7. dancing with the caos

they see me night and daytime
having such a gay time
they don't know what I go through
i'm laughing on the outside
crying on the inside (...)
but when I cry, my eyes are dry
the tears are in my heart
bernadette carroll - laughing on the outside

- Muito apertado.

É o que digo pela décima vez ao provar outra peça do meu armário. Pelo incrível que pareça, eu cresci mais um pouco.

Respiro profundamente e deixo a calça número trinta e seis de lado, começando a procurar um vestido. Acho um que em minha visão é muito fofo, ele é apertado no busto e solto no resto, com uma estampa rosa bebê e branca. Me arrumar para ficar em casa parece uma ideia totalmente dispensável, mas estou com esperança de que Aaliyah apareça na mansão para podermos fazer algo.

Pego um pouco mais do creme e passo nos fios da frente do meu cabelo, a parte que insiste em não cachear e ficar frizada.

Em um momento eu estava em frente ao espelho, admirando o quão bonito aquele vestido ficou em meu tom de pele, e no outro eu estava em frente ao criado mudo com um dos poucos porta-retratos que estão neste quarto. Na foto eu, meu pai e minha mãe estamos presentes. A saudade que acende em meu peito agora é incontrolável.

Eu me sinto sem rumo e sem futuro, quero dizer, a base de uma pessoa é a família, e isso é tudo o que eu não tenho. Não tenho uma base para me reerguer, me vejo nessa situação pelos próximos anos, insegura e frágil. Realmente não gosto de parecer tão fraca, porém essa é a realidade nua e crua.

Minha mãe como a boa mulher que é, largou nossa família quando eu tinha apenas sete anos. Foi a primeira vez em que meu pai ficou desempregado, e não conseguia pagar algumas coisas que ela já estava acostumada a usufruir. Desde essa época meu pai não conseguiu se estabilizar, estando contratado por alguns meses, outros desempregado.

O que nos restou foi, literalmente, o nosso amor. Foi o que nos manteve com saúde e estáveis acima de todas os problemas e inseguranças. Creio que os meninos não tenham citado aquela mulher pois a fonte deles não deve ter ido tão fundo na deep web de minha vida.

Balanço a cabeça de um lado para o outro, querendo espantar esses momentos pelo menos por agora. Busco pelo celular novo que Chaz me deu para saber as horas, logo percebendo que está na hora do café.

A senhora Esther costuma pôr o café às nove horas, pois sabe que eu estarei acordada e talvez os meninos também.

Eu realmente não gosto de acordar cedo nos finais de semana, na verdade, em dia nenhum, porém aqui é como se... Se não fosse a minha casa, pois realmente não é, então fico com um incômodo excruciante ao pensar em acordar tarde e em várias outras coisas.

Ao chegar na copa, só consigo ver Chris coçando os olhos em uma falha tentativa de amenizar o sono. Quando ele me vê, tenta abrir um sorriso animado, que sai mais como um lamento. Retribuo o sorriso com um pouco mais de vida e me sento à mesa, no lugar de sempre.

Aos poucos Ryan, Justin e Chaz descem também, e finalmente começamos a primeira refeição do dia - no caso, deveria ser, mas sei que Justin ataca a geladeira de madrugada.

- Hm... Ariel?

- Oi? - Me viro ao escutar a voz de Justin.

- Só pra avisar que esse final de semana nós vamos dar uma festa aqui em casa, e será um pouco... Meio que de adultos, não tô dizendo pra você não ficar, mas sim pra tomar cuidado. - Ele diz enquanto passa a mão em seus fios curtos, como se realmente houvesse mais cabelo ali.

- Mas é claro que a gente vai estar de olho em você o tempo todo, não saia de vista. - Ryan fala com a voz baixa e rouca, talvez uma noite mal dormida.

- Meninos, eu não tenho doze anos, já frequentei festas. - E tenho certeza que a animação que estou transparecendo agora, não é de mentira.

Após o café da manhã sem muitos assuntos, os meninos quase imploram para que eu faça alguma coisa na casa que não seja ficar dentro daquele quarto que eles dizem ser meu.

Então, decidi vir para sala, onde uma enorme TV de não sei quantas polegadas estava. Havia um pequeno e elegante armário que continha alguns DVDs e CDs, então procurei por algo de meu interesse, o que não achei. Eles só tinham filmes de terror ou ação, e eu sinceramente não quero ver ação hoje, além de terror ser algo que eu odeio.

Então me sento no sofá de novo, após guardar tudo o que tinha tirado do armário, e encaro o controle. Bom, com certeza acharei algo de meu interesse no youtube, certo?

Ao clicar no botão de pesquisa, a primeira coisa que penso é em ballet, minha paixão reprimida. Desde que me entendo como gente amo ballet, é uma dança tão intensa e incrível... Eu amo observar as coreografias, tanta precisão, amor, os bailarinos parecem estar mostrando suas almas.

Digito "moonlight sonata, ballet" e o primeiro vídeo que aparece para mim é o vídeo de uma mulher chama Jessica Fry. Ela dança com perfeição desde o início, está simplesmente incrível.

Enquanto estou sentada no chão, com os olhos vidrados na tela, vejo pela visão periférica alguém sentar ao meu lado, quando me viro vejo que é Justin.

- Curte ballet? - Ele pergunta e aponta para a TV. - Ou só tem coisas mais chatas por aqui?

- Ballet não é chato, Justin. - O encaro com uma expressão de tédio. - E para sua informação, eu amo!

- Sério mesmo? - Assinto em confirmação e ele suspira. - Então por que não faz aulas?

Eu realmente acho que ele não pesquisou assim tão bem sobre minha vida.

- Justin, eu não sei se você sabe, mas eu sou pobre. - Abro mais um pouco os olhos e faço uma expressão de "é óbvio". - E minha situação está ainda pior depois... Disso tudo, pois eu realmente não tenho dinheiro algum. Quando eu estava com o meu pai, nós usávamos o pouco dinheiro que ele recebia para nos manter.

E eu não sei também o motivo de estar falando tudo isso para ele.

- Sei que é difícil pra você, garotinha, mas eu meio que tomo conta de você agora. Eu e os garotos, é claro, mas a sua guarda está comigo. Sei também que a sua vida não foi fácil, e por isso mesmo queremos que você curta como a adolescente que é.

Assinto com suas palavras, ainda parece mentira eles se importarem comigo, talvez nem chegue a esse ponto, pode ser pena.

- Conheço uma academia de ballet por perto por causa de Jazmyn, então podemos dar uma passada lá depois da sua escola. - Ele balança os ombros como se não fosse nada de mais.

- É sério? - Minha boca se abre em um perfeito "O". - Obrigada!

Gostaria de abraçar ele agora, mas seria estranho. Acho que ainda não estamos nesse nível de intimidade.

- De nada, criança. - Ele levanta a mão para eu bater e abro um pequeno sorriso com a última palavra de sua fala, logo levantando minha mão esquerda e batendo com a dele.

Justin sai de casa com o celular e algumas chaves no bolso, e percebo que ainda estou sorrindo pelo seu feito. Ainda não acredito que vou entrar em uma academia de ballet!

Após alguns minutos, minha mente me leva de volta para a nossa conversa. Quem é Jazmyn?

Fico mais um tempo na sala vendo vídeos no youtube, e depois decido dar uma volta pelo jardim. Já está na hora de aceitar por completo a realidade em que estou, então preciso conhecer pelo menos dez porcento desta mansão.

Ao sair o arrependimento faísca em meu peito, esqueci que aqui é completamente rodeado de seguranças, então nunca ficarei um minuto sozinha. 

Decido que eles não irão interromper meu pequeno passeio, então continuo a andar. Dando a volta pela casa, descubro que há uma grande piscina e uma academia.

Consigo imaginar todo esse jardim com vários adultos e adolescentes no final de semana, e só esse pensamento já me faz ficar animada. Com certeza vai ser inesquecível.

Ao fazer o meu caminho de volta, vejo um garoto com calça, blusa e tênis de cor preta. Não preciso me aproximar mais um centímetro para perceber que era o Shawn, já que ele parece realmente preferir esse tom e roupas lisas.

Em minha opinião, a melhor coisa para eu fazer é voltar para dentro de casa, e é isso mesmo que eu faço.

Ao invés de seguir para o "meu" quarto, sigo o cheiro maravilhoso que infesta toda a sala. Chegando na cozinha, avisto Eva mexendo nas panelas.

- Ei, senhora Eva. - Ela me vê e abre um sorriso doce. - Quer ajuda com o almoço?

- Não precisa, minha querida. Não irei demorar por aqui.

- Mesmo assim, estou livre agora, posso muito bem te ajudar!

Eu amo me sentir útil para alguém, com certeza é melhor do que ficar vegetando naquele quarto ou em qualquer outro canto dessa casa.

- Eva, qual é o seu sobrenome? - Pergunto enquanto lavo minhas mãos.

- Reed, e o seu?

- Pierce, meu sobrenome é Pierce.

Olho em volta, sem saber por onde começar.

- Você poderia ir cortando esses tomates, por favor? Se possível em rodelas.

Assinto com rapidez e pego o saco transparente com vários tomates dentro.

- E sobre sua alimentação, mocinha? O que come normalmente? - Eva faz questão de estreitar os olhos quando pergunta.

- Ah, eu não gosto muito de vegetais e legumes, para falar a verdade. Prefiro carne branca a carne vermelha, muitas vezes por causa da gordura.

- Bom, isso terá que mudar. Você está em fase de crescimento, precisa de nutrientes.

- Por favor, não me obrigue a comer berinjela, pimentão, azeitona, passas, couve ou algo do tipo! Eu como alface, batata... Até consigo comer cenoura e tomate.

Ela começa a rir e eu percebo que ela tentará me fazer comer uma dessas coisas.

- Quem gosta de tomate? - Shawn Mendes entra no cômodo, agora com uma tiara no cabelo. Que droga, tem como ele ficar mais bonito?

- Eu gosto de tomate, e você deveria gostar também. Pelo menos come algumas das outras coisas que Ariel não gosta. - Eva faz questão de expressar mais uma vez que desaprova minha alimentação.

- Eu tomava vitamina C todo dia, aquelas que dissolvem na água, sabe? Acho que é um grande passo. - Digo enquanto dou de ombros.

- Boa ideia, eu preferiria mil vezes tomar isso. O gosto do tomate é horrível, a textura é horrível. Eca.

- Você por acaso é alérgico? - Não perco a oportunidade de perguntar, posso usar isso contra ele um dia.

- Não, infelizmente. - Ele revira os olhos e senta em uma das cadeiras atrás de uma parte do balcão.

- Hm, por que não nos ajuda aqui meu menino? - Eva tenta.

- Não, Eva, por favor. - Ele encosta a cabeça na parede e a encara com uma careta.

Pelo visto ela tem uma ótima relação com todos eles, parece uma segunda mãe. Eles se transformam em crianças perto dela.

- Deixa ele, senhora Reed, eu te ajudo a terminar tudo. - Digo brincalhona, e ao passar por ela deixo um beijo em sua bochecha.

- Tá resolvido. Vou pro escritório, meninas.

Enquanto ele se vira e vai em direção às escadas, não consigo deixar de observá-lo. Um homem apaixonante que se esconde debaixo de uma faxada provocante de bad boy, ou ao contrário?

- Está olhando para ele de um jeito estranho. Tudo bem entre vocês?

Me viro em sua direção e desfaço a expressão que estava em meu rosto.

- Ele só é... Estranho.

- Acho que sei o que isso quer dizer. - Ela diz enquanto abre um sorriso.

Eu realmente gostaria de saber, mas tenho receio da resposta.

tradução do trecho da música no início: "eles me veem noite e dia
tendo um momento feliz
eles não sabem o que eu estou passando
estou rindo do lado de fora
chorando por dentro (...)
mas quando eu choro, meus olhos estão secos
as lágrimas estão no meu coração"

aceitem minhas desculpas pela demora gente, ksksksks.

vocês acreditam que eu vou na Shawn Mendes The Tour aqui no Rio? eu ainda não consigo acreditar, cara. finalmente eu vou ver um dos meus ídolos de perto. já chorei muito e ainda vou chorar!

enfim, o que esperam da apresentação do shawn e dos outros no grammy?

espero que tenham gostado...ツ

xoxo, éshi

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