Atendendo a pedidos aqui está a carta que Sean queimou sem entregar. Espero que gostem. Eu gostei. huahuahuahua. 

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Companheiro,

Eu nem sei por que estou escrevendo essa carta. Com certeza não vou entrega-la. Mas, compromisso é compromisso e se os meninos estão se esforçando para colocar seus sentimentos às claras eu também farei esse esforço.

Eu nunca me considerei gay, nem mesmo bi. Sempre admirei a beleza em qualquer corpo. Tanto homens como mulheres chamam minha atenção pela beleza. Mas, estou falando aqui de atração sexual. Certo? Também, sempre tentei manter minha mente aberta. Acredito que o ser humano está além de rótulos e comportamentos estereotipados.

O fato é... sempre me relacionei com mulheres. Confesso que, como você disse uma vez, Christina me enfeitiçou desde o dia em que eu e Cedric a invocamos. Será que intuitivamente eu sabia que era um homem? Não sei se isso é possível. Ou se minha intuição é tão apurada. Se fosse eu não estaria nessa situação de merda.

Eu e Cedric sempre fomos próximos. Na verdade, éramos unha e carne. Tanto quanto nossas diferenças físicas, tínhamos muito em comum em nossos gostos. Gostávamos das mesmas bandas, dos mesmos filmes, dos mesmos assuntos. Eu gostava muito da camaradagem que eu tinha com meu irmãozinho.

Até Ana chegar. No começo o ciúme foi inevitável. Aquela mulher estava roubando meu irmão de mim. Não víamos mais filmes, nem estudávamos nossas coisas. Confesso que a odiei. Isso me leva a alguns questionamentos. Será que eu, secretamente, no fundo da minha mente, amava meu irmão de um jeito diferente do apenas fraternal? Será que de um modo quase doentio eu transferi esse sentimento para Ana, me apaixonando por ela?

Tudo ficou mais confuso do que era quando percebi que você era meu companheiro. Um homem. Um homem dominante. Um cara sexy, dominante e que num piscar de olhos poderia me rasgar em dois em sua forma shifter. (Isso me excita como o inferno... ).

A atração começou a agir muito rápido. Você começou a povoar meus sonhos. E eles não eram exatamente castos. Toda vez que sentia seu cheiro, seu calor ou ouvia o som da sua voz meu corpo reagia automaticamente. Não era só com excitamento, meu pau ficando duro feito uma pedra, mas, também, me acalmava quando estava ansioso ou preocupado.

É óbvio que você deve ter percebido que éramos companheiros bem antes do que eu. Afinal, lobos sentem isso pelo cheiro. Foi por isso que me deu o emprego mesmo já estando com o quadro cheio? Que tipo de sadomasoquismo é esse? Deve ser o mesmo que o meu. Pois mesmo odiando cada segundo perto de você eu anseio pelo seu toque com a mesma intensidade. Como um homem perdido no deserto anseia por água.

Depois que senti o "puxão de companheiro" não consegui fazer sexo com mais ninguém. Primeiro pensei que era por serem mulheres. Você bem sabe que Ebony e eu transamos algumas vezes. Tentei sair com homens e nada. Só conseguia alguma reação do meu pau pensando em você. Me diz o quanto fodido isso é.

Eu não consigo internalizar isso. Você é um filho da puta horrível. Homofóbico. Fez seu filho passar pelo inferno para cura-lo!! Pois tenho uma notícia pra você. Ser gay não é doença. Não se pega. Não se transmite. Nascemos assim. Só que muitas vezes, por vivermos numa sociedade repressora em tantas formas, descobrimos isso depois. Olhando pra trás na minha história de vida, vejo alguns sinais. Reprimidos. Vi um adolescente envergonhado do que estava sentindo. Pegando aqueles desejos "errados" e enterrando fundo pra não sofrer.

E você? Aposto que também não consegue foder com mais ninguém. Hahahahaha. Queria ser uma mosquinha só pra ver isso. O grande e viril alfa broxando toda vez. Ou melhor... só conseguindo trepar pensando em mim. Imaginando minha barba raspando no seu rosto. Sentindo o cheiro da minha porra. Hahahahaha. O que me alivia é que você tá tão fodido quanto eu.

O pior é que no começo eu tive pensamentos românticos. Vendo como companheiros agem uns com os outros. Vendo como foi o desenvolvimento com Thomas. Um começo difícil de negação e agora um amor sem limites entre eles. Pensei... isso também vai acontecer. Vamos nos dar conta que somos perfeitos um para o outro. O destino nos fez companheiros porque somos a cura, o apoio, um do outro.

Hahahaha. Só de lembrar disso sinto vergonha. Eu parecia um adolescente. Ia para oficina torcendo que fosse o dia que você iria se confessar. Sei lá.

O tempo foi passando e eu aprendi o como cruel você é. Fui pesquisar e aprender mais sobre shifters e em particular sobre shifters lobos. Na biblioteca tem uma seção sobre isso. E tem a história da sua matilha desde que se estabeleceram aqui em Bitter Creek. Li tudo. Absorvi muitas coisas. Tentei digerir a maior parte.

Você é um filho da puta mesquinho, egoísta. Aprendi que cada espécie de shifter lobo tem suas particularidades. Uma dessas, no seu tipo, é que para uma gestação correr bem, a fêmea deve ser marcada pelo seu parceiro. Mas nãão. Você não fez isso com nenhuma. Isso aumenta a chance de morte no parto. E tem acontecido uma, duas e agora a terceira. Só sua segunda esposa conseguiu sobreviver a primeira gestação, mas não a segunda. Que espécie de purista do caralho é você? Se fossem humanas isso não aconteceria. Mas, você acha que os filhos do alfa devem ter genes puros?? Sério isso?

Imagino seu desespero quando percebeu estar vinculado a um humano e homem. Hahahahaha. Isso me consola.

Te digo uma coisa, Carlos Ortiz... eu não vou mais esconder o que eu sinto e o que eu sou em relação a você. Vai ter que engolir seu orgulho e seus preconceitos. Vai ter que me engolir. Se achava que eu ia ter medo do malvado alfa... e ia me esconder com o rabo entre as pernas tava muito enganado. Essa não é minha natureza.

Agora que coloquei tudo em perspectiva me aguarde. Vou transformar sua vida num inferno até que admita o que sente e o que deseja.

Só tenho pena de Peter. Ele vai ter que administrar essa guerra. Pois é isso que vai ser. Uma guerra declarada.

É isso. Acho que tudo que tinha para desabafar coloquei aqui.

Carlos, você ainda vai comer na minha mão. E eu vou amar cada segundo da sua queda. Hahahahaha.

Com muito "amor",

Sean McLean.  

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até a próxima att.