Janela Aberta (Poesia)

Hoje deixo a janela aberta,

Para que assim o doce aroma do ar,

Trazendo uma brisa de ideias frescas,

Possa finalmente se instalar.


Minha mente, igualmente, está aberta,

Mas as palavras parecem trancadas.

Procuro abrir cada uma das gavetas,

Mas encontram-se todas fechadas.


Quando finalmente encontro as chaves,

Assusto-me ao me deparar com nada.

Olho para dentro dos compartimentos,

Todos vazios, deixando-me desesperada.


Para onde foram as ideias?

Onde é que se meteram as histórias?

Se fugiram, por que fizeram isso?

Ou estarão apenas perdidas em minhas memórias?


Chamo por elas, e procuro por pistas.

Sigo caminhos obscuros e também os floridos.

Procuro em cada canto, em cada sentimento,

Até que alguns sons chegam aos ouvidos.


Corro atrás deles como se fossem água no deserto.

E encontro-as todas, na beirada de duas janelas.

Chego mais perto, em silêncio, com cuidado

Só as ouço dizer: Coitadinhas das histórias dela.


Minhas histórias? O que querem dizer?

Quem são aqueles que ali estão?

Que motivos os levaram a fugir até aqui?

Qual a causa daquela suposta reunião?


Tento me esconder, mas percebem minha presença.

Alguém me chama, me convida para a conversa

E, só então os reconheço, um por um, ali presentes.

Aquela sensação esquecida e forte me atravessa.


Cumprimento cada um deles com mãos trêmulas.

Sorrisos se misturam com lágrimas de emoção.

Eles estão mesmo aqui! Todos eles! Não fugiram!

Ver meus personagens todos ali aquece meu coração.


Não sei porque duvidei disso antes.

Dentre todos os que poderiam me decepcionar,

Amigos, parentes, conhecidos, desconhecidos...

Meus personagens jamais iriam me abandonar.


Converso com eles, trocamos ideias e nos divertimos.

Ali, nos confins do limite entre o mundo e a mente,

Onde duas grandes janelas mostram a realidade,

Encontrei o que procurava, e isso me tocou profundamente.


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