Reminiscência nº 01
Então, meus amores.
Recebi algumas palavras durante a semana em todos os meios possíveis. Foi uma interação interessante, apesar de que algumas pessoas ainda não entenderam direito a dinâmica da proposta.
Repeti-la-ei: Toda semana receberei palavras aleatórias ditas por vocês aqui ou no insta e a palavra que me trouxer "alguma lembrança" será a palarva-chave para a reminiscência da vez. Postarei aos sábados ou domingo.
Desde já agradeço a todos que me enviaram as "palavras", Deus abençoe!
A palavra chave foi a enviada pela LariGabrielee, então vamos lá!
A arrumação estava a todo vapor. Escolha de roupas, sapatos, vestidos, acessórios, tudo para que não faltasse nada para a viagem do final de semana!
Sim, a nossa juventude ia cooperar num congresso de jovens na cidade de Pedro Leopoldo, região metropolitana de Belo Horizonte*. Faltavam poucas horas para o horário estipulado pelo líder da turma e não poderíamos nos atrasar.
Check-list:
Mala - ok
Bíblia - ok
Dinheiro - ok
Cabelos - ok
Certo, acho que está quase tudo pronto. Falta apenas inserir alguns itens pessoais que ainda seriam usados e voilá, preparadas para tudo.
Repassei na mente as canções que nosso grupo poderia apresentar, seria uma viagem inesquecível, afinal eu nunca havia estado nesta cidade e com certeza seria um grande evento.
Como não poderia deixar de ser, na hora marcada para a viagem: roupa confortável, touca na cabeça para que o cabelo permanecesse "perfeito" quando fosse a hora e muitas risadas. A excitação e ansiedade em eventos como este eram de praxe.
O embarque foi como sempre: todos entrando e procurando lugares estratégicos para se sentarem, a turminha da bagunça procurando o fundão e os mais tranquilos na frente. Nosso líder se aproximou com a lista de nomes fazendo uma chamada para ver quem faltava e claro, um dos engraçadinhos não perdeu o momento para fazer piada:
— Quem está faltando, levanta a mão!
Risadas esparsas acompanharam a piada. Sempre assim.
Faltavam alguns retardatários, mas logo a turma se completou. O líder repassou algumas orientações e antes que o ônibus desse a partida, oramos para que o Senhor abençoasse nossa viagem. Seriam 5 horas até nosso destino.
Cantamos boa parte do caminho, alguns não se arriscaram para "não ficarem roucos" na hora que realmente importava. Tudo bem, mas sempre tem os que não conseguem ficar quietos. Toda viagem de igreja é assim: tem os engraçadinhos, os "formiguinhas" que não conseguem ficar quietos - vão desde o motorista até o último integrante, os falantes, os cantores, os reclamões, os que enjoam - esses ficam em silêncio a viagem toda, os que dormem todo o tempo (gente, fala sério, com tanta bagunça numa viagem de jovens, como a pessoa consegue dormir?), os "burros do Shrek" que estão sempre perguntando se já chegou....tenho certeza que todo mundo identificou alguém nesses "rótulos".
Viagem finalizada, galera cansada, fomos recepcionados e direcionados ao local onde ficaríamos hospedados. Ai começa a correria: banhos, procura por ferro de passar, o sapato não combinou com a roupa - amigas trocam tudo neste momento.
— Sai logo do banheiro, tem mais gente na fila pra tomar banho!
— Me empresta a chapinha? Meu cabelo ficou todo amassado!
— Nossa, não acredito que não trouxe meu sapato novo!
— Alguém tem um kit costura? O botão da minha blusa acabou de soltar!
— Você engordou? Esse zíper não sobe, amiga. Murcha a barriga, vai, não respira! Pronto!
— Alguém tem remédio pra cólica?
— Se eu não for o pastor vai notar minha ausência? Estou muito cansado!
— Nossa, viu quanta gente?
E assim vão seguindo os diálogos embolados, um corre corre que só finaliza quando o líder apressa aquela última jovem atrasada (estava finalizando a chapinha) e todos entram no ônibus que os levará ao local do evento.
O trajeto do local de hospedagem ao local do culto é feito totalmente em silêncio. A expectativa acerca do evento, das pessoas, dos cantores e pregadores convidados, é imensa. O motorista estaciona a uma distância relativa e todos vão descendo devagar, sob o olhar atento do líder. As moças vão em grupos, falando baixo, pensando consigo se está bonita, se esqueceu de algo.
Eu, claro, estou nesta turma. Com os cabelos super escorridos e espichados (olha a chapinha ai de novo!), uma saia branca toda soltinha, saltos, apreensiva ao lado de minhas amigas. Sempre fui muito estabanada e caía nos piores momentos, minha oração naquele momento era para conseguir chegar ao local do evento sem tropeçar — já que com certeza o tropeço iria me fazer cair.
Aleluia! Cheguei inteira, fomos novamente recepcionados e alocados em nossos lugares. O culto foi lindo, as pessoas simpáticas, cantamos, cantaram, pregaram, oraram. Amém!
Culto terminado, fomos orientados a nos dirigirmos a uma creche onde o jantar seria servido. Eu, particularmente, estava com muita fome. Quase não comi com medo de me atrasar e agora estava pagando o preço.
Fomos, minhas amigas e eu, nosso bando, em direção à fila. Ao nosso redor, jovens de vários lugares e de todas as aparências. Sério. Nunca havia visto um ajuntamento de rapazes bonitos tão de perto! As moças, em todos os lados, cochichavam e davam risadinhas, alguns deles achando graça e outros pareciam aperceber-se do que se passava.
Eu, claro, tenho olhos e pude admirar as obras perfeitas de Deus! Não que os queria para mim, não. Só olhar, repetia para mim mesma. Chegou a minha vez, peguei meu prato e fui em direção ao corredor para a saída, afim de encontrar com as minhas amigas.
Certo, pensem comigo. Garota lerda, estabanada, com fome, momentaneamente distraída por rostinhos bonitos — pois é, não via prestar.
Na minha distração, não percebi que o corredor onde a fila estava formada até as irmãs que serviam o jantar, era inclinado. Sim, amores, inclinado. Na ida, era uma leve inclinação de subida e agora o melhor, havia um pequeno degrau bem no meio do corredor.
Tentando sair rapidamente do meio daquele estreito lotado de pessoas, e jovens bonitos, tive a brilhante ideia de levantar os braços com o prato enquanto descia devagar. Deu certo até chegar no degrau. O bendito degrau - o que ele estava fazendo ali afinal?
Como não poderia deixar de ser, pisei em falso e com os olhos arregalados (o máximo que meus pequenos olhos me permitia) me vi caindo em câmera lenta, com os braços levantados, enquanto a multidão à minha frente se abria como o mar vermelho diante dos hebreus.
Não deu outra, caí de cara no chão!
A vontade inicial era que o chão se abrisse e me sugasse, mas por mais que eu fechasse os olhos e pedisse isso, não aconteceu.
De repente, algumas mãos começaram a me acudir, pois, devido à inclinação do corredor, sozinha não conseguiria. Ao olhar para os lados, cerca de 3 a 4 daqueles rapazes lindos estavam me auxiliando, dois me segurando, um em cada braço, outro pegou meu prato (intacto, acreditem, apenas alguns grãos de arroz tentaram pular para fora) e retirando meus cabelos (sim, aqueles bem lisos e escorridos) do rosto, olharam bem em meus olhos e surgiu a pergunta preocupada:
— Você se machucou, moça?
Tentei encontrar minhas amigas com o olhar, mas elas estavam fora da minha vista (rindo, claro) e com o rosto queimando, os joelhos esfolados, a saia manchada e a dignidade tentando manter a pose, tentei gracejar e respondi:
— Apenas meu orgulho. Obrigada.
Eles assentiram, peguei meu prato, os caquinhos da minha dignidade, joguei de lado o cabelo e saí mancando a encontrar com meu grupo e rir com elas de mais uma queda.
Realmente, eu tinha razão desde o início - aquela foi uma viagem inesquecível!
Meus joelhos que o digam!
Beijos, e até a próxima!
C. Dany ♥♥
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