Capítulo 4
Ao horizonte distante Clarie podia começar a ver as silhuetas de construções indicando que estava perto de Barca Alta.
Suspirou de alívio.
Os dias passados andando por aquela estrada sorrateira haviam a desgastado mentalmente e fisicamente. Até mesmo para ela, que estava acostumada com longos períodos de travessia. Puxou as rédeas do cavalo para ele apressar o passo.
O cavalo seguiu a estrada que dara lugar a uma ponte a qual atravessava um córrego. Atravessaram o caminho e logo chegaram no grandes portões de madeira que protegiam a cidade.
Não podia correr o risco de ser parada na entrada da cidade e reconhecida. Então colocou os cabelos para dentro da camisa e armou sua capa de modo a parecer ser uma simples camponesa visitando a cidade.
Ao chegar perto do fim da ponte passou diretamente pelos guardas que faziam guarda pelo lugar e liberaram a passagem.
Adentrou à cidade sã e salva. Clarie tratou logo em achar um estábulo para por Tempestade, em seguida saiu para explorar a cidade.
Pelas ruelas, pessoas caminhavam de um lado para o outro fazendo suas atividades rotineiras. Vendedores anunciavam de suas vendas os produtos que estavam em oferta, feirantes ajeitavam seus legumes e frutas sobre suas barracas, garotos corriam pelas ruas brincando de qualquer coisa e mulheres olhavam pelas janelas de suas casas o movimento da cidade.
Durante os festivais irinianos, as ruas de Barca Alta eram enfeitadas por diversos filamentos de fitas coloridas das mais diversas cores. Olhou para o céu e pode ver o véu colorido que produzia um grande teto colorido de fitas esboçadas pelo vento.
Chegou na praça central. Aquele era o ponto central da cidade onde havia uma grande quantidade de vendedores em suas vendas vendendo as mais diversas iguarias para visitantes que migravam para a cidade durante os festivais.
Clarie pode visualizar barracas de moréia no espeto, empadas, costeleta de porco assado, hidromel e maçãs caramelizadas.
Parou em frente a uma tenda com uma senhora simpática vendendo maçã caramelizada.
— Quanto está a maçã caramelizada?
— Apenas duas pratas.
Pegou sua bolsa de moedas guardada em seu cinto e a pagou. Em seguida, pegou uma das maçãs espetadas na frente da bancada.
— Obrigado. Tenha um ótimo dia e que Irina a abençoe.
Comeu a maçã enquanto caminhava.
Parou para admirar a grande estátua posta no centro da praça. Uma mulher de cabelos escorridos e longo vestido era esculpida em pedra.
Irina, a deusa das enchentes.
A deusa era cultuada fervorosamente por um grande número de seitas e grupos religiosos pelo reino de Austral. Segundo o dito popular, fora ela a divindade que salvara os sete reinos do afogamento pelo grande tsunami que acabara com a vida em todo o resto do mundo.
Pena que deuses não existem.
Se deuses existissem por que existiria tanta injustiça e miséria no mundo?
Clarie virou a atenção para igreja que estava movimentada com o vai e vem das pessoas quando teve o relance de um movimento com o canto dos olhos. Uma figura encapuzada pareceu a espiar por entre um beco e em seguida desaparece.
Quem?
Abocanhou o resto da maçã e começou a caminhar sorrateiramente pela multidão com o capuz de sua capa cobrindo sua cabeça. Quando já estava longe da praça virou a cabeça novamente para saber se estava segura. A figura agora abria espaço pela multidão em sua direção.
Maldição.
Começou a correr pelas ruelas lotadas de pessoas, esbarrando em quem quer cruzasse seu caminho.
Olhou rapidamente para trás e via que a figura estava se aproximando correndo. Não conseguira ver o seu rosto coberto por um manto escuro.
Uma carroça de melancias de repente apareceu em sua frente enquanto corria. Deu um salto e saiu voando por cima do homem que a manobrava. Ele perdeu o controle do carregamento e as melancias foram derrubadas.
— Olha por onde anda! É cada doido que me aparece...
As melancias da carroça foram despejadas no chão e interditaram a passagem.
Um grande número de pessoas gritava maldições.
Tirou seu arco que estava guardado em suas costas e coberto pela capa vermelha. Em seguida, escolheu uma seta aleatória de sua bolsa e mirou na figura enquanto acelerava.
Por questão de segundos deu um giro com seu corpo e mirou a flecha direto no corpo do perseguidor. A flecha passou raspando e se alojou em uma parede de uma casa.
Droga.
Nem olhou para trás e continuou correndo, dessa vez entrando em um labirinto de becos escuros tentando despistar o seu perseguidor.
Correu para a esquerda, direita, direita, e esquerda. Naquele ponto já não sabia mais aonde estava.
Parou para descansar após o som dos passos de botas cessarem.
Um caçador de recompensas, só poderia ser. Não esperava encontrar um deles em uma cidade como Barca Alta, mas agora que sabia estar sendo caçada tinha que tomar cuidado.
Os passos voltaram a ressonar e viu as sombras aproximarem-se.
É agora ou nunca.
Pegou uma seta e a posicionou no arco, puxando fortemente e pegando impulso.
Em pouco tempo a figura encapuzada sobre o manto aparecera, ainda com o rosto escondido nas sombras. Portava uma espada em uma de suas mãos.
Clarie mirou diretamente em seu crânio e disse:
— Pare ai mesmo ou vai acabar virando comida de pombo.
Preparou-se para, ao menor movimento em falso, disparar a flecha mortal.
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