CAPÍTULO 31
“Querido Diário,
sabe aquele cansaço de tudo? Quando nem mesmo as coisas de que você gosta conseguem te animar? Quando nos sentimos sem graça para fazer o que quer que seja? Eu sei. E não consigo parar de me sentir assim. Só queria deitar na cama e desaparecer entre o colchão e os lençóis, no vazio e silêncio de mim mesma.”
Diário de Amélia, 19/03/2017
Amélia
Naquela manhã, fiquei em silêncio durante todo o caminho para a escola. A noite foi longa e toda gasta pensando no motivo do reaparecimento da minha mãe e em tudo o que ela dissera. Eu não conseguia entender o porquê de não ter acreditado nela; todas as coisas que revelou complementavam os furos da história que meus avós contaram sobre como fui encontrada. Tudo batia, tudo fazia sentido.
Mas algo dentro de mim não conseguia confiar.
Mesmo ao ver as lágrimas que ela derramara ao pedir meu perdão, não me comovi. Aparecer tão de repente, no dia do meu aniversário… me pareceu ser algo tão armado. Durante todo o tempo em que vivi com meus pais, eles nunca fizeram nada de especial para mim. Eu nem sabia que as outras crianças tinham festas de aniversário antes de ir morar com meus avós.
E o fato de Eloise ter vindo num dia que para ela nunca significou nada ao longo de toda a nossa convivência só fez com que toda aquela cena se tornasse ainda mais falsa e calculada com base em algum artifício oculto que eu teria que descobrir.
Por que sinceramente? Era muito difícil de acreditar que ela voltara só por mim.
Suspirei, tentando colocar um pouco das minhas preocupações para fora enquanto saía do carro que Sebastian havia acabado de parar numa das vagas do estacionamento do Instituto.
— Tem certeza de que está bem? — ele indagou, acionando as travas do carro assim que eu tirei minha mochila de dentro e fechei a porta do passageiro. — Sei que você disse que sim da primeira vez que perguntei, mas não é o que parece.
— Sinceramente — comecei, passando uma alça da bolsa pelo meu ombro. — Sei que ontem eu estava determinada a iniciar uma busca para encontrar o verdadeiro motivo de minha mãe ter voltado para casa depois de todo esse tempo, mas nem começamos e eu já estou exausta. Eu sei que parece ruim dizer isso dessa maneira, mas eu não me importava, sabe? Quer dizer, eu nem conseguia lembrar dela direito. Estava acostumada a pensar em Eloise como só sendo alguém que tive por uma pequena parte da vida e que foi embora e tudo bem. Porque eu segui em frente. Eu não chorava no dia das mães me perguntando onde estava a minha ou me sentia mal ao ver as outras crianças ao lado das mães delas. Por que deveria, se tinha vovó e vovô ao meu lado, duas pessoas que foram muito mais meus pais do que os meus um dia já foram? — respirei fundo. — Às vezes me sinto um pouco culpada por não me preocupar com nenhum deles. Como se estivesse sendo ruim.
Sebastian ficou em silêncio por um minuto, e cheguei a pensar que ele não diria nada quando de repente balançou a cabeça e contornou o veículo entre nós, vindo em minha direção.
— Amélia, não querer saber da mãe que te abandonou e do pai que te agrediu não te faz ser uma pessoa ruim. Não interessa se alguém é sangue do seu sangue; se essa pessoa te faz mal, você não deve se sacrificar para mantê-la por perto. — ele disse, erguendo os olhos para mim, mais verdes e profundos do que jamais foram. — E mãe e pai? São só títulos. Seus avós te criaram. E você os tem, todos os dias, cuidando de você e se importando com você. O fato de não sentir falta de alguém cuja maior impressão que te deixou foi a de descaso e abandono torna você uma pessoa normal, que quer seguir com a sua vida e ser feliz sem se lembrar das coisas ruins que te aconteceram.
Olhei atentamente para o rapaz a minha frente e, não pela primeira vez, percebi que sua beleza ia muito além do exterior. Pelo contrário: quem Sebastian era por dentro ultrapassava qualquer uma das suas características físicas.
Porque nenhuma delas podia competir com a empatia que o coração dele sentia pelos outros.
Sem ter o que responder, simplesmente lhe sorri em agradecimento, esperando que ele pudesse entender o quanto suas palavras significavam para mim. E ao ver sua expressão se suavizar ligeiramente, soube que tinha compreendido.
— De qualquer forma, você vai continuar com o plano para descobrir o que a sua mãe está escondendo? — indagou.
Assenti.
— Hoje quando eu desci para tomar café vovô e vovó disseram que ela iria almoçar lá em casa. E, como pode imaginar, não estou nada entusiasmada e muito menos preparada para isso. — só de pensar, sentia meu estômago embrulhar. — Mas vai ser uma chance de analisá-la melhor do que ontem à noite. Se por acaso eu notar um comportamento estranho, nossa investigação oficialmente começa.
— Ou se você quiser, pode comer na minha casa e evitar a Eloise por mais um dia — Sebastian ergueu as mãos para indicar inocência quando o encarei desconfiada. — Ei, estou falando isso sem nenhuma segunda intenção por trás, ok? Só estou dizendo que é meio estranho eu e você irmos para o colégio juntos todos os dias e ontem eu até ter ido jantar na sua casa sem que você conheça a minha mãe. Ela está ansiosa para conhecer a pessoa que anda monopolizando todo o tempo do filho dela, sabia?
Fiz uma careta. Ele tinha razão. Era mesmo estranho.
— Isso nem mesmo havia passado pela minha cabeça — falei, enquanto subíamos os cinco degraus de mármore que levavam até as enormes portas duplas do Instituto. — Mas aparecer de surpresa não é muito legal. E eu prometi aos meus avós que almoçaria com a minha mãe. Então… não sei? Semana que vem, que tal?
Sebastian ergueu uma sobrancelha.
— Hum… por mim tudo bem, apesar de eu ter pensado em tipo, amanhã. — ele logo emendou uma justificativa quando me viu arregalar os olhos: — É que ela não para de perguntar sobre você.
Parei de andar.
— Você falou de mim pra sua mãe?
Ele também parou, colocando uma mão na cintura e gesticulando com a outra na minha direção.
— Achei que já tinha ficado claro que falo de você pra todo mundo que é importante para mim. — falou, franzindo a testa de leve. — Além disso, ela é amiga da sua vó e nunca te encontrou pessoalmente. Acho que não é uma surpresa que ela esteja curiosa.
Abri e fechei a boca como um peixe, sem saber bem o que responder. Então respirei fundo, tentando me acalmar:
— Tudo bem, eu entendo. Só que… — hesitei por um momento antes de dizer a verdade de uma vez. — Eu fico ansiosa. Já fico uma pilha para conhecer uma pessoa qualquer, imagina a sua mãe? E com você falando o quanto ela quer me ver, isso piora ainda mais. E se eu não for o que ela pensa? E se eu a decepcionar? E se ela não gostar de mim? E se…
Sebastian agarrou os meus ombros.
— Calma, Amélia.
— É fácil para você falar. Não tem que se preocupar, já que todo mundo gosta de você instantaneamente.
Ele revirou os olhos.
— Isso não tem nada a ver. Todo mundo que te conhece gosta de você também, a diferença é que enquanto você é tímida, eu sou mais comunicativo.
— Você quer dizer carismático. — retratei, fechando os olhos ao sentir os polegares dele deslizarem pelos meus ombros e pressionarem um nó de tensão nas minhas costas. — Isso é bom.
Ele deu uma risada baixa.
— Você tem que parar de deixar qualquer coisa te fazer ficar tensa. Relaxa, está bem? Não tem como você ser você mesma e a minha mãe não gostar. — com uma última massagem, ele retirou suas mãos dos meus ombros. — Melhor?
Balancei a cabeça positivamente.
— Muito melhor. Obrigada. E vou fazer o possível para tentar não ficar uma pilha de nervos.
Sebastian ergueu o mindinho.
— Você promete?
Foi minha vez de rir.
— Seu besta. — falei, levantando meu mindinho para entrelaçar no dele. — Eu prometo.
— Hmm, é assim que eu gosto — disse ele, beijando o topo da minha cabeça antes de empurrar uma das portas da entrada do colégio, o salão principal se abrindo diante de nós.
O Instituto St. Davencrown foi, há bem mais de cem anos atrás, uma das maiores propriedades de um rico lorde durante a era vitoriana. Com o passar dos anos, acabou se tornando a herança da tataravó da nossa atual diretora, – Alina – e foi essa senhora quem resolveu transformar o enorme e antigo castelo em uma escola de alto padrão.
Depois de sofrer inúmeras adaptações e reformas em sua estrutura, nossa escola, – que em muito se assemelhava ao Castelo Neuschwanstein, na Alemanha – finalmente foi inaugurada. Tendo uma mera ideia do tamanho da extensão que uma construção como essa deve ter, não fica muito difícil acreditar que o Instituto é quase do tamanho de um bairro pequeno. Fora as adições dos últimos anos, como a piscina de nível olímpico, as quadras de tênis e lacrosse, o rinque de patinação e tantas outras.
Era dividido em três blocos: ensino infantil, fundamental e médio. Os alunos não se misturavam e só podiam adentrar numa ala que não fosse a sua com permissão. Era um sistema bem rígido no que diz respeito à organização, mas você nunca teria problemas se obedecesse às regras. No mais, o Instituto incentivava todos os estudantes a abraçarem suas raízes e a serem eles mesmos, dando espaço e voz para qualquer um que quisesse ser ouvido (a diretoria adorava os adolescentes que encabeçavam projetos e movimentos culturais/sociais e dava apoio financeiro à muitos deles.)
E com um jornal da escola com a estrutura que o nosso possuía, já era de se esperar que a maior parte dos alunos que protagonizava iniciativas como essas se localizassem nas várias colunas do Davencrown's Jounarl, regidas por Kimmie O'Connel, a redatora-chefe e também uma das mais óbvias revolucionárias da nossa turma.
Que quase pulava – de uma forma bem decidida, seria bom adicionar – em nossa direção, armada com um microfone e com a responsável por filmar matérias para o jornal, Pamela Taylor, – a mesma garota que discutira com uma colega de classe em defesa de Rhysand, um personagem literário bastante comentado por todas as leitoras de fantasia (eu inclusa), – seguindo logo atrás, câmera a postos e tudo.
— Sebastian Dubrov, bom dia! — disse Kimmie, toda profissional, ajeitando os botões dos punhos de seu uniforme. Se virando rapidamente para Pamela, ela perguntou: — Como estou?
— Incrível, como sempre. — a outra respondeu.
— Ah, você é um amor. — Então se virou novamente para nós, parecendo só se dar conta da minha presença nesse exato momento. Estendendo a mão para que eu a apertasse, ela continuou: — Perdão pela indelicadeza, como você se chama?
Um tanto sem graça, apertei a mão dela.
— Amélia Ruschel.
— Deu o nome completo, amei! Não ache estranho, é que sempre que faço uma matéria tenho que perguntar o sobrenome das pessoas — ela sorriu, voltando-se para Sebastian. — Sim, onde estávamos?
— Você me deu bom dia? — Sebastian chutou.
— A banda, Kim. A banda. — relembrou Pamela.
— Ah, sim! Exato. Senhor Dubrov, onde estão os seus colegas de banda? Charles marcou uma entrevista comigo ontem para divulgar o álbum de vocês e onde é que ele está agora? Você sabe que eu detesto atrasos, detesto…
— Estamos aqui! — a voz de Zaden ecoou pelo salão principal. Atrás dele, estavam um Charles impecável em seu paletó cor de vinho, um Lorenzo ajeitando a gravata e uma Alison visivelmente estressada. — Chegamos um pouco em cima da hora.
— Isso é óbvio, senhor Le Blanc. — disse Kimmie, assim que eles se aproximaram. — Senhor Walters, senhor Ferrara. Por favor, se posicionem ao lado do senhor Dubrov. Pam, ligue a câmera. Vamos começar.
Saindo de fininho do foco de toda aquela movimentação, parei a uns bons três metros de distância, ao lado de Alison, que encarava toda a cena de braços cruzados. Acenei para ela, que ao me ver, imediatamente abriu um sorriso em meio a sua expressão fechada.
— Amélia, oi! — ela me abraçou. — Como você está?
— Estou bem. E você?
— Na medida do possível — suspirou. — Fiquei me sentindo péssima quando você saiu daquele jeito, depois de ter ouvido o Lorenzo destilar todo aquele veneno para cima de você. Aquele imbecil. Quem ele pensa que é?
— Apesar de ter sido uma situação bem chata, não foi sua culpa. — falei, enquanto observava Pamela indicar as posições que os rapazes deveriam tomar antes que iniciasse a gravação. — E quer saber? Não faz diferença o que ele pensa ou deixa de pensar de mim.
— Uau, é assim que se fala! — ela ergueu as sobrancelhas em clara aprovação, admirada. — De qualquer forma, não foi certo o que ele fez. E só fiquei sabendo depois que era o seu aniversário. Parabéns atrasado. — Alison disse, com um sorriso culpado, antes de tirar um embrulho fino do bolso. — Pra você.
— Meu Deus, Alison, você não precisava ter se incomodado comigo. — eu disse, sentindo meu coração se aquecer diante do gesto atencioso dela. Desamarrando o laço que prendia a embalagem dourada do presente, vi uma caixa retangular de papelão branco. Ao abri-la, bato os olhos numa linda caneta tinteiro prateada, toda decorada por ondas imitando caracóis em relevo pela superfície do objeto. — Alison, é linda! E parece ser uma relíquia, onde você achou?
A garota jogou as tranças para trás do ombro, dando um sorriso de quem sabia das coisas.
— Digamos apenas que conheço os lugares certos. E como sei que você gosta de escrever, achei que seria um presente sem margem para erro.
Giro a caneta entre os dedos, ainda admirada com a beleza e delicadeza que uma peça tão simples como aquela podia ter.
— Eu amei! Muito obrigada, de verdade. Você não precisava. — agradeço, me sentindo subitamente emocionada. — É o primeiro presente de aniversário que recebo que não vem dos meus avós.
Alison arregalou os olhos.
— Sebastian não te deu um presente? — ela questionou, perplexa. — Como assim? Mas será possível que esses garotos não têm o mínimo senso de…
— Espera, espera — eu ri, erguendo as mãos para que ela tivesse um pouco de calma. — Quis dizer que é o primeiro presente que recebo de uma amiga. Sem contar o de Sebastian. — mostrei o braço para ela. — Ele me deu essa pulseira.
— Amélia, que linda! — Alison exclamou, olhando mais de perto. — E que pingente original! Nunca vi um assim. Você acha que ele mandou fazer? Ai, esse Sebastian é um fofo, não é? Ele de longe é o meu favorito dos meninos. Fica querendo pagar de gostosão, mas por dentro é um romântico incurável.
Sorri involuntariamente.
— É, não é? Mas ele não engana ninguém — Então parei de sorrir, franzindo a testa. — Será que ele mandou fazer mesmo? Bem que eu achei que tinha sido caro. — murmurei, pensativa. — Quase que não aceitei, mas ele insistiu tanto…
— Ames. — Alison segurou minha mão, olhando de relance para os meninos posando para uma foto logo atrás de nós. — Posso te chamar assim? — assenti com a cabeça. Ela abriu um sorriso. — Muito bem, então se vamos trocar apelidos, você pode me chamar de Ali. De qualquer forma, você sabe que Sebastian gosta de você, não sabe? Tipo, durante anos?
— Err… — senti meu rosto esquentar. — Ele meio que se declarou pra mim ontem.
— O quê?! Estou chocada. — e dava para perceber. Ela estava literalmente boquiaberta. — Quero dizer, depois de um milhão de anos gostando de você em segredo, era de se esperar que ele fosse tomar uma atitude mais cedo ou mais tarde, mas não achei que ele iria com tanta sede ao pote. E aí, o que foi que você disse?
— Eu nem mesmo sabia o que dizer. — falei, lembrando de como me reagi quando Sebastian contou para mim sobre como se sentia. — Sei lá, é que foi tanta coisa para absorver… A gente mora no mesmo bairro e estuda na mesma escola desde criança, mas não é como se tivéssemos sido próximos. E apesar de isso não ter nada a ver, porque é injusto basear a intensidade do que uma pessoa sente somente em quanto tempo ela vem sentindo, não me sinto emocionalmente pronta para ter um relacionamento amoroso com ninguém. Então por hora, somos só dois amigos nos conhecendo melhor. Mesmo que às vezes eu tenda a surtar um pouco com tudo isso.
— Quer saber? Eu acho que você está coberta de razão. — Alison disse, sua expressão se suavizando ligeiramente, como se em compreensão ao que eu dissera. — E que você se importa de verdade com os sentimentos dele. Porque, você sabe, a maioria das garotas já teria marcado até a data do casamento se tivessem Sebastian Dubrov sentindo por elas metade do que ele sente por você. Mesmo que elas não gostassem dele por quem ele é, só a casca de cara gato e talentoso já seria o suficiente. — ela olhou para mim, inclinando a cabeça. — Mas você não. Porque você se importa com o que ele sente. Não em como você vai parecer “especial” diante dessas pessoas superficiais por tê-lo gostando de você. Por isso não quer se envolver com ele enquanto não tiver certeza de que pode correspondê-lo; porque mais do que tudo, você não quer que ele se machuque.
Assenti, sem emitir ruído. Olhando para Sebastian daqui, no meio de seus amigos, posando para uma foto que mais tarde seria impressa na primeira página do jornal da escola, ele parecia muito um daqueles rapazes populares dos filmes adolescentes. Provavelmente, para muita gente ele era a personificação real de um deles. Algum tempo atrás, ele era como um personagem até para mim.
Agora que eu tinha começado a conhecê-lo, sabia que não havia como colocá-lo em um rótulo. Como ser humano, o único rótulo que ele tinha era o de ser ele mesmo.
— Sim. — falei, depois de um minuto. — Eu não quero que ele acabe perdendo tempo comigo. Sebastian só merece o melhor. E eu… sou uma pessoa com uma bagagem bem pesada, digamos assim. Não quero que ele se sinta obrigado a ficar com uma garota cheia de dramas mal resolvidos.
Alison se virou para me encarar.
— Eu não sei se vocês vão ficar juntos no final de tudo, Amélia. Mas o que posso te garantir, é que Sebastian nunca ficaria com você se só sentisse pena. Ele vive pelo que é genuíno. Dá pra ver só de olhar para o que ele está fazendo da vida dele: podendo seguir o que o pai ditou e ter o destino garantido, ele escolheu ir pelo caminho mais difícil para fazer aquilo que ama. Para Sebastian, só vale a pena se for real.
Soltei o ar que nem sabia que estava segurando, considerando tudo o que Alison tinha dito. Então disse:
— Você é bem profunda.
Ela riu.
— Olha quem fala. Você também não é uma pessoa nem um pouco rasa.
Ri junto, pousando os olhos nos meninos, que faziam gestos afirmativos para alguma coisa que Kimmie havia dito para eles.
— Você acha que isso vai demorar? — perguntei pra ela, indicando a entrevista com o queixo.
— Se tratando da Kim? — ela começou, cética. — Pode levar horas. E ela trouxe até a Pam com a câmera de vídeo. Vai querer arrancar deles até qual a cor da cueca que estão usando. E outra: com o tapado do Zaden tendo a oportunidade de falar besteira no microfone, elas vão ter que editar pelo menos umas mil vezes pra ficar bom.
Gargalhei.
— Você é tão malvada com ele.
— Eu sou malvada com quem merece — Alison girou o anel no dedo indicador. — Qual a sua primeira aula?
— Literatura. E a sua?
Ela vibrou.
— História da arte! É na mesma direção. Vamos juntas?
— Claro. Por que não? — falei, ao passo que ela entrelaçou o braço no meu. Então demos um aceno rápido para os meninos e seguimos no corredor que nos levaria às nossas respectivas aulas.
Hoje o dia tinha começado com o pé direito. E eu esperava que continuasse assim.
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