar para outro dia — ele disse, a voz carregando um pedido de desculpa quase imperceptível, como alguém que está acostumado a sair de cena antes de se envolver demais.

Jocelynn deu de ombros, o gesto casual, mas seus olhos permaneceram fixos nele, analisando. Não era a resposta que queria, mas era o suficiente para fazê-la retornar o foco ao seu objetivo inicial, aquele o qual ela se desviou enquanto eles conversavam.

— Para isso acontecer, eu precisaria ter o seu número — ela respondeu, o tom carregado de uma ironia suave que não fazia esforço para esconder uma ponta de frustração.

Dick riu, uma risada abafada, mas sincera, como se algo nela o desarmasse por um instante. Sem dizer nada, ele tirou uma caneta do bolso da jaqueta, pegou um guardanapo que estava na mesa e escreveu com movimentos rápidos. Quando terminou, estendeu o pedaço de papel para ela, o gesto tão fluido quanto calculado.

— Quando quiser continuar a conversa, é só me ligar. — Ele se levantou, mantendo a postura tranquila enquanto se elevava um pouco sobre ela.

Joss olhou para o guardanapo antes de pegá-lo, o papel ainda quente da tinta recém-passada. O número estava lá, simples, direto, mas o significado parecia maior. Ela não respondeu de imediato, apenas observou Dick, o analisando como se ele fosse um problema que precisava resolver. Então, finalmente, sorriu.

— Ótimo. Assim posso te contratar para a próxima despedida de solteiro. — A provocação saiu com naturalidade, arrancando outra risada dele, baixa e rouca, mas cheia de diversão genuína e Joss percebeu que gostava de fazer isso. — Até logo, Dick.

— Até logo, Joss. — disse ele, suavemente. Por um breve instante os dois permaneceram de frente um para o outro, sem dizer nada, até que Dick assentiu para ela e Jocelynn repetiu os movimentos dele.

Dick deixou alguns dólares sobre a mesa e saiu, o celular já em mãos, enquanto ela o observava atravessar a porta e desaparecer na noite.

Quando voltou para a mesa, onde Jonah e Margot a esperavam, Jocelynn estava sorrindo, um sorriso largo e despreocupado que ela raramente usava. O guardanapo, agora dobrado em sua mão, era um pequeno troféu, o símbolo de uma jogada bem feita sem esforço aparente. Ela ergueu o pedaço de papel para os amigos, e a reação foi instantânea.

— E ela está oficialmente de volta ao jogo! — Jonah exclamou, batendo palmas exageradas, como se assistisse a uma partida de futebol

Joss riu, um som leve que a surpreendeu pela sinceridade. Margot, sempre mais contida, sorriu de lado, aquele sorriso que dizia tudo sem precisar de palavras.

— Nunca duvidei de você, irmã. — Margot disse, o tom de cumplicidade carregado de uma leveza afetuosa. — Essa é a primeira vez que fico feliz em perder uma aposta.

Jocelynn olhou para os dois, seus cúmplices de longa data, e sentiu uma onda inesperada de gratidão. A noite, que começara como apenas mais uma tentativa de normalidade, agora carregava um gosto de vitória — não grande, mas suficiente. Ela não podia negar que foi divertido, mesmo que um pouco constragedor.

— E então? Como foi? — Jonah pressionou, a curiosidade saltando em cada palavra.

— Engraçado. — Ela puxou a cadeira e se acomodou, cruzando as pernas e depois se inclinou para frente, alcançando o dinheiro sobre a mesa e guardando-o — Menos embaraçoso do que pensei, mas ainda assim... bem embaraçoso. Sorte que nunca mais vou ver ele, então não é algo com que eu precise me preocupar.

Ela ergueu a cerveja, um brinde silencioso à noite, e deu um gole longo. O gosto era amargo, mas familiar, o tipo de amargura que carregava um conforto estranho. Enquanto Jonah ria alto e Margot a observava com aquele olhar analítico, Jocelynn desviou os olhos para o guardanapo sobre a mesa. Ambos estavam falando, mas ela não estava prestando atenção.

Por um breve momento, a tentação brilhou. O número estava ali, tão fácil de usar quanto de ignorar. E, por uma fração de segundo, ela se perguntou o que aconteceria se ligasse no dia seguinte.

NOTAS FINAIS AUTORA :

⦅⠀✦ ⠀: ⠀Depois de meses sem atualização, o capítulo 2 finalmente está entre nós. Peço perdão pela demora, andei ocupada com outra fanfic, mas agora vou tentar dar mais atenção para Rigor Mortis. Provavelmente teremos mais uma atualização semana que vem.

⦅⠀✦ ⠀: ⠀ Outra coisa, queria avisar que fiz uma mudança no cap. anterior. Eu tinha colocado que passou 10 anos, mas na verdade foram 5. Eu não tinha percebido meu erro até começar a escrever esse e notar que as datas não estavam batendo.

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