A Volta das Tradições Lupinas
Lena estava radiante, seu olhar não conseguia se desprender do anel que brilhava delicadamente em seu dedo. O aro de ouro branco era almejado com pequenas safiras, e no centro, uma pedra maior de tom esverdeado cintilava, refletindo a luz do entardecer. Parecia que Kara havia capturado a essência de seus olhos e transformado em uma alegria.
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Kara, por sua vez, sentiu o peito explodindo de felicidade. Nunca havia sentido algo tão intenso, tão certo. Lena era sua, sua futura esposa, sua Luna, a mulher que ela esperava por toda a vida. E agora, com o compromisso selado, a urgência em marca-la se tornar quase insuportável. Seu lado supremo clamava por gravar seu cheiro na pele de Lena, para que todos soubessem que ela pertencia a Kara e a mais ninguém.
Mas ela se segurou.
Era paciente.
Ou ao menos tentava ser.
Ao chegar ao pergolado, Lena soltou a mão de Kara e caminhou lentamente pelo local. A estrutura de madeira branca era envolta por trepadeiras floridas, rosas vermelhas se entrelaçavam por todo o teto, exalando um perfume doce e intenso. Pequenas luzes mágicas começavam a se acender conforme o sol desaparecia no horizonte, criando um ambiente quase etéreo.
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"Isso é... deslumbrante" Lena sussurrou, girando lentamente para absorver cada detalhe do lugar.
Kara sorriu, observando-a com entusiasmo.
"Eu queria que esse lugar fosse especial para nós. Um refúgio... só nosso."
Lena caminhou até a mesa de pedra no centro do pergolado e deslizou os dedos sobre a superfície lisa.
"Você planejou tudo isso?"
Kara se moveu por trás dela, suas mãos firmes pousaram suavemente na cintura de Lena, puxando-a para perto. O toque fez Lena estremecer, seu corpo reagindo à conexão cada vez mais forte entre elas.
"Desde o dia em que eu comecei a criar essa alcateia" Kara murmurou contra sua orelha, sua voz transmitia o desejo contido.
Lena sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. Nunca tinha sentido algo assim antes. Sua ligação com Kara cresce a cada segundo, um vínculo tão intenso que quase doía.
Kara respirou profundamente, fechando os olhos por um momento. O cheiro de Lena era diferente. Mais forte. Mais tentador.
Era a conexão se aprofundando.
"Eu nunca imaginei que pudesse sentir algo tão... poderoso" Lena admitiu, inclinando a cabeça para o lado, sem perceber que oferecia mais do seu pescoço exposto para Kara.
A suprema prendeu a respiração.
Ela queria.
Precisava.
Seu lobo rugia dentro dela, exigindo que a tomasse ali mesmo, que deixasse sua marca, que garanta que nenhum outro alfa jamais ousasse se aproximar.
Mas Kara se conteve.
Com muito esforço, se esforçava gradualmente, tentando controlar seus instintos possessivos.
O que ela não sabia era que Lena também lutava contra sua própria tempestade de emoções.
Seu lado ômega começou a despertar por completo, e com ele, uma necessidade crescente de ter Kara para si. O desejo de sentir sua marca, de tê-la perto o tempo todo, de saber que pertencem uma à outra.
Os supremos eram muito possessivos, dez vezes mais que um alfa comum.
Mas Lena estava começando a descobrir que poderia ser tão intensa quanto.
E quando seus olhos verdes encontraram os olhos azuis de Kara, algo não passou despercebido entre elas.
Um entendimento silencioso.
Elas ocupam uma à outra.
E logo, muito em breve... o vínculo seria selado e uma marca deixada.
Kara, com toda a sua delicadeza e gentileza, tirou as folhas das rosas dos bancos para que Lena pudesse se sentar. A ômega esperando, sentindo-se verdadeiramente adorada por sua companheira, e tomou seu lugar com graça. Kara se sentou ao seu lado, seu olhar brilhante refletindo o encanto do momento.
O perfume das rosas vermelhas ao redor era inebriante, misturando-se ao cheiro natural de Lena, tornando tudo ainda mais intenso para Kara. Ela deslizou seus dedos suavemente sobre uma mesa de pedra fria e então olhou para Lena, seu coração batendo mais forte ao vê-la tão radiante.
"Eu plantei a primeira muda de rosas vermelhas deste campo porque, mesmo sem conhecê-la, eu senti dentro do meu ser que, quando a encontraria, seu cheiro seria de rosas vermelhas" confessou Kara, sua voz transmitindo toda a emoção. "E eu acertei."
Lena piscou algumas vezes, surpresa com aquela revelação. Seu peito se aqueceu com as palavras de Kara, e uma nova onda de amor e admiração por sua supremacia a inundou.
"Você sempre me surpreende..." Lena murmurou, sua voz suave, quase um sussurro.
Kara sorriu, inclinando levemente a cabeça, observando Lena com um carinho profundo. Os olhos azuis da suprema brilhavam sob a luz tênue do pôr do sol, refletindo tudo o que sentia.
E então, antes que percebesse o que fazia, Lena tomou a iniciativa.
Com um movimento hesitante, mas decidido, ela se inclinou para frente e depositou um selinho suave nos lábios de Kara.
Foi um toque simples.
Mas carregado de significado.
Kara congelou por um segundo, seus olhos se arregalando progressivamente. Nunca esperou que Lena tomasse uma iniciativa desse jeito. Seu coração disparou dentro do peito, e o sorriso que se formou em seus lábios foi puro encantador.
"Esse foi o primeiro beijo que você me deu sem ser eu a rouba-lo" Kara sussurrou, seu tom repleto de ternura.
Lena corou, desviando o olhar por um breve momento antes de encará-la novamente.
"E não será o último" respondeu Lena, um pequeno sorriso se formando em seus lábios.
Kara sentiu seu peito inflar de felicidade. Seu desejo de a fazer sua, de selar o vínculo entre elas, apenas aumentou. Mas ela foi forçada a manter o controle.
Tudo no seu tempo.
E enquanto olhava para Lena, ela sabia...
Logo, sua pequena ômega também entenderia a profundidade do que estava construindo.
E então, nada mais poderia separá-las.
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Kara observava Lena com um brilho nos olhos, admirando a maneira como a ômega acariciava a aliança em seu dedo, ainda se acostumando com a nova realidade. O coração da suprema se aqueceu ao vê-la tão radiante, e um sorriso brincou em seus lábios antes que ela decidisse interromper aquele momento mágico.
"Tá na hora de levar você para casa, anjo" disse Kara, sua voz calma. "Antes que o senhor Lionel me mate."
Lena riu baixinho, balançando a cabeça.
"Ele gosta de você, só quer garantir que eu esteja segura" respondeu Lena, brincando com os dedos de Kara.
O sorriso de Kara se suavizou e, por um instante, seus olhos refletiram algo mais profundo.
"Eu sei" ela assentiu, antes de soltar um pequeno suspiro. "Mas, às vezes, por eu ser a suprema, todos acham que posso passar por cima dos outros, como se minha palavra fosse a única que importa. Foi assim com os supremos antes de mim."
Lena franziu o cenho, sentindo o peso na voz de Kara.
"Mas você não é como eles" Lena afirmou com verdade.
Kara sorri de leve, tocando o rosto de sua companheira.
"E é por isso que quero deixar um legado de respeito, e não algo a ser temido. Eu nunca passaria por cima das ordens do seu pai enquanto você ainda estiver morando com ele" afirmou. "E, para ser sincera, eu gosto da ideia de cortejá-la da forma correta."
Lena corou levemente, desviando o olhar por um breve momento antes de assentir.
Kara então se levantou, segurando a mão de Lena com delicadeza e ajudando a ficar de pé.
"Vamos" disse a suprema. "Vou deixar você à vontade para se transformar e tirar a toalha. Estarei esperando ali na frente."
Kara deslizou os dedos pela pele de Lena uma última vez antes de dar alguns passos para trás, respeitando seu espaço. Seu olhar azul intenso sobre a ômega por alguns segundos antes que ela se afastasse, permitindo que Lena tomasse sua forma lupina no tempo dela.
Lena vendo que Kara se afastava, respirou fundo, sentindo-se grata pela paciência e pelo respeito que sua suprema demonstrava por ela. Então, com um último olhar para a vastidão do campo de rosas vermelhas, ela se preparou para voltar para casa.
Lena se concentrou, fechando os olhos por um momento, e sentiu Aurora assumir o controle mais uma vez. Seu corpo brilhou suavemente antes de se transformar em sua magnífica forma lupina. Quando abriu os olhos novamente, encontrou Safira já esperando por ela, imponente e bela sob a luz da lua.
A loba negra de olhos azuis se moveu, encostando levemente o focinho no de Aurora como uma saudação silenciosa. Lena sentiu um calor confortável crescer dentro de si—uma conexão mais profunda com sua suprema, como se ambas já pertencessem uma à outra há muito mais tempo do que poderiam compreender.
Sem pressa, as duas percorreram o caminho de volta para a Alcateia. A noite foi tranquila, o vento soprava suavemente entre as árvores, e o som das folhas se misturava ao leve farfalhar da grama sob suas patas. Em determinado momento, Lena sentiu uma energia brincalhona crescer dentro de si, e Aurora, respondendo a esse instinto, saltou à frente de Safira, girando no ar de maneira graciosa antes de continuar correndo.
Kara entendeu a intenção e aceita o desafio silencioso. Em um impulso ágil, Safira acelerou, correndo atrás de Aurora. As duas passaram a brincar, correndo lado a lado, saltando sobre troncos caídos, desviando de árvores como se dançassem em perfeita harmonia. Lena sentiu a liberdade pulsar em seu peito, uma sensação única de conexão com a natureza e com sua companheira.
Quando finalmente chegou à frente da casa dos Luthor, Safira diminuiu o ritmo e parou. Em um piscar de olhos, Kara assumiu sua forma humana sem perder a pose de poder absoluto. Seu corpo voltou à forma original intacto, suas roupas perfeitamente ajustadas, como se nunca tivesse se transformado. Seu olhar sereno, mas dominante, pairava sobre a casa à sua frente.
Na varanda, sentada elegantemente com um livro em mãos, estava Lilian Luthor. A matriarca tira os olhos do livro ao notar a chegada das duas e, por um momento, seu olhar ficou preso à magnífica loba branca ao lado da suprema.
Lilian ficou maravilhada. Lobos brancos eram raros, considerados uma dádiva dentro da sociedade lupina. Mas quando seus olhos se voltaram para Kara, um pensamento se formou em sua mente: supremos costumavam ter companheiros cujas cores combinavam ou complementavam suas formas lupinas. Preto e branco. O contraste perfeito. O equilíbrio supremo.
Lilian não precisou dizer nada, apenas assentiu sutilmente, confirmando a grandiosidade do que estava diante de seus olhos.
Lena não perdeu tempo. Assim que a porta foi aberta, ela entrou e subiu rapidamente para o seu quarto, desejando se trocar e processar tudo o que havia acontecido naquela noite.
Enquanto isso, Lilian fechou o livro e se levantou, aproximando-se de Kara.
"Obrigada" disse ela, sua voz transmitida de um sentimento genuíno. "Por tudo. Por fazer minha filha feliz."
Kara assentiu de leve, uma expressão rara e sincera em seu rosto.
"Ela é minha companheira" respondeu Kara, como se isso por si só fosse motivo suficiente.
Lilian estudou o jovem à sua frente por um momento antes de se assentir novamente.
"Você quer entrar?"
Kara respirou fundo e passou uma mão pelos cabelos, parecendo ponderar por um instante antes de finalmente responder:
"Sim, na verdade, gostaria de conversar com Lionel sobre algumas coisas. Por mais que eu tenha estado presente há mais de um ano, passei séculos fora. As alcateias precisam ser reorientadas.
Lilian arqueou uma sobrancelha, mas abriu caminho, permitindo que Kara entrasse.
"Então vamos falar com ele."
Kara cruzou a porta da casa Luthor com passos firmes, sua mente já apresentava os próximos passos para o futuro de sua espécie.
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Kara entrou na casa e encontrou Lionel sentado à mesa, tomando um café com calma. Sua postura sempre elegante reflete a autoridade que exerce sobre sua família e sua alcateia.
Com sua educação impecável, moldada tanto por Mariana quanto por Eliza, Kara pediu licença antes de se aproximar.
Lionel retraiu os olhos ao reconhecê-la e assentiu em saudação.
"Suprema." Ele a comprimento com respeito, mas sem a formalidade exagerada que outros usavam.
"Senhor Luthor." Kara respondeu no mesmo tom, mantendo seu ar de respeito e consideração.
Lionel terminou seu café antes de se levantar.
"Vamos para o escritório. Podemos discutir com mais privacidade."
Kara assentiu, mas antes que pudesse se mover, a porta da frente se abriu com força, e uma voz animada ecoou pela casa.
"Família, cheguei!"
Lex entrou radiante, os olhos brilhando de empolgação, sem notar Kara imediatamente.
"Pai, fui muito bem no treino! O beta Oliver disse que, se eu continuar assim, posso assumir o posto de chefe da guarda da alcateia suprema!"
Kara sorriu ao ver a felicidade do garoto. Sua energia era contagiante, e ela apreciava a determinação dele.
"Isso é ótimo, Lex." Ela comentou com um pequeno sorriso. "E quando será seu teste contra o atual chefe da guarda?"
Lex, que só então viu a presença da suprema, se sobressaltou. Seus olhos se arregalaram levemente, e ele rapidamente adaptou uma postura mais respeitosa.
"Suprema! Me desculpe, eu não vi que você estava aqui."
Kara soltou uma risada baixa e acenou com a mão, dispensando qualquer formalidade exagerada.
"Não precisa se desculpar. Sua felicidade ao entrar foi contagiante. Mas diga-me, quando será o teste?"
Lex relaxou um pouco e respondeu com entusiasmo:
"Semana que vem!"
Kara cruzou os braços e inclinou levemente a cabeça, analisando o jovem com curiosidade.
"Então estarei lá para ver."
Os olhos de Lex brilharam ainda mais, e um sorriso largo se abriu em seu rosto.
"A suprema estará no meu teste?!"
Ele quase pula de empolgação. A ideia de ser apresentada pela líder suprema da alcateia, e mais ainda, por Kara Zor-El, era uma imensa honra.
"Claro. Quero ver o futuro chefe da guarda em ação." Ela disse com um tom divertido, mas seu olhar deixou claro que falava sério.
Lex pareceu ainda mais contente. Se antes ele já queria dar o seu melhor, agora não havia dúvidas de que treinaria ainda mais duro até o dia do teste.
Lionel olhou a interação com um pequeno sorriso discreto no canto dos lábios antes de gesticular para Kara.
"Vamos, Suprema. Temos muito a debater".
Kara concordou e acompanhou Lionel até o escritório, prontos para tratar dos assuntos importantes que foram levados até lá.
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Kara e Lionel entraram no escritório, um ambiente amplo e bem organizado, com prateleiras repletas de livros antigos e um aroma sutil de madeira e couro. O líder da alcateia Luthor caminhou até sua mesa, pronto para iniciar uma conversa, mas foi surpreendido quando Kara, com todo o respeito que sempre demonstrava, tomou a palavra primeiro.
"Antes de falarmos sobre os assuntos da Alcateia, tem algo importante que eu quero lhe dizer."
Lionel arqueou uma sobrancelha, curioso, e se recostou na cadeira, situada que ela continuasse.
Kara respirou fundo, mas um sorriso suave surgiu em seus lábios.
"Pedi Lena em casamento."
Por um momento, Lionel acompanhou em silêncio. Então, seu rosto se ilumina com um sorriso sincero, e ele abandonou qualquer formalidade, levantando-se e abraçando Kara com força.
"Minha princesa não poderia ter ganhado uma companheira melhor." Sua voz carregava orgulho e emoção.
Kara retribuiu o abraço com respeito, sentindo o calor familiar da figura paterna que Lionel sempre representou para Lena. Mas antes que o momento pudesse se tornar muito sentimental, Lionel se afastou um pouco e estreitou os olhos, assumindo um tom brincalhão.
"Mas, só para deixar claro, se você fizer mal à minha princesinha... Não importa sua posição suprema, eu te caço."
Kara soltou uma risada baixa, divertindo-se com uma ameaça velada.
"Nunca a machucaria." Ela respondeu com sinceridade.
Lionel concordou, satisfeito com a resposta.
Do outro lado da porta, Lena descia as escadas, seu coração leve e um sorriso radiante nos lábios. Ainda parecia um sonho: estava noiva da mulher que amava, de sua suprema, sua companheira.
Sem hesitar, vai direto para a sala, onde sua mãe e seus irmãos estavam reunidos. Lilian lia tranquilamente em sua poltrona, enquanto Lex e Samantha conversavam animadamente sobre os treinos.
"Tenho uma novidade!" Lena anunciou com entusiasmo, chamando a atenção de todos.
Lilian tirou os olhos do livro, enquanto Lex e Samantha se viraram para ela.
Antes que eles perguntassem, Lena estendeu a mão, mostrando o anel de noivado.
"Kara me pediu em casamento!"
Lilian ficou imóvel por um segundo, absorvendo a notícia, até que um sorriso de pura felicidade surgiu em seu rosto. Levantando-se, ela envolveu Lena em um abraço apertado.
"Minha querida... Estou tão feliz por você."
Lena retribuiu o abraço, sentindo-se ainda mais emocionada.
Lex, ao lado, soltou um assovio.
"Então isso significa que vamos fazer parte da família da suprema?"
Samantha riu e bagunçou o cabelo do irmão.
"Significa que Lena encontrou a felicidade dela. Mas, sim, isso também significa que seremos oficialmente parte da família da suprema."
Lex bateu no próprio peito, fingindo orgulho.
"Sempre soube que minha irmã caçula tinha bom gosto!"
Lena revirou os olhos, mas riu, sentindo seu coração transbordar de alegria. Tinha sua família ao seu lado, sua companheira, e um futuro brilhante pela frente.
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O clima no escritório pesava. Kara sentou-se na cadeira à frente de Lionel, seu olhar sério e focado. Ele percebeu que uma conversa não seria fácil.
Sem rodeios, ela retirou uma folha do bolso e a colocou sobre a mesa, batendo o dedo no papel com força.
"Alcateia... "Garras Sombrientas"?" Ela leu o nome em voz alta, com um tom de descrença.
Lionel franziu o cenho.
"Nunca ouvi falar."
"Eu também não, a achei por acaso." Ela suspirou, cruzando os braços. "Mas, Lionel... que tipo de nome é esse? "Garras Sombrientas" nem parece um nome de alcateia! Os nomes devem carregar significado, representar a essência e o propósito da matilha! Não são para ser escolhidos como se fosse um grupo qualquer!"
Lionel pegou o documento e analisou com atenção, percebendo que a alcateia realmente surgiu sem qualquer autorização.
"Eles não foram registrados no conselho."
"Exatamente." Kara passou a mão pelos cabelos, exasperada. "Além disso, estão perto de um grupo de renegados. Isso não pode acontecer."
O Lionel ouvia tudo atento, sua expressão está levemente em preocupação.
"Você tem razão. Mas... eu não fazia ideia de que estava se formando."
Kara fechou os olhos por um instante e respirou fundo.
"Não é culpa sua, Lionel. Eu que deveria ter estado aqui."
O silêncio foi instalado no escritório.
"Kara..."
Ela suspendeu a mão, interrompendo-o.
"Eu passei séculos vagando, buscando algo que parecia impossível de encontrar. " Sua voz estava embargada, mas ela se manteve firme. "Eu deveria ter estado aqui, protegendo meu povo. Mas, ao invés disso, estava seguindo um instinto, um vazio que me consumia."
Lionel não disse nada. Sabia que a dor dela era real.
"E enquanto eu procurava minha ômega... o número de renegados cresceram, alcateias foram atacadas, matilhas inteiras desmoronaram. Eu falhei, Lionel."
Ele se pronunciou e foi até ela.
"Você precisava de tempo."
Kara desviou o olhar.
"Eu deveria ter sido mais forte."
"Kara, escute." Lionel se ajoelhou ao lado dela, pegando suas mãos. "Você é a suprema, mas também é uma loba. Negar a busca pelo seu vínculo seria como negar sua própria existência."
Ela não respondeu de imediato, apenas abriu os olhos, tentando conter a emoção.
"O número de renegados cresceu." Ele contínuo. "Algumas alcateias foram atacadas, algumas dissolvidas, sim. Mas agora você voltou. E tem poder para mudar tudo."
Kara finalmente olhou para ele.
"Eu não posso deixar isso continuar."
"E não vai."
Ela concordou e, por um momento, o peso em seus ombros pareceu menos esmagador.
"Mas, antes de qualquer coisa..." Lionel anunciou mudando de assunto. "Quero dizer que nunca estive tão feliz quanto agora."
Kara piscou, confusa.
"Feliz?"
"Minha princesinha." Ele disse com orgulho. "Saber que Lena é sua companheira... não poderia imaginar alguém melhor para ela."
Kara sorriu, emocionada.
"Eu vou protege-la e ama-la com tudo que sou."
"Eu sei que vai." Lionel apertou seu ombro. "Mas, mesmo sendo a suprema, se um dia a fazer chorar, lembre-se de que sou o pai dela antes de qualquer coisa."
Kara soltou uma risada baixa.
"Não se preocupe. Ela é minha vida agora."
Lionel concordou e falou.
"Agora, vamos renovar tudo."
"Vamos." Ela pegou outro documento. "precisamos resolver essas alcateias descontroladas antes que a situação piore ainda mais."
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Lionel havia acabado de se sentar quando Kara parou na porta do escritório e voltou. Seu olhar determinado fez com que ele arqueasse uma sobrancelha.
"Mais alguma coisa, Kara?"
Kara cruzou os braços.
"Não podemos focar apenas nos problemas. Eu vim aqui por outro motivo também."
Lionel se ajeitou na cadeira, curioso.
"Continue."
"Vi que, na minha ausência, as comemorações das nossas tradições foram deixadas de lado." Sua voz carregava um tom firme. "E isso é algo que eu não admito, Lionel."
Ele suspirou.
"Com tudo o que aconteceu, algumas tradições foram esquecidas."
Kara bateu as mãos na mesa.
"Pois bem, isso vai mudar agora. As celebrações são essenciais para a identidade do nosso povo. Elas nos unem, nos fortalecem. Lua Cheia, Lua de Sangue, Caçada dos Antigos, Noite do Chamado, Renascimento do Alfa... todas essas comemorações carregam significados profundos! E quero todas as voltas."
Lionel concordou, balançando a cabeça.
"Está determinada mesmo."
"Sempre estive. E é por isso que quero aproveitar a Lua Cheia daqui a três dias para apresentar sua filha, minha futura Luna, como minha companheira diante de toda a alcateia."
O alfa ficou surpreso.
"Tem certeza?"
Kara riu baixo.
"Já esperei tempo demais para ter o que é meu."
Lionel riu, satisfeito.
"E o casamento?"
"Antes da Lua de Sangue." Sua resposta veio sem hesitação. "Daqui há dois meses."
"Você realmente não quer esperar."
"Não." Ela olhou para ele com seriedade. "Já esperei demais, Lionel. Não vou perder mais um segundo."
Ele sorriu e se manifestou, estendendo a mão.
"Então que assim seja, suprema."
Kara apertou sua mão com firmeza.
"Assim será."
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Lena estava sentada no sofá, ainda absorta nos acontecimentos do dia. O passeio com Kara, a transformação, o pedido... tudo parecia um sonho. Ela sorriu enquanto observava seu anel, perdida nos próprios pensamentos, até que a voz um pouco mais alta de Kara ecoou do escritório de seu pai.
Lilian, Lex e Samantha trocaram olhares surpresos.
"Kara levantando a voz?" Lex murmurou.
"Isso é raro..." Samantha especificou, franzindo a testa.
Lena franziu os lábios, preocupada, mas decidiu não se intrometer. Se fosse algo grave, Kara teria contado a ela.
Passou-se uma hora, e finalmente a porta do escritório se abriu. Para o alivio de todos, Kara e Lionel saíram sorrindo, selando a conversa com um aperto de mão firme.
Kara foi até Lena e, sem hesitação, lhe deu um selinho na frente de todos.
Lena corou violentamente, e Kara assentiu com diversão antes de sussurrar em seu ouvido:
"Daqui a dois meses, seremos oficialmente casadas."
Lena arregalou os olhos e, em seguida, brilho radiante. Seu coração bateu forte no peito.
Kara então voltou para Lilian, depositando um beijo no rosto dela com carinho.
"As comemorações irão voltar" anunciou. "E gostaria que você voltasse a organizar tudo, como sempre foi desde que os Luthor vieram morar aqui, há mais de quatrocentos anos."
Os olhos de Lilian brilharam com nostalgia.
"Eu senti falta disso" admiti, sorrindo.
"Então está decidido." Kara assentiu satisfeita.
Ela se despediu de todos, prometendo voltar em breve. Agora, ela preciso contar as novidades para sua própria família.
Assim que Kara saiu, Lionel se virou para Lena e, com um sorriso orgulhoso, segurou suas mãos.
"Parabéns, minha princesa." Sua voz era transmitia sua emoção. "Eu desejo, do fundo do meu coração, que você seja muito feliz ao lado da Kara."
Lena sorriu com ternura, sentindo o calor e o apoio do pai.
"Obrigada, papai. Eu nunca me senti tão completa e feliz."
Lionel concordou e, então, virou-se para toda a família reunida na sala.
"A suprema quer apresentar Lena como sua Luna na festividade da Lua Cheia, daqui a três dias."
Lilian arregalou os olhos, e os irmãos de Lena se entreolharam, surpresos e animados.
"Além disso..." Lionel se dirigi diretamente para a esposa. "Kara deseja que o casamento aconteça antes da Lua de Sangue, ou seja, em dois meses."
Foi o suficiente para Lilian entrar no modo de organização total.
"Três dias?" Ela exclamou, já se levantou e fazendo anotações mentais. "Isso tem que ser organizado!"
Ela olhou para Lena, os olhos brilhando de empolgação.
"Minha garotinha merece a melhor celebração possível!"
Lex e Samantha riram, já conhecendo o jeito determinado da mãe.
"E eu já sei quem vai me ajudar!" Lilian contínua, batendo palmas animadas.
"A Nia" Samantha adivinhou, sorrindo.
"Exatamente!" Lilian confirmou. "Aquela menina adora uma festividade!"
"E, quando a Nia se junta à mamãe, pode ter certeza de que esse evento vai ser inesquecível" Lex comentou, rindo.
Lena balançou a cabeça, rindo junto. Ela sabia que, nos próximos dias, a casa dos Luthor se transformaria em um verdadeiro centro de planejamento.
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Na casa dos Danvers, Eliza, Nia e Alex estavam na sala conversando tranquilamente quando ouviram a porta se abrir com um leve estrondo.
Kara entrou radiante, um brilho intenso em seus olhos azuis. Antes que qualquer uma pudesse perguntar algo, ela foi direta até Eliza e a envolveu em um abraço apertado.
Eliza sentiu o corpo da filha tremer levemente e, ao se afastar um pouco, notou uma lágrima solitária escorrendo pelo rosto de Kara.
"Querida, o que houve?" ela perguntou, preocupada, segurando o rosto da loba suprema com carinho.
Kara assentiu, enxugando a lágrima com o mangá da jaqueta.
"Nada de ruim, mãe" sua voz era contida de emoção. "Pelo contrário... Ela finalmente vai ser minha."
Alex e Nia se entreolharam, prendendo a respiração.
"Eu a encontrei, depois de tanto tempo. Não vou esperar mais. "Kara respirou fundo, sentindo a felicidade vibrar em seu peito. "Já conversei com Lionel. Daqui a três dias, vou apresentar Lena como minha Luna para toda a alcateia."
Eliza sorriu, sentindo o coração se aquecer ao ver a filha tão plena.
"Isso significa que..." Alex começou, com um sorriso crescente.
"Sim!" Kara confirma, com um brilho feroz nos olhos. "A partir desse dia, todas as alcateias saberão que eu tenho a minha Luna. E daqui a dois meses..."
Ela fez uma pausa, como se ainda estivesse absorvendo a grandiosidade de suas próprias palavras.
"Daqui a dois meses, Lena será minha em definitivo. Minha Luna. Minha mulher."
Eliza puxou Kara para outro abraço, desta vez sendo acompanhada por Alex e Nia, que praticamente se jogaram sobre ela.
"Finalmente!" Alex exclamou.
"A Lena é perfeita para você!" Eliza disse, acariciando os cabelos loiros da filha.
Mas, no meio da emoção, Nia foi a primeira a se afastar e levantar os braços no ar, empolgada.
"Isso significa que eu tenho muito trabalho a fazer!"
Kara franziu o cenho.
"O quê?"
"Eu vou ajudar na organização, é claro!" Nia respondeu como se fosse óbvio. "Amanhã cedo, vou procurar a Lilian e começar os preparativos."
Todas riram da animação da casula Danvers, que já parecia mentalmente pensando em cada detalhe da festividade.
"Bem-vinda ao caos, maninha" Alex brincou, abraçando Nia de lado.
Kara apenas sorriu, seu coração transbordando felicidade.
Pela primeira vez em séculos, tudo estava se encaixando exatamente como deveria ser.
E, no fundo, não poderia estar mais feliz.
Continua...
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