Capítulo II: O amor
Recuperando com a boa sopa de seu avô, Richart estava enfim pronto para ir à escola, acordou como de costume às 05 horas da manhã, e foi fazer todo o seu ritual matinal. Ele foi para a cozinha, fez sua tigela de banana com aveia, e colocou a água do café para esquentar, enquanto comia leu seu jornal, viu muitas novas descobertas, e ao rolar a tela do smartphone deparou-se com mais desmatamentos na floresta Amazônica no país onde seu pai nasceu, enfurecido rolou a tela, e acabou por ler sobre fome e doenças.
Notou que havia distraído, e olhou para a chaleira no fogão, era lindo ver todo a convecção térmica da água na chaleira, mas desligou logo, lembrou-se de que seu pai havia lhe dito para utilizar menos pó de café, era complicado ficar importando grãos de café da fazenda de seus avós paternos, que o garoto teve uma única oportunidade de conhecer pessoalmente naquela vida.
Correu para o banho, e enquanto a água corria ele refletia que na verdade não podia fazer nada, sentia-se naquele momento impotente por ter apenas 14 anos, e ainda não poder desenvolver algo que realmente pudesse ajudar as pessoas, fazer algo como seus pais faziam em pesquisas biológicas na universidade sobre fertilização de solo e reflorestamento. Arrumou seus cabelos ondulados no lugar, e saiu correndo para a garagem, onde seus pais já lhe esperavam para ir para a escola.
Berlim estava geladinha, mas o céu não estava nublado, o dia emanava felicidade, e ele amava estudar em sua escola com a metodologia Waldorf, e ao despedir-se de seus pais, adentrou correndo aos portões, chegando em ponto no horário em o que o sino badalava.
A professora Sidônia, seus amigos e colegas lhe esperavam com um lindo cartaz manual de boas vindas como era habitual fazerem em momentos em que alguém precisava ausentar-se por dias do colégio, ou era novo por ali, abraçaram-se mutuamente como boas vindas, e logo juntaram-se em roda para a prática da euritmia.
O rapazinho acomodou-se com seus amigos Lea, Amir e Catherine no fundo da sala em um tapete, a aula naquele dia era uma discussão sobre o amor, permitindo aos estudantes um diálogo livre de interferências da tutora naquele momento.
Richart achava que falava demais, porém resolveu contar que sua avó achava o amor um remédio.
-O que realmente seria curar? -questionou Catherine.
-É muito complexo, mas acho que é quando temos bons sentimentos, como o amor, e nosso corpo está legal. - disse Amir retomando o assunto da aula, e desenhando uma borboleta com asas de corações enquanto falava sua opinião.
Lea era um pouco mais quieta que os outros, estava concentrada em modelar uma estátua com duas pessoas se abraçando, no entanto conseguiu falar mesmo ficando um pouco vermelha: - o amor é uma das mais belas sensações, não é um ato de possessão de algo ou alguém, mas querer o bem e estar perto daquilo que amamos. Eu adoro ficar abraçando o "Anakin" por mais que ele fique fazendo sujeiras com os legumes na hora de comer - concluiu ela lembrando de seu coelhinho com um leve sorriso estampado no rosto.
Lea amava a saga de Star Wars, por isso acabou colocando o nome de seu personagem favorito no coelhinho.
-Ah! O Anakin sofreu bastante por amor, acabou cometendo tantas atrocidades, e ele foi para o lado negro da força. - disse Richart sem pensar muito.
-Mas o amor não leva ninguém para lados escuros assim, é muito diferente, ele escondia o amor dos jedi porque achava que era proibido amar, mas o amor não é a causa do mal. - rebateu Lea um pouco acuada.
-E no final a gente sabe que ele ainda tinha o amor paterno, todo fraternal, e pôde sentir isso de outra forma no fim da vida ao poupar o Luky. - Completou Catherine.
-É, podemos morrer em prol do amor, e isso é engraçado e bom ao mesmo tempo, porém eu ainda não sei, podemos amar ao próximo quando conseguimos nos amar, vi pelo bruxo Onofre em que deu seu próprio sangue para salvar a princesa de Rainbow Black, e é um lugar bonito para ter esse nome estranho. - falou o garoto da cabeça já dispersa e reflexiva muito distante dos olhares de outrem.
-É um nome estranho cara, arco-íris são coloridos, e a cor preta é a ausência de cores e luz. - disse um Amir já pensando nas teorias da física geométrica óptica.-Mas também é a mistura de todas as cores, e podemos de alguma forma vê-la, eu gosto dessa cor. - disse Catherine olhando para os próprios pés.
-Quando foi que você criou essa história, Richart? - indagou Lea acabando seu projeto.
-Eu não criei, eu estive lá depois que encontrei uma estátua de um bruxo misterioso no museu, então fui transportado magicamente [...]
-Poderia nos contar essa história para encerrarmos a aula? - perguntou a professora Sidonia parada diante de seu estudante.
O menino era extrovertido, gostava de falar, mas não em público, porém foi até na frente da sala, esforçou-se e achou melhor omitir que havia se transformado no bruxo.
-Onofre von Rainbow Black, era um bruxo do reino de Rainbow Black, ele parecia ser um herbologista, e fazia remédios de ervas usando alquimia em seu laboratório de madeira, ele tinha o poder de curar, também tinha um amigo tagarela chamado Umberto. No final ele acabou doando seu sangue para salvar a princesa, e veio parar em Berlim anos depois.
Ele estava muito vermelho, sentia seu corpo arder, mas não faltaram aplausos e elogios por sua imaginação, ele não achava que era algo virtual de sua mente fértil, era melhor assim, ninguém acreditaria nele se falasse a verdade.
23/04/2023
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