CAPÍTULO 12

“Outono. Folhas caindo das árvores por todos os lugares, com a brisa carregando-as sem rumo. Seguindo sem um destino na direção de lugar nenhum. Na vida, há pessoas que são como as folhas de outono sendo levadas pelo vento. Pessoas que apenas seguem para onde ele sopra, seguindo e seguindo na esperança de pousarem em algum lugar bom. Algum lugar seguro. Algum lugar que possam chamar de lar.”

Diário de Amélia, 16/05/2018


Sebastian




Sentado ao lado de Zaden numa mesa próxima à porta do refeitório, eu não parava de me perguntar o porquê da demora de Amélia para aparecer. Me peguei pensando diversas vezes se eu talvez a tinha pressionado demais ao mencionar que meus amigos estavam ansiosos para conhecê-la ou se a tinha deixado chateada por alguma coisa que dissera. Mas Amélia parecia bem quando eu a deixara.

Parecia que estava mesmo disposta a vir.

— Você não vai comer, Seb? — Loren perguntou, a boca cheia de picles que ele havia retirado do seu sanduíche para comer puro. — Só faltam dez minutos para o final do intervalo. Se não for escolher nada agora, não vai dar tempo.

— Eu tomei café da manhã reforçado. — respondi, o que era verdade. — E se qualquer coisa, como uma daquelas barras de cereais nojentas que o Chuck carrega na bolsa.

— Elas são proteicas, não nojentas. — disse Charles, fechando a garrafa de suco de limão que estava bebendo.

— Mas tem gosto de isopor. — Zad contradisse, franzindo a testa.

— E como é que você sabe? Você nem gosta dessas coisas.

Zad deu de ombros.

— Provei uma vez porque na embalagem dizia que era sabor de chocolate, mas o único sabor que aquela merda tinha era de ruim.

— Você só fala isso porque não está acostumado a comer coisas nutritivas. — discordou Charles.

Aquilo era nutritivo?

— Seb, onde está a garota dos diários? — Loren cortou a discussão de Chuck e Zad, engolindo o restante do seu almoço. — Você disse que ela devia ter chegado aqui primeiro, mas ainda não apareceu. Viemos sentar perto da porta para podermos ver quando ela entrasse, mas até agora nada.

— Tem certeza de que ela disse que ia vir? — Charles perguntou.

— Sim, eu tenho — assenti, olhando para as grandes portas duplas mais uma vez. — Estou começando a ficar preocupado. E se tiver acontecido alguma coisa?

— Tipo o quê? — Loren questionou, cético. — Acho que você está pondo muitas esperanças nela, irmão. Talvez ela só tenha desistido. Você bem sabe que ela é introspectiva.

— Amélia pode ser introspectiva, mas não é covarde — rebati, olhando para ele, que ergueu as mãos em rendição. — Eu estava com ela minutos antes de vir para cá e ela me disse que viria.

— Talvez ela tenha passado mal no caminho. — Zad sugeriu, o que fez com que uma sensação gelada se apoderasse do meu estômago.

Penso em Amélia conversando comigo antes de sair andando pelo corredor. Ela parecia um pouco pálida. Será que foi por não estar se sentindo bem?

— Vou procurá-la. — digo, me levantando.

— Cara, você tem certeza? — Loren indagou. — Ainda dá tempo de... Ai! — ele massageou o braço onde Charles o tinha acertado.

— Você quer que eu vá com você? — Zad perguntou.

— Ajudaria muito, se não for te atrapalhar — eu digo.

— Deixa disso. Vamos embora. — ele diz, pegando o casaco do encosto da cadeira e vindo até mim.

— Espera aí. Por que só o Zaden vai? — Loren protestou.

— Por que está perguntando? Pensei que estava mais interessado no seu prato.

— Para com isso, cara. Foi só uma brincadeira.

— Engraçado — eu disse, seco.

— De qualquer jeito, qualquer ajuda é bem vinda, não é? — Charles interferiu, sempre o mediador. — Nós todos estamos indo com você. O sinal já vai tocar mesmo, vamos aproveitar para dar uma passeada antes de ter que voltar para aula.

Sem mais, saímos os quatro do refeitório, seguindo em direção ao corredor onde eu havia visto Amélia pela última vez.

Estava vazio.

— Eu disse que ela não ia estar aqui. — Loren murmurou.

— Pare com isso. — eu disse, me virando para encará-lo. — Tirou o dia para se comportar feito criança? Ninguém te obrigou a vir.

— O Charles obrigou. — ele disse, o rosto ficando vermelho de raiva. — E por que temos que vir atrás de uma garota que nem sequer conhecemos? É até patético você gostar tanto assim dela.

— Eu não vou entrar nessa de novo. — neguei com a cabeça, dando as costas para ele.

— É. Porque sabe que estou certo.

— Para de falar tanta merda, Lorenzo. — Charles mandou.

— Eu só estou falando a verd...

Antes que ele completasse, um grito ecoou pelo corredor.

— Isso foi... — Zaden começou, mas não ouvi o resto.

Saí correndo em direção ao som imediatamente, meu coração pulando dentro do peito. Eu sabia que o que estava sentindo não era só um mau pressentimento.

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