Capítulo 3

Clarie cavalgava em seu cavalo pela estrada barrenta.

Suas coxas já estavam vermelhas e doloridas por passar tanto tempo na sela do cavalo quando decidiu parar para descansar.

Desmontou do cavalo próximo à orla da floresta e preparara uma fogueira para assar o resto do coelho que Rin a dara. Pegou algumas pedras e começou a as friccionar até as faíscas incendiarem o pequeno monte de gravetos que amontuou no chão.

A fogueira ascendeu.

Espetou o coelho desfiado e o pôs sobre o fogo crepitante esperando assar.

O cheiro de carne invadiu as suas narinas.

Enquanto olhava a carne escurecer pensava na carta que havia recebido.

Hunt, não me diga que você finalmente conseguiu encontrar aliados...

Hunt, também conhecido como caçador, era um dos principais membros da revolução, junto com ela. Durante anos haviam buscado juntar forças pelos sete reinos de modo com que a revolução acontecesse. Várias foram as cartas mandadas para influentes nomes, mas quase nunca conseguiam uma resposta.

Mas isso fora no começo. As ações impopulares e a ganância de Wolfus começara a incomodar até aqueles que tão se diziam seus apoiadores. Não duvidava que não mediriam esforços para o tirar do poder se isso os beneficiasse.

Cobra comendo cobra.

É por isso que não podiam confiar em ninguém. Ninguém era confiável, e isso incluía ela mesmo, é claro. Clarie não pensaria duas vezes antes de matar qualquer aliado ao menor sinal de traição.

A carne ficara no ponto. Clarie abocanhou um bocado com os dentes e comeu.

Ao terminar, foi até o cavalo que naquele ponto já havia comido uma grande quantidade de mato e montou novamente.

Até o fim do dia teria que chegar na estalagem Coração de Ferro. Não era segura andar pela noite naquelas terras com todos os lobos que rondavam o local.

As paisagens pelo qual cavalgava era um clima de pós guerra. Campos queimados, casas abandonas, plantações inteiras deixadas para os corvos, era um cenário desolador.

Por vez em quando, alguns grupos de andarilhos atravessava a estrada ao seu lado. Devido aos festivais irinianos, um grande número de pessoas se dirigia a cidade em busca de entretenimento barato e religiosos de diversas partes do reino, cultuadores da deusa Irina, para deixar suas preces sagradas. Quando via qualquer sinal de aproximação abaixava seu manto e tentava parecer a menor suspeita possível. Não podia dar mole, era uma procurada, e por tudo que havia feito julgava que sua cabeça valia um bom número. Não duvidara que pessoas lutariam apenas pela chance de a matar.

Avistou a construção de madeira de dois andares ao horizonte, na beira do caminho lamacento.

✳️✳️✳️

Galopou o cavalo até o lugar, o guardando no estábulo junto com seu arco.

— Descansa bem, tempestade.

Entrou pela porta da frente da estalagem. Logo é atingida em cheio pelo som da música de gaita e o brandir alto de vozes masculinas. Cavaleiros, cantores, andarilhos, bêbados, o mesmo público de sempre.

Haviam homens enchendo a cara e mulheres em elegantes vestidos os servindo. Todos olharam para Clarie no momento em que removeu sua capa vermelha e seus cabelos loiros saltaram, sedosos.

Muitos franziram o cenho.

Na certa acharam que era um homem antes de se revelar pelo fato de vestir calças e botas, um visual bem incomum se tratando de uma mulher.

Andou até uma mesa vazia e sentou.

Logo, como previra, um dos caras se aproximara para tentar sua sorte com a bela dama.

— E ai docinho. Não é todo dia que eu vejo uma mulher usar esse tipo de roupa. Gostaria de saber como é a sensação de foder-la.

Bêbado, tarado e estúpido, a vítima perfeita, pensou Clarie.

— O homem talvez saiba como é esta sensação se pagar uma bebida para mulher — respondeu com uma voz doce.

Ele sorriu por baixo da grande barba que possuía no rosto. Chamou uma mulher que servia bebidas e pagara por um copo de cerveja. A bebida veio gelada e espumosa, do jeito que gostava.

— Então, o que uma dama como você faz andando por uma terra tão perigosa quanto esta?

— Estou indo à barca alta para os festivais irinianos.

— Ah claro, sempre os malditos festivais irinianos, como se agradecer aquela deusa puta fosse mudar alguma coisa... — Ele bebeu um grande gole de cerveja.

— E sobre Wolfus, alguma notícia?

— O maldito continua sua vida na mordomia de seu castelo no maior bem bom enquanto o povo vive na miséria. Ouvi até falarem que ele mantém um grupo de crianças trancafiadas para suprir as suas necessidades carnais. Se você me perguntar, isso é doentio até para mim.

Clarie remexeu-se no lugar.

— E ninguém vai mover um dedo para fazer nada?

— Como se alguma pessoa desse reino tivesse bolas o suficiente para contrariar o tirano. Quem tem bom senso e amor a vida não solta um pio — disse ele. — Além dos lobos malditos, é claro. Andando por ai e matando como se fosse a terra deles... Eles nunca deveriam ter voltado para nossa terra depois da guerra de expulsão.

Clarie bebeu um gole de cerveja.

Na verdade existem, mas a verdade é que muitas pessoas tem medo de sair de sua zona de conforto e por sua cara a tapa, pensou.

— Chega de falar sobre isso, eu nem sei seu nome.

— Analice — mentiu.

— Então Analice, já está afim de dar uma subida e ter um pouco de ação entre homem e mulher?

— Claro, se você pagar — respondeu com um sorriso malicioso.

O homem pagou a conta e subiu para um dos quartos da estalagem com Clarie.

✳️✳️✳️

O quarto era minúsculo. Tirou todas suas roupas até ficar completamente nua, começando pelas botas e terminando com a camisa e a capa. O homem estúpido a olhava a devorando com os olhos.

Clarie deitou na cama por cima dele e começara a tirar suas calças.

O bêbado a tentou beijar com sua boca exalando cheiro de cerveja, mas, ao invés disso, direcionou seu beijo para seus peitos. Ele beijou o bico e em seguida chupou.

Despiu completamente ele e pegou em seu membro pulsante. Em seguida, sentou sobre ele e cavalgou.

Em poucos segundos ele gozou e despencou no sono.

Patético.

Clarie balançou o corpo dele para se certificar que estava em um sono profundo.

Olhou nos bolsos de sua calça jogada no chão e achou um saco cheio de moedas de prata. Vestiu suas roupas, guardando o dinheiro no bolso de sua calça e deitou no chão do quarto, dormindo.

Quando acordou apressou-se para ir embora. O homem continuava no seu sono de ressaca. Pegou sua capa e desceu escada abaixo até o lobby da estalagem.

— Tenha um bom dia e volte sempre à estalagem Coração de Ferro! — disse a mulher simpática da recepção.

Foi até o estábulo e pegou seu cavalo.

Partiu novamente pela estrada barrenta com todo o dinheiro roubado.

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