Agulhas

— (...) Você vai fazer um estágio permanente comigo fora as atividades normais como "punição". — declarou a mulher, séria — Eu estou de olho em você!

— Sim, senhorita. — forçou-se a responder educadamente.

— Vamos colocar uma tornozeleira em você com um rastreador. Saberemos exatamente onde você está a todo momento. Você vai fazer acompanhamento com uma psicóloga duas vezes por semana e ela vai fazer um relatório sobre o seu estado para nos entregar. Dúvidas?!

— Não, senhorita.

— Certo. Me acompanhe para fazermos os exames médicos em você.

A sala de exames era fria e desconfortável. Midoriya, Uraraka, Kendo e Kirishima estavam lá. No entanto, o sangue da morena gelou ao ver o que faziam.

— V-vai te-er a-agu-lha!?

— Claro. Como vamos coletar o seu sangue? — debochou a mais velha.

Empalideceu. Entrou em pânico.

— Não, não, não, não, não, não ... — repetiu, rindo de desespero, assustando-se ainda mais ao ver que era sério — Não ... por favor, não ...

— Você tem quase dezessete anos, garota. — desdenhou a médica, empurrando-a para a cadeira e pegando no braço dela — É só uma picadinha.

"Se você não aguentar, não vai salvar ninguém!"

Um calafrio percorreu sua coluna vertebral ao lembrar do tom frio de Stain. Da dor.

— Acho melhor não falar- ... — Eijiro nem acabou a oração e a amiga já tentou sair correndo da sala.

— É só uma coleta de sangue! — repetiu outro médico, segurando-a e arrastando-a novamente para a cadeira.

— Não! Tem outro jeito! Não usem agulhas!! — pedia histericamente, desesperada, debatendo-se.

— Você só vai fazer tudo mais difícil desse jeito.

— Doutor, ela não consegue. — insistiu o ruivo, preocupado.

— Crianças de cinco anos tiram sangue sem problema nenhum. — Gaya revirou os olhos — Você sobrevive das chamas do Dabi e tem medo de uma picadinha!!?

— Como você acha que ela tomava vacinas e ficou forte tão rápido!?! — questionou Kirishima, nervoso.

— ME LARGUEM!!!

— CALMA, SENHORITA!!

— EU NÃO QUERO MORRER!! SOCOOOORRO!!

...

— Quer dizer que você pegou trauma de agulhas quando o Stain foi te dar uma seringa de testosterona ilegal e a agulha quebrou no seu braço!?!! — repetiu Itsuka, arregalando os olhos ao vê-la assentir.

— Depois aquela p*t@ fica tirando sarro da Kay- ... Yoshiaki por causa do medo dela. — Ochaco revirou os olhos — Daqui a pouco eu vou quebrar uma agulha na garganta dela p'ra aprender a ser gente ...

— Respira fundo e bebe a água, Zaza. — indicou Eijiro, calmo.

     A moça estava toda vermelha e arranhada. A respiração totalmente desregulada. Tremia. O rosto banhado em lágrimas.

     "Quem inventou as agulhas não era de Deus."

— ' melhor, Yoshichan? — perguntou o esverdeado, ajeitando levemente o cabelo alheio.

— U-um p-pou-quin-nho ... — balbuciou, tomando um longo gole d'água.

— Calma que a gente vai te dar muito amor, Yoshichan! — garantiu Kendo.

— P-podem me ch-chamar d-de Zaza, s-se quis-serem ...

...

     Izuku e Eijiro estavam sofrendo para segurar Hamada e impedi-la de cometer um homicídio na base do ódio.

— Calma! — pedia o ruivo.

— ME LARGUEM!!! EU PRECISO ENSINAR ALGUÉM A VIRAR GENTE!!

— Mitsuha, pare com isso! Apesar da babaquice, ela é a minha chefe! — falou a mulher, braba, confortando a morena.

— Ela era a minha chefe e eu ameacei ela ... — sussurrou, um tom quase arrependido.

— Ela bem que merece uns chacoalhados p'ra acordar p'ra vida ... — comentou Itsuka.

     De repente, o celular do esverdeado começou a tocar.

— Foi mal. Já volto! — falou, sacando o aparelho do bolso e se afastando.

     Fechou a cara. "Desnaturado" chamava. Bufou, com raiva. Atendeu.

— O que foi, Hisashi?! — perguntou, ríspido.

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