Capítulo 12
Capítulo 12
"Cada vez que mergulho no outro descubro mais de mim mesmo!" (Vivi Dalbo)
(3 meses depois)
"O que você pode sonhar, você pode realizar". Quem disse essa frase? Walt Disney? Só no cinema mesmo que isso pode chegar perto da verdade. Olhando a oficina de Ortiz, vazia. Os funcionários da matilha foram pedindo as contas aos poucos. Os clientes lobos, sumiram. Estava tudo às moscas e em três meses não tinha mais dinheiro para repor as peças.
-- GRRRR!!! QUE MERDA! – Carlos jogou uma chave de fenda no chão e o som alto reverberou na garagem vazia. Ou quase. – Eu não posso mais evitar o confronto com Hervaz. Preciso retomar minha matilha. Cada dia chega mais gente pedindo refúgio pro Peter. Ele já estava mandando lobos para New Forest. Para a matilha de lá. O que aquele idiota está fazendo?
-- Alfa Ortiz... – um dos funcionários que pediu refúgio na casa do prefeito começou. - ... o Alfa Hervaz retomou certos costumes de teu pai. Coisas hediondas como o prima noche, torturas, impostos. Todos estão com medo, mas algumas famílias estavam fugindo na calada da noite. Então, o Alfa colocou sentinelas e quem é pego fica preso. E sabe-se lá o que acontece naquele porão. Instalou-se um terror, Alfa Ortiz. Só falta reativar a velha aliança com os caçadores e um poder totalitário da matilha sobre os outros clãs vai acontecer... de novo.
Carlos Ortiz deu um soco na parede, abrindo um buraco no gesso da parede. Sean não sabia o que fazer. Ele aproximou-se, tocando ombro com ombro, mostrando que estava ali. Apoiando o ex-Alfa. Para sua alegria, seu companheiro pegou sua mão entrelaçando os dedos. Dizendo sem palavras o quanto apreciava o gesto de confiança.
Seu companheiro confiava nele. Carlos não podia desaponta-lo, desapontar sua matilha, sua comunidade. Por todo esse tempo adiou o que tinha que fazer. Um desafio. Ele precisava saber como era desafiar oficialmente o alfa para não perder mesmo ganhando.
**
-- Peter, se mais lobos pedirem refúgio não vai caber. – Tom estava preocupado. Já tinha até barracas no quintal de trás. Kaila já dava seus primeiros passinhos e corridinhas. E a quantidade de babás cresceu exponencialmente. – Eu posso esticar o quintal com um portal dimensional. – Thomas dizia isso torcendo a mão e fazendo beicinho como uma criança que quer aprontar, mas tendo o aval dos pais.
-- De jeito nenhum, Tom. Sabe-se lá que dimensão vai ser aberta. Da última vez não foi muito agradável. – Jaylen entrava na cozinha já pegando o bruxo-ômega pela cintura o fazendo gritar. Kaila dava um gritinho levantando os braços, imitando o papai. O índio virou para seu outro companheiro. – Tia Meg foi embora mesmo? Ela pelo menos deixou um bilhete, alguma coisa?
Peter Swanson, o guardião/prefeito de Bitter Creek há trezentos anos. Deu-se conta que nunca esteve na função sozinho. Tia Megan ficou com ele esses anos o aconselhando, muitas vezes tomando as decisões. Foi embora. Ela disse que ficaria até ele estar pronto para o cargo, mas tinha que ir bem agora!! – Ela deixou uns cadernos com anotações e um bilhete dizendo que ia resolver problemas pessoais e voltava ainda nesse século. Isso nos dá 80 anos sem tia Meg.
-- Não esqueça que você tem uma equipe, certo? – Tom puxava os dois homens de sua vida mais perto, com Kaila abraçando sua perna. – Três cabeças pensam melhor que uma. – Makaila puxou as calças de seu pai ômega que a pegou no colo. – Ok. Três e meia.
Com um estrondo a porta da frente abriu e fechou deixando passar algumas pessoas. Pareciam fugir de alguém ou de algum lugar, estavam suados, ofegantes, com olhos assustados. – Guardião! A matilha instaurou toque de recolher em Bitter Creek. Não temos esse tipo de coisa desde o Alfa Guilhermo.
-- Tsk! – Peter estalou a língua. – Precisamos resolver isso e logo. Antes que isso volte a era das fogueiras. Vou chamar Carlos e Sean. – Sem perder tempo Swanson mandou um recado para os dois. Até o final do dia ele precisava ter pelo menos um plano de ação.
-- Não é só Carlos desafiar Rafael para um duelo, desafio... algo assim? – Tom falava enquanto preparava uma banana amassada para a filhinha.
-- Se fosse tão simples, acredito que Ortiz já teria feito isso. Ele deve estar com as mãos atadas. A matilha tem leis um pouco complexas. Além do Alfa, tem o conselho de anciãos. Justamente para o poder não ficar nas mãos de um só. Mas, com a explosão feita pelos caçadores e contabilizado nas costas de Carlos mais da metade do conselho foi substituído. E isso pode ser um dos problemas. Senão o maior deles.
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Sam e Trent não poderiam ter escolhido pior momento para descer a montanha com um filhote a tiracolo. A única vantagem era a primavera e o fim das nevascas.
As ruas estavam vazias. Eram só oito horas da noite. Trent achava que era uma sexta-feira, então, deveria ter jovens na rua. Pessoas conversando nos jardins. Mas, estava tudo quieto.
Passaram pelo centro indo em direção a casa de Sean McLean. Trent ainda não andava bem na forma humana, então, caminhava ao lado de Sam em sua forma de lobo. Sam segurava o filhote, ainda na forma de fênix, dentro das roupas. Ele estava seguro, quentinho e dormindo. Shifters fênix demoravam um pouco para assumir a forma humana.
Passaram pelo restaurante da Bonny e estranharam estar fechado. Trent cutucou a perna de Sam com o focinho. – Eu sei, Trent. Isso é estranho. Será que aconteceu alguma tragédia? Ou alguém importante morreu? – Sam começou a entrar em pânico imaginando alguém que ele gostava ferido ou morto.
Foi quando dois homens corpulentos despontaram na esquina, indo em direção a eles. Pelo cheiro, Sam podia dizer que eram shifters lobos. A tensão tomou conta do fênix. A cara dos lobos não era de quem queria só socializar. O filhotinho, sentindo a ansiedade do pai, começou a piar, choramingando.
-- SShh. Papai tá aqui. Fica quietinho. Já já estaremos em casa. – Samuel acalmava seu bebê passando a mão na cabeça com penas bem vermelhinhas. – Sshh. – Repetiu o barulho que parecia acalmar sua cria. – Trent, estou com um mau pressentimento.
Trent chegou mais perto de seu companheiro e filhote. Os homens pararam impedindo a passagem dos três.
-- Ora, ora. Vejam quem o vento norte trouxe – um dos lobos debochou. – Há um toque de recolher na cidade agora. Só pessoas autorizadas pelo alfa podem andar depois das 20h nas ruas.
Sam apertou a alça da mochila. – Não sabíamos dessa novidade. Estamos descendo a montanha agora e indo pra casa. Sairemos rápido das ruas. Por favor, nos deixem passar. – O fênix imprimiu firmeza na última frase.
O outro lobo continuou o discurso como se Samuel não tivesse dito nada. – E tem mais um problema. Vocês têm um acasalamento interespécies não permitido pelo alfa. Trent ainda é da matilha. E não pediu permissão. E estou bem ciente que acasalou depois que o novo alfa assumiu. É uma pena, mas terei de leva-lo preso, Trent Ortiz.
Samuel começou a tremer que nem vara verde. – Mas, isso é um absurdo. Nós somos companheiros. Com quem mais iríamos acasalar?
-- Cala a boca, ômega. – O lobo levantou a mão para golpear Sam quando Trent mudou em sua forma humana dando um soco no cara primeiro.
-- Ninguém fala com meu companheiro desse jeito. – Trent se apoiou discretamente no ombro de Sam. Não queria mostrar sua fraqueza na frente daqueles dois idiotas. – Nós estávamos fora da cidade e não sabíamos das mudanças. Nos deixe chegar em casa. Amanhã irei falar com Rafael.
O lobo olhava com raiva para o jovem Ortiz. – Acho que você não entendeu. Vamos leva-lo preso por violar as leis da matilha. Além de ser um acasalamento com um shifter não lobo, é um homem. São duas transgressões. Deve dar um belo castigo. – Ele sorriu com malícia.
-- Sam, pelo jeito eles vão te deixar livre. Vai pra casa do Peter. Conta o que aconteceu. – Trent falou baixinho para Sam. Virou-se pra dupla e disse em voz alta. – Está bem, vou com vocês. Desde que deixem meu companheiro continuar seu caminho em paz.
-- Tsk – o brutamontes estalou a língua. – Não acho que seria bom deixar os recém-acasalados separados. Tem celas no porão pra os dois. – A gargalhada dos dois lobos enviou um arrepio na espinha de Trent.
-- Quando eu mudar você corre, Sam. Vou manter os dois ocupados pelo tempo que eu conseguir. Por favor, leve nosso filhote para um lugar seguro – sussurrou o jovem alfa no ouvido de seu ômega. O fênix balançou a cabeça negando. – Por favor, cariño. Por favor... – o desespero apertava o coração de Trent. – VAI – gritou ao mesmo tempo que mudava para sua forma animal.
Trent largou a mochila para ficar mais leve e correu. Estava a duas quadras da casa do prefeito. Ele tinha medo de mudar e o filhote cair, ou no meio da mudança machuca-lo. Ele não olhou pra trás. Com medo de perder a coragem de deixar Trent sozinho. O lobo ainda não conseguia caminhar direito sozinho na forma humana. Sem enxergar o caminho direito por causa das lágrimas ele chegou na casa do guardião da cidade, que graças a Deusa estava aberta, bateu no trinco e ela abriu. Entrou e fechou com tudo fazendo barulho e chorando alto enquanto desabava no chão.
**
Carlos e Sean conseguiram chegar na mansão do prefeito sem serem rastreados pelos "sentinelas" do alfa Rafael. Já era mais de dez da noite. Peter conduziu os dois para a cozinha onde tinha um chá e lanches. Alguns lobos da matilha estavam ali. Ortiz os cumprimentou. Jaylen estava de pé perto da porta dos fundos e deu um aceno de cabeça.
-- Tom deu um banho em Sam para acalma-lo e depois que tomou um chá acabou dormindo. – Peter já foi falando para tranquilizar os dois.
-- Cadê o Trent? Onde está meu filho, Peter. Para de enrolar. – Ortiz percebeu que só Sam foi mencionado. Sean acariciou os ombros de seu compañero passando a mensagem de que ele precisava ficar calmo.
-- Tom conversou com ele enquanto vestia uma roupa limpa e cuidava das necessidades do filhote. Ele é tão pequenininho. – Peter estava divagando. Ele sabia que Carlos ficaria furioso. Mas, precisavam traçar um plano para derrubar Rafael e rápido. – Bem... os sentinelas de Rafael pegaram Trent. E pelo que Thomas entendeu não foi por causa do toque de recolher.
-- Fala logo Swanson. – Carlos já trincava os dentes de raiva só de ouvir o nome daquele traidor.
-- Então, ele foi acusado de sodomia e acasalamento inter-racial. – Ele esperou pelos gritos. Mas, o silêncio era tão pesado que dava para cortar a tensão no ar com uma faca. – Precisamos derrubar Rafael. – Peter falou em voz alta o que todos estavam pensando.
-- Como vamos fazer isso – Sean tomou a palavra. – Eu não conheço todas as regras da matilha. Só me vali de uma informação que tia Megan me deu. Devíamos ligar pra ela. Meg deve conhecer as brechas.
-- Megan foi embora – Jaylen desencostou do canto onde estava e serviu-se de chá. – Deixou um caderno com muitas informações. Temos que encontrar qual se encaixa no caso e aí sim... traçar um plano de ação.
-- Peter, você já leu o caderno? Já sabe o que fazer? – Sean perguntou com ansiedade. Foi aí que percebeu o mutismo de Carlos. – Que foi, querido?
-- Eu sou avô. – Uma lágrima solitária, que muito provavelmente escapou sem que o alfa a pudesse parar. – Meu neto está aqui. Eu quero ver meu neto. Será que posso?
Subiram as escadas e foram até o quarto de hóspedes onde o bibliotecário estava ocupando. Sam estava recostado com o filhote perto do rosto. Acariciando e sussurrando uma canção de ninar. Pelo menos era o que parecia.
-- Com licença Sam. – Carlos Ortiz entrou sabendo que a última vez em que vira seu genro não foi uma reunião feliz. – Eu quero saber o que aconteceu e como está você e meu neto.
-- Levaram Trent, de novo. – As lágrimas caiam em profusão. – Ortiz, ele ainda não consegue andar direito na forma humana. Vão machucar ele. Você precisa trazer meu companheiro de volta.
-- Eu prometo fazer de tudo pra trazer Trent de volta. Eu posso ter sido um pai de merda, mas eu amo meu filho. E vou matar o filho da puta que machucar ele. – Depois ele se calou e esperou o consentimento do fênix para chegar perto dele e do filhote. Shifter que acabaram de ter filhotes podiam ser muito super protetores.
Sam assentiu. – Venha mais perto. Vem ver seu netinho. – Ele sorriu e fez um som de risada misturada com choro. – Vem também, Sean. Afinal, você é vovô já que acasalou com esse idiota.
O bichinho era tão feinho que ficava bonitinho. As penugens falhadas de filhote, meio arrepiado. Quando o bebê mudasse para a forma humana ele mudaria as penas em sua forma de fênix. Mas, agora parecia um filhotinho de cruz credo.
-- Ele é lindo Sam. É menino ou menina? – Carlos perguntou pegando o filhotinho com cuidado, fungando ele todo para aprender como era seu cheiro.
-- É um menino – disse sorrindo. – Demos o nome de Dimas, porque ele nasceu no final do dia.
-- Lindo nome. Era o nome do meu pai de minha mãe. – Ortiz falou com a voz embargada. Ele passou o filhote para as mãos de Sean. Aproximou-se da cabeceira da cama e abraçou Samuel com carinho. – Me perdoe, filho. Por favor, me perdoe. Eu farei de tudo para trazer Trent de volta. Nós vamos dar um jeito.
-- Eu não tenho mais ninguém no mundo. Só Dimas e Trent. Meu pai me deserdou quando assumi o acasalamento com um lobo. – Sam suspirou.
-- Você é da matilha agora, Sam. Eu não vou deixar nem você nem meu filho longe de mim novamente, e agora o pequenos Dimas – declarou o ex-alfa.
Mais calmo, Sam bocejou. Sean devolveu Dimas para o pai. – Vamos deixar Sam descansar. Ele sabe que está seguro, agora.
Voltaram para a cozinha. Os ânimos renovados. Nada como ter um propósito maior do que si mesmo para dar mais gana e fazer o que tem que ser feito.
-- Achei um jeito de desafiar Rafael sem precisar da permissão do conselho. Tia Meg deixou assinalado que em casos de desconfiança da impessoalidade do conselho da matilha um conselho geral pode ser convocado. Como o que foi convocado quando a mãe de Carlos foi acusada de ser infiel ao seu companheiro.
-- O clã Phoenix vai ser um problema. Já que baniram Sam por acasalar com meu filho.
-- Connor estava envolvido na época de sua mãe. E o alfa do clã das fênix compôs o conselho geral. – Peter lembrou.
-- Sim... e ela foi morta. Não me anima muito essa informação. Mas, precisamos de um representante de cada clã da cidade. Vamos listar todos que temos que convencer.
**
Finalmente att do tio Sean. eeeeeeeeee
Desculpe a demora gente. Foi bloqueio criativo, férias da Maya e mais bloqueio. hehehehe.
Já estamos na reta final gente. espero conseguir att até o final da semana que vem.
E agora, tia Meg sumiu. Trent está preso e Carlos vai desafiar Rafael, que claro, não vai jogar limpo. Em quem vocês apostam?
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