VINTE OITO
Eu só estava analisando
números e figuras
Desfazendo os enigmas
Questões da ciência e progresso
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Estar sentada sobre a cadeira da sala de um diretor era uma situação rotineira na vida de Arabella, mas ela nunca se sentiu tão embaraçada quanto se sentia agora. Arya estava percebendo o quanto estava sendo deixada de lado, como se fosse apenas um objeto neutralizado pela rotina, enquanto o Diretor apenas liberava toda a sua atenção ao Sr. Parker.
— Sabe, é uma atitude nobre defender pessoas, e eu sei que no seu coração você tem essa nobreza, você sempre foi muito doce, apesar de sua timídez. Mas pagar o mal com o mal não vai te trazer prazer filho, e eu infelizmente vou ter que te castigar junto com Eugene. Sinto muito.
Parker suspirou, assentindo enquanto sequer podia encarar o Diretor nos olhos, estava envergonhado demais para conseguir dizer qualquer coisa. Era sua primeira vez ali, e ele sentia que as palavras compreensivas do homem até poderiam surtir certo sentido, mas naquele momento ele não concordaria com elas. Agir como agiu foi errado de sua parte, ele sabia, porquê ele tinha uma força sobre-humana, mas Flash era um lixo de ser humano. Alguma lição ele merecia receber algum dia.
Mas por outro lado, aquilo seria um pensamento que ele teria há um mês atrás?
— Por quê... Chamou nós dois aqui? — Arabella questionou, gesticulando com os dedos enquanto apontava para o garoto sentado bem ao seu lado. Ela chutou as bolas de Eugene em legítima defesa, era uma vítima dele!
O diretor estendeu suas mãos sobre a mesa, cheia de papéis espalhados (aquilo estava uma bagunça!) e olhou profundamente para os dois adolescentes.
— Vocês sumiram por uma semana na escola... E, dessa vez Parker não houve nenhum aviso, da outra vez ouvimos sua própria tia dizer que você estava muito doente, mas agora... Eu pressuponho que está tudo bem com você. — ele encarou duramente Parker — e observando que você defendeu Arabella Green, que também matou aula... — Arabella não conseguiu deixar que o diretor terminasse seu raciocínio, e o interrompeu.
— Você está querendo dizer, que... — ela não se aguentou e gargalhou, mas não de um jeito maldoso, apenas estava achando a história do homem incrivelmente engraçada e criativa. — Peter e eu estamos juntos só porquê matamos aulas juntos? Diretor sinto muito te informar, mas isso aqui é a vida real e não estamos dando uma de Ferris Buller em Curtindo a Vida Adoidado!
Mas bem que seria divertido, ela pensou, olhando diretamente para Parker, e notando que ele se encolhia na cadeira e parecia querer de algum jeito se afundar no chão. Não compreendia porquê ele parecia tão estranho hoje.
— Seja o que for... Peço que isso não se repita mais, principalmente para você Parker, que tem um currículo e reputação impecável. _ Arabella quase se permitiu rir, mas sabia que seria mal interpretada, mas foi quase impossível tentar prender o riso quando ela percebeu que era um caso perdido e o diretor não diria algo parecido com que falou para Peter a ela. Na verdade, ele nem chegou a dizer nada para ela, já foi logo liberando os dois para saírem de sua sala. Ela achou ele um babaca, afinal ela foi uma vítima e merecia algum tipo de apoio.
Mas no esforço de deixar pra lá essa situação traumática, Arabella ergueu os olhos sorrindo divertidamente para Parker. Ele nada demonstrou, parecia apático enquanto encarava o chão que andava, com suas mãos presas nos bolsos do jeans. Ela se jogou para perto, ignorando tudo de ruim que aconteceu, e bateu seu ombro ao dele, chamando sua atenção.
Sentia estranhamente, que de algum jeito, ele precisava dela nesse momento e tentaria o seu melhor, para fazê-lo melhorar desse acontecimento absurdo que viveu há menos de uma hora atrás.
— Você não precisa ficar tímido por nada — ela riu, tentando interpretar as emoções dele — Nem por me defender, se é o caso, o que na verdade foi foda de sua parte... Por mais que eu não queira que algo assim aconteça de novo. Você não pode ir para o lado sombrio da força! --- ela brincou, conseguindo fazer Peter rir pela primeira vez naquele dia. — E nem pela fanfic que o diretor criou, sabe? -— ela de repente puxou ele pelo braço, ficando bem próxima, precisando ficar levemente na ponta dos pés para alcançá-lo, e foi quando sussurrou ao pé de seu ouvido: — Mas se um dia quiser cometer uma loucura, tipo fugir, eu topo, sabia!
— Com certeza vou lembrar desse convite Arabella, seria ahm... Hilário ter algum tipo de adrenalina na minha vida. — ele disse, se esforçando para se divertir junto com ela, enquanto ela mal imaginava que ele sempre vivia sobre adrenalina, e que ao dizer a palavra "adrenalina" ele estava fazendo uma pequena referência á própria garota.
— Eu amo essa palavra, sabia? Adrenalina...— ela sorriu, pensando nas merdas que fez até pouco tempo atrás. Parker assentiu, com os olhos castanhos tímidos, deixando Arabella sem graça, e se perguntando porquê ele parecia tão estranho.
O sinal do colégio, ecoou sobre o corredor e eles dois foram obrigados a se separar. Arabella e Peter então andaram a direções contrárias, ela foi para literatura e ele deu a volta no corredor, correndo direto para o banheiro masculino e se trancando em uma das cabines. O garoto se permitiu dar um suspiro de alívio quando se viu longe dela, mas aquilo não foi de maneira maldosa, na verdade ele estava apavorado com a ideia de Arabella repentinamente ligando os detalhes de sua repentina mudança de comportamento nessa manhã — coisa na qual ele se arrependia profundamente ao mesmo tempo que não, pensar nisso era uma constante luta — e que ele sumiu na mesma semana que o Homem Aranha, já que o Diretor fez o favor de achar que ele e ela... tinham alguma coisa. Bem, de certa forma ele não estava errado, mas estava muito longe de saber como funcionava o relacionamento de Arabella com ele. Nem ela sabia ainda.
Ele respirou fundo, sentindo um cansaço extremo, como se suas energias estivessem fugindo de seu corpo, e decidiu abrir os botões de sua camisa curioso com o que sua mente cismava em prever, e arregalou os olhos quando viu que estava realmente vestindo o seu traje preto. Sendo que se recordava de que havia feito questão de jogar fora em uma lixeira durante essa manhã.
(...)
A professora de Literatura era a pessoa que Arya mais odiava do grupo de professores do colégio. Com seu jeito rigído, óculos antíquados e saias longas, ela liderava aulas maçantes, completamente chatas e odiadas por cerca de 90 % dos alunos. Hoje, ela simplesmente decidiu que exibiria um filme, e pediu sugestões, os alunos — que eram completamentes hipócritas, diga-se por sinal, já que dormiriam a aula toda — escolheram Romeu e Julieta, e ela falou com profundo tédio e desgosto que aquilo era uma escolha óbvia demais, e surpreendeu a todos, colocando os Fantasmas De Scrudge na tela. Absolutamente ninguém entendeu porquê ela decidiu que obrigaria todos assistirem um filme natalino, quando nem época de natal era ainda. Mas a justificativa dela era focar na história do homem que por uma única noite foi obrigado a assistir o próprio passado, presente e futuro para aprender uma lição de vida.
As luzes da sala se apagaram e o filme começou a rodar, dando liberdade a quem quisesse de dormir, a professora mesmo mal notaria os espertinhos já que estava muito vidrada no filme para ter de se preocupar com seus alunos insuportáveis. Arya percebeu então, uma ótima oportunidade de ler um pouco do diário de sua mãe. Então, discretamente puxou o caderninho vermelho vibrante da mochila, e colocou sobre a mesa na página que havia marcado. Ele era bem antigo, as folhas já possuíam aquela aparência amarela e desgastada por culpa do tempo.
"Olhe para as estrelas e não para seus pés"
Citei Hawking para Phill, enquanto ele teimava em falar somente sobre seu futuro e progresso comigo, suas malditas desculpas eram que queria ser como o pai, tão grandioso quanto o desgraçado homem quê sofreu o terror do militarismo, almejara tanto ser antes de morrer atrofiado com suas bebidas caras e sozinho numa mansão enorme. Quando ele parou para escutar minha voz e o pequeno verso, abriu um daqueles sorrisos grandes e me abraçou, nós éramos fãs demais desse cara, o hawking. Olhei então para ele, nós estávamos sentados no banco do jardim de sua casa, eu gostava de pensar que adorava seu olhar pueril, aquele acastanhado único de seus olhos, e também amava o toque de sua boca e mãos que por muitas vezes me tocaram, e no faziam isso momento sem pudor algum. Ahhhhh...depois daquele intimo momento que tivemos, fui surpreendida com seu pedido de casamento, Phill disse que por mais que tivesse sonhos com o Progresso e a Ciência não poderia fazer nada sem mim, porquê eu era a figura mais importante de sua vida.
Ciência e Progresso, ele fala tanto essas palavras que acho que seria capaz de tatuá-las se pudesse."
Ela engoliu seco, dedilhando as páginas, todas cheias de profundas declarações de amor de Cláire para Phill. Ela realmente amava ele demais, e aquilo foi o maior erro de sua vida. Mas somente uma página não continha nada sobre Phill, e aquilo deixou Arabella interessada, tanto que parou na página.
"Diz a lenda, que há mais de 100 anos um marinheiro tinha seu futuro marcado para morrer na profunda tempestade que se encontrava, e quando seu destino estava bem próximo dele, lhe restando minutos, ele se agarrou a bússola que havia ganhado de sua esposa falecida de presente. O quê ele não esperava ao fazer isso, era ter a chance de mudar seu futuro e viver a vida que ele sempre sonhou. Contudo, todo mundo há de saber que nada nunca nos é dado de graça. Ele então agradeceu somente a sua vida trazida de volta, o seu passado estava diante de seus olhos, mas ele nunca poderia tocá-lo, ou remendá-lo. O Homem então, se foi da vila onde cresceu e se casou, decidindo viver recluso em um lugar bem distante de sua amada, e mesmo com sua tristeza, ele ainda se sentia abençoado por saber que vivia no mesmo tempo em que sua bela esposa, onde ela continuava jovem, saudável e feliz. Nada parecido com seus últimos minutos de vida."
Ao ler aquele pequeno trecho, Arabella se chocou quando se recordou de sua infância, e de que várias vezes antes de pegar no sono, sua mãe sempre lhe contava aquela mesma história.
Ela suspirou, retornando a leitura.
— Regras Principais de um Viajante do tempo
Uma bússola é um objeto metalizado, que orienta ou indica para onde os navegadores devem ir.
Esta bússola em específco, tem essa possibilidade, mas com o tempo! Ela foi passada de gerações, e é simplesmente mágica! (Infelizmente mágica é o único adjetivo que posso usar, porquê suas possibilidades fogem de qualquer questão científica)
A primeira e principal regra: é que o viajante sentirá dor, muita dor!
Em teoria, as habilidades telecinéticas são causadas pelo aumento da atividade cerebral. E ao viajar, ou se teletransportar, sua atividade cerebral vai suplicar por mais sangue e oxigênio chegando ao cérebro. As suas dores são a razão de tantos eventos passando por sua mente como um filme, se extraindo como um ruído de vozes também de vários personagens que protagonizam essas cenas.
A segunda regra é: É impossível o viajante levar um companheiro junto a eles durante as viagens.
A terceira e última: é que viajantes podem viajar aleatóriamente no tempo, sem poder de escolha, dependendo de suas motivações, cirscunstâncias que o envolvem, ou pensamentos que ele possa ter na sua mente. — Não podendo esquecer que tudo isso só funciona se
tivermos a bússola. Não temos nenhum super poder, somente o objeto de metal.
E também, pode acontecer que durante os nossos sonhos, podemos viajar no tempo. Não sei se é só comigo, mas já vi o futuro nos meus sonhos e foi um dos meus piores pesadelos.
Arabella mordiscava fortemente seus lábios, chegando ao ponto de sentí-los sangrar enquanto encarava o caderno velho de sua mãe.
Já vi o futuro nos meus sonhos e foi um dos meus piores pesadelos.
Aquela frase ressoava na sua mente em volume alto, causando sentimentos de aflição e curiosidade na garota de repente mil pensamentos que surgiam em sua cabeça de forma acelerada, naquele instante ela estava uma bagunça, enquanto Arya presumia de fato, que os sonhos de sua mãe não eram somente sonhos, e que os pesadelos — como ela os descrevera — eram o futuro trágico que veio a ter a pouco de um mês atrás. E como ela confiava demais nessa ideia, ela se questionou do porquê sua mãe não havia feito nada parecido com o que o marinheiro fez na história, ela simplesmente deixou que o seu destino se pintasse lentamente diante de seus olhos, e porquê? Muito amor devotado a Phillipp Green? Arabella não entendia, simplesmente não tinha compreensão de que aquela vida que tinha, podia ser diferente agora... Quando ergueu os olhos, que estavam aflitos, percebera que o filme já estava perto do seu fim, Scrooge perguntava se ele podia mudar tudo o que aconteceu, e de fato na manhã de natal ele escolheu fazer exatamente isso, se tornando um homem melhor e impedindo seu futuro trágico e solitário. Arabella piscou os olhos, quase deslumbrada com o que vira naquela história tão velha, o cara simplesmente conseguiu transformar as coisas...
Eu posso fazer exatamente isso certo?
A garota se pegou pensando e se imaginando, novamente na cena da morte da sua mãe. Porquê passava na cabeça dela naquele instante, que se a mãe teve o trabalho de escrever uma carta e lhe presentear com a bússola, é porque ela designou ela a fazer isso! No fundo, ela não tinha certeza de nada do que pensara, mas uma coisa era fato naquele instante, assim como o tal do Scrooge, ela mudaria o percurso das coisas.
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música citada: Coldplay, The Scientist.
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vocês disseram que queriam capítulos grandes? TÁ AÍ
e dividindo aqui com vcs, Arabella é muito inspirada em efeito borboleta e stranger things, sabe? o nariz sangrando e as crises nervosas ao viajar é total referência a eles dois. e a história do marinheiro é referência a dark, uma série de viagem no tempo. Onde o seu eu presente pode encontrar seu eu passado.
e não arya nunca vai ser uma heroína, não vou recorrer a esse clichê. ninguém perguntou eu sei.
eu super gostaria de fazer a ligação com as jóias da alma do mcu, pq a Arya meio que altera a realidade, mas não quero, pq n vou saber ligar os pontos.
E HJ (27 DE ABRIL) É MEU ANIVERSÁRIO AAAAAAAAAAAAAA
me perdoe erros ortográficos, estou com sono são 5 e pouca da manhã.
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