Autor: Henrique Gomes

1º lugar no Concurso Segunda Guerra Mundial - 3º concurso de contos do perfil Ficção Histórica BR

"O dia em que matei Adolf Hittler" trabalha o tema da segunda guerra mundial em uma ficção onde as personagens principais são crianças, mas que está longe de ser um conto infantil. Isso porque o conto trata de níveis e raízes da maldade que só podem ser compreendido por quem já se iniciou na dura escola da vida.

O conto mistura ficção histórica, fantasia e até mesmo um pouco de humor com um final, em termos, inesperado.

Apesar dos elementos fantásticos e das informações históricas que contém, o ponto fundamental de "O dia em que matei Adolf Hitler" é o personagem de Vinícius.

Vinicius era o garoto mais inteligente não só de sua escola, como de toda a cidade. Ninguém, além de seu irmão, parecia enxergar como aquele pequeno gênio manipulava os amigos, os demais cidadãos e os fatos em prol de seus objetivos.

O autor se utiliza de uma alegoria bastante interessante para mostrar como Hitler ascendeu ao poder da Alemanha e conseguiu manipular a população – fragilizada ante o contexto político e econômico pós Primeira Guerra.

A narrativa mistura a história de Vinícius, narrada por seu irmão mais velho, e entremeada com observações e comparações com o tema da segunda guerra, que o narrador estudava então. Depois descobrimos que esse recurso de mistura de fatos históricos com uma trama ficcional não foi utilizado somente pelo autor do conto: Vinícius e o irmão são também personagens de uma redação que vem atender – mal, na opinião da professora – ao dever de casa sobre a Segunda Guerra Mundial.

É texto dentro de texto dentro de texto a um nível quase tolkeniano, que pode provocar confusão em leitores menos atentos.

Sem dúvidas, Henggo demonstra, mais uma vez, suas aptidões para a escrita, em uma trama verossímil, embora fantástica, e trabalhando o tema de forma criativa, divergindo dos modos mais tradicionais de se contar a Segunda Guerra Mundial.