Conto especial de Natal

Antes de começar a ler é importante que saiba de algumas coisas!

Este é um conto do universo de Relatos de sangue, trata-se de uma aventura do nosso querido detetive Sullyvan, antes dos acontecimentos do livro: Relatos de Sangue - A Fórmula de um psicopata. 

Por tanto, o conteúdo deste conto, não influencia em nada do livros, todos podem ler, até mesmo quem não leu o livro ainda.

O livro continua a venda no site da editora Skull

http://www.lojaeditoraskull.com.br/pre-venda/Relatos-de-Sangue-A-Formula-de-um-Psicopata-Jonas-Zair-e-Hugo-Renan

O conto e seus personagens fazem parte do universo Relatos de sangue, que pertencem aos autores: Jonas Zair Vendrame, e Hugo Renan, Tanto o livro quanto este conto, são registrados na biblioteca nacional.

Conto escrito por: JonasZairVendrame

Feliz Natal Sully

São Paulo, Capital, 2008

Uma semana para o natal

Aquela era a melhor época do ano para Anderson; o natal estava chegando, e o espírito natalino sempre lhe trouxera boas experiências. Era quando sua família toda se reunia, faziam brincadeiras, empanturravam-se de comidas típicas e trocavam presentes.

Dessa vez, tudo corria para ser mais especial que nunca, ele tinha preparado a casa com ajuda de sua esposa e filha para receberem a tradicional festa de natal da família. Geralmente a festa acontecia na casa de seus pais, mas como o patriarca havia falecido durante o ano, Anderson, sendo o filho mais velho, tomou a grande responsabilidade para si.

Apesar de faltar uma semana para o dia esperado, ele não se aguentava de ansiedade e preparara tudo com antecedência. Luzes e enfeites adornavam a casa de dois andares, além da grande árvore de natal com embrulhos no pé, onde já estava posicionado o vídeo game que Jade, sua filha, havia tanto pedido durante o ano.

— Amor, já está ótima a decoração, não precisa comprar mais nada!

Vilma, a mulher de Anderson, apesar de ajudar bastante e entender a importância da data para o marido, achava que ele estava exagerando na dose com tantas bugigangas natalinas que trazia cada vez que voltava da rua.

— Não se preocupe, meu bem, só quero comprar mais dois metros de lâmpadas para fazer o contorno da porta. Só falta ela! Eu já volto. Quer vir com o papai, filha? — perguntou para Jade, que já esperava pelo convite.

— Tchau, mamãe! — Jade deu um pequeno beijo no rosto de sua mãe antes de sair correndo pela porta para esperar o pai no carro.

Anderson abraçou Vilma de uma forma muito carinhosa.

— Obrigado por me ajudar! Esse natal será perfeito!

Era fácil para ele dizer isso, o verdadeiro trabalho ficaria mesmo para ela por ter que cozinhar para um batalhão, mas apesar de tudo, não quis contrariar o marido, sorrindo para ele.

***

Anderson dirigiu até um hipermercado, onde podia comprar de tudo. Apesar de dizer à mulher que compraria apenas mais alguns metros de luzes de natal, ele sabia que acabaria encontrando mais tranqueiras interessantes.

— Papai, será que o Papai Noel vai dar meu vídeo game? — perguntou a pequena menina no banco de trás, sentada em sua cadeira, enquanto Anderson procurava por uma vaga no estacionamento.

— Olha, filha, você tem que acreditar até o final. Quem sabe ele vai considerar que você é linda e que se comportou muito bem? Então ele pode te dar, quem sabe?

— Mas, pai. A Ana Julia me disse uma coisa esses dias. Ela disse que Papai Noel não existe, que quem dá o presente é o papai e a mamãe! Mas eu disse que não era verdade, porque se fosse isso mesmo, você já teria me dado o vídeo game se pudesse, não é?

Anderson teve dó de sua filha de apenas seis anos. e se ele soubesse o que iria acontecer nos próximos minutos, teria dito a verdade!

— Filha, talvez a Ana Júlia não seja uma menina comportada como você, então o papai Noel não traz nada para ela, por isso seu pais que compram seus presentes, entendeu?

Jade deu um sorriso feliz, logo depois de assentir com a cabeça.

Os dois entraram no mercado que estava lotado de pessoas transitando com seus carrinhos.

— Dá a mão para o pai, e não saia de perto de mim, tá bom?

Anderson colocou a filha dentro de um carrinho e começaram a procurar pelo que queriam. No entanto, ele logo teve que tirar Jade dali, pois não demorou para que sua compulsão fizesse-o lotar o carrinho de coisas desnecessárias.

— Anderson! Só gastando, hein?

Anderson, só de ouvir a voz irritante e conhecida ficou com raiva, ao virar-se, viu um membro da igreja em que congregavam juntos.

— Pois é, sabe como são as festas de fim de ano, impossível não gastar!

— Verdade, acredita que ontem eu estava no centro e...

Anderson sorria falsamente, desejando que o homem fosse embora logo para continuar suas compras tranquilo, mas foi tempo suficiente para tirar os olhos de sua filha que, aos poucos, ia ganhando distância do pai.

Jade era extremamente curiosa e adorava conhecer os lugares; geralmente ela esperava seus pais para irem juntos, eles sempre a alertavam dos perigos da vida, de como nunca devia falar com estranhos e que se um dia se perdesse, procurasse algum guarda ou policial e informasse o nome dos pais. Até o número do telefone de casa haviam feito ela decorar caso um dia precisasse.

Naquele momento ela estava querendo achar o setor de eletrônicos. Jade adorava ficar observando os vídeos games, apesar de ser menina. Quando viu aquele aparelho com jogos incríveis na casa do primo, quase ficou doente de vontade de ter um. Nada de bonecas, nada de casinhas, ela queria entrar naquele mundo virtual; não à toa, seu pai fez um esforço para conseguir comprar um, a contragosto da esposa.

Enquanto ela andava pelos corredores sem saber onde estava, e sem saber o caminho de volta para seu pai, um barulho lhe chamou a atenção. Quando ela virou seu corpinho a 180 graus, avistou um homem grande, que vestia uma roupa vermelha inusitada e tinha uma barba branca e grande; em sua mão direita ele chacoalhava um pequeno sino.

Jade sorriu ao avistar o Papai Noel. Sem pensar, correu até ele, que parecia sorrir, apesar da falsa barba cobrir suas verdadeiras feições.

— Olá, Jade! — disse ele, ajoelhando-se para falar com a menina.

— Você sabe meu nome?

— Claro! Sou o Papai Noel, eu sei o nome de todas as crianças!

Os olhos de Jade brilhavam, ela acreditava demais naquelas palavras, apesar de não entender muito bem por que, no caminho para o mercado, havia visto três vezes o bom velhinho. Ele parecia estar em todos os lugares mesmo.

— O senhor sabe que sou uma menina boa?

— Sim, eu sei sim, Jade!

— Então vou ganhar meu vídeo game?

— Sim, na verdade eu vim aqui justamente para isso, o seu presente está em meu trenó, quer vir comigo buscá-lo?

— Eba! Eu quero muito! Mas preciso avisar meu pai, ele vai adorar te conhecer!

Muitas pessoas passavam pelos dois, mas todos achavam que era uma cena normal, que aquele homem fosse alguém contratado para dar balas às crianças, mas a verdade era que Jade corria grande perigo.

O homem misterioso ofereceu sua mão à garotinha que, sem medo algum, a pegou. Juntos, foram caminhando lentamente pelo corredor.

— Então, José, eu preciso ir, minha filha deve estar com fome, prometemos a Vilma que a levaria de volta antes do almoço — disse Anderson, apurado, querendo sair daquela conversa desagradável.

— Claro, mas onde está ela? Não devia deixá-la solta por aí, pode ser perigoso.

Anderson olhou ao seu redor e só então percebeu que Jade não estava perto. Ele sentiu um grande calafrio percorrer sua espinha, mas em uma tentativa de afastar o mau pensamento, preferiu pensar que ela, em sua curiosidade e entediada, saíra pelo corredor para explorar, coisa de criança.

Ele deixou o carrinho para trás e foi andando corredor por corredor procurando pela pequena, mas se frustrava e se preocupava mais a cada setor que percorria. Já assustado, começou a perguntar para os funcionários que encontrava se não tinham visto a garota.

Depois de respostas vãs, sem saber bem o que fazer, começou a correr desesperado para qualquer direção, até que viu Jade saindo para o estacionamento acompanhada do Papai Noel.

— Jade! Ei, você, largue minha filha!

O homem olhou para trás e viu um pai aflito. Rapidamente tomou a menina nos braços e saiu correndo para a área externa do estabelecimento.

— Minha filha! Segurem este homem, ele está levando minha filha! Me ajudem! — Anderson gritava como um louco, correndo na direção da saída.

Assim que chegou ao estacionamento, deu-se conta que não sabia para onde tinham ido. Aquele lugar era um mar de carros parados, entrando e saindo.

— Polícia! Me ajudem!

Começava ali o pior dia da vida de Anderson.

Delegacia anti-sequestro

Anderson estava sentado na delegacia, aflito. Sua mulher já estava sabendo do caso, ela precisou ser amparada e levada a um hospital devido ao choque. Jade era fruto de uma gravidez difícil e não recomendada pelos médicos, mas a vontade de ser mãe falou mais alto que o risco de morrer no parto.

— Senhor Anderson? Sou Detetive Sullyvan — disse o detetive, estendendo a mão — Me acompanhe, por favor.

Anderson seguiu aquele homem até uma sala no fim de um corredor. Ao entrarem, foi pedido para que sentasse; aquele silêncio era torturador, ele não era capaz de entender como todos ali naquela delegacia podiam parecer tão calmos apesar de uma menina indefesa estar desaparecida.

— Alguma novidade sobre a minha filha? Pelo amor de Deus, precisam fazer alguma coisa.

— Senhor Anderson, eu sinto muito que esteja passando por isso, pode acreditar, eu sei que é uma merda, mas precisamos manter a calma e o raciocínio para podermos ajudar a Jade.

— Eu quero os melhores nesse caso. Me diga, você é o melhor investigador de desaparecidos?

— Eu não sou da divisão de sequestro e desaparecidos, mas sou o melhor no que faço, pode acreditar! O motivo de eu estar aqui é porque estou no rastro de uma seita que sequestra crianças para rituais.

— Meu Deus, não — Anderson colocou a mão no rosto.

— Isso não quer dizer que seja o caso da Jade, mas se for, temos pouco tempo para encontrá-la, por isso tomei a liberdade de assumir este caso. Eu precisarei muito do senhor, quero que responda algumas perguntas, tudo bem?

— Claro, o que precisar!

Sully pegou um bloco de notas e começou sua série de perguntas.

— O senhor teve ou mantém algum caso extraconjugal?

— Não! Por Deus, eu amo minha esposa!

— O senhor ter inimigos?

— Não que eu saiba, eu faço de tudo para me dar bem com as pessoas, vou à igreja, faço caridade.

— Sua esposa tem algum ex que fosse possessivo no passado? Excessivamente ciumento? Isso vale para o senhor também.

— Não, nada disso.

— Então o senhor me afirma que não há ninguém que tenha motivos para te atingir?

— Acredito que não, mas afinal, no que isso ajuda?

— Ajuda muito, acredite! Precisamos traçar o perfil do sequestrador, e se ele tiver algum motivo contra vocês seria uma pista importante. De qualquer forma, se o senhor se lembrar de algo relevante, me comunique imediatamente! Agora vou te mostrar as imagens do circuito interno do estacionamento.

Sully virou a tela de seu computador para Anderson assistir à cena.

Foi extremamente duro para Anderson ver aquele homem manipular Jade como se fosse um objeto qualquer. A imagem mostrava com clareza ele abrindo o porta malas e mandando a menina olhar dentro. Quando ela se pendurou com dificuldade, ele a empurrou de forma bruta para dentro e fechou a porta na sequência. Ainda teve tempo de olhar ao redor antes de entrar no carro, sair tranquilamente do estacionamento e, logo depois, ganhar a rua.

— Quem é esse cara? E a placa do carro?

— Senhor, por favor, é claro que foi a primeira coisa que analisamos! O carro é roubado, obviamente. Por mais burro que um sequestrador seja, ele jamais iria usar o próprio veículo. Mesmo assim, ainda é uma pista, daqui a pouco irei à casa do dono do carro para conversar, talvez ele tenha alguma informação do ladrão e, com sorte, será a mesma pessoa.

— E quanto a mim? O que faço? Não quero voltar para casa e ficar esperando.

— Entendo, mas é o melhor a se fazer, me disseram que sua filha é inteligente, ela pode ligar em sua residência se for solta, ou até mesmo escapar.

— Ela é inteligente, por isso não sei como foi capaz de confiar em um estranho, eu vivo fazendo recomendações a ela sobre essas situações!

— Ela ainda é uma criança, não podemos cobrar responsabilidades que pertencem aos pais. Agora, por favor, espere que entremos em contato!

— O senhor acredita que ele possa matá-la?

— É difícil prever, uma vez que ainda não sabemos nada do perfil desse cara, mas vamos manter a positividade, eu farei de tudo para trazê-la de volta a seus braços.

***

Sullyvan tinha certeza que aquela menina corria muitos riscos. Ele estava acostumado com aquele mundo perverso e frio de assassinos o suficiente para não temer que a garota já pudesse ter sido morta.

Seguiu sua investigação indo para a casa do dono do carro roubado que aparecia nas filmagens. Entrou em um bairro humilde, no distrito de Lajeado, zona leste de São Paulo. Ele foi recepcionado por um homem idoso em uma casa muito simples, sem acabamento algum. apesar disso, Sully foi bem recebido pelo homem que lhe ofereceu café.

— Senhor Antunes, muito obrigado pelo café! O senhor poderia me responder algumas perguntas? É sobre o seu carro roubado.

— Sim, claro, já era hora de alguém se preocupar com isso. Só porque sou velho, humilde e meu carro era modesto, até hoje ninguém veio querer saber o que aconteceu durante o roubo.

— Eu sinto muito, mas na verdade, estou aqui porque seu carro foi utilizado em um sequestro hoje pela manhã.

— Ah, pronto, agora vão achar que um velho como eu saio sequestrando por aí! Fique sabendo, meu jovem, que tenho dignidade, sou aposentado, ganho pouco, e depois que tiraram meu carro, nem minhas pamonhas posso vender mais pelo bairro! Mas entrar no crime é coisa que não faço! Eu moro aqui há mais de quarenta anos, minha esposa morreu nessa casa. Aguentei muita coisa, engoli muito sapo, esses jovens utilizando drogas em meu portão e ouvindo essas músicas terríveis que não deixam a gente dormir, mas nunca fiz nada.

— Entendo, senhor, se acalme, por favor! — disse Sully, colocando a mão no ombro do velho que respirava forte, chegando a parecer que enfartaria a qualquer momento. — O senhor não é suspeito, fique tranquilo, o que quero saber é se o senhor se lembra de algo quando foi roubado.

— Bem, eu estava atrasado para ir à igreja. Quando cheguei lá, custei a arrumar uma vaga para estacionar. Eu sempre desligava a bobina do motor, mas aquele dia, pelo atraso, acabei não desligando, e foi justamente o dia em que um ladrão sem vergonha decidiu roubar meu querido carro. Quando o culto terminou, saí preocupado, e foi então que eu vi um homem entrando nele, e o ligando. Eu corri até ele e abri a porta, mas ele me deu um golpe na cabeça com a trava que tinha removido do volante.

— Se lembra alguma característica física do ladrão?

— Bem, ele tinha orelhas grandes, bem grandes mesmo, e uma tatuagem em uma das mãos, essas porcarias que os jovens gostam de marcar no corpo.

— Agradeço sua colaboração, senhor. Espero que tenha um ótimo ano!

Aquelas informações não eram grande coisa, mas Sully esperava que as lhe servissem em um futuro breve.

Ao entrar em seu carro e dar a partida, seu telefone celular vibrou; era da delegacia.

— Sullyvan!

Senhor, temos um problema! Mais uma criança desapareceu, e a última vez que foi vista estava conversando com o Papai Noel!

Sullyvan dirigiu-se de volta para a delegacia, onde esperaria mais um pai ou mãe desesperado para falar do sumiço do filho.

E assim não demorou para acontecer. Um casal aflito, assombrado pelo sumiço de Gabriel, um garoto de quatorze anos, apareceu para dar queixa.

— Quatorze anos? Mas que diabos o menino fazia com o Papai Noel? — perguntou Sullyvan, com uma mão no queixo. — Já não era tempo de ter dito a ele que essas coisas são instrumentos de vendas do natal?

— O senhor entendeu errado, detetive! Nosso filho é rebelde, temos problemas de disciplina com ele, e exatamente por pensar como o senhor ele foi tirar satisfação com o Papai Noel do shopping. Ao saímos de lá, ele cismou que tinha outro Noel o seguindo, foi quando nos disse que iria "dar um medo" no homem. Ele o seguiu para a parte coberta do estacionamento, eu corri para impedir que ele agredisse o Noel, mas eles sumiram quando cheguei — relatou o pai.

— Entendi, me informaram que as imagens do shopping chegaram, vou dar uma olhada e já volto.

Sully seguiu para a sala de imagens e pôde comprovar que se tratava do mesmo sequestrador, no mesmo carro, mas para levar o garoto ele usou outro artifício. Ele atraiu o menino para perto do carro e o acertou com uma espécie de porrete de madeira na cabeça, desacordando-o instantaneamente. Em seguida, jogou o jovem garoto no banco de trás do carro e foi embora.

Sully voltou para sua sala, onde os pais de Gabriel ainda aguardavam.

— E então, detetive? Alguma novidade?

— Sim, quem levou o filho de vocês também raptou uma garotinha hoje de manhã, quase da mesma forma e com o mesmo veículo. Todas as unidades estão procurando o suspeito na rua, mas ainda não o encontramos.

— Meu Deus, o que esse homem quer com nossas crianças? Será que ele vai matar meu filho? — disse a mãe, quase desmaiando, colocando a mão no peito como se quisesse segurar o coração que pulsava forte.

— Bom, pode ser uma pista muito importante, ele ter pego duas crianças no mesmo dia em curto espaço de tempo. Acredito que não sejam traficantes de humanos, a garota até tem o perfil que buscam, mas o garoto é bem mais velho. Acredito que não estamos lidando com uma organização e sim apenas um cara executante, querendo alguma coisa que ainda não sei.

Tendo encerrado a conversa, os pais do menino saíram da sala, seguidos por Sully.

— Victor? O que aconteceu? O que faz aqui? — disse Anderson, que não se aguentou em casa e veio para a delegacia em busca de novas informações.

— Anderson, sequestraram meu filho, o Gabriel!

— Meu Deus! A minha filha também!

Sully ficou parado, olhando fixamente para aqueles dois homens chorando.

— Esperem aí, vocês se conhecem? Já para minha sala!

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