TRINTA E OITO

Eu não gosto do seu crime perfeito
Do jeito que você ri quando mente
Você disse que a arma era minha
Não é legal, não,
eu não gosto de você


Lágrimas encharcaram as olhos da garota percebendo o que fez, e ao olhar para baixo encontrou com sua pistola caída bem perto de seus pés, e se reverberou de ódio. A bala não pegou em seu pai, mas em um carro vazio perto dele, estacionado na direção de onde originalmente seria o algoz de sua mãe em outra realidade.

Contudo, todo mundo há de saber que nada nunca nos é dado de graça..
Ele então agradeceu somente a sua vida trazida de volta, o seu passado estava diante de seus olhos, mas ele nunca poderia tocá-lo, ou remendá-lo.

Com a respiração entrecortada, a menina sussurrava baixinho a palavra mamãe repetidas vezes. A sua boca estava trêmula de tanto chorar enquanto olhava para o corpo morto de sua mãe estirado sobre o chão, sangue vermelho vivo jorrava de sua cabeça, causando repulsa e mais lágrimas para a garota, que se abafaram contra a máscara improvisada por sua bandana. Seus soluços desesperados apenas cessaram, quando sentiu olhos castanhos se lançando como ameaças sobre ela. Ela segurou o choro, e se levantou rápidamente e impulsivamente lançou um olhar para o homem mais velho, duvidando se ele tinha a reconhecido ou não. Percebendo que ele a encarava profundamente, ela sentiu dor, entretanto, aquele momento durou pouco porque no minuto seguinte, ela fugiu. Correndo o mais rápido que podia, enquanto sentia sua respiração fraquejar, e durante seu pequeno tempo, ela pegou sua bússola, e antes que pudesse partir, lançou um último olhar para trás, em busca de qualquer vestígio de que estaria sendo seguida, e foi naquele instante que topou com o Homem Aranha.  Ela imediatamente caiu com o susto, arranhando seu braço, e soltando um grito de dor. Ela estava sangrando.

Spidey estava sobrevoando o céu com suas teias quando a viu, e notando brevemente a arma agarrada em uma das mãos dela. Mas no instante, que ele tentou pegá-la, a menina desapareceu feito mágica enquanto corria, deixando ele perdido. Quando Peter olhou mais para frente, ele se horrorizou com a quantidade de vermelho que viu.

Arya retornou ao começo de tudo, para a rua onde esteve antes de viajar e se recostou na parede, arrancando a bandana do rosto e puxando sua mochila da lixeira onde havia a guardado.

A menina não conseguia apagar a memória de sua mãe ensanguentada na sua cabeça. Ela foi se agachando, enquanto sentia suas costas prensando contra a parede, até perceber que seu traseiro havia encostado no solo, e só então deixou as lágrimas brotarem. Ela estava vivenciando tudo novamente, com a diferença de que desta vez, a culpa era dela de verdade. Ela deixou sua mãe morrer. Ela deixou sua mãe morrer! Essa frase maldita repetia na sua mente com o efeito de marteladas.

Numa tentativa de ignorar sua dor, puxou da mochila o diário de Cláire, e abriu em qualquer página aleatória, parando especificamente quando ela contava sobre a lenda do velho marinheiro. A constatação que repentinamente chegou a sua mente, a deixou alarmada.

—  Física — ela sibilou, com o rosto inchado de tanto chorar. — Preciso de alguém que entenda sobre fisíca.

Ela puxou o telefone da bolsa, e discou o número mais aleatório de sua lista.

—  MJ — Arabella pronunciou o nome da garota num sussurro ofegante.

—  Arabella Green?!  Porquê está me ligando? Você não sabe que antes das 13:00 no domingo eu não existo?

A garota engoliu seco.

— Digamos que é por uma questão de física e só você pode me ajudar. —  realmente somente ela seria capaz disso, Peter provavelmente estava muito ocupado agora. — E por favor, não me pergunte o porquê das perguntas.

— Ok. Me diga sua dúvida. — disse MJ, a voz soando automática.

— Digamos que fulano viaja no tempo, e ele tenta matar seu inimigo, que está vivo no seu presente atual. O quê acontece?

Demorou alguns minutos para que MJ respondesse, o quê fez com que a garota do outro lado da chamada, roesse as unhas fervorosamente.

—  Nada. É um paradoxo, Arabella. Este protagonista apenas alterou a realidade, criando uma paralelo, quando ele retornar ao seu presente atual, seu inimigo continuará vivo, como se nada houvesse acontecido. Você não pode mudar o passado, apenas alterar seu futuro, entendeu? — a garota explicou e depois soltou uma leve risada — Achei que entendesse de física.

— É, eu acho que entendo, mas faltei muitas aulas. E eu não sou tão inteligente quanto você e Peter, então... — ela olhou em seu relógio, o seu tempo estava curto —  Preciso desligar.

Ela se pôs de pé, secando as lágrimas acumuladas nos olhos e pegou sua mochila, enquanto arrancava aquele moletom de seu corpo, permanecendo apenas com a regata branca. Fazia muito calor agora.

Você não pode mudar o passado, apenas alterar seu futuro

Seus passos pareciam de um soldado prestes a lutar uma batalha, e sua expressão estava... Vazia.

Sua mente estava ficando oca, enquanto ela se esforçava para aniquilar todo vestígio de sentimentos que alguma vez sentiu por seu progenitor. As raras lembranças boas estavam sendo apagadas, enquanto um par de lágrimas descia de seu rosto. De modo, que sobrou apenas um pensamento em mente; um desejo se fortificando no seu longo caminho até sua casa. Ela sempre desejou, arduamente ser tão amada quanto aqueles frascos de Phill, ou como seus diplomas, prêmios. Ela sempre desejou ser a garotinha do papai, e viver aquele momento antíquado que era o ciúmes de um pai com os garotos na sua adolescência, ter a chance de uma família feliz, igualzinho ao dos comerciais de tv, grandes sorrisos, abraços e olhos brilhantes. Era somente isso que eu queria, pensou e quando se deu conta, sentiu que o suor escorria de sua testa, e também que havia olhares pairando sobre ela. E ela sabia bem o porquê. Era seu nariz, sabia que havia sangue vazado dele, e que agora provavelmente estava seco. Talvez fosse seu braço fudido também. Porém, ela nem se importava mais, havia coisas mais importantes agora que sua aparência.

Era chegada a hora, hora que ela se despiria completamente, perdendo qualquer tipo de perdão.

Mas os fins sempre justificam os meios certo?

— Mamãe, nós somos uma família feliz? — Uma Arabella criança, questionou a mãe.

Cláire, se separando de seu livro a puxou para um abraço.

— Eu e você somos, Bella. — ela respondeu, e depois começou uma explosão de cócegas na menina, que gargalhou puramente. — Agora, vamos para dentro. Você precisa de um banho, olha só sua cara toda suja de terra!


A postura rígida e fria de Arabella Green era assombrosa, enquanto estava sentada na querida cadeira de seu pai, e com a expressão fria e vazia, o sangue seco saindo de suas narinas só a deixava mais assustadora, naquele pequeno instante ela compartilhava da mesma visão que Phill do mundo que ele tinha tinha todos os dias. A pistola estava pousada no seus joelhos, pedindo para ser estourada na cabeça dele. Era o que ele merecia, o preço que eles dois pagariam.

Dois capítulos focando na Arabella. Ok, espero que não estejam irritados comigo, mas ela é a personagem original aqui e seu backstorie é o que move a história e este é o clímax. É claro, que há dois capítulos atrás, eu indiquei que os dois tinham planos a fazer, então tudo vai correr de forma linear. Peter também está tramando algo. Pense nesses capítulos como episódios focados em personagens específicos, tipo euphoria que cada ep é de um personagem.

e yes, arabella alterou uma linha do tempo. mas como MJ explicou isso não muda nada pra ela. E cá eu adiciono, no momento que ela se põe como uma espécie de justiceira no cenário trágico de Cláire, ela altera as coisas, criando dois passados. duas linhas do tempo. A primeira se encontra no presente atual, que é onde a história se passa, e Cláire morreu pelo próprio marido. A segunda é, como se diz em Loki, uma ramificação, e não altera o seu presente atual, só se cria uma nova história, onde ela se torna uma das responsáveis pelo crime ou suspeita, já que ela não atirou em sua mãe.

Como perceberam Phill não morreria no presente atual, se ela atirasse no passado. isso é um paradoxo.

aqui, um print explicando isso melhor:

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