TRINTA E NOVE
ATENÇÃO: ESTE CAPÍTULO PODE CONTER CENAS POTENCIALMENTE DESCRITIVAS DE VIOLÊNCIAS. SE VOCÊ NÃO SE SENTE CONFORTÁVEL, PEÇO QUE NÃO LEIA.
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Sou o pior no que faço de melhor
E por esta dádiva me sinto abençoado

A postura rígida e fria de Arabella Green era assombrosa, enquanto estava sentada na querida cadeira de seu pai, e com a expressão fria e vazia, o sangue seco saindo de suas narinas só a deixava mais assustadora, naquele pequeno instante ela compartilhava da mesma visão que Phill do mundo que ele tinha tinha todos os dias. A pistola estava pousada no seus joelhos, pedindo para ser estourada na cabeça dele. Era o que ele merecia, o preço que eles dois pagariam. Ela sabia que teria pesadelos a vida toda por fazer aquela vingança, mas ninguém faria o que ela estava pronta para fazer, muito menos esperaria que Peter seria essa pessoa, ele era bom demais e nunca foi corrompido, Arabella já tivera sua alma destroçada, quebrada e por fim corrompida, ela recorreu a mudança, desejou ser uma pessoa melhor, mas infelizmente ela era única pessoa possível para fazer esse trabalho. Os punhos dela apertaram, carregados de ódio, relembrando dos olhos frios dele aparecendo e carregando sua arma contra Cláire, ela sentiu-se tão enojada por vê-lo se disfarçar com aquele maldito capuz preto. Quanta covardia, ela pensou, e seus olhos azuis vasculharam sua mesa polida e brilhante. Ela era tão organizada e inexpressiva, a menina então abriu a gaveta, e encontrou algumas fotos, uma delas doeu ao mesmo tempo que a enfureceu, era ele e sua mãe jovens. Phill foi o maior erro da vida de Cláire. A outra foto era dele, também jovem ao lado da figura desprovida de sentimentos humanos que era seu velho tio. Não havia um resquício da filha naquela gaveta.
Arabella parou de se distrair, quando escutou uma movimentação fora do escritório, os dedos dela roçaram levemente no metal frio da arma, enquanto aguardava pelo momento que lhe seria tão memorável e doloroso. Quando a maçaneta da porta mexeu ela paralisou, esperando pela figura esguia e bonita dele aparecer na sua frente.
— Martha! Me traga um café, por favor! --- ele pediu, e por um motivo desconhecido por ela, o tom de sua voz parecia animado. Quando ele virou os olhos para a direção de sua escrivaninha, ele se assustou, Arabella riu debilmente. — Arya?
— Papai, decidi fazer uma surpresa para você! — ela sorriu diabolicamente, apertando o cano da arma, Phill revirou os olhos se enfurecendo, sabia que a filha estava aprontando uma, mas não imaginava e sequer pensava na possibilidade de ser algo que poderia lhe custar a vida.
Ele estava sendo ingênuo demais.
— Arabella, eu conheço esse olhar atrevido. Meu dia estava bom demais para ser destruído por suas besteiras. Eu peço que se tem algo em mente, saia agora ou eu mesmo chamo alguém que lhe arranque da minha sala.
As palavras ameaçadoras dele fizeram a risada da garota parecer mais alta agora, mais estridente, enquanto os olhos azuis dela olhavam para o pai completamente carregados de uma tristeza gélida.
— Está com medo de mim, papai? O que eu poderia fazer com você, além de manchar sua bela reputação com meu mau comportamento? — Phill se manteve em silêncio, e a garota se pôs de pé, a arma escondida entre a jaqueta. — O que eu poderia saber... da reputação maravilhosa, de Phillip Green. O quê?
— Pare! — Phill gritou, com rosto ficando avermelhado e impaciente, uma veia saltou de sua testa. Arabella nunca o viu tão vulnerável, e para não quebrar o clima hostil, ela arrancou a arma da jaqueta, e apontou diretamente para o peito de seu pai, enquanto seus olhos se mantinham presos no rosto desesperado de Phill.
Ela tinha a esperança de salvar sua mãe, mas a física não permitia milagres e por sua própria responsabilidade, a deixou morrer, bagunçando a própria realidade. Mas agora, ela sentia que podeira estar fazendo a coisa certa.
— Você MATOU a minha mãe! E ainda teve a cara de pau de me dizer no funeral que isso era a merda do percurso da vida para me fazer crescer! Você é um verme, seu hipócrita!
Phill estava se esforçando se manter relativamente calmo, enquanto tinha sua filha adolescente apontando uma arma para o peito dele.
— Eu não estava errado quando disse que a morte dela significava amadurecimento para sua vida, filha.
Aquelas palavras enfureceram a garota, porquê ela não era e nunca seria o espelho dele na geração seguinte. Ela abruptamente deu a volta pela escrivaninha com pressa e ficou mais perto dele, enquanto apontava a pistola para ele.
— Então, você está confessando na minha cara?! — ela estava quase puxando o gatilho, mas queria mais palavras, mais confirmações, mais coragem...
— É impossível você saber — Ele afirmou convictou, e o objeto dourado dela reluziu sobre os olhos dele, e Phill entendeu tudo, engolindo seco e se obrigou a mudar o argumento. — Já que está tão certa do que diz, então me mate de uma vez. Vamos, será tão fácil, não há quem te impeça de realizar essa bela façanha. Todo mundo que me odeia sonha com a minha morte. — a respiração descompassada de Arya entregava um pouco do sofrimento pessoal que passava enquanto realizava tudo aquilo, e seus dedos doíam por culpa do esforço que fazia ao apertar o metal frio da pistola, mas ela não desistiria. — Vamos me mate! Ou prove que não tem coragem de fazer isso, e que apenas está se exibindo como todas as vezes que você quis aparecer. Você sempre foi essa garotinha mimada! Que está realmente acreditando que tem coragem de me matar, mas não passa de uma garotinha que sempre precisa de mim para limpar o seu nome!
Arabella sentiu uma pontada forte em seu peito, e ignorou então o fato de que suas palavras eram verdadeiras, e posicionou a pistola, com uma expressão firme em seu rosto.
— Atire filha, se tem coragem.
Ela ergueu mais a arma, olhando duramente para ele e seu dedo estava começando a puxar o gatilho, ela estava quase lá, e quando estava pronta, a porta do escritório se abriu abruotamente revelando um Harry desesperado, que repentinamente pulou para cima de Arabella, que acabou perdeu sua mira e também o equilíbrio, mas por sorte ou azar a bala transpassou o braço de Phill, e então, ouviu-se o grito dela enquanto começava a travar uma luta quase perdida com Harry Osborn, o garoto ironicamente era forte e conseguiu arrancar a pistola, Arya grunhiu, chutando a perna de seu pai que lutava para ficar de pé, tirando uma faca pontuda de seu outro bolso, e assustando Osborn com um arranhão no braço descoberto dele, o que acabou deixando a menina se arrancar dos braços dele e poder encarar seu pai pela última vez.
— Você é um ceifador de vidas! Um assassino! — gritou, já com a pistola recuperada em suas mãos. Phill estava perplexo demais com a força da garota, e as informações que saiam de sua boca.
— Você quer se igualar a mim, me matando? — ele indagou com a voz fraquejando, seu corpo não estava suportando a dor do primeiro tiro.
A garota lançou um olhar crítico para ele, mas preferiu ignorar. Porquê dessa vez o segundo tiro foi certeiro e acertou seu braço novamente, e fez com que um homem de 1,90 caísse feito papel no chão, desacordado.
Sangue jorrava no chão, chegando aos seus pés.
— Arabella pare, por favor! Você está perdendo a cabeça, acabou de atirar no próprio pai! — Harry gritou alarmado, tentando se aproximar dela, mas falhando, no momento em que a garota atirou contra sua cabeça um vaso pesado, e ele acabou escorregando, levando ela junto com ele.
Aquele momento, poderia ser uma obra de arte. Tudo era tão expressivo, tinham três pessoas, lado a lado, enquanto se destacava o vermelho escarlate em volta delas.
— Eu não me importo mais, já estou perdida mesmo! Enquanto ele, desfila como se não fosse o assassino da minha mãe! Minha mãe! — ela respondeu sentindo raiva dos dois, e se arrastando para perto de seu pai, onde bruscamente penetrou a ponta da faca enorme em uma de suas bochechas, causando um corte feio na bochecha ali, arrancando tanto sangue, que conseguiu fazê-lo ficar completamente inconsciente. Harry gritou, tentando puxar a garota de lá, mas ela se batalhava contra ele que pegava forte nos braços dela, tentando impedir a possível morte do Sr. green. E quando ela, estava prestes a entalhar a faca no peito do homem, uma voz conhecida ressoou sobre os seus ouvidos, ela olhou de soslaio e viu o aracnídeo parado no parapeito da janela
— O quê está acontecendo? Que tipo reunião é essa onde eu só vejo sangue e violência? Um filme do Tarantino? Carrie, a Estranha? — O Homem Aranha brincou, mas quando se deu conta do verdadeiro cenário, seu humor divertido mudou. Ele esperava ver sangue causado pelas mãos de Phill, ou algo assim, e finalmente pegá-lo. — Arya.... — mas quando viu quem foi o responsável, se chocou.
A voz doce de Peter Parker era o que ela menos desejava escutar agora, porque seu tom aveludado foi venenoso, conseguindo distrair seu inconsciente e servir de armadilha para um Harry fraco arrancar o corpo dela de perto do pai, lhe agarrando com força e para a tragédia dela, a faca acabou caindo de sua mão.
-— Me solta! — ela gritou desesperada, tentando olhar para Harry por trás de suas costas. — Me solta, seu desgraçado, filho da puta! Você nem era para estar aqui!
Peter tomou partido, adentrando o escritório e manjou um soco bem dado na cara de Harry Osborn que caiu inconsciente no chão. Ele então mirou o rosto da garota que amava, ela parecia assustada e ao mesmo petrificada, seu rosto estava sujo com o sangue vivo de seu pai, se misturando com o sangue seco do nariz dela, e fazia ela parecer que saiu de um filme sangrento de terror, até suas vestes que ironicamente eram brancas hoje, estavam tingidas de vermelho.
— Eu entendo se não quiser mais olhar na minha cara! Mas esse filho da puta matou a minha mãe, Peter! Ele matou minha mãe, minha mãe! — ela pausou, tentando engolir o choro. — Eu precisava me vingar! Ela era o meu único bem nessa vida maldita que eu tive. — a voz da garota embargou, e sua postura se desfaleceu, caindo perante ele.
O rapaz suspirou e colocou uma suas mãos quentes nas costas rigídas dela e a puxou para ele, jogando ela sobre um de seus ombros como se fosse uma boneca de pano, enquanto a levava para longe dali. Ele encontrou rapidamente um lugar em paz e silencioso. Era um terraço de um prédio, com um belo de um jardim, e que por causa do sol ardente resplandecia o verde das folhas e o vermelho das flores. Peter a colocou no chão, e depois arrancou sua máscara para poder encará-la melhor. Arabella por outro lado estava começando a chorar, enquanto sentia o sol quente da tarde queimar seus olhos.
Ela se agachou no solo, ficando ali mesmo.
— Já não acha que carrega pesos demais para ter mais um, que será mil vezes mais pesado para aguentar? Ele é seu pai! — Peter disse, abaixando-se para ficar ao lado dela, e beijou o topo de sua cabeça descabelada, Arabella fechou seus olhos, se satisfazendo com o pequeno afago que recebia, e quase se esqueceu do motivo de como parecia uma assassina, ou de como era uma assassina, com sua camiseta toda tinginda de vermelho.
Ela encostou sua mão suja de vermelho sobre a dele, e abriu os olhos pesados de tanta coisa que ela estava sentindo no momento.
— Seu rosto .... — ela colocou as mãos nas bochechas feridas do garoto, assustada. Ele também estava travando uma batalha, mas em contraste, ele carregava moral, ela não. A menina agachou seu rosto no ombro dele, se encolhendo nos seus braços. Ela queria abraçá-lo, tratá-lo, fazê-lo bem... Mas ela era um caos. — Você não era para estar aqui comigo, nem ter ido parar lá, Peter. Eu sou a assassina do meu pai, e era minha total responsabilidade atuar com as consequências caso eu tenha no futuro, mas agora... Eles podem ser covardes e te culpar.
Enquanto sentia o sol da tarde fechar seu ciclo, e queimar sobre os dois naquele terraço, ela olhava atentamente para o amado, que parecia bem, ou especificamente, saudável. Peter Parker era o tipo de pessoa que gostava de atuar, ele era hiperativo, irônico e um verdadeiro palhaço, mas por dentro ele carregava uma história, um peso, e ele nunca escondia suas emoções como ela. Mas hoje, ela via um pouco de orgulho brilhar naqueles olhos castanhos, e não entendeu muito bem. Infelizmente parte do que sentia se esvaiu quando ele viu a namorada enlamaçada de sangue.
Ele apenas puxou a mão dela, beijando o pulso cobertos pelo tecido vermelho.
— Eu não temo mais a eles, sei qual é a minha reputação. Tudo que eu quero é estar do seu lado Arya, te apoiar, e impedir que você estrague a própria vida com suas mãos. Você não merece ter o sangue derramado de um verme nas suas mãos, por favor me escute.
— Você é burro de desejar isso. Ainda mais porquê ele deve estar morto agora.
— Eu sei do que eu tô' falando, Arabella. Eu aprendi muito, e hoje passou de um dia ruim para um dos mais vitoriosos para mim, mas eu não consigo sentir motivação mais para celebrar. Não vendo você assim, eu me sentiria um monstro.
Peter, quem é o monstro aqui?
Ela encarou o amante e sentiu lágrimas solitárias escorrerem de seu olhos brilhantes, o rosto dela era um espelho e expressava toda a sua dor, pois a cada vez que ela empunhava aquela arma ou sua faca, ela sentia que desfalecia mais, que morria mesmo respirando. O garoto a surpreendeu, com outro toque de suas mãos no seu rosto inchado, e sujo de vermelho, e com a pontinhas dos dedos ele tentou controlar o rio de lágrimas que descia do azul dos olhos de Arabella. Ela mordeu levemente os lábios, fechando seus olhos, enquanto sentia os dedos cálidos de Parker brincar com sua pele, impulsivamente ela escolheu colar sua testa sobre a dele, as lágrimas não cessaram, elas apenas molharam o rosto de Peter. Então, com a mais profunda sensibilidade, eles dois se beijaram, não era um beijo provocativo, ou selvagem, mais sim um beijo tão puro quanto o de um casal de crianças na infância. O toque tremido dos lábios de Arabella significava muito, gritava que ela estava se desfazendo, mas que as únicas partes que sobraram, queimavam dentro dela.
— Porquê ele nunca me quis? Porquê ele escolheu nunca amar eu e ela? Porquê...
— Vamos embora comigo! — Peter não sabia o que responder a ela, então apenas puxou seu corpo para mais perto dele. — Eu te amo, e preciso de você ao meu lado. — ela arregalou os olhos sibilando um sonoro "não!" enquanto se afastava dos braços do amado, sentindo-se inquietante.
— Meu lugar não pertence mais ao seu lado, Peter. Nunca pertenceu na verdade, mas agora... Só me perdoa, tá'? Mas eu fiz uma escolha quando peguei naquela arma. — a garota explicou, arrancando de seu pulso a fita vermelha e entregando nas suas mãos, enquanto tentava desenhar um sorriso entre os lábios. — Toma, guarde ela para você.
Ele pegou o pedaço de tecido, engolindo seco.
Aquilo era uma despedida.
— Apenas não diga mais nada, vá embora só — a garota pediu com a voz fraquejando a cada palavra, e ele assentiu, respeitando a decisão dela.
E então, como névoa Peter Parker desapareceu da vista da menina.
Me leve de volta para a noite em que nos conhecemos

pessoal, eu refleti muito sobre esse capítulo porquê tive dois leitores que torceram que ela não cometesse os atos que ela estava destinando-se a fazer no capítulo passado. acho que vocês temiam ela se tornar uma assassina, e bem... eu realmente não sei se é porquê ela já fez muita merda, ou porquê ela se tornou uma querida de vocês. mas eu nunca poderia fazer diferente, Arabella ganhou vida própria, e isso é tão ela, impulsividade sabe? Sou bom no que faço de pior...? Isso faz parte da história dela, e eu nunca apagaria porquê eu estaria cortando partes desse desfecho de reputation. Arabella se tornou isso. e não é de se estranhar, ela queria ser presa nos inícios da fic! kskkkdj a diferença é que agora não é mais uma garota mimada querendo chamar atenção, e sim, uma garota ressentida querendo se vingar. fazer justiça a paz que não tem dentro de si.
E arya está habituada numa abordarem de violência doméstica e psicológica, e acabou de praticamente cometer assassinato. Quais são seus pensamentos quanto a isso? vocês são meu público, e suas opiniões, sejam só opiniões, ou especificamente construtivas importam.
músicas citadas: the night we met, smells like teens spirit.
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