Criação de personagens - II

Dando sequência à criação de personagens, vamos começar a explorar o desenvolvimento destes. Falamos sobre visualizar, ouvir e cheirar seu personagem. Agora 

vamos falar um pouco sobre como refinar e desenvolver nossos personagens. Não vou dar uma fórmula aqui, até por que isso não existe. Mas sim, falar do processo e das ferramentas que podemos usar, ferramentas que estão dentro de nossa cabeça.

A primeira coisa é que há muito que sabemos e imaginamos sobre um personagem que não vai para as páginas de sua história. Além de visualizar e conceber é importante também saber o que excluir, ou deixar implícito. Se você pensa sobre seu personagem, ah ele é narcisista e arrogante. Poderia simplesmente dizer ao leitor: fulano é narcisista e arrogante. Mas toda a questão não estar em dizer isso diretamente, mas sim, em mostrar isso através de suas ações, através de seus diálogos.

Que coisas que sei sobre meu personagem e escolhi não dizer?

Além dessa reflexão inicial, vamos ver dois atributos que todo escritor precisa desenvolver para refinar e desenvolver seus personagens: observação e empatia.

Observação é olhar atentamente para as pessoas, sua aparência, o que dizem, como se comportam, como interagem. Sim, porque seu personagem não está mais sozinho. Para ele ganhar vida, precisa interagir com antagonistas, personagens primários e secundários. Essas relações, você como escritor, consegue construir graças a sua capacidade de observação.

Já a empatia é um exercício um pouco mais difícil. É entrar na pele dos personagens. Ver o mundo, vivenciá-lo e sentí-lo de sua perspectiva particular. Como ver o mundo com os olhos de uma criança, ou de um vilão? Como penetrar na alma desses personagens? É um exercício, mais uma vez, usamos a imaginação. Esse é o trabalho do escritor, sentir, entrar na pele, criar e  imaginar. 

Mas é importante também selecionar. Seu personagem é parte essencial da narração. Então deve pensar em como fazer a história fluir, destacar o personagem, fazê-lo visível para o leitor, avançar a história. Isso inclui pensar em deixar coisas de fora, você imagina, vê, ouve, cheira e depois, seleciona. O que fica. O que não entra na história diretamente, mas pode servir de referência, eventualmente.

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