Capitolo dieci. BRUCIA ALL'INFERNO

ROTEIRO QUATRO | PARTE DOIS
CAPÍTULO DEZ
QUEIME NO INFERNO

AMBROSIA da VINCI

— Onde estava? — foi a primeira coisa que Lorenzo me perguntou quando me viu entrando na sala. — Perdeu a cerimônia.

            — Estava fazendo seu trabalho e negociando com o Messer Foscari — respondi. — Foi mais fácil do que eu imaginava.

            — Usou seus poderes de bruxar para persuadi-lo? — provocou, me fazendo encará-lo irritada. — Estou brincando, sei que não é uma bruxa.

            — Mas agora eu gostaria de ser para te transformar em um sapo gosmento e feio — exclamei, controlando o tom de voz para não chamar atenção.

            Quando viu um dos servos passar, Lorenzo pegou duas taças das que ele servia aos convidados. Mais ao longe, vi os risos e sorrisos apaixonados dos recém casados — Bianca e Guglielmo. Lorenzo me entregou uma das taças, fazendo um pequeno brinde ates de beber.

            — E o que Foscari respondeu?

            — Primeiro nos chamou de idealistas demais — falei, dando um gole no vinho. — E depois falei que estamos dispostos a oferecer algo em troca. Ele quer a filha dele, Novella, casada.

            Direcionei meu olhar para a sala ao lado, onde Novella apontava um dos arcos e flechas em direção a um homem alto que me parecia familiar. No mesmo instante em que Foscari passou por nós chamando sua filha, ela disparou a flecha que parou ao lado da cabeça do homem, ele tratando de cobri-la para seu pai não ver. Mas assim que encarou o jovem, ele a mandou segui-la para fora.

            Lorenzo me direcionou para a sala, um sorriso zombador em seus lábios.

            — Atingido pela flecha do cupido? — zombou Lorenzo.

            — Ele errou, eu espero — respondeu, então olhando para mim.

            — Francesco, acho que nunca se conheceram formalmente, mas está é Ambrosia da Vinci, minha esposa — nos apresentou. — Ambrosia, Francesco de Pazzi.

            — Encantando — disse, beijando minha mão.

            — Digo o mesmo. — Logo, todos nos encarávamos Novella que nos retribuía o olhar. — Esse casamento não só acabaria com a disputa entre famílias, mas começaria uma parceria de negócios e política.

            — E o que você sabe sobre isso? — perguntou Francesco a mim, desacreditado.

            — Muito mais do que imagina — respondeu Lorenzo por mim, antes que eu pudesse. — Está ciente de que Volterra encontrou Alume?

            Conforme a nova conversa se iniciava, Lorenzo nos trouxe mais adentro da sala, evitando assim olhares curiosos de outros de fora da família.

            — E que o banco Medici planeja vendê-los? — continuou. — Mas que há outros países que o banco Pazzi é mais estabelecido.

— Então, vocês querem que a gente a venda para vocês? — acusou Francesno.

            — Conosco — corrigiu Lorenzo. — Como uma aliança estratégica. Benefício mútuo.

            — Não posso fazer isso — respondeu. — A menos que Jacopo concorde.

            — E ele não fará isso — afirmou Lorenzo, o cortando. — É por isso que conto com o seu apoio, Francesco.

            — Para o bem do banco Medici.

            Lorenzo se aproximou dele, sussurrando:

            — Para o bem de Florença.

・❉・

            Na manhã seguinte, esperei por Lorenzo em seu escritório, sentada em sua mesa como uma provocação ao seu poder. Quando ele entrou, me encarou com os olhos serrilhado, mas não disse nada sobre minha postura. Ele apenas caminhou até a cadeira em que eu estava e se apoio em um dos braços, passando as mãos pelos meus ombros.

            — Vi um mensageiro saindo — disse ele.

            — Era uma carta de Francesco Pazzi me agradecendo — falei. — Ele irá se casar com Novella Foscari. Sugeri isso ao pai dela enquanto praticamente se esfregava em Lucrezia Andringhelli.

            — Ambrosia, eu... — começou ele, nem sabendo o que falar. — Eu conversei a respeito disso com Lucrezia antes de você sair ontem. Foi um adeus definitivo.

            — Eu não me importo — afirmei, meu coração palpitando.

            — Mas eu ainda lhe devo respeito — falou. — E estou tentando fazer com que essa relação esteja firme e estabilizada. Por isso, sinto muito por tudo que lhe fiz.

            — Desculpas aceitas — respondi, minha voz não passando de um sussurro.

            Lorenzo me fez encará-lo, segurando meu rosto entre suas mãos com delicadeza.

            — Mesmo assim, eu falhei. Tentei trazer paz, e acabei conseguindo guerra. Tentei manter as pessoas vivas, e elas morreram.

            — Mas, pelo menos, buscou por paz — afirmei. — Você me surpreende, Lorenzo. Com toda a sua educação, os melhores livros e filosofia. Deus não nos julga pelo resultado das nossas ações, mas sim pelo o que está em nossos corações.

            — Isso não muda o que aconteceu.

            — E nunca vai mudar — concordei. — Mas tentamos melhor as coisas vivendo um dia de cada vez, mas sempre pensando no futuro.

            — Tudo que eu já te disse, Ambrosia, em relação a minha opinião sobre você, foi mentira — sibilou ele. — Você é boa demais para mim.

            Lorenzo se inclinou para me beijar, entretanto isso nunca aconteceu.

            As portas de seu escritório foram escancaradas por Lucrezia, sua mãe, seguida de Giuliano e Sandro. O que mais me surpreendeu foi uma jovem trajada com roupas da Igreja. Suas mãos estavam apoiadas em sua barriga, a qual parecia ser de uma gravides de alguns meses, ainda no início.

            Lucrezia nos encarou, os olhos faiscando de raiva em direção a Lorenzo.

            — Clarice — sibilou Lorenzo, inseguro.

            — Ah, vejo que está você não esqueceu — acusou Lucrezia, apontando o dedo para o filho mais velho.

            Mais atrás, Giuliano e Sandro nos encaravam estáticos, sem saber o que falar ou pensar.

            — Uma noite em Roma foi o bastante para engravidar uma moça que iria jurar perante Deus — continuou Lucrezia. — Como pode ser tão estúpido, Lorenzo?

            — Eu não... — tentou falar, mas gaguejou. — Ambrosia, eu... Clarice...

            — Nem sei como começar a te pedir perdão, Ambrosia — disse Lucrezia a mim, as mãos unidas em desespero. — Mas devo lhe dizer a verdade mais clara: está é Clarice Orsini — disse, apontando para a jovem grávida — a moça de Deus que meu filho engravidou. Parabéns, Lorenzo, por conseguir destruir esta família.

            Estudei a moça a minha frente. Ela me encarava com medo, mas suas feições pareciam com as de um anjo. Neguei freneticamente, deixando a raiva e o ódio tomarem conta de mim.

            Sai em disparada pela porta, eles tentando me chamar de volta. Quando passei ao lado de Clarice, e garota se encolheu, tremendo de medo. Antes de sair completamente, ouvi a voz de Lorenzo uma última vez:

            — Ambrosia! Me deixe explicar!

            — Queime no inferno, Lorenzo de Medici!

FIM DO ATO UM

━━━━━━
17.12.20

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:

E chagamos ao fim do
ATO UM ━━━━━━ DEPRESSÃO.

Preparados para o
ATO DOIS ━━━━━━ TRAIÇÃO ?

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