Vou tentar responder duas perguntas num só capítulo.

1) @_MeLadyShadow perguntou: como posso apresentar meu personagem sem deixar a cena monótona e clichê? Queria fazer algo fora do padrão "fulano tinha cabelo preto, olhos verdes e pele branca".

2) @FelipeStorm perguntou: Como eu caracterizo o meu personagem do jeito certo?

Primeiro, vejam o capítulo anterior sobre personagens "rasos". É importante saber que é de grande ajuda para escrever um personagem "redondo", ou tridimensional, trabalhar em um conjunto de informações sobre o personagem que vai além do que está escrito no livro/conto.

Bem, Felipe, não creio que exista um único jeito certo de caracterizar um personagem. Numa estória, penso que dois elementos são importantes para caracterizar um personagem, a sua personalidade, ou caráter (que é a palavra em inglês para personagem/character), e sua relação com a trama, ou seja, quais são suas motivações, que obstáculos encontra e como reage a estes. A caracterização de um personagem vem de sua interação com o mundo, e principalmente, seus relacionamentos com outros personagens. Mas muito também dos conflitos que possui ou os que precisa resolver, sejam internos ou externos. É sempre bom pensar nos porquês das coisas.

LadyShadow, você está no caminho certo ao buscar fazer algo diferente de "fulano tinha cabelo preto, olhos verdes e pele branca". Sendo possível, apresente seu personagem através de suas ações, mostre-o em movimento, reagindo ou agindo em torno de uma situação. A descrição física é secundária, e em alguns casos pode até ser dispensável, o leitor poderá preencher essa lacuna e imaginá-lo do jeito que quiser. Quando fazemos "casting", por exemplo, (dizer que personagem tal é tal ator/atriz) deixamos a necessidade de realizar essas descrições físicas para ir direto para o que mais interessa: quem é essa pessoa, quais são suas aspirações, quais obstáculos vai encontrar, se conseguirá superar os obstáculos, etc. 

Não que exista nada de errado em dar uma descrição física de seu personagem, mas muitas vezes, isso entra em conflito com a imaginação do leitor, que o tempo todo preenche lacunas. Por exemplo, é comum eu ler um livro e decidir imaginar aquele personagem como um ator ou atriz, um primo, vizinho ou conhecido de trabalho. Mesmo quando isso conflita com a descrição dada pelo autor. 

É isso. Espero ter ajudado. ;)