Capitolo sette. ABBIAMO UN ACCORDO

ROTEIRO TRÊS | PARTE DOIS
CAPÍTULO SETE
TEMOS UM ACORDO

Oh God it hurt; The moment that
I saw you; With someone else; I never
meant to hurt you; And she will always
hate me No matter what I say;
The love is gone

⚜️

AMBROSIA da VINCI

Aquele dia estava claro. O sol brilhava forte no céu azulado de Florença, pássaros cantavam felizes conformem pousavam nos galhos das árvores. Se fosse um banquete de casamento normal, aquele seria o clima ideal.

            Mas era o dia do meu casamento. E eu não era normal.

            A claridade irritava meus olhos desde que acordei, as cortinas do meu quarto estavam totalmente abertas. Bianca se oferecera para ajudar a me arrumar. Eu sabia que ela ainda estava abalada pelo casamento arranjado por Lorenzo entre ela e Bastiano Soderini. Eu a entendia perfeitamente. Aceitei sua ajuda, torcendo para que assim sua mente mudasse um pouco de foco.

            Perto da hora do banquete, eu já estava pronta. Deferente das cores alegres e vibrantes que os convidados usavam, meu vestido era feito de veludo vermelho. Com um corte reto, os ombros ficavam totalmente de fora, mas os braços cobertos pelas mangas. Já a saia era armada, feita de um material da mesma cor, mas leve, onde pequenas pedrinhas foram bordadas. Meus cabelos permaneciam soltos e em cachos perfeitamente feitos.

            Ouvi os gritos e risadas vindo da escada. Eu devia ter perdido a nossa do tempo. Caminhei em passos silenciosos — contudo sendo mais difícil devido aos saltos — em direção ao andar inferior. Antes que eu pudesse virar a direção da escada, ouvi vozes de Lorenzo, como de Giuliano, Sandro e de mais homens que deveriam ser seus amigos.

            — Temos pepinos — começou Lorenzo, os amigos rindo e concordando. — Alguns gigantes, outros duros. Alguns parecem terrivelmente irregulares, inchados e rugosos. Você os pega com os punhos e os descascam, você abre e suga! — disse ele, o tom de voz reverberando alto e claro. — É como desmamar um cachorrinho!

            A sala explodiu em risadas. Tomei isso como uma brecha para continuar andando em passos firmes, fazendo com que as vozes cessassem e eles olhassem para mim, envergonhados. Lorenzo, que estava de costas para mim, notou para onde seus amigos olhavam. Seu sorriso se desmanchou instantaneamente, as bochechas tomando um leve tom rosado conforme percebeu que eu ouvi tudo que falara.

            A extensão daquela propriedade me surpreendia cada vez mais, fazendo com que eu pensasse que deveria sair mais do meu quarto para explorar.

            Uma música alegre era tocada, o que me dava dor de cabeça. Pessoas dançavam felizes, como se aquela fosse a própria festa de casamento delas. Eu não gostava do que via, mas tentava suportar ao pensar que eu só precisava ficar ali mais algumas horas e depois poderia me recolher. Ao longe, vi Lorenzo e seus amigos rindo, como se estivessem felizes com aquilo.

            Observei o bolo decorado que fora feito para aquela data. Por mais que fosse bonitinho, rosa ainda era minha cor mais odiada. As flores postas nele como decoração o deixavam brega.

            — Madonna? — chamou uma voz atrás de mim. Quando virei, ela fez uma pequena reverência, a qual respondi com um sorriso forçado. — Lucrezia Donati Andringhelli.

            — Ambrosia da Vinci — me apresentei.

            — E não Medici? — perguntou, curiosa. — Não deve ser fácil abandonar uma vida já conhecida por um homem que não conhece.

            — Não sou a primeira a fazer isso — falei.

            — E ainda assim, se me permite dizer, a senhora parece hesitante.

            — Estou entediada, na verdade — corrigi. Serrei os olhos, analisando suas feições. Lucrezia era linda, mesmo sendo mais velha. Não me controlei ao dizer as palavras seguintes: — É a amante de Lorenzo, não é?

            Lucrezia hesitou conforme minhas palavras, sua boca abriu diversas vezes, procurando como responder. Pelo simples ato, confirmei minha teoria.

            — Sabe que não o amo — revelei. — Mas não tenho problema algum com você, Lucrezia.

            — Vai exigir que ele pare de me ver? — perguntou, tremendo.

            — Por que eu faria isso? De todas as pessoas que conheci desde que cheguei em Florença, você me parece a mais interessante.

                        Mencionei para sair, vendo Giuliano sozinho em um canto com sombra perto de um pilar. Quando estava prestes a caminhar até ele, Lucrezia me chamou:

            — Acho que nos daremos bem, Ambrosia — disse ele, sorrindo gentil e verdadeira.

            — Eu penso o mesmo.

            Assim que me aproximei de Giuliano, ele estava com dois copos de vinho nas mãos. Ele me entregou um deles, prontamente bebi o conteúdo nele, desejando ao máximo esquecer aquele dia.

            — Amor é um sentimento tão mesquinho, não concorda? — perguntei, soando melancólica.

            — Sabe que pode ir embora quando quiser, certo? — retrucou, rindo. — Sobre o que ouviu meu irmão dizendo mais cedo, Ambrosia...

            — Depois daquilo, não me surpreende que ele nunca tenha achado uma noiva antes — debochei. — Ele não é melhor sóbrio do que um bêbado apaixonado.

            — Está mal humorada e depressiva hoje — afirmou ele, me encarando com curiosidade. — O que foi? Discutiu de novo com Lorenzo? Achei que ele tinha parado de te chamar de bruxa.

            — Queria que meu irmão estivesse aqui. Leonardo — falei, suspirando tristemente. — Imagino que sua mãe não tenha enviado convites a minha família, não é mesmo?

            Giuliano excitou para me responder, com medo de minha reação.

            — De fato, esses convites não foram enviados. Sinto muito, Ambrosia, de verdade.

            — A culpa não é sua, Giuliano — o assegurei. — Pelo menos, eu tenho você e Sandro aqui comigo.

            Ele assentiu, subitamente pegando minhas mãos nas suas.

            — Lorenzo pode ser meu irmão e eu o respeito, Ambrosia, mas qualquer homem aqui daria o mundo para se casar com você. Até mesmo eu.

            Aquelas palavras me atingiram de uma forma que nunca deveriam ter.

・❉・

No final daquela noite, eu estava no que seria meu mais novo aposento. Junto de Lorenzo, é claro. A lareira crepitava, aquecendo o quarto. Eu estava sentada perto da janela, torcendo por qualquer brisa fria que talvez assim me trouxesse um resfriado e eu pudesse voltar para meu antigo cômodo, longe de meu marido.

            Ouvi as portas sendo abertas e logo fechadas. Mesmo com a chegada de Lorenzo, não me importei em abaixar o livro que eu estava lendo. Essas histórias eram bem mais interessantes de se relacionar do que as pessoas reais.

            — Ovid — disse ele, apontando para o livro em minhas mãos. Assenti minimamente, querendo dizer que eu não queria conversar. — O texto original. — Encarei-o, entediada. Ele murmurou algo que não compreendi. Eu tenho a tradução em italiano, se quiser.

            — Acredito que Ovid instruía os homens e as mulheres na arte da sedução — minhas palavras o chocaram, já que nunca fui vista como uma mulher da igreja. Mas pelo olhar preocupado de Lorenzo, ele temia pelo o que deveria acontecer está noite. — Fiz voto de celibato.

            A boca de Lorenzo se abriu e fechou incontáveis vezes, me fazendo rir. Quando ouviu minha risada, ele parou e me estudou, percebendo que o que eu falei não era verdade.

            — Essa é a versão em latim — falei, levantando um pouco o livro em minhas mãos. — E não, eu não jurei aos olhos de Deus que nunca teria relações. Eu nem mesmo vou à Igreja.

            Lorenzo assentiu, absorvendo minhas palavras. Franzi o cenho, esperando por uma provocação ofensiva que nunca veio.

            — Não vai falar que pegaria fogo caso entrasse numa Igreja? — perguntei, ele me encarando estático. — Está perdendo a oportunidade.

            — Eu andei pensando depois de uma conversa que tive com a minha mãe — revelou, olhando para o chão com medo de me encarar. — Sinto muito por tudo que eu lhe fiz e disse. Não foi correto de minha parte. Eu a julguei sem mal a conhecer, Ambrosia, e peço seu perdão por tudo que fiz e, também, para que possamos tentar recomeçar.

            — Desculpas não vão mudar o passado, Lorenzo — falei, o fazendo olhar para mim. — Mas tem algo que pode fazer para que eu tente suportá-lo.

            — Qualquer coisa — afirmou, rapidamente. — O que quiser, eu farei.

            — Permita que Bianca se case com Guglielmo Pazzi.

            — Qualquer coisa menos isso!

            — Ela o ama e está infeliz com Soderini — continuei. — E eu acho que vai querer o apoio dos Pazzi para que o Prori vote em você.

            — O que sabe sobre isso? — perguntou.

            — Estudei políticas com Marsilio Ficino. Sei bem mais do que imagina, mas não são meus assuntos para que eu possa falar abertamente.

            — Jacopo nunca daria a benção dele aos dois — afirmou Lorenzo.

            — Mas Pisa não fechou os portões para Salviati? — questionei, fingindo inocência. — Você não deveria interferir na posse de um Arcebispo.

            — Não interferi — mentiu.

            — Todos sabemos que sim. De qualquer maneira, Jacopo nunca votaria a favor do tratado de Milão — falei. — Ameace ele e diga que só ordenará que abram os portões se Pisa se ele der a benção.

            — Tudo bem — cedeu. — Temos um acordo, Ambrosia.

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19.11.20

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:

Mais um capítulo aqui para vocês e também queria já tratar de uma assunto que anda me incomodando um pouco nas últimas semanas. Em relação à Renaissance, no último capítulo eu perguntei se vocês preferiam que a Ambrosia ficasse com o Giuliano ou o Lorenzo, eu fiquei feliz com algumas respostas e outras nem tanto.

Eu perguntei, além de eu também ter essa dúvida às vezes, porque algumas pessoas me mandam mensagem privada perguntando da história, e eu tento responder todas, sempre. Mas alguns comentários foram mais ofensivos, tiveram pessoas que já começaram a falar como a história tem que ser, com quem ela tem que ficar, basicamente querendo escrever a história inteira.

Eu amo receber os comentários de vocês, às vezes querendo alguma cena em especial que não pode faltar, mas tenham consciência de que eu já tenho um roteiro planejado para Renaissance. Eu costumo fazer perguntas sobre a história para ver se estão gostando, o que estão achando e essas coisas, e seus comentários sempre serão bem vindos. Mas, por favor, por mais esteja tudo bem falar o que quiser, pense se isso não pode machucar as outras pessoas que vão lê-los. Muitas vezes quando eu paro de escrever por algum tempo é justamente por causa desses comentários, porque eles acabam desmotivando os autores a escrever. Obrigada pela compreensão de todos.

VOTEM e COMENTEM
[atualizações às quintas]

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