Cólera doentia
Ele não ligava para a notícia de que todos do 2⁰ ano do curso de heróis teriam uma entrevista exclusiva para cada um em uma semana. Ou para o exame prático daqui 15 minutos.
Uma fúria pura e avassaladora corroía-o e um sentimento que ninguém chutaria que o grande Katsuki Bakugo alimentasse dentro de si praticamente percorria suas veias como um veneno deveras potente.
Ciúmes.
Desde que Ajira Kayami chegou naquela escola, fora perdendo a atenção e o carinho e a amizade de Kirishima.
E o loiro amava o ex melhor amigo. O ruivo era seu primeiro crush na vida e aquela mulata maldita arrancava-o de si cada vez mais.
Não apenas isso: fez-o apaixonar-se por si. E convenceu-o a proteger a si. Até mesmo ganhou sua inimizade após aquele fatídico dia onde encurralou-a e fez-a chorar.
Não deixaria nem um pouco barato. Não mesmo.
Por isso sorriu perversamente ao ouvir que lutaria contra ela durante o exame prático.
— Não estão permitidos a usarem suas individualidades durante os combates. A luta só acaba quando o seu oponente desistir, então é mais um motivo para evitar deixar elu inconsciente. — advertiu Aisawa, severo — Kayami, nada de usar a faixa ou as facas. Entendido? — questionou, recebendo um asseno positivo — Alguma pergunta?
Nenhuma alma pronunciou-se, então os exames iniciaram-se.
O loiro fez os alongamentos com o ódio aquecendo seu sangue. Tinha uma expressão assassina que pouco alterou o humor de sua oponente.
Na verdade, em seu atual estado, nada e nem ninguém além de Yuki voltando dos mortos poderia alterar seu humor: tinha olheiras profundas debaixo de olhos verde-grama opacos e o cabelo oleoso preso com sua faixa branca em seu costumeiro rabo-de-cavalo alto e firme.
"Pare de querer que tenham pena de você, sua p*ta!"
Soltou um urro de ódio ao ataca-la. Ela usou o braço que atingiria-na para tentar joga-lo no chão na intenção de imobiliza-lo.
Porém, ele era mais pesado que o esperado e acabou perdendo um pouco do equilíbrio. Katsuki aproveitou a brecha e jogou-a ao chão, ficando por cima e desferindo uma série de golpes em seu rosto.
"Vou tirar esse sorrisinho falso e te dar uma boa razão para chorar!"
Soca-la era tão bom que ignorava bem os gritos de seus colegas, que pediam para pegar mais leve com ela.
Só não esperava ser acertado em seu ponto mais baixo e sensível. Nem que seria mais de uma vez. Esperava não estar estéril.
Tendo a mente nublada pela dor, sentiu a garganta sendo obstruída por braços proporcionalmente finos e fortes.
Kayami aplicava um mata-leão em si. Não para mata-lo, lógico, mas para deixá-lo mais fraco. Afinal, ela não queria dar o braço a torcer e perder.
Se não pudesse derrotar um colega num mero exame prático, como poderia evitar que outras Yukis existissem?
O problema era que seu oponente era Bakugo, um homem tão teimoso quanto ela própria. E um homem de coração partido e ódio no coração.
Não pensou duas vezes: agarrou o cabelo dela e explodiu-o.
Ela não gritou: berrou de dor.
— BAKUGO, JÁ CHEGA! — exigiu Aisawa, usando sua individualidade para impedir que ele usase a própria novamente e prendendo-o com suas faixas — Vamos ter uma longa conversa sobre esse seu comportamento exagerado!
Grinhiu entre dentes, ainda mais furioso do que antes da luta. Mirou sua oponente com sangue nos olhos.
Seus ouvidos sangravam por conta do volume da explosão. O calor causado pela mesma derreteu parte de seu logo cabelo preto. Sua face toda estava inchada. Seu lábio superior, sobrancelhas e nariz sangravam.
Uraraka, Midoriya e Kirishima acudiam-na – principalmente o último mencionado.
Katsuki tinha plena consciência de que aqueles poucos golpes não matariam-na, pois já passara por coisa mil vezes piores, mas não conseguiu segurar o berro de indignação:
— POR QUE 'CÊ NÃO MORRE!!?
O olhar que recebeu da mulata dizia claramente um "eu queria saber a resposta mais do que qualquer um". Nem por isso sentiu pena ou que sua fúria diminuiu.
...
Andava a passos pesados até o dormitório. Recebeu uma advertência e uma suspensão de um dia. Xingava Kayami de mil nomes vulgares demais para serem transcritos.
— KAAAATSUUKIII BAKUGOOOOOO!!
Girou-se sobre seus calcanhares, confuso. Uma garota de uns 160 centímetros e pele mais branca que papel corria em sua direção com sangue nos olhos.
Revirou suas orbes cor-de-rubi.
— O que quer, ex- ...
Se ele não ficou estéril no episódio mais cedo, com certeza era-o agora.
— COMO SE ATREVE PERGUNTAR O MOTIVO DA MINHA IRMÃ CONTINUAR VIVA COMO SE ELA MERECESSE MORRER!!? — berrou a desconhecida.
Todos os presentes (fora a dupla em questão) formaram uma roda, estupefatos. Não era todo dia que alguém desafiava o grande Katsuki Bakugo. Não queriam perder o fim daquilo.
— A-a p*ta é sua irmã!? – questionou, incrédulo, ainda com seu amiguinho doendo — Não f*de! 'Ceis não se parecem em nada além de serem expecialistas em me irritar!!
— VIROU FISCAL DE IRMÃOS AGORA, É!!? ELA É A MINHA IRMÃ SIM E EU NÃO ADMITO QUE UM ENERGÚMENO COMO VOCÊ FALE COM ELA COMO SE ELA MERECESSE MORRER!!
— POIS QUE PASSE A ADMITIR, FILHA DA P*TA!! EU FALO COM ELA COMO EU BEM ENTENDER!!
A face branquela adquiriu um tom tão vermelho que mais um pouco virava roxo. Estalou os dedos enquanto olhava para os joelhos do mais alto. Quase instantaneamente, eles dobraram-se.
— Retire tudo o que disse. — exigiu, a voz mais fria que gelo.
— NUNCA!!
Estalou os dedos novamente, mas olhando para os quadris dele. Bakugo deu de cara com o chão. Tentava levantar-se, mas uma força invisível impedia-o.
— Retire todas as barbaridades que disse. — "repetiu", e sua voz saiu como se expelisse veneno.
— NUNCA, SUA FILHA DA- ...
Outro estalar de dedos e Katsuki levantou a cabeça para logo tê-la colidindo com o chão fortemente.
— Eu mandei retirar o que disse!!
— PODE ESPERAR SENTADA!! ME TIRA LOGO DESSA P*RRA!!
— Não até retirar o que disse e pedir desculpas de joelhos pelo que fez com a minha irmã. — sentenciou.
— Mitsuha Hamada. — chamou uma voz, e o loiro logo viu-se livre do controle da menor — O que pensa que está fazendo!?!
— Justiça, Aisawa-sensei. — respondeu a tal de Hamada, seríssima.
— A sua "justiça" lhe renderá dois dias de suspensão, Senhorita.
O loiro segurou sua vontade de assassina-la ali mesmo e sorriu sádico. Teria sua vingança doutra forma.
— Não ligo. E não acabei com ele ainda.
— Acabou sim. Siga-me até a diretoria.
Antes de obedecer o docente, apontou diretamente para Bakugo.
— Ainda arrancarei essas desculpas, energúmeno. Só espere!
— Pode esperar sentada, sua p*ta!
"Além da Kayami, agora tenho que me preocupar com a 'irmã' louca dela!?"
Tudo que ocorreu o dia inteiro apenas serviu para alimentar sua cólera doentia. Quanto tempo levaria para que ela corroesse seu corpo e alma e envenenasse sua vida? Talvez menos do que poderia pensar.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top