O Despertar
Postei e sai correndo!
A noite anterior foi um verdadeiro inferno para Lena. Seus irmãos e pais, frustrados com a visita da família da Suprema, descontaram nela toda a raiva e decepção. Eles não precisaram de palavras para perceber que a família da Suprema não ficou impressionada com a alcateia Lua de Sangue. Os olhares de Eliza, Nia, Lilian e os betas já diziam tudo.
Henrique, orgulhoso e arrogante, não suportou o fato de que os betas da Suprema não lhe deram o mínimo de atenção. Victória, ainda mais irritada, viu-se rejeitada por Nia, a caçula da família da Suprema, que não quis passar muito tempo com ela. E Cecília, a mais nova da família Vargas, estava nervosa. Hoje seria sua primeira transformação, e sua família já se gabava para toda a alcateia dizendo que ela era uma alfa poderosa. Ninguém ousava discordar disso, pois qualquer oposição era punida severamente.
E como sempre, toda essa frustração foi canalizada para Lena.
Agora, no escuro e frio porão da casa, Lena gemia de dor. Seu corpo doía como se tivesse sido atropelado por uma matilha inteira. Seu rosto ardia pelos tapas que levaram, suas costelas latejavam dos chutes, e seus braços estavam cobertos de hematomas. O cansaço era esmagador, mas o pior de tudo era a sensação de abandono.
Ela não sabia o que era pior: a dor física ou o vazio emocional de saber que ninguém a protegeria.
Lena fechou os olhos, tentando respirar fundo, mas até isso era doloroso. Seu corpo frágil não se recuperava como os outros lobos, e a falta de comida só piorava a situação.
Lá fora, a alcateia estava em festa, preparando-se para uma grande noite. O dia da transformação dos jovens lobos sempre foi um evento grandioso. Mas para Lena, era apenas mais um dia de sofrimento.
Enquanto isso, a quilômetros dali, um carro de alta potência cortava a estrada em direção à alcateia Lua de Sangue. Atrás do volante, com um olhar determinado e oculto sob óculos escuros, Kara Zor-El dirigia em silêncio.
Ela sabia que a noite seria importante. Não apenas por ser o dia da transformação dos jovens lobos, mas porque sentia que algo estava para acontecer. Seu coração pulsava mais forte, um pressentimento que ela não conseguia ignorar.
E ela estava certa.
Hoje, a noite guardava segredos que estavam prestes a serem revelados.
Dor além do normal
O porão era escuro e úmido, como sempre. O cheiro de mofo e terra misturava-se ao sangue seco e ao suor que impregnava a pele de Lena. O chão frio e de pedra era seu único apoio, e seu corpo parecia não pertencer mais a ela. A dor era uma velha conhecida, mas hoje... hoje estava pior.
Ela acordou com o corpo exausto, como se tivesse sido atropelada por uma matilha inteira. Seus músculos tremiam, e um peso opressor esmagava seu peito, tornando cada respiração um esforço. Mas o pior ainda estava por vir.
A princípio, Lena pensou que era só mais um dia comum. Mais um dia de fome, mais um dia de dor, mais um dia sendo esquecida no porão enquanto sua família se preparava para a cerimônia de transformação dos jovens lobos da alcatéia. Mas logo vemos que havia algo diferente.
Seu corpo estava quente. Muito quente.
A febre queimava sua pele, e o suor escorria por sua testa, grudando os fios de cabelo no rosto. Seu coração batia acelerado, e um formigamento começou a se espalhar por seus membros. Primeiro as mãos, depois os braços, até chegar às pernas.
Então veio a primeira onda de dor.
Foi como se algo dentro dela se rasgasse, puxando seus ossos de dentro para fora. Lena arfou, o corpo arqueando instintivamente. Seus olhos se arregalaram enquanto um gemido sofrido escapou de sua garganta.
Ela não entendeu.
Já havia sentido antes. Sentira os golpes de seus irmãos, os chutes de sua mãe, os puxões de cabelo de Victória, as palavras afiadas que cortavam mais do que qualquer garra. Mas isso... isso era diferente. Era uma dor viva, pulsante, intensa.
Algo dentro dela estava quebrando.
Seus dedos se fechavam nos punhos, suas unhas cravando-se na palma da mão. Seu peito subia e descia rapidamente, tentando puxar ar suficiente para suportar aquilo. Mas não importava o quanto respirasse, a sensação sufocante continuava.
Seu corpo estava errático. Arrepiava-se com o frio da manhã, mas queimava com a febre. Tremia de dor, mas estava rígida, como se esperasse algo.
Lena não sabia que sua pequena loba, aquela que nunca despertou aos 16 anos como deveria, estava se contorcendo dentro dela, tentando emergir, pois alguém muito importante lhe deu forças para despertar.
Mas ela estava fraca demais.
Anos de maus tratos, fome e desprezo quebrando seu corpo. Seu espírito já estava desgastado. E agora, essa dor avassaladora se misturava à agonia física e psicológica que carregava há anos, tornando tudo insuportável.
Lá fora, o dia estava apenas começando. A alcatéia Lua de Sangue se preparava para uma grande cerimônia. O sol nascia forte no céu, iluminando as casas e os campos, enquanto os lobos se reencontram em celebrações.
E no porão, esquecida e negligenciada, Lena lutava contra algo que ninguém jamais imaginou ser possível.
Seu próprio despertar.
E essa seria a pior tortura de todas. Porque sua transformação estava sendo tarde demais.
Uma dor intensa inexplicável
Kara Zor-El dirigia com a mente cheia de pensamentos turbulentos, seu carro cortando as estradas em direção a alcateia. Ela estava tão próxima, sentindo a tensão no ar, mas o destino da noite, a cerimônia dos jovens lobos, não era o único fator que ocupava sua mente.
Era uma sensação estranha que começava a contar com ela. Algo estava errado. Sua intuição a alertava, mas ela não sabia explicar o porquê. As mãos sobre o volante começaram a suar e, de repente, um aperto no peito a fez perder momentaneamente o foco. A dor era avassaladora, uma dor profunda e desconcertante, como se algo muito próximo estivesse passando por uma grande agonia.
Kara desviou o olhar por um instante, tentando se concentrar no caminho. Mas era como se a dor fosse sua, e a confusão se tornou insuportável. Ela respirou fundo, forçando a mente a se recompor, mas o coração batia descompassado. Ela quase perdeu a direção do carro ao sentir um impulso tão forte que sentiu como se estivesse conectado a alguém... mas quem?
Antes que eu pudesse tentar compreender, a dor se dissipou tão rapidamente quanto surgiu, e a sensação de abertura no coração ausente. Kara se forçou a seguir, mas a sensação de que algo havia acontecido ainda a incomodava profundamente. Ela acelerou, tentando se concentrar, já sabia que em poucas horas chegaria a alcateia, mas algo no fundo de sua alma dizia que a noite seria diferente.
No Porão
Enquanto isso, no porão da casa dos Vargas, a batalha de Lena contra a dor ainda continuava. O corpo dela estava em um estado de colapso, e o jovem ômega lutava para sobreviver à dor insuportável que o atormentava. Não sabia o que estava acontecendo, mas os gritos silenciosos de sua alma clamavam por rompimento, algo que parecia impossível de alcançar.
Quando o relógio bateu meio-dia, a dor aumentou, como se algum tipo de força oculta tivesse decidido testar seus limites. Era uma dor física, emocional e psicológica, misturada em um único peso esmagador. O corpo de Lena se contorceu, seus pulmões simplesmente não foram suficientes, e sua visão se embaçou. Mas então, como um milagre sombrio, a dor cessou. Não foi suave nem gradual; foi abrupta, como se uma tempestade passasse e deixasse um vazio de intervalo doloroso.
A jovem ômega se deixou cair sobre seu colchão rasgado, gemendo de dor. Ela se sentia exausta, como se tivesse corrido uma maratona sem fim. Mas havia algo diferente. Algo que ela não entendeu, mas parecia ter um propósito.
Um misterioso vinculo
Em uma das casas da alcateia, Lilian estava se arrumando para a cerimônia. Ela se olhou no espelho, ajeitando os cabelos e o vestido. Mas algo, algo pequeno e inexplicável, a fez parar no meio do movimento. O aperto no coração, uma sensação inexplicável, a fez se virar abruptamente. Uma abertura tão forte que parecia prender sua respiração. Ela fechou os olhos, tentando entender, mas algo a impediu.
Lágrimas escorreram de seus olhos sem explicação. A dor não era dela, mas havia um peso emocional ligado aquilo, algo que a fez lembrar de um momento de sua vida que preferia enterrar. Um momento há 22 anos, quando seu coração foi partido por uma perda irreparável. A perda de algo ou alguém que, naquele instante, parecia se conectar com o que sentia agora.
Eliza entrou no quarto e, ao ver a expressão de Lilian, com um olhar preocupado, abraçou a amiga. "Lilian, o que está acontecendo? Você está bem?"
Lilian se deixou envolver pelo abraço, sentindo a preocupação da presença de Eliza como uma alicerce em meio à confusão de seus sentimentos. Ela respirava fundo, tentando se recompor, mas as lágrimas insistiam em cair. "De repente, minha mente... veio aquele dia. O dia em que a dor foi esmagadora, Eliza. Não sei o que aconteceu, mas... eu senti algo neste instante que fez minha mente ir para aquele dia."
Eliza não precisou de mais explicações. Ela sabia do que se tratava, ela esteve presente quando aconteceu. Ela sabia que Lilian havia carregado um fardo imenso por muito tempo. Ela a abraçou mais forte, oferecendo o conforto que Lilian sempre soube que poderia contar.
Lilian fechou os olhos, sentindo o apoio de Eliza, mas havia uma dúvida que a incomodava. "Eu não entendo, Eliza... Desde que chegamos a esta alcatéia, esses sentimentos têm sido cada vez mais intensos. Como se... como se eu estivesse conectado a algo, a alguém, que não consigo entender." Ela demorou-se um pouco, olhando nos olhos de Eliza com um leve sorriso triste. "Eu não sei o que está acontecendo, mas sinto que estou perdendo o controle desses sentimentos."
Eliza não respondeu de imediato. Em vez disso, olhou para ela com um olhar compreensivo, como se estivesse refletindo sobre tudo o que Lilian havia falado. "Eu sei, Lilian... Eu sei. Também não gosto daqui, vamos embora assim que amanhecer. Esse lugar não está te fazendo bem, eu percebi. Eu estou aqui com você, conte comigo."
Lilian, apesar da dor, sentiu um rompimento imediato ao ouvir aquelas palavras. Não importava o que estava acontecendo ou o que o futuro reservava; Naquele momento, ela sabia que não enfrentaria tudo sozinha. Mas uma coisa ainda a atormentava: por que os sentimentos eram tão intensos? O que está acontecendo?
O que está acontecendo comigo?
A dor era insuportável. Lena mal conseguia distinguir entre o peso da exaustão, as feridas físicas e as dores lancinantes que vinham de dentro, como se suas entradas estivessem sendo retorcidas. Seus ossos estalavam, como se quisessem se romper a qualquer momento, e ela não podia fazer nada para parar. O grito de dor que escapava de sua boca parecia ecoar nas paredes do porão escuro, mas ninguém estava ali para ouvir. A Alcateia estava ocupada com os jovens se transformando, todos focados nos rituais, enquanto ela Sofria em silêncio, sozinha.
As lágrimas corriam pelo seu rosto, misturando-se com o suor. Ela tentava respirar, tentar manter o controle, mas era impossível. Cada onda de dor fazia com que ela perdesse um pouco mais de si mesma, e cada grito que escapava parecia aumentar a sensação de desesperança. Ela queria gritar por ajuda, mas suas forças estavam lutando a cada segundo.
E então, no meio sofrimento, uma voz fraca e suave se fez ouvir em sua mente. Era como uma voz sussurrante, distante, mas com uma clareza que a fez parar por um momento.
"Calma... controle... se você não tiver controle... nos duas iremos morrer..."
Era a voz da sua loba. Lena ficou imóvel por um instante, como se sua mente estivesse sendo cortada por essa afirmação. A dor não havia diminuído, mas a voz da loba ressoava em sua mente, trazendo-lhe uma sensação de urgência. Ela nunca imaginou que sua loba fosse falar com ela de forma tão clara. E a última frase foi como um choque elétrico que atravessou seu corpo, fazendo-a perceber algo ainda mais assustador: se ela não conseguisse controlar a transformação, se permitisse que a dor a tomasse completamente, as consequências seriam fatais para ambas.
Lena se esforçou para focar, reuniu todas as forças que lhe restavam, mas a dor era uma tempestade furiosa dentro dela. Sua respiração se tornava mais difícil a cada segundo, seus músculos se contraíam de maneira incontrolável. Mas, no fundo, ela sabia que não podia ceder, não podia se entregar ao sofrimento. A voz da loba não mentia: se ela não tomasse as rédeas, o que restaria dela? O que restaria de sua pequena loba e de si mesma?
Ela fechou os olhos com força, tentando reunir o que restava de sua sanidade e autocontrole. "Eu não vou te perder... não vou perder você..." ela sussurrou para si mesma, em um murmúrio fraco, enquanto a dor continuava a martelar seu corpo.
A luta estava apenas começando, mas ela sabia que precisaria vencer aquela batalha, não apenas contra as dores físicas, mas contra o medo que tentava tomá-la por completo. A sua loba, frágil como ela mesma, ainda estava lá, mas juntas, elas poderiam sobreviver a tudo. Ela só precisava controlar a tempestade dentro dela. Mas ela não conseguiu, era mais forte do que ela podia suportar
Ela se encontrava em um pesadelo sem fim. O calor da dor percorreu seu corpo, e ela se encolheu na cama improvisada, seu peito arfando com a pressão. Os ossos voltados a se partir, e a dor profunda a faziam perder a percepção do tempo. Era uma luta entre o corpo e a mente, com sua loba despertando tardiamente, tentando quebrar as correntes do atraso. Mas, como sempre, ninguém sabia o que realmente estava acontecendo com ela. Ela era apenas um ômega perdida, incapaz de se transformar na idade certa.
Ouvir os gritos dos jovens ao longe, a alcatéia se reunindo para o ritual de transformação. Mas Lena estava distante, isolada no porão sujo, e tudo o que ela queria era escapar da dor. Ela tentava focar em algo, qualquer coisa, para se manter presente, mas as lembranças de sua infância, a sensação de ser sempre vista como menos, fazia tudo parecer ainda mais insuportável.
No meio da tormenta, uma voz suave, quase inaudível, ecoou em sua mente, e por um breve momento, o que parecia impossível aconteceu. A dor cessou. Por um instante, ela sentiu a presença de algo, ou melhor, alguém, que a entendeu de forma que ela mesma não compreendia. A loba, que parecia perdida e sem rumo, agora se aquietava, dando espaço à esperança, mesmo que fosse por breves segundos.
Mas aquela sensação logo se dissipou, e o sofrimento retornou com força total, mais intenso que antes. Lena gritou, mas sua voz foi engolida pelo silêncio do porão. Ninguém estava lá para ouvir. Ela estava sozinha, sem ninguém que entendesse.
Enquanto isso, Kara Zor-El dirigia pela estrada estreita que levava à alcateia Lua de Sangue. Ela estava cada vez mais próxima, sua mente focada no que seria sua chegada. O ritual de transformação estava começando, e a energia da noite estava carregada de uma tensão incomum. Ela não sabia, mas sua jornada estava conduzindo diretamente aquele lugar, naquele momento.
O volante escorregou por suas mãos, mas Kara, com seus sentidos aguçados, focados. Algo estava acontecendo, algo que ela ainda não podia entender completamente. A dor que sentira no coração há um pouco ainda pulsava em suas veias, mas ela se concentrou. A alcateia estava à vista, e ela sabia que algo grande estava prestes a acontecer.
A noite promete grandes revelações. Os jovens irão se transformar pela primeira vez, e suas vidas serão alteradas para sempre, mas a presença de Kara na alcateia Lua de Sangue ira fazer mais do que uma simples visita. Sem saber, ela se aproximava da única pessoa que importa para ela e sem saber ambas estavam prestes a se entrelaçar de uma maneira que nenhuma delas poderia prever.
E enquanto a estreia começava, com os jovens se reunindo para o rito de transformação, Lena continuava sua batalha interior, enfrentando a dor que a dominava, inconsciente de que seu destino estava prestes a mudar, de que a noite traria consigo a chance de uma nova vida - uma vida feliz e cheia de descobertas.
Continua...
Que venha o próximo capitulo! Beijinhos da autora, e até qualquer hora!
Uma perguntinha, vocês estão gostando da história, estou atendendo suas expectativas?
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