Novos aliados

     Luisa sempre achou que as brincadeiras sobre como estágios sugavam sua vontade de viver eram drama humorístico.

     Descobriu que não. E do pior jeito.

     Tentou ignorar os olhares e risadinhas das funcionárias enquanto seguia Yara até a sala onde receberia sua segunda missão.

— Você não será a única a fazer essas missões. — disse a mais velha, virando um corredor.

— Você vai ir comigo? Ou alguma espiã daqui?

— ... Não exatamente.

     Finalmente chegaram. A mulata gelou no lugar.

— Oi de novo, Luisa.

     Toga. Ela tinha leves olheiras nos olhos e seu cabelo estava preso em apenas um coque ao invés de dois (como preferia). Seu sorriso era o mais são que já a viu dar.

     Um colar de metal era bem preso em seu pescoço. Tinha pulseiras semelhantes, uma em cada braço. Um bip soava de leve, provavelmente de tais acessórios.

Ela vai te acompanhar nas missões.

     Um silêncio pesado seguiu-se por dois longos minutos.

— Eu tava com saudades, Luisa. — falou a loira, um esboço de sorriso.

     Segurou as lágrimas que queriam escorrer.

— Eu também, Himiko.

— A sentença dela foi modificada. Ela apresenta sinais de algum tipo de distúrbio mental e conseguiram usar isso como uma justificativa para seus atos. — continuou a loira, segurando um sorriso — Gaya se interessou pelas habilidades dela. Agora, está sob a custódia da Spy.

     Não pensou muito quando correu abraçar a mais velha. Apertaram uma contra a outra, a saudade latejando.

— E o Dabi?

— ... Não conseguiram nem isso p'ra ele. — respondeu Toga, chateadíssima — Até porquê seria difícil fazer uma mentira crível p'ra imprensa sobre como o filho mais velho do herói número 1 que estava tido como morto voltou do nada.

     Sentiu o coração apertar. Afinal, ele foi seu amigo e primeiro namorado.

— ... Vamos aproveitar o pouco de liberdade que nos resta. — falou, convicta — Pelo Dabi.

...

— Já é a segunda vez hoje que me chamam para ter uma "conversa séria". Vai demorar? — perguntou, mental e emocionalmente cansada.

     Aisawa apenas continuou caminhando até um ginásio fechado. A mulata suspirou pesarosamente, seguindo seu professor.

     Quando se viram ao meio da quadra, o homem mandou-a sentar. Jogou um aparelho, que parou bem à frente da mais nova. O aparelho iniciou um vídeo holográfico.

     Era a cena daquele dia, quando derrotaram o Acéfalo. Dela saindo viva, quase ilesa. Engoliu em seco, temerosa quanto ao assunto que tratariam.

— A sua mãe era telecinética e o seu pai tinha a capacidade de ler as emoções ao tocar nas pessoas, correto?

— Correto. — confirmou, curiosa e confusa.

— O seu dom permite que você acesse as memórias de alguém e a emoção relacionada à ela. — continuou, sério — Então, como aquilo aconteceu?

— ... Eu não sei.

— Em quê você estava pensando naquele momento?

     Não era um tom de bronca. Era uma pergunta precisa e séria.

— ... Que eu não queria morrer. Que eu estava sendo covarde. Que eu queria que tudo fosse diferente.

     Analisou a resposta como se fosse uma dicertação de faculdade.

— Você deve ter atingido o ponto de singularidade da sua individualidade. Cansaço emocional e mental numa situação crítica pode desencadear uma evolução do seu dom. Esses sentimentos devem ser uma espécie de "chave" criada para acessar sua nova habilidade.

— ... O que eu faço agora, então?

      Sorriu para a mais nova.

Treinamos ela. — respondeu, andando ao redor da mulata, analisando-a — Imagine como você seria útil se a dominasse ou pelo menos soubesse como usá-la.

     Aquela constatação abriu os olhos dela. Talvez ela não fosse tão fraca como sempre pensou que fosse. Sentiu-se envergonhada por não ter pensado naquilo antes.

Como eu treino? — questionou, determinada.

— Tente reproduzir esses pensamentos e emoções. Aos poucos, você vai entender como funciona e achar ferramentas para um acesso mais rápido e eficiente dessa habilidade. As sessões com a psicóloga devem ajudar no controle emocional necessário.

     Levantou-se. Deu uns dois passos em direção ao docente. Inclinou-se de leve em agradecimento.

Muito obrigada por abrir os meus olhos, sensei.

     Para a sua surpresa, ele deu um dois tapinhas amigáveis em sua cabeça.

— Eu entendo como é ter uma individualidade não-convencional para ser herói. E, feliz ou infelizmente, essa é a minha obrigação como professor.

     Abriu um sorriso enorme, não se aguentando e dando um abraço de urso nele, que resmungou um "não sou pago para esta merd@".

     Ela soltou-o quando ouviu passos se aproximando. Era Shinsou, que surpreendeu-se ao ver a mulata lá.

— A nossa sessão de treino ' cancelada?

— Não. Eu só precisava conversar com a Kayama sobre um assunto. — explicou, indo em direção à saída — Vou pegar um equipamento e já volto. Comece a se aquecer.

     Hitoshi e Luisa se encararam. A tensão entre eles aumentava conforme o eco dos passos preguiçosos de Shota sumia. Foi o arroxeado a quebrar o silêncio.

— Desculpe pelo que eu disse. Eu ' acostumado a ser "o odiado" do curso e não olhei pela sua perspectiva.

— Não tem problema. Eu ' acostumada. — esboçou um sorriso — Além disso, os "odiados" têm que se unir, não é?

— Isso é uma trégua?

— Uma oferta de aliança. Eu tô trabalhando para a melhor agência de espionagem do Japão. Se ela te recomendar, vai ficar mais fácil de conseguir estágios melhores e aumentar positivamente a sua popularidade.

— E o que você quer em troca disso?

— Você pode dar ordens simples sem que a pessoa tenha a capacidade de desobedecer, correto? — quando ele confirmou, escolheu as melhores palavras para explicar seu plano — Preciso adquirir um melhor controle da minha individualidade. Se você mandar, eu treinaria contra a minha vontade até você mandar eu parar. Estou errada?

— Acho que não, mas eu vi o que sua individualidade é capaz no Festival Esportivo. Ela não vai fazer nada bem se você treinar como você parece querer.

— Não me importa. Eu preciso ficar mais forte. Se esse é o preço, eu vou pagar até o último centavo.

— O seu namorado e os seus amigos vão me esfolar no asfalto se acontecer alguma coisa com você por minha causa.

     Suas bochechas arderam.

— O Kirishima não é meu namorado. E eu vou explicar tudo p'ra eles. Quer a recomendação ou não?

     Mordeu o lábio num ato de leve hesitação. Sim, ele queria muito a recomendação que ela prometia, mas não tinha certeza se aquela era a forma mais correta de consegui-la. Dava para perceber que a garota ia abusar dos próprios limites.

— ... Ok. Temos um trato. — cedeu, estendendo-lhe a mão.

     Yoshiaki apertou-a, sorrindo com uma determinação que chegava a ser palpável.

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Palavrinhas rápidas:

     Volteiiiii

     O mundo não merece a Zaza. Respira quem concorda. Ela é a definição de Grifinória.

     Por mais que me doa o coração, sim, ela vai extrapolar e sofrer por pegar pesado demais. 'Tá intrínseco nela. Queria ter um oitavo determinação dela.

     Fui ouvir essa versão da abertura de Demon Slayer e pensei "Zaza, tu que escreveu esta bagaça"?

     Shinsou terá um papel mais importante futuramente. Ele vai ser um miguinho do nosso bebê.

Beijos e roteiros,
                         Aliindaa

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