SEIS

Mamãe sempre me disse não corra
Não corra com uma tesoura, filho
Você vai machucar alguém
Mamãe me disse olhe antes de pular
Sempre pense antes de falar
E veja os amigos que você mantém

_________

Por quê eu sei quem você é.

Arabella se arrepiou por inteira com o tom de voz do rapaz bem perto de seu ouvido e conseguiu arranjar forças para tirar os olhos dele, que já desaparecia do seu centro de visão junto com suas teias. A garota suspirou pesarosamente assim que o perdeu de vista e percebendo que sua realidade havia retornado para ela, retirou sua máscara preta deixando os fios castanhos do seu cabelos se espalharem como uma bagunça bonita de cachos por seus ombros, e logo depois entrou para dentro de sua tão amada casa.

(...)

- Ora, MAS EU ESTAVA CERTO O TEMPO TODO! ESSE ARANHA É UM PERIGO! - JJ. Jameson gritava no noticiário, parecendo completamente louco, mas ele certamente estava cumprindo seu objetivo que era assustar todos os cidadãos de Nova York. Na tela da tv, imagens de Peter salvando pessoas apareciam, também mencionaram o honroso trabalho dele na luta contra o Thanos, mas logo depois disso uma cena específica era mostrada. Nela, o Homem Aranha segurava uma arma e centralizava o cano dela bem na testa de uma mulher, que estava em prantos e por uma questão de segundos, POW, ele atirou. Este era o mais novo furo do clarim diário, e um dos melhores e mais brilhantes para Jameson.

Arabella assistia tudo em seu celular com sangue nos olhos, sentindo que ela esteve certa o tempo inteiro. Ontem á noite, por um milésimo de segundo, sentiu empatia pelo rapaz, ele parecia tão inofensivo, não poderia imaginá-lo que ele fosse tão sangue-frio. Mas ele era. Arabella grunhiu, e puxou seu notebook. Escreveria sobre ele de novo, e dessa vez, planejava ser muito mais dura.

Créditos ao clarim diário por comprovar que meus relatos eram reais! Ele não só deixou aquela moça morrer, como a MATOU! Ele é um assassino! UMA farsa. UM Palhaço mal vestido! Que porra de esperança ele significa se ele tirou a vida de uma mulher inocente?. Este é o ESPETACULAR HOMEM ARANHA, nosso amigão da vizinhança, o cara do povão. E agora um verdadeiro... ASSASSINO.

AQUI FAÇO UM PEDIDO:

CACEM ELE

E foi só ela clicar no botão postar, que milhões de vizualizações brotaram na tela. Ajudando mais ainda perseguição contra o homem aranha.

Ela finalmente achou que havia encontrado sua paz.

(...)

—  MAY ESSE NÃO SOU EU! Sei lá, merda. Isso aí só pode ser um cara disfarçado ... — Peter dizia nervoso, sentado no sofá observando a sua própria figura assassinar Cláire. Ele estava lá naquela fatídica noite, e se lembrava, sua teia não conseguiu impedir que a bala não perfurasse a testa de Cláire. Ele foi o próprio telespectador de tudo, enquanto tentava salvar a mulher. Haviam três homens, e um deles vestia preto da cabeça aos pés, e um capuz enorme cobria o seu rosto e foi ele quem matou Cláire. Aquela imagem na tv estava sabotada e ele precisava descobrir o por quê.

Mas ele se lembrou de que ainda era um adolescente de 17 anos que precisava ir para a escola todos os dias. Pensar sobre isso lhe causou um sentimento de revolta.

— Eu confio em você, filho. Tem alguma coisa errada aí — May puxou o menino para um abraço de mãe e depois sorriu tristemente para ele — Se eu pudesse te prendia aqui em casa, para te proteger, mas eles podem suspeitar... Então se proteja. — ela disse chateada, e lhe entregou sua mochila, e Peter assentiu, mostrando um sorriso fraco.

Quando chegou na escola, não se surpreendeu de ser O assunto entre os estudantes. Ele bufou, frustrado, enquanto escutava comentários ruins sobre o Homem Aranha. Apenas Ned conseguiu salvar ele de se permitir definhar por todas as frases ruins que estava ouvindo constantemente.

O amigo apareceu, sorriu para ele com muita empatia e lhe abraçou, dizendo que não importasse o que fosse, ele estaria ao lado do amigo. E depois disso assistiram todas as aulas juntos.

(...)

Arabella estava tentando se manter firme psicologicamente e emocionalmente, ela estava sentada em uma das únicas mesas vazias do refeitório do colégio, quando tudo que ela mais queria era chorar, gritar e quebrar coisas. Ela desejava justiça mais do que qualquer um sentado naquele lugar, a sua revolta se encontrava novamente no Homem Aranha. O Aracnídeo que havia lhe dado uma bela lição de moral na noite anterior, estava matando sua mãe a sangue frio no vídeo que reproduzia no site do Clarím Diário. Antes de saber da verdade, ela sempre sentia que estava exagerando na dose quando afirmava que o Aranha falhou no trabalho dele, mas agora... ela não se arrependia de nada, só queria gritar aos quatro ventos que desejava a vida de sua mãe de volta, e justiça. Apenas a justiça aliviaria parte de seu coração quebrado e distorcido.

—  Sua mãe... É a mulher que foi assassinada pelo Homem Aranha dos Vingadores? — uma líder de torcida questionou, sem vergonha nenhuma da falta de insensibilidade. — O Colégio inteiro só fala disso, desculpa Green.

A garota rica encarou pesarosamente a líder de torcida e largou o celular na mesa, pronta para respondê-la.

-— Você concorda que o Herói Aracnídeo está errado? — Arya questionou, ignorando a pergunta da menina, porquê já estava óbvio que ela era filha da mulher, não precisava desperdiçar saliva respondendo aquela pergunta tosca.

— Sim, eu acho que ele é um assassino. Um homem frio que matou uma mulher inocente, ele merecia tudo de ruim que fosse cabível para um ser humano. Eu até leio aquele blog famoso sobre ele, estou até esperando uma nova nota, a mente do escritor dele deve estar fervendo agora.

— Homem Aranha é um assassino, que tirou ... — Arya quase se deixou ficar vulnerável na frente de um desconhecido, mas ela só queria afirmar com todo ódio e dor possível que o Aracnídeo tirou toda a esperança e carinho que tinha. Agora ela não tinha nada.

Peter que estava adentrando o refeitório, ouviu a conversa que era indesejável para os seus ouvidos e respirou fundo, recebendo apoio de Ned e MJ. Mais uma vez me encontrando vulnerável, ele pensou enquanto era abraçado pelo amigo, e quando olhou para o lado, não viu mais MJ, e se preocupou. MJ sempre era aleatória.

—Desculpa me intrometer, mas você não acha que está sendo emocionada demais para acusar alguém tão cedo? — a garota de cabelos cacheados disse sériamente, e Peter correu para alcançá-la, a ponto de tocar com certa força seu ombro, pensando em impedí-la de fazer o que estava fazendo.

Arabella olhou atentamente para a garota, e sentiu que precisava estar de pé para poder encará-la melhor,e assim fez, cruzando seus braços assim que a olhou nos olhos. MJ quase riu, pensando que a garota estava tentando intimidá-la, mas foi cuidadosa, recordando-se de aquele assunto se tratava da morte da mãe de alguém, e de um luto recente. Porém, mesmo percebendo a delicadeza do assunto, ela nunca permitiria que alguém acusasse injustamente Peter Parker.

— Você não acha que está sendo insensível demais, garota? Minha mãe foi assassinada, e esse vídeo é uma prova concreta de que o "Atirador de Teias" matou ela. Eu tenho total direito de expressar minha revolta, afinal ele é um herói, e o antigo protegido do falecido Tony Stark.

— Clarím Diário é basicamente um TMZ disfarçado, Arabella. Quem conhece de verdade sobre o ho... -—  antes que sua fala fosse concluída, Peter interrompeu Mj e se colocou na frente dela. MJ não gostou da reação repentina de Peter e olhou feio para ele, mas bufou, ele era o Homem Aranha, e essa semana mesmo havia dito que odiava ser defendido como se fosse uma coisa frágil.

—  Aquele vídeo é uma farsa. O Homem Aranha fez de tudo...e era impossível gravarem ele durante o ato, quando os fotógrafos chegaram depois. Você está machucada e só quer arranajar uma cabeça para culpar, e está sendo injusta.

Arabella lançou um olhar carregado de ódio para o rapaz, na sua mente um filme curto de sua mãe sendo morta era transmitido, causando uma dor dilancerante no seu peito. Enquanto ela sentia esse sentimento cortante, olhava para o rapaz que tinha um rosto doce demais para ser alvo de ódio ou raiva dela, pensando que nunca deveria ter cruzado o caminho de Flash, assim não precisaria ter conhecido Peter Parker e seus amigos, e não estaria tendo essa conversa maldita!

— Como sabe tanto sobre os fotógrafos? Você nem estava lá! — ela despejou, alterada demais.

Puta merda Peter olha no que você se meteu! MJ pensou, alarmada e quase dando um soco na cara dele, para ver se ele parava de ser burro.

—  Eu sou fotógrafo de lá... — MJ arregalou mais ainda os olhos, quase esfumaçando pelo nariz. Se fosse um personagem de anime, ela já estaria sendo desenhada naquelas famosas caricaturas irritadas. —  Bem, eu era... Fui demitido. Mas e você? Também não estava lá!

Arabella olhou para Peter boquiaberta, ele havia usado o mesmo argumento que ela, e literalmente, estava jogando sujo. Na noite do crime, ela se recusou a visitar a cena, ela fugiu de casa naquela noite e preferiu ficar embriagada a pensar lucidamente que a partir daquele dia ela estaria sozinha no mundo.

Seus olhos desejaram marejar, chorar um rio naquele instante, mas ela era boa demais em segurar e engolir o choro, crescer numa casa com um pai sem sentimentos a ensinou muito sobre ser dura e não expressar tanta vulnerabilidade (mesmo que nem sempre Arya siga esse ensimento a risca, as vezes ela simplesmente pode explodir emocionalmente).

— Se você estivesse no meu lugar, sentindo a minha dor, e a minha total incapacidade de fazer qualquer coisa para salvar ela, me entenderia Peter. Eu...Eu perdi, a pessoa mais importante da minha vida e há alguém solto por aí, agindo como se não tivesse sido responsável por nada! Mas você claramente não entende isso, não é?

Peter se manteve em silêncio após a resposta dura da garota problemática, e sem ao menos saber, ela havia resgatado os demônios antigos e atuais enterrados na mente de Parker. Ele sabia da dor dela, ele a compreendia, mas ele não gostava de ser o responsabilizado pelo crime que não lhe pertencia. Ele nunca mataria uma mulher à sangue frio, ele sequer cogitaria fazer tal impunidade.

— Você não cansa de contra argumentar, Arabella? — MJ já estava começando a ficar com vontade de socar a cara pálida daquela garota, mas ela sabia que nunca se rebaixaria a esse ponto, principalmente quando no começo ela foi tão amigável com a garota machucada, ela até se sentia um lixo por estar brigando por uma situação tão profunda como essa. — Seu ódio pelo Homem Aranha é sem fundamento, está apenas arranjando uma cabeça para despejar sua dor. Uma cabeça inocente. — MJ disse e aquilo irritou Arabella, ela pensou que a garota já havia passado dos limites defendendo um herói que nem conhecia. —  É tão irônico e ao mesmo interessante essa situação, porquê você está tão cega de raiva e mágoas, mas está afirmando com veemêcia que Parker não entende sua dor, mas está errada garota. Você e Peter são iguais, tão iguais que me assusta.

—  Mj, pare... — Peter não estava gostando da comparação, e nem dos caminhos que a amiga queria chegar. Ele até fechou seus olhos, cansado de estar ali. Estava quase caindo fora, sua única esquiva era ter que deixar MJ sozinha. Ela podia ser muito dura as vezes, e por mais que Arabella estivesse se comportando de uma maneira detestável (o quê não lhe surpreendia nem um pouco) ele não achava certo continuar oportunando ela com esse assunto, querendo ou não, ela estava passando por uma espécie de luto, por mais distorcido que ele fosse.

— O quê está querendo dizer com todo esse discurso, MJ? — disse Arabella, não gostando de ser comparada a Parker, ele era tão doce e bom e ela... Bem, seu passado, sua história de vida desde o nascimento, suas atividades noturnas ilegais entregavam que ela era o oposto dele. Aliás, os olhos dos dois entregavam bem que eram diferentes, enquanto Arya tinha os olhos azuis brilhantes, que resplandeciam o vazio de sua mente e coração, os de Peter Parker eram grandes e marrons caramelados, e entregavam toda a aura pura e doce do garoto. Definitivamente ela estava certa de se incomodar.

— Você sabia.... que o tio dele, morreu assassinado há mais ou menos... dois anos?

Aquelas palavras desconcertaram Arabella, de tal maneira que ela perdeu qualquer tipo de argumento, até a fala.

Ela engoliu seco, virando os olhos para o lado e notando que a líder de torcida assistiu tudo enquanto se manteve sentada na mesa, e bufou, aquilo notavelmente seria assunto no colégio. Arabella passou as mãos sobre o cabelo castanho em um gesto nervoso e ergueu os olhos encarando os dois amigos, e pronunciou em baixo tom um "preciso me retirar" e saiu as pressas dali, planejando se trancar em alguma cabine do banheiro e repensar tudo que aconteceu ali.

Uma onda de alívio cobriu o clima de Parker e Mj, e eles começaram a caminhar para a mesa de Ned, que os observava atentamente. Peter se sentia mal pela garota ao mesmo tempo que conseguia detestar sua arrogância. Mas existindo esses sentimentos conflitantes dentro dele, ele a entendia, mas lhe doía que ela fosse tão cega e não parasse para pensar que ele era o alvo mais fácil e óbvio para se apontar como culpado naquela situação complicada que envolvia o assassinato de sua mãe.

—  Obrigada, mas não era necessário fazer isso você sabe e nem tocar no assunto do... meu tio —  ele agradeceu a MJ ignorando sua mente que as vezes podia ser sua maior inimiga, enquanto encolhia seus ombros. MJ assentiu, lançando um olhar de desculpas para ele, e depois começou a observar atentamente seu olho esquerdo que estava roxo.

—  Seu olho... Ah Peter, eu nem tinha notado antes... — ela disse com dor no coração, odiava pensar nele sendo machucado.

Peter engoliu seco, fechando seus olhos, com a garota tocando sua ferida no rosto. Como sentia falta de ter um toque como o dela...

— É a minha vida...

Ela riu, vagarosamente segurando o rosto de Peter.

— Coitada das pessoas que se importam com você por serem obrigadas a aceitar situações como essas.

—  É, eu sei disso — Peter respondeu, suspirando e tornando a abaixar seus olhos. — Mas eu faço porquê é o meu dever... Nunca vou parar, você sabe.

Ela sorriu, soltando as mãos do rosto doce de Peter e notando que eles dois já estavam ficando bem próximos da mesa de Ned.

—  Até que o último homem ou mulher sejam salvos, e você possa respirar em paz, você continuará lutando.

Peter riu, olhando de soslaio para ela.

— Você e seu jeito de tornar tudo poético, Mj. — Peter disse isso e eles gargalharam, e depois se sentaram na mesa de Ned, e após se sentarem, os dois tentaram fingir, ou melhor, esquecer de que aquela conversa dura e complicada com Arabella Green aconteceu.

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