Você Aceita Ser Minha Luna?
Eu prometi algo, lembram? Prometi que vocês iam ver as belezas do mundo lupino pelos olhos de Lena, então se preparem, porque a Lena vai descobrir o mundo e vocês irão junto com ela.
Kara entrou na casa dos Luthor, ainda com a mão firme sobre a cintura de Lena, como se estivesse marcando o território, mas de maneira gentil e protetora. A presença de Kara na casa dos Luthor gerava uma aura de respeito, mas também de conforto. Ao passar pela porta, todos se levantaram para reverenciar a suprema. Porém, Kara, com seu jeito casual, ofereceu e fez um gesto com a mão, indicando que não era necessário. "Não precisa disso", disse ela, olhando carinhosamente para todos. "Somos família."
Ela então dirigiu-se diretamente para Lilian e Lionel, com um sorriso confiante. "Posso roubar Lena por um tempo hoje?", perguntou, a voz suave, mas cheia de um certo desejo de estar com sua amada. "Gostaria de lhe mostrar a alcateia. E, se ela quiser, se ela se sentir pronta, poderia se transformar em Aurora."
Lena, até então ainda nos braços de Kara, olhou para ela com um misto de surpresa e curiosidade. Ela não sabia exatamente o que Kara queria dizer com isso, mas algo na expressão da suprema, algo em seu olhar, fez Lena se sentir segura. Kara a olhou, enxergando o questionamento nos olhos de Lena, e completou: "Aurora precisa ser libertada, está presa há muito tempo. As duas precisam se conectar, formar o laço entre vocês."
Lena, com o coração acelerado e os olhos brilhando, olhou para os pais. Lilian e Lionel se entreolharam e, como sempre, a confiança que tinha em Kara era evidente. "Claro, Kara", disse Lionel com um sorriso acolhedor. "Cuide dela."
Lilian também sorriu, o olhar suave, mas cheio de amor e carinho. "Leve-a, e, por favor, cuide de nossa filha."
Kara apertou ainda mais a cintura de Lena, agora sentindo a liberdade de tocar e de cuidar dela como sempre desejou. "Sempre", foi tudo o que Kara disse, o tom doce, mas cheio de possessividade. Lena sorriu timidamente, deixando-se guiar pela suprema, pronta para enfrentar o novo capítulo de sua vida.
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Kara sorriu ao ver a expressão pensativa de Lena enquanto ela entrava no carro. Lena estava absorta nos sentimentos do beijo, o calor ainda queimando claramente em seus lábios, a sensação de entrega e conexão que ela nunca imaginou ser possível. Era como se o tempo tivesse parado, mas a vontade de mais estava presente, em cada olhar trocado, em cada gesto.
Kara, sentindo o momento, virou-se para ela com um sorriso suave, mas cheio de significado. "Vamos começar pela entrada da alcateia", disse ela, sua voz firme, mas gentil. "De lá, te levarei para os outros lugares, onde você poderá ver um pouco do meu mundo e de tudo o que eu criei para você."
Lena, com os olhos ainda brilhando de emoção, olhou para Kara e assentiu, sentindo uma mistura de curiosidade e motivação. Ela sabia que ali, com Kara, estava prestes a conhecer algo muito maior, algo que transcendia os limites que ela havia conhecido. Mas também sabia que esse "algo" era cheio de amor e proteção, algo que ela não esperava encontrar, mas que agora ansiava com todo o seu ser.
À medida que o carro se movia em direção à entrada da alcateia, Lena sentiu o ambiente ao seu redor mudar. O cheiro de terra e vegetação tomou o ar, a sensação de algo profundo e ancestral parecia fluir. Ela olhou para Kara, buscando algo em seu olhar, e viu a determinação, o carinho e a força que sempre admirava.
Kara olhou para ela enquanto dirigia, mantendo a calma, mas com uma leveza que demonstrava o quanto ela estava feliz por compartilhar aquele momento com Lena. "Está pronta?" Disse Kara, seus olhos focados na estrada, mas a conexão com Lena sendo mais forte do que qualquer palavra.
Lena, com um sorriso tímido, respondeu com um brilho nos olhos: "Sim, estou pronta."
Kara parou o carro sem pressa, seu olhar voltado para Lena. "Daqui para frente, vamos a pé. Vamos lá, anjo", disse ela, a voz suave, mas cheia de intensidade. Ela saiu do carro e foi até a porta do lado de Lena, a abrindo com um gesto protetor e delicado, como se ela fosse o tesouro mais precioso.
Ao estender a mão para Lena, seus dedos se entrelaçaram instantaneamente, e o simples toque fez um arrepio percorrer o corpo de Lena. Kara não precisa dizer nada, sua presença já falou por si mesma. Com a outra mão, ela envolve a cintura de Lena, sentindo-a se acomodando em seu abraço de maneira natural. Lena fechou os olhos por um instante, saboreando a sensação de estar assim, tão perto de Kara.
Era como se o mundo ao redor delas desaparecesse, como se as árvores, o vento e a natureza que as cercava se tornassem meros detalhes diante do vínculo que existia entre elas. Lena sentiu o cheiro da floresta, o perfume suave da primavera misturado com o aroma de rosas que sempre parecia acompanhar Kara. Tudo ali parecia mágico, e, ao mesmo tempo, tão... certo.
Ela olhou para a mão de Kara que ainda a segurava com firmeza, e lembrou das conversas que teve com sua mãe e irmã. Eles explicaram que o que ela poderia começar a sentir ao estar ao lado de Kara. "Você vai sentir o desejo, a possessividade, o vínculo forte que uni vocês duas", disse sua mãe, e sua irmã a alertou sobre o quanto esse laço poderia ser avassalador e poderoso. Lena ainda estava começando a entender essas sensações, mas o que ela sentia agora era claro: uma conexão intensa, um desejo de estar ainda mais próxima de Kara, de explorar os limites desse vínculo que parecia ser mais forte que tudo o que ela já tinha vivido.
"Vamos", Kara murmurou, seus olhos se encontrando com os de Lena, cheios de carinho e determinação. "Eu vou te mostrar tudo."
Kara virou Lena suavemente para encará-la, guiando-a para mais perto do imponente portão prateado. O metal reluzia sob a luz do sol, refletindo as gravuras douradas que se entrelaçavam como se contassem uma história viva. Lena ficou fascinada com os detalhes e, instintivamente, estendeu os dedos para sentir a textura das marcas entalhadas. O toque era firme e preciso, um trabalho artesanal magnífico. Seus olhos percorreram cada imagem, absorvendo os símbolos e as figuras, até que notou um espaço em branco, ainda sem esculpir.
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Curiosa, virou-se para Kara e perguntou gentilmente:
"O que significa esses desenhos?"
Kara não respondeu imediatamente. Em vez disso, pegou delicadamente a mão de Lena e colocou sobre uma das extremidades do portão, guiando-a pelo metal frio. Sua voz saiu num sussurro cheio de significado:
"Essa é a história da minha vida."
Lena prendeu a respiração enquanto os dedos de Kara a conduziam pelas imagens.
"Aqui, é o dia em que eu nasci." Kara apontou para uma pequena lua cercada por estrelas, um símbolo da linhagem suprema. "Minha mãe costumava dizer que, no momento em que cheguei ao mundo, o céu estava mais brilhante do que nunca."
Ela continuou traçando a mão de Lena pelo portão, parando em uma nova marcação.
"Esse é o dia em que fui escolhida como Suprema." A gravura mostrava um lobo de olhos intensos, com a cabeça erguida para a lua. "Eu era jovem, Lena. Não sabia o peso que isso teria sobre mim, só sabia que precisava ser forte."
Kara continua, guiando a mão de Lena por cada evento marcante.
"Aqui, minha primeira transformação." A imagem mostrava uma jovem ajoelhada, enquanto um lobo tomava forma ao redor dela. "Eu senti tudo mudando dentro de mim, um poder imenso correndo pelo meu corpo, e pela primeira vez compreendi o que deveria ser um Supremo."
Kara hesitou por um momento antes de continuar. Seu toque sobre a mão de Lena ficou mais firme, sua respiração mais densa.
"E aqui..." Ela engoliu seco, sua voz falhando. "O dia da minha transformação foi o dia em que não encontrei você."
Lena sentiu o coração apertado.
"Você estava me procurando?"
Kara assentiu lentamente, fechando os olhos por um breve instante, como se revivesse o momento.
"Eu senti... senti que algo estava errado. Minha transformação deveria ter sido o momento mais poderoso da minha vida, mas em vez disso, foi o mais vazio. Eu senti que algo me faltava, e era você."
O silêncio se instalou por um momento, e Lena, instintivamente, apertou a mão de Kara, oferecendo-lhe apoio.
Kara respirou fundo e voltou a guiar a mão de Lena pelos desenhos.
"Aqui estão as minhas batalhas." Apontou para gravuras de lobos lutando contra sombras. "Tive que enfrentar aqueles que queriam tomar o que era nosso, proteger minha alcateia de invasores, provar que eu era digna do título que me foi dado."
Eles seguiram até os últimos desenhos esculpidos, onde Kara mostrou a Lena sua jornada solitária.
"Minhas viagens sem rumo." A imagem de pegadas na terra se desenhavam pelo metal. "Eu procurava você."
Então, finalmente, chegou à parte onde não havia nada.
Kara virou Lena contra seu peito, segurando-a com firmeza pela cintura. Pegou sua mão e a apontou para o espaço vazio no portão, enquanto a sua outra mão permanecia em sua cintura.
"Essa parte..." Sua voz saiu mais baixa, mas repleta de emoção. "Essa parte é a nossa história."
Os olhos de Lena se arregalaram quando encontraram os escultores trabalhando na superfície metálica. As mãos traçaram cuidadosamente uma nova cena no portão, trazendo à vida um momento crucial.
"Eles estão desenhando o dia em que eu encontrei você." Kara sussurrou, sua respiração quente contra a pele de Lena. "O dia em que eu te tirei daquele lugar imundo."
Lena sentiu um turbilhão de emoções se formando dentro de si. Seu peito parecia pequeno demais para conter tudo o que sentia — gratidão, felicidade, amor, mas, acima de tudo, a certeza de que tinha ao seu lado a mulher mais incrível que poderia existir.
Ela se virou um pouco nos braços de Kara, seus olhos verdes brilhando de emoção.
"E eu estou aqui agora... ao seu lado."
Kara sorriu, encostando sua testa na de Lena.
"Para sempre, minha Luna."
Então, com um olhar sério, voltou sua atenção para o portão e disse:
"Esse portão existe para que as próximas gerações de Supremos possam ver que o que temos, o que vamos construir juntas, é eterno e forte."
Ela olhou diretamente para os olhos de Lena, sua expressão de significado.
"Eu criei essa alcateia para a mulher da minha vida."
Lena sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos, seu coração batendo descompassado. Com um sorriso emocionado, deslizou os dedos pelo rosto de Kara, segurando-a ali, perto.
"Eu te amo."
Foi a primeira vez que essas palavras eram ditas, e o efeito foi imediato. Kara se arrepiou inteira, seus olhos se arregalando antes de se suavizarem num brilho intenso.
Ela não resistiu mais.
Segurando Lena pela cintura, lhe beijou mais uma vez, um beijo profundo, selando ali, diante do portão que guardaria sua história, o início de uma nova era para ambas.
Kara aprofundou o beijo, sentindo o corpo de Lena se moldar ao seu como se fosse feito uma para a outra. Era o segundo beijo que dava nela naquela manhã, mas a sensação era a mesma da primeira vez: intensa, avassaladora, destinada.
Ela sabia, desde o momento em que Lena apareceu em sua vida, que nunca mais seria a mesma. Durante anos, teve o peso da responsabilidade sobre os ombros. Era a primeira mulher Suprema da história, a única capaz de liderar uma alcateia inteira em um mundo onde os lobos machos ditavam as regras. Seu nascimento foi visto como um evento divino, um sinal de que a ordem das coisas estava mudando. Os deuses e a Eternium já sabiam que sua predestinada seria uma mulher deslumbrante, tão forte e resiliente quanto ela, e e lhe deram um presente raro: a capacidade de formar uma família biológica.
No mundo humano, chamariam Kara de intersexual. Para os lobos, ela era uma dádiva da própria natureza, uma guerreira com o poder de gerar descendência e continuar sua linhagem de supremacia. Esse dom fez com que muitos a vissem como um símbolo de mudança, mas também atraiu inveja e desconfiança daqueles que temiam um novo mundo onde o poder não era exclusivamente dos machos.
Mas nada disso importava agora.
Ali, diante do portão que contava sua história, segurando Lena contra si, Kara sentiu que todas as lutas que aconteceram valeram a pena. Porque, no final, tudo a levou até ela. Até sua Luna.
Lena, com o rosto corado e os olhos radiantes, abriu um sorriso que fez o coração de Kara acelerar.
"O que foi?" Kara perguntou, deslizando os dedos pelo rosto dela.
"Só estou me perguntando..." Lena passou os braços pelo pescoço de Kara, puxando-a para mais perto. "O que mais você tem para me mostrar?"
Kara riu, encostando sua testa na dela.
"O mundo inteiro, minha Luna."
E, de mãos dadas, elas seguiram adiante, prontas para construir a história que faltava no portão da alcateia.
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Kara segurou Lena pela cintura com firmeza e a guiou para dentro da alcateia Solaris. Ao cruzarem o enorme portão prateado, Lena sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. Era como se estivesse entrando em um novo mundo, um lugar que exalava poder, respeito e tradição.
A entrada da alcateia
O caminho que seguiram era pavimentado com pedras vulcânicas negras, formando uma trilha que brilhava suavemente sob a luz do sol. Em cada lado da estrada, pilastras majestosas se erguiam, gravadas com símbolos antigos da linhagem suprema. No topo de cada uma delas, tochas mágicas queimavam com chamas azuis que nunca se apagavam.
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"Essas chamadas representam a força de Solaris" Kara explicou, observando Lena admirar cada detalhe. "Elas queimaram desde a fundação da alcateia e nunca se apagaram, pois simbolizam nosso juramento de proteger nosso povo."
Lena tocou uma das pilastras, sentindo a energia pulsante que emanava dali. O coração acelerado mostrou o quanto tudo isso a impactava.
Ruas e construções
Conforme avançavam, Lena viu Solaris ganhar vida. As ruas largas eram bem estruturadas, e as casas, todas imponentes, demonstravam a força dos lobos que ali viviam. Alguns tinham traços modernos, enquanto outros preservavam um estilo rústico e ancestral. A energia no ar era vibrante, os lobos cumprimentavam Kara com reverência, mas ela apenas acenava em resposta.
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"Não precisa se curvar" Kara disse, sorrindo para alguns membros da alcateia. "Somos uma família."
Eles sorriram em resposta, mas Lena percebeu o respeito absoluto que todos tinham por sua Suprema alfa.
A casa dos Danvers
Kara fez questão de parar diante de uma casa elegante, mas acolhedora. As paredes eram feitas de pedra acinzentada, e o jardim em frente era repleto de flores coloridas.
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"Aqui é onde minha mãe de coração mora" Kara disse, referindo-se a Eliza Danvers. "Ela me criou como filha e sempre cuidou de mim."
Lena sentiu o carinho na voz de Kara e suspirou ao imaginar a mulher forte e doce que acolheu sua alfa.
A torre de vigia e o hospital
Seguiram andando até chegarem a uma imensa torre de vigia. O edifício era imponente, com uma estrutura metálica reforçada e janelas estratégicas que permitiam uma visão completa da região. Sentinelas patrulhavam o topo, atentas a qualquer ameaça.
"Nossos guardas mantêm Solaris segura. Nenhuma ameaça chega até nós sem ser vista antes."
Mais à frente, um hospital de estrutura moderna destacava-se entre os prédios. Lena percebeu que, apesar de viverem como lobos, a tecnologia e a medicina eram levadas a sério ali.
"Cuidamos dos nossos com tudo o que há de melhor" Kara explicou, apertando suavemente a cintura de Lena.
O coração de Solaris: A mansão suprema
Por fim, elas chegaram ao centro da Alcateia, onde uma construção monumental se erguia. Assim que Lena pousou os olhos na mansão, ficou sem palavras. Era diferente de qualquer casa que você já tinha visto.
A mansão era feita de pedra negra vulcânica, refletindo a luz do sol de maneira majestosa. O telhado era adornado com detalhes dourados e prateados, símbolos da supremacia de Kara. Ao longo da fachada, colunas robustas sustentavam sacadas elegantes. Grandes janelas de vidro revelavam um interior luxuoso, e duas imensas portas de ébano com puxadores de ouro protegiam a entrada.
Nos arredores, os jardins eram de tirar o fôlego. Havia fontes esculpidas em mármore branco, representando lobos e luas crescentes, e riachos cristalinos serpenteavam entre as árvores.
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Lena estava encantada, absorvendo cada detalhe.
Kara se moveu por trás dela, envolvendo-a com os braços e sussurrando:
"Quando você for minha para sempre, é aqui que iremos morar."
Lena virou-se para encará-la, os olhos brilhando com emoção.
"Você construiu tudo isso... para mim?"
Kara sorriu suavemente.
"Desde o início, essa alcateia sempre foi para você."
Lena sentiu o coração disparar. Era impossível descrever o que sentia naquele momento.
Lena segurou o rosto de Kara com delicadeza e olhou nos olhos.
"Eu não tenho palavras..."
Kara acariciou seu rosto e falou.
"Então não diga nada. Apenas fique ao meu lado, para sempre."
E naquele instante, Lena soube que seu lugar era ali. Com Kara.
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Kara entrelaçou seus dedos nos de Lena e com delicadeza a puxou, guiando-a para um caminho ladeado por cerejeiras floridas. O aroma suave das flores misturava-se ao cheiro terroso da natureza, criando uma sensação de paz e harmonia. Lena olhou ao redor, absorvendo cada detalhe do lugar que Kara havia criado com tanto zelo.
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Quando passou por um grande arco de pedra coberto por vinhas, Lena se deparou com algo que a fez prender a respiração.
O Grande Jardim e Parque da Alcateia
Diante deles, estendia-se um vasto jardim que mais parecia saído de um sonho. Lagos cristalinos refletiam o céu azul, fontes de mármore esculpidas em formato de lobos jorravam água cintilante, e trilhas de pedra serpenteavam entre árvores frondosas e canteiros repletos de flores vibrantes.
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Mas não foi a beleza do lugar que prendeu Lena no chão.
Foi a visão das crianças.
Pequenos lobos correndo entre as árvores, risadas infantis ecoando pelo ar enquanto brincavam com suas famílias. Pais e mães os observavam com carinho, alguns sentados em bancos de madeira, outros deitados na grama, aproveitando a tranquilidade do momento.
Lena sentiu um aperto no peito. Um sentimento desconhecido de saudade e vazio a invadido. Ela nunca teve aquilo. Sua infância foi roubada, tirada brutalmente por aqueles que deveriam ser os seus pais. Não sabia o que era correr livremente, sentir-se seguro nos braços de uma família, até agora.
Por um momento, sentiu-se deslocada, como se esse tipo de felicidade não fosse para ela.
Mas então, braços fortes e quentes envolveram sua cintura por trás, e um rosto familiar se encostou suavemente ao seu pescoço.
"Um dia será nós ali" Kara sussurrou, a voz carregada de ternura. "Eu, você e nossos filhos."
Lena piscou, sentindo um nó na garganta. Ela sabia que Kara estava ciente de seus pensamentos sombrios, de suas inseguranças. Mas, como sempre, sua alfa suprema estava ali, afastando as sombras e preenchendo o vazio com promessas de um futuro que Lena jamais imaginou ter.
Lentamente, Lena relaxou nos braços de Kara. Seus olhos voltaram para as crianças, mas dessa vez, sua mente não a levou ao passado.
Levou-a para o futuro.
Um futuro onde via a si mesma ali, sentado na grama, observando duas pequenas crianças correndo pelo jardim. Crianças de cabelos dourados e olhos justos, que riam enquanto Kara as perseguia em uma brincadeira divertida.
Ela se viu ali, sentiu a felicidade daquela cena, e pela primeira vez, soube que era possível.
Kara apertou sua cintura, puxando-a para ainda mais perto, como se quisesse parar naquele momento.
"Eu prometi te dar uma nova vida, Lena. E estou cumprindo."
Lena falou gentilmente, permitindo que aquela visão do futuro aquecesse seu coração.
"Sim, meu amor. Você está."
Enquanto caminhavam de mãos dadas pelo jardim, Lena não conseguia esconder o brilho em seus olhos. Tudo ao seu redor parecia encantador, como se estivesse descobrindo um novo mundo a cada passo. Ela sentiu o toque quente da mão de Kara entrelaçada à sua e, por um instante, percebeu o quanto sua vida havia mudado.
Um ano atrás, sua realidade era limitada a um porão frio e escuro, sem esperança, sem sonhos. Mas agora, ali estava ela, no meio de um jardim exuberante, cercada por pessoas que a olhavam com admiração e respeito, ao lado de sua companheira.
As flores ao redor exalavam fragrâncias doces, e o vento soprava suavemente, balançando as folhas das árvores e trazendo consigo cochichos dos membros da alcateia.
"Elas são tão lindas juntas..."
"Nossa suprema está diferente, parece ainda mais radiante."
"A futura Luna... ela é tão graciosa."
Lena corou levemente ao ouvir os murmúrios ao redor, mas seu coração acelerou não por timidez, e sim por uma sensação nova e reconfortante. Pela primeira vez, ela se sentiu aceita.
Foi então que um garotinho de cabelos castanhos e olhos azuis se moveu até elas. Ele tinha cerca de cinco anos e usava uma túnica leve, típica dos jovens da Alcateia. Ele segurava uma pequena rosa branca em suas mãos miúdas e olhou para Lena com curiosidade e admiração.
Sem hesitar, ele estendeu a rosa para ela.
"Bem-vinda, Luna."
Lena sentiu um nó na garganta. O gesto foi tão puro e genuíno que fez seu coração se apertar. Ela se ajoelhou diante do garotinho, aceitando a rosa com delicadeza, como se segurasse algo precioso.
"Obrigada, pequeno" respondeu, sua voz suave e cheia de emoção.
O garotinho sorriu e, antes que pudesse se afastar, Kara bagunçou carinhosamente seus cabelos, sorrindo de forma afetuosa.
"Gabriel, aprontando por aqui, hein?"
O pequeno riu, divertindo-se com o gesto.
"Só queria dar boas-vindas à Luna, suprema."
Kara assentiu, satisfeita, e Lena falou com doçura, segurando a rosa contra o peito.
Enquanto Gabriel corria de volta para seu grupo, Lena clamou-se e encarou Kara, que a olhou com um brilho orgulhoso nos olhos.
"Ele é especial, não é?" Lena comentou.
Kara concorda, puxando-a de volta para seus braços.
"Todos aqui são. E agora, você também faz parte disso, minha Luna."
Lena encostou a cabeça no ombro de Kara, sentindo-se em casa. Pela primeira vez, não havia dúvidas.
Ela ocupava aquele lugar.
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Kara virou-se para Lena, segurando suavemente seu rosto entre as mãos e olhando-a nos olhos com uma mistura de carinho e expectativa.
"Agora, minha Luna, é hora de você conhecer a outra parte de mim. Safira.
Lena arregalou os olhos, surpresa, mas não hesitou em assentir. Sua curiosidade superava qualquer coisa. Ela queria ver tudo, sentir tudo. Queria conhecer Kara por inteiro.
E então, num piscar de olhos, diante dela estava uma imponente loba negra. Seu pelo era tão escuro que parecia absorver a luz ao redor, criando um contraste quase mágico com seus olhos azuis iluminados como duas safiras cintilantes.
Lena prendeu a respiração por um momento, absorvendo a grandiosidade da forma lupina de Kara. A loba era magnífica, imponente e, ao mesmo tempo, irradiava uma aura de proteção e confiança.
Safira se moveu lentamente, sua presença dominando o espaço entre elas. Com delicadeza, inclinou a cabeça e cheirou Lena, regularizando sua essência. Lena sentiu um arrepio percorrendo seu corpo, mas não de medo — era uma conexão profunda, como se Safira estivesse marcando-a de alguma forma.
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Um sorriso espontâneo surgiu nos lábios de Lena, e sem hesitar, ela estendeu a mão e acariciou o pelo negro e macio da loba. Safira fechou os olhos e, para surpresa de Lena, soltou um som grave e reconfortante — estava ronronando.
"Você é linda..." Lena sussurrou, deslizando os dedos pelo pescoço da loba.
Safira então abaixou-se suavemente, curvando as patas dianteiras em um convite claro. Ela queria que Lena subisse em suas costas.
O coração de Lena acelerou de emoção. Sem hesitar, ela aceitou o convite e, com agilidade, montou sobre a grande loba, sentindo o calor de seu corpo e a força de seus músculos. Segurou-se firme nos pelos espessos, sentindo-se segura e, de certa forma, completa.
Num movimento ágil e poderoso, Safira disparou pelo campo, corria com velocidade impressionante. O vento cortou o rosto de Lena, mas em vez de assustá-la, aquilo a fez rir. A sensação era libertadora.
Atravessaram campos e florestas até que, finalmente, Safira subiu uma colina alta e imponente. Ao chegar ao topo, Lena desceu com cuidado, ainda embriagada pela emoção da corrida.
Então, diante dela, Safira começou a se transformar novamente. Em um piscar de olhos, Kara estava de volta, sua respiração leve, os cabelos um pouco bagunçados pelo vento, mas seus olhos brilhavam intensamente.
Ela pegou Lena pela mão e, com um gesto grandioso, destacado para a paisagem abaixo delas.
"Bem-vinda à Alcateia Suprema Solaris."
Lena ofegou. Uma vista era simplesmente deslumbrante. Do alto da colina, era possível ver toda a extensão da alcateia. A cidade parecia viva, pulsante, cheia de vida e de histórias que aguardavam para serem escritas.
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Era vasta, imponente, repleta de construções majestosas, bosques sagrados, templos antigos e rios cristalinos que serpenteavam entre as terras. As torres de vigia brilhavam ao sol, e os lobos corriam livres pelos campos, vivendo em harmonia.
Kara abriu a mão de Lena e sussurrou:
"Eu construí tudo isso para você... Para nós."
Lena sentiu os olhos marejarem. O que elas tinham era eterno. Era forte.
E era só o começo.
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Elas estavam ali, no topo da colina, sentindo a brisa fresca acariciar seus rostos enquanto admiravam a grandiosidade da Alcateia Suprema Solaris. O silêncio entre elas não era vazio, mas sim repleto de significado. Lena ainda estava absorvendo tudo — a beleza, o poder e a responsabilidade que vinha com tudo isso.
Então, com delicadeza, Kara a virou para si, segurando suas mãos com firmeza e carinho.
"Agora, minha Luna..." Kara murmurou, seus olhos brilhando de expectativa. "Você está pronta para conhecer sua loba?"
Lena engoliu em seco. Sentiu o coração acelerar com uma mistura de medo e emoção. Ela sempre soube que sua loba estava dentro dela, mas nunca havia sentido de verdade. Era como um eco distante, uma parte dela que sempre esteve adormecida.
Kara observa sua hesitação e acaricia suavemente seu rosto.
"Não tenha medo, meu amor." Sua voz era tranquilizadora. "É algo incrível, mágico. Você não estará sozinha, eu estarei com você em cada passo."
Lena respirou fundo e concordou.
"O que eu preciso fazer?"
Kara aproximou e, com calma, guiou-a:
"Esvazie sua mente... Deixe de lado qualquer medo, qualquer insegurança. Pense apenas na sua loba. Imagine como ela é, sinta sua presença dentro de você. Deixe que ela assuma, deixe que ela te guie."
Lena fechou os olhos e seguiu as instruções. Sua respiração ficou mais lenta, mais profunda. Ela se concentrou na parte dela que sempre esteve ali, mas que nunca havia sido libertada.
Então, como uma sugestão em sua mente, uma imagem se formou.
Uma loba branca como a neve surgiu diante de sua consciência, seus olhos verdes brilharam intensamente, refletindo os núcleos da aurora boreal. Ela era graciosa, poderosa, e Lena sentia uma conexão profunda com ela.
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Um calor percorreu seu corpo, uma sensação indescritível de plenitude tomou conta dela. Não houve dor, apenas uma transformação suave e natural. Quando abriu os olhos novamente, não estava mais em sua forma humana.
Ela era uma loba.
Aurora.
Uma voz suave e familiar ecoou em sua mente.
"Olá, Lena..." A loba sussurrou, sua presença reconfortante. "Obrigada por me libertar."
Lena piscou, surpresa. Ela pode sentir cada fibra do seu novo corpo, seus músculos ágeis, seus sentidos ampliados. Ela sentiu a terra sob suas patas, o vento acariciando seu pelo. Era uma sensação indescritível.
Diante dela, Safira — a imponente loba negra de Kara — observava-a com orgulho e admiração. Elas se olharam por alguns instantes, e então algo aconteceu.
Uma conexão.
Aurora e Safira se conectaram, seus espíritos se entrelaçaram em um laço profundo e ancestral. Não eram apenas lobas unidas pelo destino — eram partes de um todo, duas metades da mesma alma.
Lena sentiu Aurora ronronar em sua mente, sentindo-se em casa.
Foi então que Aurora fez algo inesperado.
Ela mesclou.
De repente, Lena viu através dos olhos de sua loba.
E o mundo mudou.
Tudo estava mais nítido. Não apenas mais claro, mas hiperdefinido, como se cada pequeno detalhe que antes passara despercebido agora fosse ressaltado com intensidade.
As cores eram vibrantes e saturadas. O verde das árvores não era um tom único, mas um espectro inteiro, variando desde o musgo profundo até o brilho esmeralda das folhas iluminadas pelo sol. O azul do céu não era apenas azul — era uma abundância de tons, com matizes de dourado e lilás que Lena jamais havia percebido antes.
Mas o mais impressionante era o movimento.
Ela via tudo em uma espécie de câmera lenta. Cada folha balançando com o vento, cada batida das asas de um pássaro se desenrolando em detalhes impossíveis.
E os cheiros.
Era como se pudesse distinguir cada fragrância individualmente — o aroma amadeirado das árvores, o perfume das flores silvestres, o cheiro do couro e do metal da roupa de Kara antes de sua transformação.
E o som...
Ela podia ouvir tudo. O farfalhar das folhas, os passos suaves de pequenos animais na floresta, o distante murmúrio de conversas na alcateia. Podia até mesmo sentir a vibração no chão, pequenos tremores que antes passariam despercebidos, mas que agora contavam histórias de tudo ao seu redor.
Lena não sabia se era Aurora compartilhando sua percepção, ou se era simplesmente a sua própria essência se expandindo para uma nova forma. Mas não importava.
Porque era incrível.
Safira mudou-se mais uma vez, observando Aurora com olhos escondidos. Lena sentiu que não precisava de palavras para entender Kara agora. O olhar de Safira dizia tudo:
Eu estou com você. Sempre.
Lena sentindo Aurora relaxada, confortável, segura.
Então, num movimento ágil, Safira correu.
A princípio, Aurora hesitou. Mas o instinto a guiou.
Ela se lançou para frente, as patas tocando a terra com uma leveza absurda. Cada músculo respondia de forma perfeita, e a corrida não era apenas uma corrida — era uma dança com o vento.
Lena sentiu o mundo passar ao seu redor, não como um borrão, mas como uma sucessão de imagens cristalinas em velocidade absurda.
Ela não estava apenas correndo.
Ela estava livre.
No alto da colina, duas figuras lupinas cortavam a paisagem com velocidade e elegância.
Safira e Aurora.
Unidas pelo destino. Ligadas por um laço eterno.
Safira desacelerou gradualmente, guiando Aurora com paciência. Lena sentiu a conexão entre elas e descobriu que sua loba confiava completamente na outra.
"Para onde estamos indo?" Perguntou Safira mentalmente, sentindo a ligação telepática entre ela e Kara.
"Tem algo que eu quero mostrar, a nossa companheira" voz de Kara ecoou suavemente. "Apenas siga minhas instruções."
E assim foi.
Safira tomou a dianteira, conduzindo Aurora por um caminho menos percorrido, afastando-se do coração da alcateia. Lena percebeu que as árvores começavam a rarear, e o cheiro das rosas veio antes mesmo que ela pudesse vê-las.
O vento trouxe o aroma adocicado, envolvente, e conforme avançavam, Lena notou um brilho avermelhado entre as árvores.
E então...
Elas emergiram em um campo vasto e magnífico, onde incontáveis roseiras de um vermelho intenso se estendiam até onde a vista alcançava. O contraste entre as atraentes rubras e o verde profundo das folhas criava uma visão quase surreal, como se aquele fosse um pedaço de outro mundo e no centro uma linda pérgola se estendia.
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Lena parou, atordoada com a beleza do local. Seu peito subia e descia enquanto absorve cada detalhe. Aurora, sentindo a emoção de sua humana, suspirou profundamente e, de forma instintiva, cedeu o controle.
Lena piscou e, num piscar de olhos, voltou à sua forma humana.
Ela teve tempo de processamento quando viu Kara ali, de costas para ela, segurando uma toalha sem olhar diretamente para seu corpo.
"Eu nunca desrespeitaria você, anjo" a voz de Kara soou gentil, quase reverente.
Lena corou, mas um pequeno sorriso se formou em seus lábios ao pegar uma toalha e se enrolar nela.
Quando ela se sentiu pronta, Kara virou-se e estendeu a mão.
"Vem comigo. Quero te mostrar algo."
Lena entrelaçou seus dedos nos de Kara, e juntas caminharam por entre a vastidão de rosas vermelhas.
O céu estava tingido de tons dourados e alaranjados pelo sol poente, e a brisa suave fazia as folhas dançarem ao redor delas. Lena sentiu-se imersa em um sonho, em uma pintura viva feita exclusivamente para ela.
Ela avançava, encantada, absorvendo cada detalhe.
Mas quando se virou para compartilhar sua emoção com Kara...
Seu coração quase parou.
Kara estava ali, a poucos passos de distância, segurando um buquê de rosas vermelhas. Mas não era só isso.
Em sua outra mão, havia uma pequena caixa.
Lena sentiu o mundo ao seu redor desaparecer.
Kara brilhou, seus olhos azuis brilhando como safiras sob a luz dourada do entardecer.
E então, lentamente, ela se ajoelhou.
O tempo pareceu desacelerar.
A respiração de Lena ficou presa na garganta.
"Lena..." Kara começou, sua voz compartilhada de emoção. "Desde o momento em que coloquei os olhos em você, eu sabia que você era minha. Minha alma te conheceu antes mesmo que eu entendesse. Você é minha razão, minha força e minha paz."
Lena sentiu os olhos arderem com as lágrimas que começavam a se formar.
"Eu criei esta alcateia para a mulher da minha vida. Para a nossa vida." Kara abriu uma pequena caixa, revelando um anel de ouro detalhado, onde uma pedra azul cintilava com a luz do sol. "E agora, eu quero que você seja minha Luna. Minha parceira, apenas minha."
Ela respirou fundo, segurando o anel entre os dedos.
"Lena Kiara Luthor, você aceita ser minha Luna?"
Lena não conseguiu segurar as lágrimas. Seu coração batia tão forte que sentia que poderia morrer.
Ela olhou para Kara, para a mulher que havia transformado sua vida, que havia lhe mostrado o amor, a liberdade, e um futuro que ela jamais imaginou possível.
Então, com um sorriso deslumbrante e uma voz embargada pela emoção, ela respondeu:
"Sim! Sempre sim!"
Kara pegou e deslizou o anel no dedo de Lena antes de se levantar e envolve-la em um abraço apertado.
E ali, no meio daquele oceano de rosas vermelhas, sob o céu dourado da Alcateia Solaris, duas almas destinadas se encontraram plenamente, estavam noivas.
continua...
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