Lado B: Revolução
O vento acaricia as folhas e a vida renasce para mais um dia.
A voz se encontra só. Passa o tempo pensando em propósito, no que poderia ter feito naquele mês de fevereiro. Como o desastre poderia ter sido evitado.
Sem corpo, não pode sentir aos morangueiros. Pisar em ervas daninhas. Conversar com passarinhos.
Bem verdade, se frustra por não poder mudar o seu destino por ele predefinido. Passaria o resto dos seus dias definhando sem dinheiro e laços sociais. O que mais o prendia ali? Não entendia o sentido da vida.
— Essa é a questão. Não há sentido.
Retorna a outra voz. A voz solitária se sente mais acolhida depois de tantas horas refletidas.
— Mas como viver sem um sentido?
— Você não precisa. O sentido é você quem dá.
— Já fui existencialista. Só que não consigo criar sentido em nada do que vejo ou faço. Viver é um absurdo.
— Como outro qualquer.
— Que queres dizer?
— Pouco importa se existe um sentido universal ou o absurdo de estar no mundo. Tudo é absurdo, se você pensar. Mas se até Sísifo é feliz rolando uma pedra pela eternidade, você também pode ser.
— Quem sabe...
— Você sabe. Saia desta prisão. E vamos juntos viver o mundo. Venha, posso te mostrar um pouco de tudo que você ainda precisa ver.
A voz meio indecisa acata à sugestão. E uma revolução se iniciou desde então.
Sai da segurança do campo de morangos contra usa vontade e timidamente se projeta além. E que vista surge pelos seus tons. sente emoções tão estranhas. Anemoia. Watashiato. Agnosthesia. Tantas palavras que nunca pensou que poderiam existir. Tantas possibilidades do impossível.
Seu céu abre um pouco. De fato, ainda há nuvens, mas dessa vez fica esperançoso de que serão passageiras. Tristeza passageira, nostalgia passageira, alegria passageira. Aos poucos, percebe que tudo passa como fluxo.
E foi eternamente grato àquela outra voz, que tão rápido veio quanto se foi. Não estava só. Mas era apenas só que poderia entender o drama de sua vida.
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